pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: Intervenção militar não combina com liberdades individuais e coletivas.
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quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Editorial: Intervenção militar não combina com liberdades individuais e coletivas.



A cidade do Recife tem se destacado por apresentar indicadores sociais bastante negativos. Ostenta a condição de cidade com um dos maiores índices de população em situação de  pobreza, tornando seu perímetro central o mais degradado do país. Se o sociólogo Josué de Castro ainda fosse vivo, se sentiria envergonhado em visitar os bairros alagados da Veneza brasileira - Pina, Afogados, Ilha de Deus - que serviram de fonte de inspiração para os seus estudos. Os leitores e leitoras vão nos permitir e perdoar a expressão, mas é uma merda que os gestores da capital e do Estado, nos últimos anos tenham deixado, literalmente, de cuidar das pessoas para satisfazer a sanha dos interesses do capital, quase sempre em transações de caráter nada reublicanas.  

Os sem-teto, desabrigados e famintos povoam as imediações do Palácio do Campo das Princesas. Rua do Imperador, Teatro de Santa Isabel, Liceu de Artes e Ofício, Praça Maciel Pinheiro. Pernambuco, isoladamente, foi o Estado que mais contribuiu para fazer cair nossos indicadores de extrema pobreza nos últimos anos, de acordo com levantamento realizado pela Fundação Getúlio Vargas. Como se observa, nossos destaques nacionais não ocorrem por uma boa causa. 

Ficamos curiosos em observar porque o Recife estava ocupando um lugar privilegiado no trending topics do twitter. Infelizmente, sentimos informar que, igualmente, não é por um bom motivo. Trata-se da repercussão de uma mega mobilização de bolsonaristas no quartel do Comando Militar do Nordeste, no bairro do Curado. Em mais um ato inconsequente e irresponsável, pedindo uma intevenção militar. Quando esteve aqui na década de 70 - apenas para alertar os desavisados que acham que se pode conciliar intervenção militar com libertdade - o filósofo Michel Foucault considerou que talvez fosse menos vigiado pela Ditadura Militar aqui na província.  

Pensava o filósofo que seria menos visado do que em praças como o Rio de Janeiro ou São Paulo, onde já teria tido alguns problemas com os militares. Ledo engano. Professores da UFPE chegaram a tentar organizar um almoço para o filósofo francês, mas, um a um dos convidados desistiram, diante de sua indisposição com os militares. Restou ao filósofo, com uma grande boa vontade de uma professora da UFPE, visitar Igarassu, a Casa da Cultura - espaço que ele mais se interressou, porque no passado havia sido um presídio - e comer umas tapiocas no Alto da Sé, aqui em Olinda. 

Todas as vezes que vamos ao local, tentamos imaginar os seus passos por aquele logradouro. Escrevemos até um conto sobre o assunto. Pernambuco, diferente do que pensava o filósofo, tem uma presença militar estratégica e uma forte organização do bolsonarismo, daí se entender essa intensa mobilização que ocorre no quartel do Comando Militar do Nordeste. O primeiro presidente da Junta Militar, pós Golpe de 1964, foi o presidente general Costa e Silva, que, antes, era o comandante desse agrupamento militar.   

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