Como enfatizamos por aqui, em inúmeras oportunidades, nosso tecido democrático, por razões históricas, não é dos mais resistentes e temos sérias dúvidas sobre se ele suportará o repuxo. Nossa experiência democrática, ao longo de décadas, convive constantemente com solavancos autoritários, assim como um carro em estrada esburacada, o que exige um piloto do Executivo movido por propósitos republicanos, provido de espírito público e bastante consciente de suas responsabilidades constitucionais.
O dia 08, portanto, será de fundamental importância para o observarmos o cenário político criado pelas mobilizações de rua e, mais importante, avaliar a solidez de nossas edificações democráticas. Consideramos imprudente que a oposição ao Governo Bolsonaro tenha organizados protestos de rua para o mesmo dia, ampliando esses focos de atritos, mas, felizmente, não ocorreram confrontos. Trata-se de um procedimento perigoso, uma vez que as rédeas democráticas estão sendo afrouxadas há algum tempo no país. Em escala global, o mercado vem mitigando os regimes democráticos, em razão de sua perversa e insana lógica acumulativa, que já não se coaduna com as regras que regem uma democracia.
O retrocesso político que enfrentamos nos últimos anos foi dos mais significativos, embora praticado sutilmente, avançando devagarinho, casa por casa. Nossas instituições democráticas foram muito complacentes com os constantes assédios e, quando resolveu reagir, foi num momento em que a capilaridades dos inimigos da sociedade livre - parafraseando Karl Popper - já haviam ganho força e musculatura, com uma narrativa discursiva construída com o propósito de enganar os "incautos", ou seja, o de que quem não deseja a democracia somos nós e não eles. Uma narrativa discursiva bastante identificada com uma "perversão ou doença política", que nunca foi completamente extirpada do mundo civilizado. Está sempre ali, esperando um momento certo ou uma circunstância política propícia para germinar. O que não faltam são jardineiros diligentes para adubar essa erva daninha.
É preciso ficarmos muito atento aos danos provocados por essas narrativas, construídas para dar suporte a um projeto político bem específico, que as utilizam com método, propósitos bem definidos, provocando danos irreparáveis aos atingidos. Pelas redes sociais, é comum observarmos a veiculação de vídeos com a agressividades e ameaças ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, que se tornou uma espécie de guardião de nossas instituições democráticas. Isso é inadmissível, intolerável dentro do escopo de um jogo jogado dentro das quatro linhas das regras constitucionais. Louvável a fala do senhor ministro Luiz Fux, Presidente do STF, ao repelir, veementemente e de forma republicana, as agressões àquela Corte Suprema.
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