pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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terça-feira, 22 de abril de 2025

Editorial: Paraná Pesquisas: Lula venceria Tarcísio se as eleições fossem hoje.



Resolvemos inverter a ordem "natural" das coisas na chamada deste editorial. O Instituto Paraná Pesquisas divulga hoje, dia 22, uma nova pesquisa de intenção de voto para a Presidência da República nas eleições de 2026. As chamadas, geralmente, são para a vantagem do ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, sobre o presidente Lula, mas há alguns problemas aqui. De fato sim, Bolsonaro lidera a corrida presidencial para aquelas eleições, venceria Lula no primeiro e no segundo turno, mas deverá permanecer inelegível até o ano de 2030. Já discutimos por aqui noutras ocasiões que esta penalidade interditiva é o maior problema que o ex-presidente enfrenta, já que está se recuperando bem da cirurgia a que foi submetido recentemente. 

Já começam a surgir no horizonte até mesmo alguns atenuantes em relação à tentativa de golpe de Estado, como o avanço dessa proposta de anistia no Legislativo que, embora com ressalvas, pode atenuar a situação dos envolvidas, com a redução das penas aplicadas, por exemplo. Na nossa modesta opinião Bolsonaro é um nome que não  concorrerá às eleições de 2026. Apesar da boa performance que sempre apresentou nessas pesquisas, algo também sugere que o nome de Michelle Bolsonaro estará nas urnas, mas nas urnas do Distrito Federal, na condição de candidata ao Senado. Líderes do PP e do União Brasil, que articulam a formação de uma federação que ficaria com a maior bancada da Câmara dos Deputados, admitem que o nome hoje mais bem "assimilado" pelo campo conservador é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. 

Há rumores, inclusive, de movimentações em torno do nome que deverá ser ungido para concorrer a sua cadeira no Palácio Bandeirantes, assim como ocupar a vaga de vice em sua chapa. Há alguns balões de ensaio, mas que podem serem esvaziados em torno de um consenso sobre o nome do governador paulista. Portanto, no momento, Tarcísio de Freitas é o nome a ser enfrentado por Lula, seu principal oponente. A pesquisa do Paraná Pesquisas ouviu 2.020 pessoas em 160 municípios das 27 unidades da federação, entre os dias 16 e 19 de abril de 2025, presencialmente, com margem de erro de 2,2 pontos percentuais e índice de confiabilidade da ordem de 95%. Para o primeiro turno, Lula aparece com 34,0%, enquanto Tarcísio assinala 27,3%. 

Editorial: A popularidade de Lula entre católicos e evangélicos.

 

Crédito: PoderData. 


Há poucos dias o PoderData trouxe uma pesquisa onde aponta que os índices de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva continuam em baixa. Os indicadores de melhoria desses índices, apontado por uma pesquisa anterior, realizada pelo Instituto Datafolha, a rigor, não se confirmavam pelos dados levantados pelo PoderData, indicando que a sangria não havia sido estancada. Um elemento bastante crucial, se considerarmos os esforços de comunicação e de programas que o Governo vem anunciando para reverter tal situação. Permanecem as críticas em relação à estratégia de comunicação adotada, assim como em relação aos programas de cunho populistas em voga, talvez no sentido de produzir aqueles impactos imediatos, embora inconsistentes, repetindo projetos que já forma bem-sucedidos em outras épocas e circunstâncias, como o Bolsa Família, o Vale Gás, Minha Casa Minha Vida. A estratégia expõe demais o Lula, mas é isso mesmo o que deseja Ministro da Secretaria de Comunicação Institucional, Sidônio Palmeira.  

Os níveis de aprovação do presidente no momento são preocupantes, talvez inviabilizando uma reeleição. É neste sentido que se explica, em parte, a estratégia adotada, independentemente das consequências para as contas públicas, onde já se prevê alguns problemas de insolvência já para 2027. Na percepção de um determinado núcleo do PT, controle das contas públicas significa uma austericídio. Controla-se as contas públicas, mas perde-se as eleições. Um dilema complicado. Essa lógica leva à proposta de um plano de saúde popular, quando o mais sensato seria a implementação de um programa efetivo para acabar com as filas do SUS. Desejar um postura republicana aqui é pedir um pouco demais. 

A pesquisa do PoderData, já comentada por aqui, em outro momento, indica uma perda de popularidade do presidente entre os segmentos evangélicos e católicos. Em estatística usa-se um termo curioso, utilizado para exemplificar quando os índices, seja negativos e positivos, se encontram: A boca do jacaré está se fechando. No caso de Lula, o fechamento da boa ocorre no caso dos católicos, como se evidencia no infográfico acima, e no que concerne aos evangélicos a boca está se abrindo. Nas duas situações, porém, o quadro não é nada alvissareiro para o presidente Lula. Há uma expectativa de que esse quadro sofra mudanças até as eleições de outubro de 2026. Por enquanto, não há indicadores que remetam a algum otimismo em relação ao assunto.   

segunda-feira, 21 de abril de 2025

Charge! Aroeira via Facebook.

 


Editorial: A briga pelo comando da Rede Sustentabilidade.

 


Até recentemente, os grupos da deputada federal Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente, e da suplente de deputada federal, Heloísa Helena, travaram uma batalha campal pelo controle nacional da Rede Sustentabilidade. O grupo liderada pela alagoana venceu a batalha, indicando o aliado Paulo Lamac, para o comando da legenda. Em situações assim, são inevitáveis as rusgas deixadas de lado a lado. Há até algumas questões ideológicas identificadas com esses dois grupos interessantíssimas, acerca do posicionamento em relação ao meio ambiente. O grupo de Marina é mais flexível, admitindo que o desenvolvimento capitalista não se constitui num entrave instransponível em relação à preservação ambiental. 

O grupo de Heloísa Helena é mais radical em relação ao assunto, propondo uma espécie de ecossocialismo. Discussões teóricas à parte, o fato é que a agremiação política saiu literalmente cindida da última disputa interna. Os analistas estão sugerindo um destino parecido para o PT nas eleições que definirão seus novos dirigentes, em junho. Marina sugere que continuará lutando dentro da legenda. Não pretende se afastar, embora o seu grupo político tenha externado este desejo. Aqui em Pernambuco, o problema não é menor, se tomarmos como referência as últimas eleições municipais, quando o partido lançou dois nomes para a Prefeitura da Cidade do Recife, numa evidência clara dessas divisões internas, que apenas se agravaram desde então. 

Relações humanas é uma coisa complicada. Procurando algumas fotos de ambas, encontramos várias onde elas aparecem juntas, num padrão de relação que jamais alguém poderia imaginar que pudesse se deteriorar tanto ao longo dos anos. É a vida. 

Editorial: Eliane Potiguara.


Somente mais recentemente, através de um curso sobre literatura indígena e africana, tomamos conhecimento sobre os textos da escritora, professora e ativista indígena Eliana Potiguara, que já teve seu nome indicado para o Prêmio Nobel de Paz, juntamente com outras mulheres com igual estirpe. Nesses cursos, descobrimos coisas interessantíssimas, como uma jovem negra do Maranhão que concebeu um romance - aliás o primeiro romance escrita por uma mulher negra no mundo - em pleno período mais nebuloso da escravidão naquele estado e no país. Como isso se tornou possível? Talvez nem o Laurentino Gomes consiga responder. 

Eliana Potiguara é considerada hoje a escritora indígena mais conceituada e respeitada do país. Até recentemente foi lançado um documentário sobre ela, produzido por Alberto Alvarez Hernandes, intitulado Uma Aldeia em Mim. Num dos nossos romances em construção, ambientando ali na fronteira entre Pernambuco e Paraíba, durante o período da Invasão Holandesa, mais precisamente no distrito de São Lourenço, em Goiana, tivemos a oportunidade de flertar com os povos Potiguara, em geral, em particular com a escritora, resgatando algumas tradições culturais e religiosas locais, solenemente resgatadas em sua obra. 

Este editor tem alguns compromissos com a comunidade quilombola de São Lourenço, visitada regularmente com os alunos e alunas durante os saudosos anos de batente de sala de aula. José do Nascimento, o seu Jipe, Dona Sebastiana, sua esposa já falecida. Dona Lourdes, liderança de um dos poucos espaços de exercício de culto afro-indígena da região. São Lourenço é área do antigo quilombo do Catucá, comandado pelo líder Malunguinho, hoje uma entidade da Jurema. 

 

Editorial: Plano de saúde popular? O que é isso, companheiro?



Uma das primeiras preocupações do novo Ministro da Saúde do Governo Lula, Alexandre Padilha, sugeria que ele almejava sanar o crônico problema da lista de espera do SUS, o Sistema Único de Saúde. Já enfatizamos por aqui que, se o Governo Lula 3 abandonasse essa ideia fixa de créditos e investisse em políticas públicas estruturadoras que, de fato, viesse a sanar este problema, seria um salto quântico, capaz de melhorar seus índices de popularidade e habilitá-lo, de forma competitiva, para o pleito de 2026. Temos poucas informações acerca das ideais do novo titular da pasta do Ministério da Saúde, mas, mais recentemente, surgiu a hipótese de que ele almejava ampliar o atendimento do SUS pela rede privada de hospitais. 

Coincidentemente ou não, desde algum dia, porém, passou a repercutir a proposta de um plano popular, com serviços de consultas e ambulatoriais, ao valor previsto de R$ 100,00. A estratégia aqui é bastante conhecida, sustentada numa âncora que tem sido usada à exaustão para levantar a popularidade do mandatário, ao passo que políticas estruturadoras estão sendo subestimadas ou comprometidas. Há pouco falávamos aqui sobre a crise financeira enfrentada pelas universidades públicas pernambucanas. Estão literalmente com o pires na mão. Saúde pública no Brasil é um gravíssimo problema, mesmo o país possuindo o melhor sistema de saúde pública do mundo, o SUS, que deve ser melhorado continuamente. 

Isso é o que deve estar no horizontes dos nossos gestores. Acreditamos que a partir da década de 80\90 milhões de brasileiros de classe média perderam seus planos de saúde privada em razão da crise econômica que os impediu de arcar com as altas mensalidades. Mais recentemente, alguns planos criaram uma série de expedientes para dificultar a vida das pessoas que mantiveram, a alto custo, esses planos, uma vez que alguns deles se tornaram pouco rentáveis, quando se sabe que o que sempre esteve em jogo é o lucro e não a vida. Quando o indivíduo deixa de fazer os exames de fezes e entra nos tratamentos de alta complexidade aí é que a porca torce o rabo. 

Aqui no Recife, que possui o terceiro polo médico do país, mesmo com as mensalidade de seus planos atualizada, a classe média alta precisa recorrer à justiça para ter seus direitos assegurados, ou seja, a UTIs apenas por liminares. Com as exigências legais para o atendimento de crianças portadoras do espectro altista, eles recorreram de imediato a ANS pedindo aumento nas mensalidades. Na realidade, já existem clínicas de bairro que oferecem serviços de consultas e ambulatoriais por valores módicos, assim como "planos" que oferecem apenas esses serviços. Quando a situação se agrava, a saída é o SUS. Quando o SUS foi criado, no escopo de tendências das mais avançadas do pensamento médico à época, ao que se sabe, pretendia-se extinguir o serviço de medicina privada. O centrão da época, naturalmente, vetou. O que o centrão vetará hoje? 

domingo, 20 de abril de 2025

Editorial: Universidades federais em Pernambuco atravessam grave crise financeira.


A semana foi marcada por alguns encontros entre os reitores das universidades públicas pernambucana, todas elas enfrentando dificuldades financeiras para manter os seus serviços à comunidade. Difícil dizer se as dificuldades atuais, sobretudo na educação superior, possam já refletir as previsões sombrias para o colapso das contas públicas em 2027, mas não seria improvável. Há, igualmente, verbas retidas de emendas parlamentares, algumas delas destinadas às universidades públicas, em razão das dificuldades encontradas pelo STF acerca dos mecanismos de controle sobre a sua aplicação e, mais importante, a prestação de contas dessas verbas destinadas às IFES. Podemos aqui estarmos fazendo algumas ilações, em razão de não conhecermos a realidade mais objetivamente, já que estamos tratando de coisas básicas, ao que se presume, de verbas de custeio. Isso é muito sério. Durante os governos de FHC, onde adotava-se uma política que favorecia a iniciativa privada em detrimento das instituições públicas, faltava até papel higiênico. 

Em todo  caso, as nuvens permanecem cinzentas para a saúde financeira de nossas instituições universitárias. Na semana passada líamos uma matéria do Marcozero Conteúdo sobre a situação preocupante em que se encontra o nosso saudoso CFCH, que carece de algumas intervenções em suas instalações físicas. Talvez isso não seja viabilizado exatamente em razão dessas dificuldades financeiras. Bateu um sentimento de tristeza neste editor em ver o prédio naquelas condições. Nosso percurso na UFPE ia do CAC ao CE, passando pelo CFCH. Muitas saudades dos seminários do professor Manoel Correia de Andrade; ouvir o professor Antônio Paulo de Resende falar com tanto entusiasmo sobre o anarquismo e a luta operária em Pernambuco;  o vigor intelectual do mestre Michel Zaidan Filho, sempre acompanhado de sua legião de admiradores, em razão de suas irretocáveis posições políticas e intelectuais, assumidas com veemência.

Paulo Henrique Martins e suas teses sobre a origem da Economia Solidária, possivelmente francesa, se aprendemos alguma coisa sobre o assunto; a energia positiva da professora Silker Weber, que tornava suas aulas tão atrativas; o "Tropical" da cantina do Daniel; o Bar da Tripa, que servia uma tripa de porco deliciosa, mas tão salgada que nos contingenciava a matar a sede com cervejas, ouvindo os improvisos de Guimarães, imitando o Frank Sinatra, cantando Let Me Try Again. Momentos de descontração que ajudavam a contornar as preocupações com a disciplina de Métodos e Técnicas em Pesquisa, ministrada pelo simpático professor José Carlos Wanderley, ponto de corte do programa de pós-graduação. Aquele servidor da biblioteca setorial, que jamais esquecemos a imagem, que sempre perdoava as nossas multas dos livros por atraso na devolução. Gente assim merece sempre menções honrosas.  

Vamos ser francos por aqui, sem "melindrar", que se tornou o verbo da moda. Lula já foi mais sensível aos anseios da comunidade acadêmica, assim como de sua base histórica de apoio político. Setores do próprio PT reclamam sobre a necessidade de uma correção de rumos. Não é por outro motivo que o PT hoje anda tão dividido. Uma divisão maior do que em outros tempos, a julgar pelas candidaturas que se lançam contra a corrente hoje hegemônica na legenda, a CNB. A rigor, até mesmo a CNB está dividida. Movimentos sociais como o MST já foram mais próximos ao partido. Nas últimas eleições trataram de ampliar suas bases de representação no parlamento e seus líderes negociam diretamente parcerias com países como a Venezuela. 

Editorial: Lula não estanca sangria, segundo o PoderData.



Hoje, dia 20, está sendo divulgada uma pesquisa realizada pelo Instituto Poder\Data sobre a avaliação do Governo Lula. O Instituto realizou 2.500 entrevistas entre os dias 15 e 17 de março, em 198 municípios das 27 unidades federadas. 53% reprovam o Governo, índice cravado em 51% na pesquisa anterior, numa variação negativa de dois pontos percentuais. Possivelmente um dos dados mais importantes desta pesquisa está relacionado a grande expectativa que se formou em torno de uma eventual recuperação dos índices de popularidade do presidente, algo sugerido por uma pesquisa do Instituto Datafolha. Como afirmamos antes, a pesquisa do Instituto Datafolha trazia informações que deveriam repousar sobre a mesa do presidente e acompanhada com lupa ampliada, assim como a pesquisa que veio logo em seguida, realizada pelo Instituto Genial\Quaest. 

Aliás, todas as pesquisas subsequentes, inclusive esta do PoderData, em razão de trazerem dados que mostram onde a sangria está sendo observada, seja por região, religiosidade, sexo, poder aquisitivo, entre outros indicadores. A pesquisa do PoderData, por exemplo, evidencia a erosão da popularidade do presidente entre o eleitorado feminino. Em 2023, Lula ostentava 45% de popularidade neste nicho eleitoral, enquanto hoje amarga 21%, uma queda de mais de 50%, o que pode sugerir que as falas sobre a sua Ministra da Articulação Institucional e a representante do FMI não ficaram impunes. A estratégia da SECOM, comandada pelo marqueteiro Sidônio Palmeira, ao que se sugere, será mantida, pois o entendimento é que ela está dando certo, a despeito dos escorregões verbais do presidente Lula. 

Compensa que o mandatário continue comunicando os feitos do seu governo, mesmo sob tais circunstâncias. Os programas, seja para atender os mais humildes ou aos estratos médios da sociedade são de corte populistas, seja o Pé-de-Meia, o Minha Casa Minha Vida, agora ampliado para atender às demandas da classe média. Ficamos sabendo agora que se cogita um plano de saúde popular, ou seja, o Governo poderia subsidiar um plano de saúde - possivelmente apenas ambulatorial - para determinados segmentos da população. Não são políticas estruturadoras. Não seria mais coerente investir em políticas públicas para área de saúde que contribuísse para zerar as filas do SUS? O mais grave dessas gastanças é que setores do próprio Governo admitem que as contas públicas podem entrar em colapso em 2027. 

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo.

 


sábado, 19 de abril de 2025

Charge! Kleber Alves via Correio Braziliense.

 


Charge! Aroeira via Facebook.

 


Editorial: A burguesia tem prazo, Tarcísio.



O prefeito Ricardo Nunes está viajando à Ásia, onde deve está tratando de tecnologias elétrica, segurança pública, gás, mobilidade urbana, entre outros assuntos. A agenda é extensa. Os países visitados serão a China e o Japão. O prefeito viaja com um grupos de assessores diretos e a viagem se insere - na realidade ele pega carona - no estreitamente da relação entre o Brasil e a China, que se amplia neste momento. Em sua ausência, assume pela primeira vez como prefeito de São Paulo, o capitão Mello Araújo, que é o seu vice, pessoa de altíssima confiança do ex-presidente Jair Bolsonaro. 

Mas, o assunto que mais repercutiu esta semana em relação àquela arena política é uma preocupação do governador Tarcísio de Freitas em relação às especulações em torno de sua cadeira no Palácio Bandeirantes. Com as movimentações em torno de sue nome como uma eventual alternativa do campo conservador para as eleições presidenciais de 2026,  começaram as tessituras ou rebuliço entre os seus assessores e correligionários em torno de um nome apto a habilitar-se a substituí-lo como governador do estado. Isso é uma espécie de faca de dois legumes, pois ocorreria naturalmente, em função das circunstâncias. 

Setores influentes da burguesa já escolheram Tarcísio como o nome que deve disputar o Palácio do Planalto em 2026, na condição de representante legítimo desse segmento. Ele, que se mostrava reticente no início, hoje sabe que precisa pegar esse cavalo selado, antes de o sistema mudar de ideia em relação ao assunto. Isso hoje já não depende de uma posição pessoal e os prazos para o rescaldo estão se encerrando. Mesmo com o capitão em forma, assim mesmo, um nome com outro perfil estava sendo pensado. Hoje, Bolsonaro além de inelegível, encontra-se indiciado e doente. 

Editorial: Eduardo Leite deve deixar o PSDB.


Nas eleições de 2022 o PSDB elegeu três jovens e promissores governadores. Raquel Lyra, em Pernambuco; Eduardo Leite, no Rio Grande do Sul; e Eduardo Riedel, no Mato Grosso do Sul. Por pouco não elegeu Pedro Cunha Lima, na Paraíba, herdeiro político de uma tradicional família de políticos daquele estado. À época, considerávamos que esta nova geração poderia injetar sangue novo na legenda, a partir não apenas da renovação dos seus quadros, mas, sobretudo, por uma nova mentalidade que se sobressaía entre eles, observadas a partir das propostas que esses gestores defendiam em seus programas de governo para os respectivos estados pelos quais estavam sendo eleitos. 

Passados os anos, os velhos arranjos burocráticos da legenda, comandados pelas mesmas raposas políticas de sempre, colocaram esses governadoras numa rota de insatisfação dentro do partido. Faz pouco tempo, a governadora Raquel Lyra se desligou da legenda para filiar-se ao PSD de Gilberto Kassab. Hoje a imprensa notícia de que falta pouco tempo para o governador Eduardo Leite também seguir o mesmo caminho. Permanece no partido apenas Eduardo Riedel, do Mato Grosso do Sul. Curioso que, no levantamento dos quadros de representantes, quando se configura como certa uma fusão ou federação entre o PSDB, o Podemos e o Solidariedade, o nome de Riedel não aparece. Fala-se em 401 prefeitos, 5330 vereadores e 27 deputados federais.  Pode ter sido apenas um esquecimento. 

O jovem e promissor Eduardo Leite parece estar convencido de que o sonho de uma candidatura presidencial em 2026 está fora do radar. Segundo se especula, ele seria candidato ao Senado Federal pela nova legenda. No momento, ele não representa nenhuma ameaça ao projeto do partido, que trabalha o nome do governador Ratinho Junior para esta missão presidencial. Aqui em Pernambuco a transição de legenda da governadora Raquel Lyra foi marcada por uma série de contratempos, chegando-se, até mesmo, a uma espécie de intervenção branca no comando tucano estadual. 

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo.

 


sexta-feira, 18 de abril de 2025

Charge! Aroeira via Facebook.

 


Editorial: É possível salvar o mandato de Glauber Braga?




Há um texto onde o sociólogo Gilberto Freyre afirma que, no Brasil, por se tratar de um país surreal, tudo seria possível. Não surpreenderia ao sociólogo, por exemplo, a programação de um carnaval em plena Sexta-feira Santa. Gilberto morreu sem ver concretizada a sua profecia, pois uma cidade do agreste pernambucana organiza uma grande festa para este período, onde a maior atração fica reservada exatamente para a Sexta-feira da Paixão. Um dileto internauta nos perguntou se seria possível salvar o mandato do deputado Glauber Braga, do Psol. Sim. Glauber encerrou a greve de fome de 08 dias depois de fechar um acordo com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, que prometeu que o seu processo de cassação apenas seria apreciado pelo plenário da Casa no segundo semestre. 

Neste período, o parlamentar recebeu visitas de correligionários e até de integrantes, imaginem, do Centrão, que espera um gesto do parlamentar para tentar salvar o seu mandato, aplicando-se ao caso uma punição mais branda. O que acontece é que a oposição está jogando pesado no rolo compressor que move em prol do projeto de anistia aos implicados na tentativa de golpe de 8 de janeiro. Aqui ressalte-se que eles estão jogando bem. Enquanto o Governo Lula dormiu em berço esplêndido, eles trabalhavam como formiguinhas, obtendo uma assinatura aqui outra no aeroporto de Brasília, até que conseguiram o número necessário para a apreciação do projeto em caráter de urgência. 

Hugo Motta, depois do repasto do outro lado, ficou cambaleante, mas hoje procura uma saída honrosa, que satisfaça, pelo menos em parte, a oposição e não queime o seu filme nem com a Oposição, nem com o Governo, tampouco do o STF.  A resposta é sim e gostaríamos que isso ocorra, pois o parlamentar honra cada voto que recebeu dos seus  eleitores. O que não acontece com muitos dos seus pares que hoje desejam cassá-lo.   

Editorial: Os arranjos perigosos em torno do projeto de anistia.


Pelo andar da carruagem política, a oposição obterá algumas conquistas em relação ao PL da Anistia aos implicados na tentativa de golpe de 08 de janeiro. Conta até com o apoio de parlamentares da base governista neste sentido. É curioso, mas, mais da metade dos que assinaram o requerimento de urgência são de partidos que integram a base de apoio do Governo Lula, alguns ocupando espaço na Esplanada dos Ministérios. Conforme já afirmamos em outro momento, o Governo dormiu o sono que pode produzir o monstro. As arestas estão sendo aparadas até mesmo junto ao Judiciário, que já admite algumas concessões, como a redução das penas aplicadas, à exceção dos artífices da tentativa de golpe, bem como aqueles que o financiaram. Torçamos que essas concessões tenham limites que não afetem a nossa frágil saúde democrática pelos próximos anos. 

Hugo Motta, enquanto costura o formato do projeto, aguarda o pronunciamento dos líderes partidários sobre o assunto. Isso nos faz lembrar de uma expressão atribuída ao ex-presidente Jânio Quadros, que dizia que o Brasil é uma espécie de hímen complacente, ou seja, nunca se rompe. Na primeira oportunidade esses sublevadores da ordem democrática voltam às portas dos quartéis pedindo intervenção militar. Isso é muito grave. Até mesmo presença nessas instituições militares poderiam ser passível de punição. Estamos aqui aguardando para sabermos até onde avança tais negociações. O Executivo esperneia, a exemplo do deputado Lindbergh Farias, mas pode pouco neste momento, uma vez que já perderam parte da batalha.

Com a arrogância e empáfia observada nos discursos que vazaram envolvendo os conspiradores, caso essa gente lograsse êxito no intento golpista, logo no dia seguinte eles estariam soltando seus cachorros para fazer as unhas dos democratas ou dos seus desafetos, como eles insinuam, matreiramente, que a jovem foi punida por tentar fazer uma maquiagem na estátua A Justiça. Infelizmente, vivemos num país com essas características. 


quinta-feira, 17 de abril de 2025

Editorial: A espionagem ilegal da ABIN Paralela.



Não foi por falta de aviso que o Governo Lula 3 está sofrendo o desgaste de mais um escândalo ocorrido em relação às operações ilegais da ABIN - Agência Brasileira de Informações. Publicamos inúmeras postagens por aqui, alertando sobre a necessidade de uma reestruturação efetiva do órgão, logo após surgirem os indícios de aparelhamento irregular daquela instituição, durante o Governo do presidente Jair Bolsonaro.  Isso não se resolve trocando uma peça aqui e ali, como chegaram a sugerir os próprios servidores de carreira do órgão, incomodados com a repercussão negativa provocada pela situação. O povão geralmente faz leituras coletivas, não distinguindo o joio do trigo. O mesmo ocorre em relação ao estouro do escândalo, quando se sabe que isso vem do governo anterior, mas os resíduos acabam contaminando a gestão atual.  

Governos que flertam com o autoritarismo, que não seguem as regras do jogo democrático, são tentados, naturalmente, a aparelhagem a máquina do Estado consonante seus interesses nada republicanos, principalmente os aparelhos de segurança e inteligência. O grau de contaminação desses órgãos foram imensos e impunha-se uma assepsia rigorosa, até mesmo uma reestruturação. Outro dia, um experiente delegado aposentado da Policia Federal afirmava, em entrevista, que seria inútil tentar combater o crime organizado sem uma reestruturação completa das polícias estaduais. E olha que ele nem tomou conhecimento sobre os episódios nebulosos que ocorrem no sistema prisional pernambucano. Uma coisa precisa ser admitida. A capacidade de superação em criatividade dos brasileiros. Nem Pablo Escobar ousou tanto com a sua La Catedral. 

O resultado é que, ao que se sugere, em princípio, a tal ABIN paralela continuou operando ilegalmente em relação ao Governo do Paraguai, onde se tinha o objetivo de descobrir como as autoridades daquele país se posicionariam em relação às tarifas da binacional Itaipu. Agente do órgão, ouvido pela PF, confirmou a operação ilegal. Hoje, 17, o diretor da instituição está sendo ouvido pela PF. Às vezes, nos perguntamos o que houve com este terceiro Governo Lula. Outro dia um bolsonarista roxo, burocrata de cargo de confiança do governo anterior, foi nomeado para o cargo de Secretário Executivo de um ministério. Depois reclamam das 146 assinaturas obtidas pela Oposição para aprovar, em caráter de urgência, o requerimento do PL da Anistia. 

Charge! Laerte via Folha de São Paulo.

 


Editorial: Preocupa ao Governo Lula a baixa adesão ao empréstimo consignado privado.


Na realidade, o grande beneficiário desse empréstimo consignado privado seria o sistema bancário, que estaria emprestando um dinheiro poupado pelo próprio trabalhador, através do FGTS, auferindo os juros, e tendo como garantia a parte que restou dessa poupança. Ainda bem que está havendo pouca adesão a este empréstimo porque, na realidade, trata-se de uma arapuca populista que produziria, no final, uma legião de endividados. Ontem começaram a circular notícias de que o Governo Lula3 estaria preocupado com a baixa adesão ao consignado privado. Sugere-se que os trabalhadores tenham se dado conta do tamanho da encrenca que eles estavam arranjando. 

Na realidade, se o Governo Lula 3 pretende resgatar a sua popularidade este não seria o caminho mais adequado. É preciso fazer um dever de casa básico, adotando-se austeridade nas contas públicas, combatendo a inflação e enfrentado algumas questões que estão afligindo a população, como é o caso da insegurança pública. Não há receita mirabolante por aqui. Pesquisas apontam que o consumidor faz uma associação orgânica entre a alta dos preços dos produtos nos supermercados ao governo de turno. Os problemas com a articulação política permanecem. No momento enfrenta-se o drama das assinaturas de parlamentares da base ao requerimento de urgência da PL da Anistia. 

Ontem falávamos em cem assinaturas - o que já seria preocupante - mas se sabe hoje que foram 146 assinaturas, cruciais para a urgência do projeto. Mais da metade dos votos são de parlamentares da base governista. A indignação de agora é um pouco tarde, pois a oposição ganhou no meio de campo. Ontem comentávamos por aqui que o Governo vai realizar um mapeamento dos cargos comissionados indicados por esses parlamentares da base. Um pente fino com indícios de eventuais retaliações. Um momento preocupante, se considerarmos as movimentações em torno de formação de federações e conversas para abandonar o barco.  

Charge! Renato Aroeira via Facebook.

 


quarta-feira, 16 de abril de 2025

Charge! Kleber Alves via Correio Braziliense.

 


Editorial: Governo realizará um mapeamento dos padrinhos dos cargos comissionados.



O Brasil realmente não é um país para amadores. Ali pela década de oitenta, durante o apogeu das discussões em torno da reforma administrativa - a moda de então - havia números que indicavam que a administração pública brasileira possuía algo em torno de 21 mil cargos comissionados, um número bastante expressivo, bem superior, por exemplo, a países como a França e a Inglaterra. Na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro ocorreu uma espécie de militarização desses cargos de confiança na administração pública, aqui se registrando mais uma evidência dos planos desses senhores. Esses cargos de confiança se traduzem como uma prática do clientelismo na sociedade brasileira, indicando que nunca houve, seja por governos de corte conservador ou progressista, iniciativas efetivas de racionalizar esse excesso de DAS na administração pública. É cultural, como diria o Sérgio Buarque de Holanda. Conservadores e progressistas, quando se trata de "boquinhas", são semelhantes. A coisa é tão fisiológica que, muitos atores se equilibram nesses dois polos, porque ideologia é o que menos conta neste aspecto.   

Segundo matéria divulgada pela imprensa, o Governo Lula 3 estará iniciando agora em maio um mapeamento sobre os padrinhos desses cargos no governo, adotando-se aqui um mecanismo pelo qual se possa ser mais incisivo nas cobranças de fidelização às pautas de interesse da gestão. Partidos com ocupação até mesmo de ministérios na Esplanada deram suporte às assinaturas para a urgência do Projeto de Anistia, uma pauta bombástica, que não conta com o apoio do Executivo. Aliás, o voto desses parlamentares, de acordo com um jornal paulista, foram determinantes para viabilizar o projeto em caráter de urgência. Foram mais de cem assinaturas de parlamentares que integram partidos da base aliada do Governo. 

O jogo aqui é eminentemente político. Trata-se de cobrança e não de iniciativas no sentido de racionalizar a eficiência da máquina pública, o que seria bem-vindas. E, por falar em fidelização, um bem exemplo é dado pelo Presidente Nacional do União Brasil, Antonio de Rueda. Ele não esteve presente nem mesmo por ocasião do lançamento da pré-candidatura do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, à Presidência da República, ocorrida recentemente na Bahia. A atitude recebeu censura dos companheiros de legenda, mas deve ter sido elogiada  pelo Planalto. As cem assinaturas pelo PL da Anistia produziu alguns ruídos na relação entre o Executivo e o Judiciário. Na realidade, atualizando os números, são 146 parlamentares da "base aliada" que puseram suas assinaturas em favor do PL da Anistia. É grave e o Governo pretende tomar medidas.  


terça-feira, 15 de abril de 2025

Charge! Renato Aroeira via Facebook.

 


Editorial: Nosso cafezinho atrás das grades.

 



O apoio de partidos da base aliada do Governo Lula 3 está se tornando crucial para o avanço do PL da Anistia na Câmera dos Deputados. Faz todo o sentido que o STF veja com apreensão tal situação. Na realidade, o STF tem usado de habilidade política para consolidar sua posição em relação ao assunto, evitando, assim, a ampliação das indisposições entre os Três Poderes da República. Depois de longo apanhado sobre os principais assuntos nacionais e internacionais - como um encontro entre o presidente Donald Trump e ninguém menos do que o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, a Folha traz uma matéria até certo ponto inusitada, apontando que o café já está sendo comercializado nos mercados através de grades, em razão do valor alcançado pelo produto. 

Como o jornal tem o privilégio de manter um instituto de pesquisa integrado ao grupo, muitas de suas matérias podem ser confrontadas com os resultados apontados pelo instituto. Neste caso, como já discutimos antes através deste espaço, já existe uma sensação muito ruim na população acerca do aumento dos preços dos produtos. 58% da população está trocando alguns itens em suas compras nos supermercados. Se não dá para levar a chã de dentro, vai-se mesmo de peito com osso, substituindo o bife por um guisado, conforme já recomendou o nosso mandatário. Um dado que o Governo deveria ficar atento é que a esmagadora maioria das pessoas que sentem que os produtos estão aumentando culpam o Governo por tal situação. 

O Governo Lula 3 enfrenta dois grandes gargalos capaz de jogar suas esperanças para 2026 para o espaço: Inflação em alta e insegurança pública. Mesmo diante desse diagnóstico, as ações parecem desconsiderar esse fatores, focando em outras medidas de cunho populista, como os créditos privados, o que produzirá, na realidade, uma legião de endividados, em muitos casos com seus recursos restantes do FGTS subtraídos pelas agências bancárias e com boletos dos bens de consumo adquiridos a vencer, dando sua contribuição para o processo inflacionário. 

Charge! Benett via Folha de São Paulo.

 


Charge! Thiago via Jornal do Commércio.

 


Editorial: Os arranjos políticos inusitados de Brasília.



Na realidade, a política é o ambiente por excelência dos arranjos inusitados ou surpreendentes, de onde se pode concluir que tudo o que ocorre por ali não deveria causar alguma estranheza. Mas, mesmo assim, alguns desses movimentos ainda produzem alguns impactos, como essa conversa de que a moça foi punida por ter maquiado a estátua A Justiça, que fica em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal. A narrativa assumiu contornos de chacota quando um ex-presidente usou de seu inglês tosco para se referir ao assunto, movimentando as big techs, previamente conhecedor de tal potencial. Jogada de caso bem pensado. 

Em entrevista recente, o atual diretor da Polícia Federal, Andrei Augusto, fez questão de colocar os pontos nos "is", argumentando que não se trata de uma punição por pichação, mas o que esteve em jogo foi uma trama sórdida contra as instituições democráticas do país. Não sei se estamos enganados, mas, ao que parece, no cardápio da reunião entre militares e civis que orquestravam um golpe não havia pop corn nem ice cream. No dia de ontem, 14, postamos por aqui que o Centrão aguardava um gesto do deputado Glauber Braga, um gesto que poderia poupá-lo de uma eventual cassação do mandato que, pelo andar da carruagem política, parece irreversível. Em princípio, se pensou num pedido de desculpas, coisas assim. Hoje, 15, isso pareceu mais claro. O grupo deseja o apoio do PSOL ao projeto de anistia em troca de salvar o pescoço do deputado da forca. O partido tem pouca representação na Câmara dos Deputados, mas, neste momento, todo o apoio ao projeto é bem-vindo. 

O partido já afirmou que o pedido é indecente, o que significa dizer que podem perder o mandato de um dos seus mais aguerridos membros. O Governo, por sua vez, anda às turras com a sua base de sustentação, o que não se constitui nenhuma novidade. Nem o grupo autêntico acompanha o Governo Lula 3 em votações importantes, como o do ajuste fiscal, quando parlamentares do partido e do PSOL se posicionaram contra. Aqui, mais uma vez o PT dormiu o sono político que pode ressuscitar o monstro, uma vez que cem parlamentares da base assinaram o requerimento de urgência do PL da Anistia. Cutucado pelo Judiciário, segundo uma jornalista carioca, sugere-se que, somente agora, o partido se deu conta do tamanho da encrenca. Para completar o enredo nebuloso, algumas falas de membros do Governo foram muito mal recepcionadas. 

segunda-feira, 14 de abril de 2025

Editorial: As trapaças e os arranjos políticos de Brasília.

 


Não vamos entrar nos detalhes mais escabrosos por aqui, mas todo mundo já sabe onde o deputado federal Glauber Braga, do Psol do Rio de Janeiro, começou a perder o seu mandato. A expulsão do membro do MBL dos corredores da Câmara dos Deputados foi apenas o pretexto que faltava para seus desafetos armarem a arapuca. Uma pena que, diante de tanto despreparo e ausência de espírito público de muitos de nossos representantes, o mandato do deputado Glauber esteja realmente ameaçado. Ontem líamos uma informação curiosa de que, se houvesse um "gesto" - o que significaria uma capitulação com a qual o deputado já disse que não concorda - o Centrão poderia salvar sua pele e o mandato. 

Não somos expert nessas tramitações jurídicas, mas hoje está sendo divulgado que alguns ministros do Governo veem uma saída através do Supremo Tribunal Federal. É como se o STF, uma vez a câmara definindo pela cassação do seu mandato, pudesse revogar a decisão. Não conhecemos tal dispositivo legal. Glauber está sendo cassado por sua integridade e combatividade. Infelizmente o sistema é complexo e, mesmo diante de tanta indignação, em alguns momentos, convém ao menos modelá-la para que se evite situações limites como esta. O Brasil está longe de ser aquele país onde os preceitos legais, constitucionais e republicanos orientam as deliberações dos gestores de nossas instituições. 

Um outro arranjo diz respeito à tese, cada vez mais enfatizada, da redução das penas aos responsáveis pelo badernaço do 08 de janeiro, em Brasília, em protesto contra o resultado das eleições presidenciais. É curioso como esta tese passa a ganhar capilaridade entre os poderes Legislativo e Executivo. Seria o que é possível entre o projeto de Anistia que está sendo aventado por parlamentares da oposição, de um lado, e, do outro, o Executivo e o Judiciário. Uma espécie de denominador comum para aplainar as indisposições entre Governo e Oposição. 

Editorial: 58% dos brasileiros reduzem compras de alimentos.


Esta é uma daquelas segundas-feiras repletas de assuntos para serem comentados. Uma pena que comecemos a semana com notícias ruins, como a morte do escritor peruano, Prêmio Nobel de Literatura em 2010, Mário Vargas Lhosa, aos 89 anos de idade. Embora conservador, Mário produziu alguns trabalhos importantíssimos, denunciando atrocidades cometidas pelas ditaduras latino-americanas, em textos como Conversas no Catedral e a Festa do Bode. Como leitura sem compromisso, talvez por razões óbvias, o texto que mais gostamos do autor peruano é a Guerra do Fim do Mundo, quando ele esteve no Brasil, mais precisamente na Bahia, para reconstituir em texto a saga do Arraial de Canudos, liderado por Antônio Conselheiro. Como leitura de aprendizagem, sem dúvida, A Festa do Bode, onde ele construiu um romance sobre a ditadura do marechal Rafael Trujillo, na República Dominicana, narrada em três núcleos específicos esquadrinhando relações orgânicas entre eles, dando razão ao crítico Luiz Antônio de Assis Brasil, que aponta as telenovelas brasileiras como o melhor exemplo de construção de uma narrativa em forma de romance. 

No Brasil, uma pesquisa do jornal Folha de São Paulo, constatando que 58% dos brasileiros estão reduzindo a compra de alimentos em razão da inflação. Embora prometa-se para breve uma supersafra de alimentos, na realidade, o que enfrentamos hoje é uma alta dos preços e, consequentemente, o consumidor procurando alternativas viáveis que caibam em seu orçamento apertado, elevando os índices de insatisfação com o Governo. Embora o Ministro Fernando Haddad acuse os críticos de desonestidade intelectual ao apontarem que o Governo não se preocupa com o assunto, o fato é que as contas públicas não sinalizam para um efetivo controle. 

Na outra margem do rio, em Brasília, as intensas movimentações em torno da urgência do projeto de anistia. Ontem alguém estava argumentando que temos na Câmara dos Deputados centenas de PL que se enquadram na condição de urgência urgentíssima, deixando o PL da Anistia numa longa lista de espera, se formos cumprir o regimento. Colunista de um jornal carioca sugeriu que ministros do STF teria cobrado do Governo Lula essas 100 assinaturas de partidos de sua base aliada em favor do PL da Anistia. A proposta de redução das penas aos condenados pelo 08 de janeiro começa a ganhar corpo entre os atores envolvidos nesta discussão. Até membros do Governo Lula veem com simpatia este debate. O experiente ex-presidente Michel Temer considera que a proposta tem vaselina suficiente para passar até mesmo no Poder Judiciário. Começamos a semana em alta temperatura. Bom início de semana, leitores.