Há alguns dias, por um desses mal-entendidos, estabeleceu-se uma ligeira discussão nas redes sociais entre este editor e alguns mineiros. O mal-entendido se deu em razão de uma eventual visita do filósofo francês, Michel Foucault, ao estado, tendo, inclusive, visitado a cidade histórica de Ouro Preto, além de ministrar uma palestra na Universidade Federal. Consideramos o fato inusitado - pelo menos para mim - em razão de ter lido livros escritos tratando exatamente das visitas do filósofo francês ao país, onde não encontramos nenhuma referência à sua passagem por Minas Gerais. A simples relação a este fato sugeriu que estivéssemos duvidando das afirmações da postagem, o que gerou muitos comentários de contraposição, todos respondidos dentro da mais absoluta urbanidade por este editor, que apenas estranhou o fato e não teve o propósito de desacreditá-lo.
Há elementos que dizem que sim, o que significa que pode ter havido algum lapso dos pesquisadores que se debruçaram sobre o assunto. Há, por outro lado, muita referências à passagem de outro filósofo francês por Outro Preto, o existencialista Jean-Paul Sartre. Foucault esteve no Pará, onde agora se realiza a COP30, na Bahia, no Rio de Janeiro, no Recife e em São Paulo. No Rio de Janeiro criou vínculos fortes com a academia. O Recife talvez tenha sido a visita mais traumática, uma vez que ocorreu na década de 70, no epicentro da repressão militar no país. Quem salvou esta visita foi a grande professora Silker Weber, que ainda o conduziu a Itamaracá, Igarassu, ao Alto da Sé, em Olinda, e, finalmente à Casa da Cultura, o espaço que ele mais gostou, por razões óbvias. No passado, onde hoje funciona a Casa da Cultura, já funcionou a Casa de Detenção do Recife.
Na Bahia ele foi por duas vezes. Uma em caráter mais formal e outra visita mais pessoal, tratada com chacota por uma revista de circulação nacional à época. Ao observar o sucesso da visita do presidente da França, Emanuel Macron, à Salvador essas memórias vieram à tona. Macron veio ao Brasil para a abertura do Festival Nosso Futuro Brasil-França. Macron está fazendo uma verdadeira imersão na cultura baiana. Tocou no Olodum, comeu acarajé e, principalmente, sentiu o calor humano dos baianos, algo que deve tê-lo deixado surpreso, se considerarmos a frieza dos franceses.

