A principal tarefa do próximo governo de Luiz Inácio Lula da Silva é a de reconstituir o tecido democrático do país, hoje sensivelmente ameaçado. Existem muitas prioridade, conforme ele enfatizou em seus discurso, logo após a vitória, como a de superar a chaga de 33 milhões de brasileiros que estão passando fome neste momento. Entendo as preocupações do petista, mas é preciso estabelecer, de uma vez por todas, que tal meta apenas será possível num ambiente institucional onde a democracia política funcione plenamente.
O linguista norte-americano, Noam Chomisky, costuma dizer que nunca viu uma elite tão insensível ao drama dos desvalidos como a brasileira. Outros autores, a exmplo, de Ariano Suassuna, costumam tratar essa "cisão' brasileira como o Brasil Real e o Brasil Oficial. Ao longo da História, o Brasil Real tem dados bons exemplos de superação ao país. Nas últimas eleições, um flagrante fotográfico tornou-se emblemático dessa divisão: Adolescentes de uma favela, que se dirigiam, num ônibus, para alguma praia, num domingo ensolarado, cruzaram com uma motociara do ex-presidente Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro, onde não faltaram aqueles gestos conhecidos e palavras de ordem.
Agora, por ocasião das interdições das estradas - em atos de protestos orgnizados por bolsonaristas insatisfeitos com os resultados das urnas - quem está desobstruindo as rodovias não são as forças do Estado, mas as torcidas organizadas do Corinthians e do Galo Mineiro. Há um certo exagero por parte do editor, mas, o fato, em si, não deixa de ser emblemático, principalmente quando se põe em dúvida a atuação das próprias forças representativas do Brasil Oficial. Nessas eleições foi este Brasil Real, marcadamente identificado pela população de regiões como o Nordeste, que salvou o país do desastre de um retrocesso autoritário que vinha sendo sutilmente urdido.
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