pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: Lavrem as multas em nome da democracia.
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sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Editorial: Lavrem as multas em nome da democracia.



Há poucas referências sobre a passagem do escritor Graciliano Ramos pela Prefeitura de Palmeiras dos índios, Zona da Mata alagoana. Como se sabe, Graciliano assumiria o Executivo Municipal dessa cidade, onde permaneceu por um periodo de dois anos, tendo renunciado logo em seguida. O episódio é tido como um acidente de percurso em sua trajetória pessoal, posto que foram exatamente os relátórios administrativos produzidos para o Governo do Estado,no período em que esteve como prefeito, prestando conta de sua gestão, que chamou a atenção de um editor para o seu perfil literário. Na percepção - possivelmente correta - do editor, ele estava no lugar errado e deveria ter alguma coisa escrita guardada. Tinha. Era o livro Caetés, logo em seguida publicado. Salvo melhor juízo, o primeiro dos seus livros publicados.   

Muito exigente consigo mesmo, nesses dois anos, porém, Graciliano deixaria lições importantíssimas sobre a postura republicana com que se conduziria à frente do Executivo Municipal. Comenta-se que ele baixou uma portaria exigindo que fossem apreendidos os animais soltos, que perambulavam pela cidade, além da aplicação de muitas aos proprietários infratores. Num belo dia, quando chegou para despachar, em seu gabinete, foi procurado por um acanhado fiscal que desejava falar-lhes.

-Dr. Eu não sei nem como dizer isso para o senhor. 

- Pois, bem! Diga! - teria respondido Graciliano ao fiscal. 

- Obedecendo às suas órdens de apreender os animais soltos nas ruas, eu descobri que um dos infratores é o seu próprio pai e eu não sei o que fazer. 

Depois de meditar por alguns instantes, Graciliano Ramos teria respondido: 

- Lavre a multa. Prefeito não tem pai. 

Esse episódio nos veio à mente depois das medidas adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes, Presdiente do TSE, em relação aos grupos que estão protestando ou mais precisamente, inteditando estradas pelo país, numa suposta contestação dos resultados das eleições. No raciocínio correto do ministro - acompanhado por este editor - o processo eleitoral transcorreu de forma limpa, com seus resultados devidamente homologados. Tais manifestações, portanto, se inserem em ações que ferem princípios constitucionais e, por consequência, assim serão tratados, o que pode significar punições aos infratores. Na realidade, esses manifestantes estão prestando um deserviço à democracia.

Neste  sentido, o ministro Alexandre de Moraes deu um prazo de 48 horas para que a direção da PRF apresente as multas lavradas e o percentual de estradas desbloqueadas nas operações. Como se sabe, já faz alguns tempo que a nossa democracia vem enfrentado esses sabotadores, que utilizam todos os aparatos possíveis para fragilizá-la, seja através das redes sociais, seja em ações de ruas,como estas que estão acorrendo no país. As instituições brasileiras precisam manter um plantão permanente em defesa da democracia, pois o processo não se encerrou depois das eleições do último domingo, tampouco dará trégua daqui para a frente.   

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