José Luiz Gomes
Diz um adágio popular que macaco velho não põe a mão em cumbuca, sob pena de não se saber o que se encontra ali dentro. Essa talvez seja a razão que levou um dos mais experientes profissionais de pesquisas eleitorais do Estado ter se recusado a fazer qualquer prognóstico sobre o possível resultado das próximas eleições municipais do Recife. Na realidade, citando um poeta, este cientista político tascou uma citação eivada de grandes interrogações: nas eleições municipais do Recife, este ano, tudo seria possível ocorrer, inclusive nada. Certamente, qualquer que seja o resultado das eleições do Recife, ele não arriscará - nenhum pouco - a sua reputação. Esta frase foi dita logo depois do primeiro levantamento de intenção de votos das próximas eleições municipais de 2016,realizado aqui na província, pelo Instituto Ipespe. Naquele momento, de fato, o quadro estava bastante "embaralhado", mas, creio que, mesmo hoje, com os "contornos" um pouco mais definidos, mesmo assim, ele possivelmente manteria a mesma posição.
Em tempos não muito remotos, criou-se aqui no Estado, uma espécie de "conluio" perverso, envolvendo poder público, iniciativa privado, veículos da mídia e institutos de pesquisa, com o propósito de alavancarem alguns candidatos ou mesmo elevarem os índices de aprovação de governantes de turno, mascarando a realidade. Bastou a morte de um desses governadores ocorrer e a realidade bateu à nossa porta, com inúmeras denúncias de malversação de recursos públicos, déficit nas contas públicas e indicadores bem aquém daqueles exaustivamente apresentados à população. É curioso como uma das últimas pesquisas apresentadas por um desses institutos vem sendo comemoradas pelo establishment que dá sustentação a uma dessas postulações. Até então, ali, como disse em outro artigo, já havia acendido uma luz "amarela", em rezão de uma performance um pouco aquém do esperado do candidato.
É preciso, portanto, tomar alguns cuidados com essas pesquisas, sobretudo em se sabendo o jogo de interesses de quem está por trás desse ou daquele instituto. A tríade poder público, mídia e institutos, que, num passado recente foi capaz de produzir alguns "estragos", não pode ser desprezada, sobretudo nesses momentos de nuvens cinzentas na política, onde alguns atores políticos já carregam o estigma de serem eliminados ou definitivamente afastados da vida pública, conforme é o caso do que se pretende com partidos como o PT. Recife é uma das praças onde as forças de esquerda apostam as suas fichas numa eventual vitória de nomes identificados com a reconstrução da cidadania, cotidianamente negada pelo atual governo. Como já afirmamos em outros momentos, sobretudo nesses tempos bicudos, nenhuma oportunidade política pode ser perdida. Essas eleições municipais seriam uma excelente oportunidade de recompor as forças e as estratégias de luta para enfrentar o que virá por aí, num gradativo processo de "endurecimento" do regime, com prejuízos evidentes para os avanços políticos e sociais conquistados a partir da Constituição de 1988.
Antes que nos condenem, gostaria de informar que reputo o IPESPE como um instituto de pesquisa sério. Não seria tão enfático em relação a alguns outros institutos que atuam aqui no Estado, sobretudo porque se prestam ao serviço de "instrumento" dos interesses dos seus donos, que também são acionistas de jornais, com forte influência no poder público, tanto em sua esfera municipal quanto estadual. O IPESPE, ao contrário, foi criado para ser, de fato, um instituto de pesquisa, de certa forma para suprir a carência de institutos dessa natureza aqui em Pernambuco. Foi um dos primeiros a atuar com este objetivo aqui no Estado, talvez o primeiro. A rigor, não seria o momento de os institutos arriscarem sua "credibilidade" a esta altura do "campeonato", há duas semanas das eleições. Trata-se de um outro dado com qual devemos trabalhar. A essa altura do campeonato, arriscar a reputação do instituto com pesquisas "arranjadas ou tendenciosas" não seria de bom alvitre. O "custo" a ser pago por esses órgãos seria demasiado grande. Essas práticas são comuns com uma antecedência razoável da realização das eleições. Esse dado não pode ser desconsiderado.
Nossos questionamentos deste artigo, portanto, não se referem às pesquisas realizadas pelo Instituto IPESPE, mas a uma outra pesquisa, de um outro instituto, recentemente publicada, onde o prefeito Geraldo Júlio(PSB) abre uma diferença de 10% sobre o candidato do PT, João Paulo, com quem vinha empatado tecnicamente, com dados aferidos pelo Ibope, pela Datafolha e pelo próprio IPESPE, que, como disse, considerou o jogo "indefinido". Há quem informe que esse possível "avanço" da candidatura de Geraldo Júlio(PSB) poderia ser o resultado de seu tempo maior de TV, em contraponto a um guia muito criticado do candidato petista. Não se trata de uma hipótese improvável, muito menos ainda depois dos erros de avaliação dos petistas sobre o poder da TV nos "linchamentos de imagem", em relação ao próprio PT e aos seus líderes.
Um outro dado que deve ser aqui considerado diz respeito à sintonia do "calendário dos conspiradores", em ações muito bem coordenadas, sempre com o propósito de "limpar o terreno" ou "minar as resistências" das forças do campo progressista, com o propósito de navegarem em céu de brigadeiro em sua sanha de executaram as manobras mais hediondas contra o povo e a soberania nacional. Neste clima de instabilidade política e insegurança jurídica em que o país foi jogado, chegamos a um estágio do "vale tudo" neste jogo de interesses pesados. Observem que essa última pesquisa saiu praticamente no mesmo momento em eram apresentados aqueles "fajutos" Power Point, pedindo a condenação de Lula sem que nenhuma prova insofismável contra ele fosse apresentada. Uma verdadeira aberração jurídica, que deve passar incólume por outras instâncias do nosso poder judiciário, cujos alicerces republicanos parecem ruir.
No contexto desse "calendário dos conspiradores", o que nos aguardam até o próximo dia 02 de outubro? Decretar a prisão de Lula é alguma coisa mais complexa, mas não duvidaria nenhum pouco que, se entre eles, esse momento já estivesse bem amadurecido, não seria surpresa que tal prisão fosse programada para o dia 30 setembro, aquela sexta-feira fatídica que antecede ao pleito, com direito às capas das revistas semanais e edições especiais do JN, com os costumeiros "vazamentos" de véspera. Embora as nossas considerações dos artigos anteriores continuem válidas, quando se toma como referência a reconstrução da cidadania e como as forças políticas do campo progressista poderiam se engajar nesse "projeto" já a partir dessas eleições, é inegável, por outro lado, os efeitos do massacre midiático promovido pelo campo "conspirador" no sentido de fragilizar esta luta. E Isso torna o "embate" político bastante desigual.
Contratar um nova pesquisa, promovida por um outro instituto, como sugere o candidato João Paulo(PT), também não sei se seria este o caso. A começar pelo fato de que oneraria bastante um financiamento de campanha já fragilizado. Por outro lado, se os dados apresentados "desmentissem" aquele instituto, ainda assim, seria necessário que essa informação fosse muito bem trabalhada junto à opinião pública recifense, com uma estratégia muito bem estudada, considerando-se a exiguidade do pleito, previsto para menos de duas semanas. O dado alentador é que há uma possibilidade concreta dessas eleições irem para um segundo-turno, quando se trata de uma nova eleição, facultando às forças progressistas se preparem melhor para o próximo round.
Antes que nos condenem, gostaria de informar que reputo o IPESPE como um instituto de pesquisa sério. Não seria tão enfático em relação a alguns outros institutos que atuam aqui no Estado, sobretudo porque se prestam ao serviço de "instrumento" dos interesses dos seus donos, que também são acionistas de jornais, com forte influência no poder público, tanto em sua esfera municipal quanto estadual. O IPESPE, ao contrário, foi criado para ser, de fato, um instituto de pesquisa, de certa forma para suprir a carência de institutos dessa natureza aqui em Pernambuco. Foi um dos primeiros a atuar com este objetivo aqui no Estado, talvez o primeiro. A rigor, não seria o momento de os institutos arriscarem sua "credibilidade" a esta altura do "campeonato", há duas semanas das eleições. Trata-se de um outro dado com qual devemos trabalhar. A essa altura do campeonato, arriscar a reputação do instituto com pesquisas "arranjadas ou tendenciosas" não seria de bom alvitre. O "custo" a ser pago por esses órgãos seria demasiado grande. Essas práticas são comuns com uma antecedência razoável da realização das eleições. Esse dado não pode ser desconsiderado.
Nossos questionamentos deste artigo, portanto, não se referem às pesquisas realizadas pelo Instituto IPESPE, mas a uma outra pesquisa, de um outro instituto, recentemente publicada, onde o prefeito Geraldo Júlio(PSB) abre uma diferença de 10% sobre o candidato do PT, João Paulo, com quem vinha empatado tecnicamente, com dados aferidos pelo Ibope, pela Datafolha e pelo próprio IPESPE, que, como disse, considerou o jogo "indefinido". Há quem informe que esse possível "avanço" da candidatura de Geraldo Júlio(PSB) poderia ser o resultado de seu tempo maior de TV, em contraponto a um guia muito criticado do candidato petista. Não se trata de uma hipótese improvável, muito menos ainda depois dos erros de avaliação dos petistas sobre o poder da TV nos "linchamentos de imagem", em relação ao próprio PT e aos seus líderes.
Um outro dado que deve ser aqui considerado diz respeito à sintonia do "calendário dos conspiradores", em ações muito bem coordenadas, sempre com o propósito de "limpar o terreno" ou "minar as resistências" das forças do campo progressista, com o propósito de navegarem em céu de brigadeiro em sua sanha de executaram as manobras mais hediondas contra o povo e a soberania nacional. Neste clima de instabilidade política e insegurança jurídica em que o país foi jogado, chegamos a um estágio do "vale tudo" neste jogo de interesses pesados. Observem que essa última pesquisa saiu praticamente no mesmo momento em eram apresentados aqueles "fajutos" Power Point, pedindo a condenação de Lula sem que nenhuma prova insofismável contra ele fosse apresentada. Uma verdadeira aberração jurídica, que deve passar incólume por outras instâncias do nosso poder judiciário, cujos alicerces republicanos parecem ruir.
No contexto desse "calendário dos conspiradores", o que nos aguardam até o próximo dia 02 de outubro? Decretar a prisão de Lula é alguma coisa mais complexa, mas não duvidaria nenhum pouco que, se entre eles, esse momento já estivesse bem amadurecido, não seria surpresa que tal prisão fosse programada para o dia 30 setembro, aquela sexta-feira fatídica que antecede ao pleito, com direito às capas das revistas semanais e edições especiais do JN, com os costumeiros "vazamentos" de véspera. Embora as nossas considerações dos artigos anteriores continuem válidas, quando se toma como referência a reconstrução da cidadania e como as forças políticas do campo progressista poderiam se engajar nesse "projeto" já a partir dessas eleições, é inegável, por outro lado, os efeitos do massacre midiático promovido pelo campo "conspirador" no sentido de fragilizar esta luta. E Isso torna o "embate" político bastante desigual.
Contratar um nova pesquisa, promovida por um outro instituto, como sugere o candidato João Paulo(PT), também não sei se seria este o caso. A começar pelo fato de que oneraria bastante um financiamento de campanha já fragilizado. Por outro lado, se os dados apresentados "desmentissem" aquele instituto, ainda assim, seria necessário que essa informação fosse muito bem trabalhada junto à opinião pública recifense, com uma estratégia muito bem estudada, considerando-se a exiguidade do pleito, previsto para menos de duas semanas. O dado alentador é que há uma possibilidade concreta dessas eleições irem para um segundo-turno, quando se trata de uma nova eleição, facultando às forças progressistas se preparem melhor para o próximo round.
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