pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : novembro 2022
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terça-feira, 29 de novembro de 2022

Editorial: Por que José Múcio está sendo cotado para o Ministério da Defesa?



Em 1986, numa vitória histórica, Dr. Miguel Arraes derrotou o "usineiro" José Múcio Monteiro, sagrando-se, novamente, governador do Estado de Pernambuco. Por aqueles idos, ser chamado de "usineiro' era quase um palavrão aqui na província, dominada por oligarquias políticas que sempre infernizaram a vida dos trabalhadores. Atuando ali no meio de campo, Arraes conseguia costurar acordos políticos com os dois lados, obtendo conquistas importantes para os trabalhaores da palha da cana. Dr. Miguel Arraes, habilmente, se equilibrava entre os interesses, sempre divergentes, entre capital e trabalho. 

Matreiramente, sua assessoria de comunicação, por outro lado, em sua peças de campanha, sempre procurava maximizar sua identidade com os setores mais fragilizados da sociedade pernambucana. As alianças políticas com setores conservadores eram sempre "ofuscadas", enfatizando-se sua identidade com o povão. Assim, passaram a ser veiculadas na propaganda de TV imagens aéreas das supostas instalações das usinas do usineiro José Múcio. De fato, José Múcio tem sua origem numa das famílias mais tradicionais do Estado, os Monteiro, que possuem, entre as suas atividades, vínculos com este setor da economia.  

José Múcio, então arrumou as malas e foi para a capital federal. Mesmo atuando longe dos holofotes, seu nome tem sido cogitado para assumir várias funções desde então,seja em Brasília, seja aqui no Estado. Ao longo dos anos, acumulou um grande capital nos escaninhos da política, portanto, não sendo surpresa a insistência de alguns nomes da equipe de transição política de Lula para que ele possa vir a coordenar o grupo de trabalho sobre Defesa e Inteligência, que seria um possível ingresso para assumir o Ministério da Defesa. 

O martelo ainda não foi batido, mas o próprio morubixaba petista entraria nas negociações. Múcio é amigo pessoal e já foi ministro de Relações Institucionais de Lula. Depois de uma crescente politização, os quartéis estão em processo de combustão. Torna-se necessário alguém com o perfil político adequado para serenar os ânimos exaltados. Não seria improvável que José Múcio, por suas habilidades de conciliação política, pudesse cumprir bem tal papel.   

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Editorial: Fernando Haddad para ministro da Economia?



É bem possível que os ministérios do futuro Governo Lula - salvo as exceções de praxe - não mantenham a mesma denominação dos ministérios do Governo Bolsonaro. Mas, quando comentamos por aqui sobre a possibilidade de o fiel escudeiro de Lula, o professor Fernando Haddad, ser indicado para assumir o leme da condução das políticas econômicas do país, muita gente duvidou. Consideraram a eventualidade de o pupilo ser indicado para fazer uma espécie mediação entre Lula e os demais ministérios. Todos eles. Seria um espécíe de consultor privilegiado do futuro presidente, atuando como um pára-choque do petista. 

O fato concreto é que as coisas não vão muito bem neste início de governo. Não fosse suficinte a crise política e institucional instaurada - que não emite sinais de arrefecimento - há sérios problemas com a equipe de transição, que ficou muito grande e "ingovernável". Lula não se envolve com o "varejo' e há nítidas divisões entre os petistas históricos e os neosocialistas. A ausência da indicação de um nome para a área econômica não incomoda apenas o mercado, mas a própria equipe de Lula. Seria alguém com perfil para assumir as inúmeras responsabilidades da função, de imediato. 

Esperar até o início de janeiro de 2023 seria uma eternidade. As contas não fecham entra as duas equipes. Há gargalos orçamentários que saltam aos olhos. Outro dia este editor leu uma postagem de Guilherme Boulos fazendo uma análise sobre diferenças abissais entre as necessidades de recursos para determinadas áreas e o que foi "previsto" pelo Governo Bolsonaro no orçamento.  É preciso tomar muito cuidado com isso. Aqui na província há uma tentativa clara de empurrar "jabutis" para o futuro governo, ou seja, licitar, antes do final do ano, obras cujos recursos não estão assegurados. 

Há,voltando ao plano federal, processos de privatizações que precisam se abortados consoantes as diretrizes do novo governo. Lula já afirmou que seria preciso interromper as vendas de refinarias, a Petrobras não será "fatiada", assim como os Correios não mais será privatizado, o que se constitue numa boa notícia. Nesta equipe de transição, são pouquíssimos os interlocutoes que estão autorizados a falarem por Lula. Até recentemente, Lula escalou Fernando Haddad para uma reunião com agentes do capital, o que seria mais uma evidência de suas inclinações. Vamos ser sinceros. Não consideramos Fernando Haddad um bom nome para a condução das políticas econômicas, mesmo que fazendo uma tabelinha com o economista Pérsio Arida no planejamento. Entendo o cacife que ele construiu junto ao morubixaba petista, mas a sua praia é outra. Não tenhamos dúvidas de que que ele deverá dar uma enorme contribuição ao futuro governo, mas em outra área. Parece-nos, no entanto, que o que Lula pretende mesmo é prepará-lo para as eleições presidenciais de 2026. 

Charge! Adão Iturrusgarai via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 24 de novembro de 2022

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: A boa impressão que Raquel Lyra causou em Lula.



Já li algumas críticas ao perfil da equipe de transição montada pela futura governadora Raquel Lyra, sobretudo por manter uma característica mais "técnica' do que política, posto que formada, em sua maioria, por ex-assessores diretos da ex-prefeita de Caruaru. Alguns políticos - de muita experiência no batente - foram deixados de fora. Não tenhamos dúvidas de que nomes como Armando Monteiro, Miguel Coelho, por exemplo, poderiam dar uma grande contribuição nesta equipe. Como nome de grande espertise política, apenas a coordenadora Priscila Krause, que, aliás, vem dando conta do recado muito bem. Raquel deve saber o momento exato de contar com a contribuição dos seus apoiadores. 

A equipe de transição de Lula encontra algumas dificuldades exatamente por priorizar critérios políticos - com raras e honrosas exceções - tentando "acomodar' todos os aliados que estão "desempregados". Sobrou até para um ator pornô que, sem o menor preconceito, pouca coisa teria a contribuir para as políticas culturais do futuro governo. Causou mesmo foi um frisson desnecessário no mundo artístico, que ficou em polvorosa co tal indicação. Com uma grande espertise no acompanhamento das ações governamentais, a futura vice-governadora, Priscila Krause, como disse antes, vem cumprindo bem o seu trabalho. 

O governo do ancien regime, de natureza "socialista", vem tomando algumas medidas, ao apagar das luzes, que poderiam, com muita boa vontade, ser classificadas de esquisitas, como licitações para abastecer as despensa - nem quiseram saber sobre as preferências gastronômicas dos futuros governantes do Palácio do Campo das Princesas - criando um grupo de trabalho para "projetos estruturadores", assim como licitando obras para o futuro governo honrar as "faturas", sem uma continha de saída e de chegada sobre os recursos disponíveis.  

Desconfiada desse repique de última hora, a coordenadora da equipe de transição do futuro governo pediu todas as explicações sobre esse tal grupo de trabalho, o que acabou demovendo seus idealizadores da ideia de criá-lo. Não faria o menor sentido. O que eles precisam agora é passar todas as informações possíveis ao futuro governo, como manda as boas regras do serviço público. O governo "socialista' acabou. Quem parece interessado em aproveitar seus principais atores é a equipe de transição de Lula. E, por falar em Lula, nos escaninhos da política nacional comenta-se que ele tem um ótimo conceito da futura governadora. Isso é bom.   

Editorial: Bolsonarização X desbolsonarização.



O novo governo de coalizão petista terá um enorme trabalho pela frente no sentido de desbolsonarizar setores estratégicos da máquina pública, contaminados pelo bolsonarismo nos últimos anos. Já abordamos essa questão em alguns momentos por aqui, tornando-se desnecessário descermos às minúcias. As sanções aplicadas ao delegado Alexandre Saraiva, da PF, responsável pela maior apreensão de madeiras irregulares na região da Amazônia;  a morte do indigenista pernambucano Bruno Pereira, por seu trabalho em defesa das reservas indígenas; assim como as recentes determinações do Ministério Público Federal contra um agente público, em cargo de chefia de uma corporação policial, por supostos comportamentos indevidos durante as aleições, dão bem a dimensão dessa increnca. 

A nossa conclusão é que o estrago produzido foi grande. este editor parte do pressuposto de outras opiniões emitidas a esse respeito, inclusive por atores com um olhar privilegiado, pois o lugar de fala são as próprias instituições. A ação junto aos órgãos diretamente ligados à seguraça e inteligência do Estado será hercúlea. Agora, já no finalzinho de governo, estão sendo nomeados para cargos estratégicos - como o de conselheiros - pessoas ligadas ao ancien regime. Inclusive para a comissões de ética. Com a crescente "politização" das forças policiais e militares, o quadro vai exigir, inclusive, mudanças substantivas na formação e renovação de quadros, através de reservas compulsórias e realização de novos concursos.

Ao apagar das luzes, somos informados de promoção no estamento militar, como afirmamos antes, um dos setores mais nevrálgicos. Por vezes se trata de meras formalidades para cumprir estatutos internos, como tempo de serviço, por exemplo. Vamos dar uma de ingênuos por aqui para não atiçar o vespeiro.    

Editorial: A reação "pedagógica" do TSE às investidas do PL



Primeiro, é preciso deixar claro que as eleições presidenciais foram encerradas e seus resultados devidamente homologados. No dia primeiro de Janeiro de 2023, o futuro presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, assume o leme do país, num contexto político\institucional adverso, que vem sendo tratado com a maior habilidade política possível, para que sejam evitados os contratempos indesejáveis. No momento, a única dúvida possível, diz respeito a quem irá cumprir as formalidades da passagem de faixa, mas isso é o de menos. Como os internautas não perdoam, existe até uma corrente para que a ex-presidente Dilma Rousseff possa cumprir este papel, uma vez que não havia motivos reais para o seu afastamento do cargo. Aqui tem que se dá o desconto para os pstistas raízes.  

Muitas qualidades tem sido exaltadas em relação ao ministro Alexandre de Moraes, Presidente do Tribunal Superior Eleitoral. A maior delas, sem dúvida, é a sua condição de guardião das instituições democráticas do país, papel que ele cumpre com denodo e um dever incomum, por isso mesmo é tão atacado por forças que flertam com um retrocesso democrático. Eles atuam em várias frentes, por isso torna-se  necessário um cuidado permanente e, não raro, a astúcia necessária para se antecipar ou antever  como essas tessituras ou manobras contra o processo democrático estão sendo urdida, não raro, disfarçadas de ações meramente de natureza técnico\burocráticas. 

As reações não diríamos que sao duras, mas à altura das "manhas' de seus autores, como esta última tentativa do PL, baseada em trabalho de uma consultoria contratada, no sentido de apontar eventuais inconsistências de auditagem de um determinado lote de urnas. Num editorial contudente, o Jornal Nacional, da Rede Globo, apontou a fragilidade ou as "inconsistências", aí sim, dos argumentos apresentados. A reação do minsitro Alexandre de Moraes foi "pedagógica", com o propósito de mandar o "recado" e cortar o mal pela raiz, observando que as ações poderiam ter implicações no sentido de se constituir em elementos com o propósito de tumultuar o processo democrático, aplicando multar pesadas aos seus infratores e determinando investigações sobre a eventualidades de crimes eleitorais e até comuns.

O termo jurídico mais comentado no dia de hoje - nunca vi um país com tantos juristas - é a chamada "litigância de má-fé', um termo utilizado pelo ministro Alexandre de Moraes em seu despacho. Com um currículo impecável em sua exitosa carreira jurídica, pedagogicamente, o ministro já deu provas cabais de que não morderá as iscas "golpistas" que estão sendo lançadas ao mar das instituições democráticas, sempre com o propósito vil de turvar as suas águas hoje em estágio de turbulência, em equilíbrio instável, mas com alguém com o objetivo inarredável de estancar a sangria. 

   

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Editorial: A falta que faz um José Dirceu, o articulador.

Foto: Reprodução Veja


Em décadas passadas, quando o PT ainda não havia chegado ao poder, o ex-líder estudantil José Dirceu exerceu um papel importantíssimo naquela agremiação. Diríamos que de fundamental importância para o partido aparar as arestas internas e externas, o que permitiu que o PT chegasse ao poder,mesmo que alicerçado por uma ampla coalizão partidária. José Dirceu era da tendência Articulação, que também já teria sido chamada num determinado momento de Unidade na Luta. A tendência liderada por José Dirceu foi responsável pelo processo de institucionalização do Partido dos Trabalhadores. 

Por aqueles idos, o partido mantinha, hegemonicamente, uma postura de muita desconfiança em relação às instituições da democracia "burguesa'. Alianças com partido de de perfil conservador, então, nem pensar. A ideia era implantar o socialismo aqui na terrinha, mesmo com os percalços da experiência do socialismo real. Essa mesma linha de raciocínio, praticamente travou o Governo de Luiza Erundina, em São Paulo. Era um partido de militantes, das teses misturadas com porres em algum point conhecido da cidade. Sem a expetirse do parlamento, sem a noção da responsabilidade da condução da máquina pública para atender as demandas da população, seja ela petista ou não.

Um coisa é se reunir-se no grêmio estudantil e formular suas teses. Outra, bem diferente, é a necessidade de negociar, governar para todos - inclusive para quem não é petista - construir as bases de governabilidades no parlamento. José Dirceu foi a grande liderança política que conseguiu demover todas essas arestas internas, assim como pacificar o mercado, a sociedade e o outros grêmios partidários de que o PT seria um partido bem comportado, disposto a respeitar as regras de ouro da democracia, do mercado. No primeiro Governo Lula, José Dirceu foi uma espécie de CEO da gestão.

Era o nome da preferência de Lula para uma eventual sucessão, que acabou por não ocorrer, por razões conhecidas. Hoje, o que se diz é que este grande artculador está fazendo muita falta na equipe de transição. Não é improvável, embora se saiba que ele continua assessorando Lula, de forma discreta. A equipe de transição está sob a coordenação do ex-governador Garaldo Alckmin. Alckmin Recebeu muitos elogios no início, mas estão surgindo muitas zonas de conflitos e insatisfações. A equipe está demasiadamente grande, já se especulando que se tornou um espaço para abrigar os "desempregados".

O conflito mais evidente se desenrola entre o Deputado Federal André Janones e o pessoal do Governo Bolsonaro, sobretudo gente ligada à SECOM. Hoje, pelas redes sociais, mais uma zona de atrito aberta, depois da provável indicação do nome do ator Alexandre Frota para o grupo que discute as políticas culturais. O maior adversário da indicação é o ator José de Abreu, um fiel escudeiro do petismo. Lula não se envolve diretamente com este "varejo". Alckmin, por sua vez, dá indicadores de que entrou numa fase de desgaste. É neste contexto que um nome como o de José Dirceu começa a fazer falta.         

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Charge!Zé da Silva via Twitter.

 


Editorial: Lula: uma no cravo outra na ferradura



Há uma expressão muito utilizada na Ciência Política, sobretudo quando desejamos descrever um quadro como este que estamos enfrentando hoje no país, de instabilidade política: equilíbrio instável. Pontualmente, Lula já emitiu seus recados para as Forças Armadas, para o mercado, para os radicais bolsonaristas. Para o mercado, tem usado a técnica de uma no cravo e outra na ferradura. Já afirmou que será responsável com as contas públicas, embora não aceitará ser tutelado pelo mercado. Quanto aos seus compromissos com a base da pirâmide, esta continuará irredutível e inegociável. 

Aliás, a formação de sua ampla coalizão visa garantir dois pressupostos: reestabelecer os parâmetros - hoje ameaçados - de nossas instituições democráticas e atender às demandas mais prementes de expressivos contingentes populacionais brasileiros, ameaçados no exercício de sua dignidade. Não será um governo do PT, mas um governo de reconciliação nacional. A Lula não é mais permitido o direito de errar. Preocupa a este editor alguns nomes da velha guarda da Mangueira petista, cotados para assumir ministérios ou direções de estatais "visadas" como a Petrobras. Um dos nomes que hoje se especula-se já entraria "bichado".

É preciso tomar muito cuidado com essas escolhas. Sobre o segundo escalão, infelizmente, deveremos ter algumas "surpresas' nos Estados, com membros do ancien regime mantidos em cargos de direção de órgãos federais. Faz parte do jogo, embora tal contingência possa impor limites aos avanços que os mais progressistas desejariam. É uma no cravo e outra na ferradura, para não assustar o cavalo da elite. Ou, se preferirem, uma na Faria Lima e outra no Beco da Fome, aqui no Recife, onde as refeições são servidas numa tisna, tudo junto e misturado.     

Editorial: Ainda a questão das urnas? Até quando?



Infelizmente, alguns homens públicos deste país passaram a dar péssimos exemplos à sociedade. Neste momento, poderiam usar de sua posição e influência para contribuir no sentido de arrefecer os ânimos exaltados de alguns grupos de apoiadores de políticos que participaram desta última eleição. Há um processo de histeria coletiva, produzindo danos sociais, políticos, institucionais e econômicos evidentes, com práticas e atitudes que ferem os princípios da boa e saudável convivência democrática. Numa democracia representativa eleição não se ganha no grito, mas nas urnas. Seu resultados, por sua vez, devem ser respeitosamente acatados. Infelizmente, não é este o cenário que estamos presenciando no país, com mobilizações e concentrações nas ruas, bloqueios de estradas, agressões a adversários e até mesmo às autoridades do Poder Judiciário, como se viu, mais recentemente, em Nova York, quando membros do STF foram agredidos durante um evento. 

Até recentemente, circulou a informação de que o PL iria pedir a anulação da eleição de 2022. Não se sabe muito bem baseado em que, possivelmente motivada por uma dessas sandices que envolvem as infundadas especulações sobre fraudes nas urnas eletrônicas. Depois, desistiram do pleito, mas não abandonaram a ideia fixa. Deus te livre de uma ideia fixa, meu caro Valdemar. Antes um argueiro, antes uma trave nos olhos, como diria o nosso grande Machado de Assis, nosso maior romancista. 

Agora surgiu mais uma dessas conversas, sem pé nem cabeça, de urnas antiga, que poderiam ser mais suscetível à violações. Difícil imaginar que são lideranças partidárias que estão dando vazão a esas teorias conspiratórias, alimentando a horda de partidários de um certo candidato que ainda não aceitaram os resultados de uma eleição conduzida pela TSE como a maior seriedade possível; dentro de parâmetros técnicos seguros; condução democrática, transparente e republicana. Eleição limpa, apuração concluída, resultados homologados por órgão de competência técnica e política, legitimado dentro do escopo de nossa democracia representativa. Caso encerrado.    

domingo, 20 de novembro de 2022

Editorial: Dia da Consciência Negra.



Estávamos quase encerrando um dos nossos livros quando tomamos conhecimento sobre um massacre ocorrido na região metropolitana do Recife, numa comunidade conhecida como comunidade de Cueiras. O massacre ocorreu na década de 30 do século passado, onde centenas de negros tiveram suas casas derrubadas, depois de violentamente torturados por forças policiais. Alguns deles teriam morrido, embora o número exato seja desconhecido. Levantamento recente, sobre as mortes em ação policial, num dos Estados da Federação, constatou que mais de 80% deles são jovens negros. 

Afinal, a polícia brasileira, em suas origens, foi criada para perserguir negros. Tem sua origem nos chamados capitães do mato, que tinham como missão a captura de negros fugidos dos cativeiros da escravidão. Nesses últimos anos, as entidades do Estado que tratam de enfrentar o racismo estrutural da sociedade brasileira, passou por um processo de bolsonarização atroz. Escancarado, sem escamoteios, como no pronunciamento de um ex-presidente de um desses órgãos públicos, tratando o caso do cangolês Moise Kabagambe, assassinado por espancamento no Rio de Janeiro, como o de um vagabundo morto por outros vagabundos. 

Chegamos a este nível. Até o Governo Dilma Rousseff as consquistas políticas\institucionais\jurídicas foram sensivelmente avançadas, criando-se, inclusive secretarias com status de ministério para tratar dessas questões. Com o Governo Temer, o tema foi relegado, quando muito, a um puchadinho do Ministério da Justiça. No Governo Bolsonaro, veio o golpe de misericórdia. A equipe de transição de Lula terá um trabalho enorme no sentido de reposicionar essa questão no lugar que ela exige, entre as prioridades nacionais. Do ponto de vista social e histórico, as conquistas, nos Governos da Coalizão Petista, foram estupendas, ampliando sensivelmente  a nossa democracia substantiva: O acesso de jovens negros ao ensino superior foi o único indicador onde melhoramos em relaçao à raça negra nos últimos 522 anos. Salve, Lula!!!

P.S.: Contexto Político: Na foto acima, este editor, ainda jovem, nos bons tempos de sala de aula, com seus alunos, na comunidade quilombola de São Lourenço, localizada na cidade de Goiana, região metropolitana do Recife. Trata-se de uma comunidade bastante empobrecida, formada por negros e seus descendentes, que visitávamos regularmente, levando donativos arrecadados pelos alunos. Na foto, este senhor que aparece ao nosso lado, seu Jipe, ficou conhecido nacionalmente como o "Homem Caranguejo", depois de uma matéria pulicada por uma revista de circulação nacional, por ocasião do relançamento das obras do sociólogo pernambucano, Josué de Castro, no primeiro Governo Lula. Por essa época, ninguém acreditaria que voltaríamos ao mapa da fome, mas voltamos.   

Charge! Jean Galvão via Folha de SãoPaulo!

 


sábado, 19 de novembro de 2022

Nordeste arretado.

 


Editorial: Políticas sociais sim, mas com a casa arrumada.



De forma bastante didática, a professora Tânia Bacelar, durante uma de suas palestras, tratando do assunto sobre o controle de gastos, deu um exemplo bastante elucidativo para que a platéia, sobre o que isso significava, na prática: Pediu que experimentássemos gastar mais do que a receita do mês. Quem já passou por tal experiência sabe o que isso significa. Utiliza-se o cheque especial, pede-se um empréstimo a juros extorsivos, refinacia-se a fatura do cartão de crédito e aí entra-se numa bola de neve. 

Neste início de largada, a responsabilidade fiscal tem sido um dos problemas mais polêmicos enfrentado pelo futuro governo Lula. Aliás, tem sido uma fonte de desgaste, uma vez que a imprensa tem atacado bastante a postura do futuro mandatário, e o mercado, por sua vez, refletido diteramente essa questão com os balanços da bolsa e do dólar. Em sua conta oficial do Twitter, o futuro presidente Lula informa que recebeu uma série de proposta de economistas "progressistas' tratando do tema do controle de gastos ou da responsabilidade fiscal. 

Disse que irá analisar, com carinho, tais propostas. Tânia Bacelar, inclusive, está na sua equipe de transição, representando a gloriosa UFPE. Um bom nome. alias, um excelente quadro, com uma larga expetise construída a partir dos bons tempos da SUDENE, atuando como consultora e do batente de sala de aula. Aliás, gostaríamos até de saber como este órgão está sendo pensado pelo futuro governo. As desigualdades regionais permanecem. 

A cada dia ficamos mais assustados com as confusões que estão sendo produzidas em torno deste assunto. A começar pelo desrespeito do governo anterior em torno dessa questão, ao estourar o orçamento em bilhões, segundo cálculos preliminares. Sob o silêncio obsequisoso do mercado, que agora produz um barulho infernal em torno do assunto. Em todo caso, deve prevalecer o bom-senso na equipe de Lula, que deve implementar suas políticas sociais para saciar a fome de milhões, mas com as finanças arrumadas. Melhor assim. Ficamos por aqui felizes com a indicação da economista Tânia Bacelar.  

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Charge! Edna via Twitter!

 


Editorial: Recife e Salvador: Capitais do desemprego no país



No dia de ontem, ao elencar as prioridades que estão sendo previstas pela equipe da governadora Raquel Lyra, levantamos alguns dados extremamente preocupantes sobre o Recife. Faz muito tempo que não temos notícias alvissareiras sobre o Estado e a sua capital em particular. Entre as prioridades apontadas pela futura governadora - por algum descuido não mencionada no texto - está a questão da mobilidade urbana,possivelmente, alternativas de enfrentamento aos altos índices de desemprego. A mobilidade urbana está literalmente travada. Outra prioridade seria os programas habitacionais, principalmente no sentido de atender às necessidades da população que mora em zonas vulneráveis em alagados ou nas encostas dos morros. 

Nas últimas enchentes ocorridas no Brasil, Recife bateu o recorde - mais um - de capital com o maior número de mortos e desabrigados. Embora já houvesse informações a esse respeito, hoje repercute aqui na província as absurdas estatísticas de desemprego da população. Com 600 mil desempregados, só ficamos acima de Salvador, capital da Bahia. De acordo com dados do IBGE, nosso índice é de 14,7%, enquanto a capital dos baianos ostenta 17,9%. Pernambuco tem mais pessoas recebendo o Auxilio Brasil do que com carteira assinada, o que se constitue numa distorção que precisará ser corrigida. 

Embora a governadora Raquel Lyra tem demonstrado todas a disposição para o diálogo, interessa saber como será a postura do atual prefeito do Recife, João Campos, do PSB. Como se sabe, a família Campos tem interesse em retormar o controle do Palácio do Campo das Princesas em algum momento. João Campos é o grande aspirante a esse projeto, como herdeiro político do ex-governador Eduardo Campos. Sua candidatura à reeleição é praticamente certa. Quando concluir o mandato - ou mesmo antes - ele já teria idade para almejar o governo do Estado. Por outro lado, as eleições municipasi de 2024 no Recife promete ser bastante disputada, inclusive com nomes do núcleo duro que gravita em torno de Raquel Lyra. Deveria prevalecer o interesse público, mas aqui na província alguns políticos parecem desconhecer o sentido desta expressão.   

Editorial: O que ocorreu, de fato, com Jair Bolsonaro?



Eis aqui uma resposta que todos os brasileiros e brasileiras gostariam de obter neste momento. Segundo informações de coxias, ele teria ficado abatido e apático depois da derrota nas urnas nas últimas eleições. Em razçao disso, abandonou as lives, as redes sociais e estaria "enfurnado' - permitam-me o termo - no Pálacio do Alvorada, delegando as tarefas mais espinhosas do dia-a-dia aos seus assessores mais diretos, o vice-presidente Hamilton Mourão e o Ministro-Chefe da Casa Civil, O senador Ciro Nogueira. Salvo melhor juízo, o próprio vice, Mourão, informou que ele estaria sofrendo os males de uma elisipela. 

Hoje, pela manhã, surgiu uma notícia mais preocuante, a de que ele estaria sentindo fortes dores abdominais e que, em razão do problema, teria sido atendido no hispital das Forças Armadas, Brasília. O quadro de saúde estaria sendo avaliado, não se descartando a possibilidade de uma intervenção cirúrgica. A informação foi publicada no Estadão, a partir de dados fornecidos pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Masi recentemente, estranhamento, passou a circular uma informação atribuída a sua esposa, Michele Bolsonaro, que alega desconhecer esse internamento.   

O ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, uma das pessoas mais próximas ao presidente, corrobora com Michele ao informar que desconhece que ele esteja sob cuidados médicos no hospital das Forças Armadas. Convém permanecer com as barbas de molho diante desse fatos, sobretudo porque as fake news passaram a ocupar o nosso cotidiano de forma preocupante. O fato concreto é que Jair Bolsonaro não está bem. Seja fisicamente, seja psicologicamente. Durante o último debate da Rede Globo, ele já denunciava uma certa dificuldade em caminhar, o que sugere crer nas informações sobre a possibilidade de alguma ferida na perna. Psicologicamente, ele encontra-se visivelmente abatido. Vaza informações sobre eventuais crises de choro.  

Editorial: Defesa e Inteligência: O nó-górdio da equipe de transição.



Até o momento, a equipe de transição tem recebido inúmeros elogios, ao montar grupos de trabalho com pessoas competentes; ser uma equipe de perfil plural; contemporizar a gama de partidos e entidades que estiveram na linha de frente de apoio à candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A nossa gloriosa UFPE vai contribuir com três professores, inclusive a economista Tânia Bacelar.  A liderança e desenvoltura do vice-presidente Geraldo Alckmin é inconteste, tendo o mesmo já sido nomeado, por analistas, como uma espécie de primeiro-ministro do futuro presidente. 

Já haveriam 30 grupos de trabalhos montados, mas falta um, aquele que, por razões óbvias, tornou-se o nó-górdio: Defesa e Inteligência. A tarefa de "despolitizar' o aparato de defesa e inteligência do Estado pode ser classificada como uma tarefa hercúlea. Nos bons tempos de normalidade democrática, as Forças Armadas estiveram tão pacificadas, que conviviam, harmoniosamente, com atores como José Genoíno - um ex-guerrilheiro da Guerrilha do Araguaia - e Aldo Rebelo, militante do Partido Comunista do Brasil. Cuidavam de suas atividades inerentes, das suas escolas de formação, de seus clubes militares, e não desejavam qualquer tipo de envolvimento com as atividades políticas. 

No Governo Bolsonaro houve um processo de politização das Forças Armadas, que atingiu proporções gigantescas. Além dos postos-chave, estima-se que algo em torno de 8 mil militares estejam ocupando cargos de DAS na burocracia do Estado. A relação tornou-se tão orgânica que a própria equipe de transição descobriu, a a partir de informaçõe fornecidas de órgãos de controle e fiscalização, que 79 mil militares poderiam estar na folha de beneficiários do Auxílio Brasil, de forma irregular. 

A reforma previdenciária não atingiu os militares, que tiveram recomposições salariais regulares ao longo deste período, enquanto há setores do Executivo que estão há 7 anos sem qualquer recomposição salarial. Não vamos entrar em mais detalhes para não sermos mal intepretados, mas o avanço da politização nesta área foi grande, exigidno uma verdadeira obra de reengenharia política, que inclue: Um amplo processo de despolitização das Forças Armadas; substituição de militares por civis na burocracia do Estado; renovação dos quadros de comando das forças; nomeação de um civil para o Ministério da Defesa; despolitização das polícias federais e do aparato de inteligência do Estado; fortalecimento dos serviços de contra-espionagem; um amplo diálogo com os governadores dos Estados para conhecer a dimensão da bolsonarização das polícias estaduais.  

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Editorial: Um torniquete nas ações antidemocráticas.


Crédito da foto: Divulgação\TSE


Ontem tivemos o desprazer de acompanhar, pelas redes sociais, cenas chocantes de um cidadão sendo brutalmente espancado por grupos bolsonaristas, depois de furar um bloqueio imposto por eles, numa determinada estrada. Hoje, igualmente estarrecido, ouvi atentamente o discurso de ódio de um cidadão que se dizia pastor, militar, capelão, fardado, utilizar-se de um discurso bíblico, absolutamente descontextualizado, para afirmar que, com autorização de Deus, irá pegar em armas e matar petistas e psolistas. Um ato criminoso, que já implicaria na adoção das penas previstas em lei. Isso ocorreu aqui no Recife, numa concentração em frente ao quartel do Comando Militar do Nordeste. 

Essas sandices precisam ser contidas e algumas medidas já estão sendo adotadas, como a utilização das polícias estaduais para dissuadir os manifestantes. Registro aqui que a PRF está atuando de forma republicana no sentido de dissuadir esses acampamentos e bloqueios. Não vamos entrar no mérito da questão, uma vez que todos sabem que o MPF encontrou indícios de que algumas dessas ações, não foram, digamos assim, de caráter republicano. Quem, por muito pouco não ficou careca foi o Lula. Os pneus dos ônibus estavam em bom estado, obrigado.

Agora, vem a decisão do ministro Alexandre de Moraes - o guardião de nossas instituições democráticas - determinar o bloqueio de 42 contas de pessoas físicas e jurídicas supostamente envolvidas no financiamento desses atos antidemocráticos. Por sua disposição, isto é apenas o começo. Como ele tem reafirmado, tais mobilizações se constituem uma afronta a um processo eleitoral legitimado, limpo, transparente, com resultados apurados e eleitos homologados. Questionar tal processo tem implicações jurídicas, assim como o pedido para uma intervenção militar no escopo de uma democracia representativa.  

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: A grande "arrancada' da governadora Raquel Lyra.

 



A futura governadora Raquel Lyra(PSDB-PE) deu uma demonstração das mais auspiciosas sobre como pretende governar o Estado de Pernambuco. Há uma evidente demonstração de boa vontade,de que não pretende alimentar arestas políticas com nenhum grupo politico no Estado, o que significa dizer que será uma governadora de pontes e não de muros, engajando todos os agentes em pró do projeto de soerguer o Estado, independentemente da vinculação a esta ou àquela "tribo" ideológica. Raquel Lyra trabalha no sentido de azeitar suas relações com a ALEPE, criando as condições ideais de governabilidade. 

Não gostamos muito da expressão jogo de cintura, porque, neste quesito, ninguém melhor do que a mulata globeleza. Mas é preciso ter a flexibilidade ou a elasticidade necessária para conduzir a máquina dentro de padrões civilizados e republicanos com os outros poderes. E olha que este editor é conhecido pela intransigênfia e radicalidade com que defende suas ideias e princípios. Sua vice, Priscila Krause, exercia, como parlamentar, a partir da ALEPE, uma oposição "intransigente" e responsável, voltada para preservar interesse público nas transações entre agentes públicos e privados. Sua atuação foi tão importante que "sangradouros" de desvios de recursos públicos foram estancados, assim como licitações suspeitas em andamento suspensas. 

Infelizente, tivemos uma gestão pública manchada por inúmeros escândalos e alguns deles foram denunciados e até mesmo "abortados" pela ação da parlamentar, conhecida aqui pelo blog pelo carinhoso e respitoso apelido de "Danadinha'. Agora, ela torna-se vidraça. A responsabilidade é grande. O bom trânsito de Raquel Lyra, em Brasília, em sua articulação com a bancada federal do Estado, ganhou repercussão nacional, sobretudo em razao da desenvoltura da futura governadora, tratando sobre as obras que serão prioritárias em sua gestão no Palácio do Campo das Princesas.  

Aqui, ela já marcou dois golaços. Mas, o melhor ainda estava por vir, quando ela estabeleceu as diretrizes do seu governo, voltada, sobretudo para as obras estruturadoras do Estado, como a Adutora do Sertão; ativos de infraestrutura, como a BR-232 e recursos para a área da saúde, em cumprimento aos compromissos assumidos durante a campanha. A futura governadora deixa claro a "filosofia" que pretende imprimir em sua gestão, atendendo, prioritariamente, as principais demandas da população mais empobrecida do Estado. Como se sabe, esta precisa ser a prioridade das prioridades num Estado que nunca empobreceu tanto nos últimos anos, de acordo com levantamento da Fundação Getúlio Vargas. É estarrecedora a constatação de que a população do Estado nunca foi tão abandonada. Uma grande arrancada, governadora. Bola para frente!   

Editorial: Intervenção militar não combina com liberdades individuais e coletivas.



A cidade do Recife tem se destacado por apresentar indicadores sociais bastante negativos. Ostenta a condição de cidade com um dos maiores índices de população em situação de  pobreza, tornando seu perímetro central o mais degradado do país. Se o sociólogo Josué de Castro ainda fosse vivo, se sentiria envergonhado em visitar os bairros alagados da Veneza brasileira - Pina, Afogados, Ilha de Deus - que serviram de fonte de inspiração para os seus estudos. Os leitores e leitoras vão nos permitir e perdoar a expressão, mas é uma merda que os gestores da capital e do Estado, nos últimos anos tenham deixado, literalmente, de cuidar das pessoas para satisfazer a sanha dos interesses do capital, quase sempre em transações de caráter nada reublicanas.  

Os sem-teto, desabrigados e famintos povoam as imediações do Palácio do Campo das Princesas. Rua do Imperador, Teatro de Santa Isabel, Liceu de Artes e Ofício, Praça Maciel Pinheiro. Pernambuco, isoladamente, foi o Estado que mais contribuiu para fazer cair nossos indicadores de extrema pobreza nos últimos anos, de acordo com levantamento realizado pela Fundação Getúlio Vargas. Como se observa, nossos destaques nacionais não ocorrem por uma boa causa. 

Ficamos curiosos em observar porque o Recife estava ocupando um lugar privilegiado no trending topics do twitter. Infelizmente, sentimos informar que, igualmente, não é por um bom motivo. Trata-se da repercussão de uma mega mobilização de bolsonaristas no quartel do Comando Militar do Nordeste, no bairro do Curado. Em mais um ato inconsequente e irresponsável, pedindo uma intevenção militar. Quando esteve aqui na década de 70 - apenas para alertar os desavisados que acham que se pode conciliar intervenção militar com libertdade - o filósofo Michel Foucault considerou que talvez fosse menos vigiado pela Ditadura Militar aqui na província.  

Pensava o filósofo que seria menos visado do que em praças como o Rio de Janeiro ou São Paulo, onde já teria tido alguns problemas com os militares. Ledo engano. Professores da UFPE chegaram a tentar organizar um almoço para o filósofo francês, mas, um a um dos convidados desistiram, diante de sua indisposição com os militares. Restou ao filósofo, com uma grande boa vontade de uma professora da UFPE, visitar Igarassu, a Casa da Cultura - espaço que ele mais se interressou, porque no passado havia sido um presídio - e comer umas tapiocas no Alto da Sé, aqui em Olinda. 

Todas as vezes que vamos ao local, tentamos imaginar os seus passos por aquele logradouro. Escrevemos até um conto sobre o assunto. Pernambuco, diferente do que pensava o filósofo, tem uma presença militar estratégica e uma forte organização do bolsonarismo, daí se entender essa intensa mobilização que ocorre no quartel do Comando Militar do Nordeste. O primeiro presidente da Junta Militar, pós Golpe de 1964, foi o presidente general Costa e Silva, que, antes, era o comandante desse agrupamento militar.   

Charge! Laerte via Folha de Sôa Paulo

 


quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Editorial: As eleições terminaram. O Brasil voltou. Avisem aos bolsonaristas.



Acabo de ler um artigo bastante interessante sobre as razões do crescimento das teses bolsonaristas no Brasil. Não vamos descer às minúncias, para não parecermos provocadores, mas o autor acaba concluindo que, além da ausência de bom-senso, falta um pouco de preparo intelectual às suas lideranças. Antes observamos por aqui que Bolsonaro prestaria um grande serviço ao país se pedisse para os seus apoiadores baixarem as armas, enrolar as bandeiras e voltarem para as suas residências. Informações de coxias, no entanto, sugerem que o chefe da nação entrou num processo de apatia e depressão, mesmo diante das novas missões que terá que cumprir daqui para frente, que envolveria manter seu capital político intacto para as eleições municipais de 2024. Mesmo com as relações esfriadas, Bolsonaro está delegando ao vice as tarefas espinhosas do dia-a-dia.  

Uma fala sua neste sentido poderia produzir grandes efeitos sobre os grupos bolsonaristas que ainda estão mobilizados nas ruas. Afinal, as eleições terminaram e o Brasil voltou, a julgar pela repercussão -amplamente positiva - do discurso do fururo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, hoje, na COP-27. Em sua conta oficial do Twitter, Lula já antecipou que a COP-28 poderá ser realizada no Brasil, de preferência na Amazonas. Aliás, vamos precisar do apoio imenso de todos os brasileiros e da comunidade internacional para salvar a Amazônia. Que os bolsonaristas não nos escutem, mas a Amazônia é um patrimônio da humanidade. 

Ontem, abordamos por aqui os enormes desafios que se apresentam para se atingir a meta de desmatamento zero, sobretudo em razão dos estragos ambientais produzidos nos últimos anos. Há de se considerar, igualmente, a política de desmonte dos órgãos que se dedicam ao trabalho de preservação ambiental no país, a exemplo do IBAMA, ICMbio, Funai. É uma tarefa hercúlea, de proporções bem maiores do que a encontrada por Lula no primeiro governo. Parte da "boiada', como previa um certo ministro, já passou. Há de se rever, inclusive, as 'licensiosidades' da legislação sobre o assunto, permitindo esse ambiente nefasto de terra arrasada. Mas o Brasil voltou. É um primeiro passo.   

Editorial: Quem vai colocar a faixa de presidente em Luiz Inácio Lula da Silva?



Ainda muito preocupado com os rumos que este país está tomando. Os atores relevantes - aqueles que, em razão dos cargos que ocupam, poderiam dar um bom exemplo - continuam emitindo suas declarações polêmicas, soltando notinhas, alimentando pretenções antidemocráticas. Agora nos chega a informação de que o vice-presidente, general Hamilton Mourão, acaba de anunciar que não colocará a faixa presidencial no presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Estaria arrumando as gavetas para a sua nova residência, vinculado ao seu novo cargo, o de Senador da República. Possivelmente, Lula terá que contar com o beneplácito de alguma autoridade do poder Judiário ou do Poder Legislativo, porque, como se sabe, o atual presidente, Jair Bolsonaro, anda de silêncio obsequioso, mas já deu todos os indicadores de que não se submeterá a tal missão. 

Vamos consultar os manuais de História, mas não nos parece ter ocorrido algo semelhante na nossa trajetória republicana. Em todo caso, este editor pode estar cometendo algum equívoco. Na realidade a "solução' Mourão já teria sido pensada em razão da quase impossibilidade de o presidente Jair Bolsonaro cumprir tal formalidade. A derrota nas urnas fez muito mal ao presidente, que anda visivelmente abatido. Três atitudes fundamentais se esperava do presidente. Aceitar o resultado das urnas, cumprimentando pela vitória o presidente que assumirá a partir de primeiro de janeiro; Cumprir com denodo e cabeça erguida o restante do seu mandato; Repassar todas as informações possíveis à equipe de transição do futuro governo, dentro das boas práticas do serviço público. 

Seria de tando bom alvitre, ainda, acalmar seus apoiadores por todo o Brasil, que estão lutando por causas "perdidas', como a de constestar o resultado de uma eleição limpa, transparente, com resultados homologados pela Justiça Eleitoral - o que já se configura num ato ilícito - e pedir uma intervenção militar num país de constituição democrática e republicana. No dia de ontem eles continuaram com tal escarceu, reclamando bastante da mídia, que não está embarcando nessa sandice. Felizmente. 

Charge! Duke via O Tempo

 


Editorial: A difícil missão de Marina Silva na pasta do meio-ambiente.



Antes do Diário Oficial da União, já estamos nomeando por aqui Marina Silva como Ministra do Meio-Ambiente. Para os demais ministérios, sempre surgem mais de uma opção. Neste caso em particular, não enchergo no horizonte alguém  que possa atender melhor os requisitos para assumir o cargo. Aliado ao nome de Flávio Dino para o Ministério da Justiça ou Segurança Pública, são os únicos em relação aos quais arriscamos um palpite. No Egito, para participar da COP-27, a página oficial de Lula na rede Twitter postou que ele hoje manteve encontros com representantes dos Estados Unidos e da China. 

Hoje, logo cedinho, em razão do fuso horário, o presidente do Brasil (ops! futuro presidente) estará fazendo um pronunciamento na conferência. Tudo indica que as motosserras deverão parar de derrubar a floresta Amazônica, o que já seria um alento incomensurável para este editor, para a população brasileiro e para o mundo. Já antevendo as grandes dificuldades que terá que enfrentar na pasta, Marina Silva já antecipou que os problemas serão bem maiores do que no primeiro Governo Lula, quando ela assumiu o mesmo ministério. 

De fato, sim. Em todos os sentidos os problemas se avolumaram. A situação, hoje, em razão da ausência ou mesmo de ações deliberadas e permissivas, tornaram-se bem mais complexas. Uma das vértices dessa engrenagem perversa foi o desmonte ou aparelhamento dos órgãos que atuam na linha de frente no combate ao desmatamento; o expressivo aumento de garimpos e pesca ilegais em terras indígenas; derrubada e exportação ilegal de madeira;além da ação de traficantes de drogas, armas e pedras preciosas na área, o que se constitue num grandiosíssimo problema, pois transformou algumas microrregiões em zonas fora de controle do Estado. Nem mesmo as Forças Armadas, teriam algum controle sobre essas microrregiões.    

terça-feira, 15 de novembro de 2022

Editorial: A chuva deu uma força à democracia.



Segundo informações obtidas, chove torrencialmente em Brasília, atrapalhando bastante as mobilizações dos bolsonaristas na capital federal. O país vive um clima de grande tensionamento, o que pode a vir agravar-se com as ações que deverão ser implementadas pelo STF para enfrentar, de forma ainda mais contundente, essa onda de pregação e atos antimocráticos, de corte golpista, pois pedem, abertamente e sem a menor cerimônia, uma intervenção militar no país. Na realidade, o STF tem tomado medidas neste sentido, em defesa da democracia, da Constituição Federal. 

A tendência é que tais medidas tornem-se mais rigorosas, em razão do recrudescimento dessas ações aqui  e no exterior, como ficou evidenciado mais recentemente em Nova York, nos Estados Unidos. Como disse antes, essas práticas precisam ser contidas, sob pena de conduzir o país a uma situação insustentável. Estamos perto disso, infelizmente. No dia de ontem, uma atriz conhecida andou referendando - e sugerindo a adoção no país - de uma das práticas mais abjetas utilizadas durante os dias obscuros do nazismo na alemanha, ou seja, a de identificar os petistas em seus locais de residência e comércio, no sentido de boicotá-los. Esse procedimento está ganhando musculatura, pois alguns petistas já estão se queixando da perda de clientes bolsonaristas. 

Pouco antes das eleições, a varanda de um apartamento aqui no Recife, foi metralhada durante a madrugada. Motivo? O morador havia exposto uma bandeira do PT na porta. É preciso que se promova uma distenção e que voltemos ao estágio da convivência democrática, pacífica, de tolerância, dentro de padrões civilizados. É assustador quando se observa um deputado federal eleito - com as responsabilidades que o cargo impõe - vir a público afirmar que logo teremos os caras pintadas nas ruas, novamente, assustando o PT. Seu papel seria outro, ou seja, o de trabalhar para que tais atos antidemocráticas sejam interrompidos.     

Charge!

 


Editorial: Lula precisa aprender com os erros do passado.



Acabei de ouvir uma análise sobre a viagem de Lula ao Egito. Não sobre o evento em questão, mas sobre a forma com que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou até lá, através de uma carona cedida por empresário, num jatinho particular, quando poderia ter optado em viajar num jato cedido pela Força Aérea Brasileira. Lula já faz jus a uma série de benefícios concedidos pelo Estado Brasileiro. Sinceramente, aqui tenho que concordar com o jornalista Josias de Sousa,do UOL, de que não ficou bem para um presidente eleito manter esse padrão de relação com determinados empresários, como se ele não tivesse aprendido nada com o passado. Será que ele já esqueceu das encrencas que representou seus finais de semana no sítio de Atibaia? 

Os adversários já levantaram uma série de informações sobre o tal empresário, como um rolo na justiça, que envolve um senador da República; alguns meses de prisão efetiva; financiamento de campanhas, inclusive com doações ao Partido dos Trabalahores. Salvo melhor juízo, o atendimento aos pacientes de sua empresa de saúde foi muito criticada durante os trabalhos da CPI da Covid-19. Lula poderia muito bem ter evitado essa artilharia pesado do bolsonarismo, logo no início do futuro governo, faltando poucos dias para a posse.

O mesmo ocorre em relação a alguns nomes cogitados para assumirem ministérios, alguns deles envolvidos, no passado, nas famosas planilhas da Odebrecht. Como observamos num dos editoriais, até mesmo alguns simbolismos poderiam ser evitados, como a possibilidade de um outro tesoureiro assumir a direção nacional da legenda, com a saída da atual presidente, a Deputada Federal Gleisi Hoffmann. Existe um estigma envolvendo os tesoureiros do PT. Nesta nova oportunidade, o partido precisa manter um absoluta distanciamento de qualquer vínculo com as teses que alimentaram as narrativas do antipetismo.   

Editorial: 133 anos do golpe republicano.



A referência histórica - sobretudo nesses dias turbulentos que o país atravessa - a um golpe militar contra a monarquia, ocorrido há 133 anos atrás, talvez não seja muito feliz. Mas, de forma coerente e objetiva, na realidade, os períodos de normalidade democrática no país - quando comparados aos períodos de quarteladas - por incrível que possa parecer, sugerem uma exceção à regra. Expressões como a usada pelo historiador Sérgio Buarque de Holanda, de que a democracia entre nós nunca passou de um grande mal-entendido, infelizmente, na prática, tem muita consistência com a nossa realidade. 

Agora, por exemplo, depois de uma eleição realizada no escopo de um processo democrático limpo, transparente, com resultados definidos e candidatos eleitos e homologados, surgem essas manifestações públicas no sentido de tumultuar a ordem e a normalidade democrática e, pasmem, pleitear, de forma irresponsável e inconsequente, uma intervenção militar. No dia hoje, aliás, espera-se uma grande mobilização de bolsonaristas insatisfeitos com os resultados das urnas, dando um péssimo exemplo ao país sobre a incapacidade de convivência com as regras do jogo de uma democracia representativa. 

O que se pode fazer? Como evidenciamos no editoral de ontem, algumas dessas ações precisam ser tratadas não junto às autoridades republicanas, mas num consultório de psiquiatria. Mas vamos em frente. Há dois anos atrás, este editor, juntamente com a família, fez uma visita a casa museu onde nasceu o Marechal Deodoro da Fonseca, na cidade do mesmo nome, em Alagoas. Foi a primeira missão, antes mesmo de conhecer a famosa praia do Francês, que fica na cidade. No Museu, fomos acompanhados por um guia que nos deu detalhes da constituição da família, de pefil militar, cuja matriarca constumava comemorar - de tanto orgulho - quando algum dos seus filhos morriam em combate. 

A casa, com  eiras, beiras e tribeiras - como se pode observar na foto - guarda vários objetos que pertenceram ao marechal, inclusive o famoso penico,  um vaso utilizado para se fazer as necessidades fisiológicas. Esses utencílios, improvisados, eram trazidos da Europa com manteiga, originalmente. Se servia da manteiga e jogava-se fora o cocô. O contrário já seria complicado. No quintal, que dá para a lagoa Manguaba, ainda tivemos a oportunidade de saborear as lindas amoras que estavam no período de safra. Na hora do almoço, fomos para o polo gastronômico de Massagueira, saborear o tradicional Sururu no Capote, um prato típico da gastronomia alagoana. Atitude cívica, gente, é respeitar as regras do jogo democrático. Jamais sair às ruas pedindo intervenção militar, sobretudo num país de conhecidas fragilidades institucionais.  

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Editorial: A besta fera do fascismo anda solta e precisa ser contida.



Manifestamos aqui a nossa irrestrita solidariedade aos ministros do STF, atacados por manifestantes em Nova York, depois de participarem de um evento. Um episódio triste e lamentável, que poderia ter sido evitado se nós não estivéssemos chegado a esses níveis de radicalismo, fomentado por grupos de orientação fascista e autoritária, ao longo dos anos. As ruas, as praças, os muros dos quartéis, dentro e fora do país, esses grupos estão à solta para adotarem seus métodos conhecidos, que consiste em ações de intimidação, práticas persecutórias, além de disseminação de mentiras, com o propósito de atingirem seus objetivos vis. 

Enquanto as redes sociais mostravam vídeos assustadores dos ataques físicos e verbais ocorridos em Nova York, aqui no Brasil circulavam vídeos com conteúdos ou mensagens não memos apavorantes, irresponsavelmente produzidos por atores sociais com forte influência sobre a opinião pública. Pelo andar da carruagem política, estamos longe de uma expectativa de arrefecimento natural deste movimento, uma vez que estão sendo conduzidos por uma sanha de natureza patológica.  Como estamos mostrando desde o domingo, os exemplos não nos deixam mentir, tampouco sugerem algum exagero no diagnóstico. Há pedidos de intervenção no Exército Brasileiro - uma vez que a instituição ainda não decretou uma intervenção militar, conforme insanamente solicitada -; associação entre Jesus Cristo e o coronel Brilhante Ustra; uma atriz conhecida sugerindo que as casas e os estabelecimentos comerciais dos petistas sejam identificados - a mesma prática nefasta utilizada pelos nazistas, em épocas passadas, para identificar os judeus - empresário sugerindo aos colegas para parar o Brasil até o STM tomar alguma medida. O grau de esquizofrenia e irresponsabilidade é grande. 

Aqui em Pernambuco, como informamos pela manhã, o Centro de Formação Paulo Freire, da UFPE, localizado na cidade de Caruaru, amanheceu pichado com figuras de suásticas nazista. O país atravessa um momento bastante delicado. Em 1964, os grandes jornais brasileiros foram negligentes - quando não coniventes - com o Golpe Civil-Militar de 1964. Em visita aos Estados Unidos, o dono de um deles pediu abertamente um golpe militar no país. Depois, já aqui no Brasil, soube-se que carros de reportagem de um outro jornal eram fornecidos para utilização dos agentes da repressão. De um deles, li dois editoriais duros, condenando o que está ocorrendo no país. Outros tantos, estão mais preocupados com o valor da blusa da Janja ou com a carona que Lula pegou no jatinho para sua viagem ao Egito. Somos maioria contra o fascismo, mas é preciso que essa maioria seja mobilizada.  

Editorial: The Game is over. O bom senso que vem da caserna.



Quando quebrarem o sigilo dos cem anos, talvez possamos entender melhor as reais motivações que levaram alguns generais a se afastarem do governo do presidente Jair Bolsonaro. Naturalmente que se trata de força de expressão, pois tais segredos de alcovas não precisariam ser tão bem guardados. Mas, já seria possível tratarmos aqui de uma provável insatisfação desses auxiliares em razão dos rumos tomados pelo governo. Não deixa de ser emblemático, por outro lado, as afinidades desses generais com princípios democráticos, legalistas, republicanos e constituicionalistas. 

O general Otávio Rego Barros, que já ocupou o cargo de porta-voz do Planalto, acaba de publicar um artigo no jornal O Globo, onde reafirma suas crenças no processo democrático, do país, concluindo que o jogo acabou, sendo, portanto, aconselhável recolher as bandeiras para as próxmas eleições previstas para 2026. Há, aqui, naturalmente, uma digressão estilísitica livre do editor do blog, mas, no geral, o que se compreende do seu artigo é que, de fato, o jogo acabou. As declarações de um outro general, Santos Cruz, seguem o mesmo raciocínio do colega, pautando-se sempre pelo irrestrito respeito à Constituiçao do país.

Cumprimentamos o general Rego Barros pelo artigo, que vem a público num momento onde o país, infelizmente, ainda enfrenta problemas com os resultados de uma eleição legalmente concluída, com os eleitos devidamente homologados. Isso é bastante grave, posto que significa que tais atores não possuem - ou não desejam - conviver num ambiente de democracia representativa. Uma marcha da insensatez - e, porque nçao dizê-lo - da irresponsabilidade que pode conduzir o país ao agravamento de uma crise institucional que poderia, pelo bom senso, ser evitada.   

  

Editorial: As hostilidades contra os ministros do STF



Penso que ainda podemos. Portanto, devo contestar por aqui um pronunciamento do ex-presidente Michel Temer solicitando que tanto Jair Bolsonaro quanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva façam um apelo aos seus apoiadores para que cessem as manifestações de protesto. Acreditamos haver aqui um equívoco, uma vez que apenas os partidários do presidente Jair Bolsonaro é que resolveram não aceitar os resultados das urnas. Salvo melhor juízo, não há mobilizações lulistas. Havia, no início dos bloqueios das estradas, a possibilidade da utilização de integrantes do MTST no sentido de ajudarem a desobstruir as rodovias federais. 

Uma solução infeliz, logo descartada pelo bom-senso. Neste sentido, não faz sentido pedir algo aos militantes petistas, que agora se preparam, aí sim, ordeira e pacificamente, para ocurparem Brasília, mas seria para consolidar um ato democrático, ou seja, assistir a posse de um presidente eleito soberamente pelo vontade do povo, através de um processo limpo, democrático e republicano, conduzido pela Justiça Eleitoral. É exatamente essa tal condição política que alguns bolsonaristas radicais insistem em não aceitar, a julgar pelos mobilizações que estão ocorrendo em todo país e até no exteior, como essas hostilidades verificadas em Nova York contra os ministros do STF, que estavam na cidade, participando de um evento. 

Todos eles foram atacados, com palavras de ordem e xingamentos, em especial o ministro Alexandre de Moraes, que se tornou uma espécie de guardião de nossas instituições democráticas. É preciso muia serenidade e paciência para suportar essas hordas enfurecidas e enlouquecidas, a julgar por suas proposições estapafúrdias, conforme comentamos no dia de ontem. Aqui em Pernambuco, conforme relatamos no post anterior, ocorreu um atentado preocupante ao Centro de Formação Paulo Freire, da Universidade Federal de Pernambuco.  

Editorial: Atentado contra o Centro de Formação Paulo Freire.





Durante a última gestão governamental, o educador pernambucano Paulo Freire foi muito questionado na administração do Ministério da Educação. Nenhum dos gestores que passaram pelo cargo se sentirem muito à vondade em reconhecer os relevantes serviços prestados pelo educador à educação brasileira. Paulo Freire, assim como Josuel de Castro foram brasileiros que usaram o seu talento e inteligência para se debruçarem sobre os graves problemas que o país enfrenta até hoje, Ainda temos mais de 10 milhões de brasileiros e brasileiras na condição de analfabetos e outros 33 milhões passando fome. Embora tenha participado da fundação do PT, Paulo era um homem do Brasil, do país, reconhecido internacionalmente.   

Até mesmo a sua merecida condição de Patrono da Educação Brasileira foi duramente atingida. Isso, hoje, não seria mais o problema, pois seu status  de um dos maiores pensadores da educação brasileira sera, obviamente, reestabelecida no futuro Governo Lula. Aliás, um dos maiores pensadores da educação no contexto internacional, posto que seu trabalho e suas reflexões sobre o fenômeno educacional ganharam relevo pelo mundo afora. Paulo Freire iniciou seus trabalhos no SESC de Casa Amarela, bairro onde nasceu aqui no Recife. 

Ficaria conhecido por um método de alfabetização de adultos baseados na realidade do educando, capaz de alfabetizá-lo em poucos dias, como ficaria evidenciado pela experiência de Angico, no Rio Grande do Norte. Pelos idos da década de 60 do século passado, estava previsto pelo Governo João Goulart que o método seria aplicado para erradicar o analfabetismo no país. Estava no escopo das Reformas de Base, que a nossa elite política e  econômica entronchava a cara. Como já é história, logo veio o Golpe Civil-Militar de 1964 e tudo foi por água abaixo, permancendo até hoje a nossa condição de um dos países com os maiores índices de analfabetismo. 

Estima-se uma população de 10 milhões, concentrados, sobretudo, em regiões como o Norte e o Nordeste, com um recorte de gênero e raça, inclusive. Em sua maioria são mulheres negras e envelhecidas. Hoje amanheci estarrecido com as cenas de pichações, fruto de um atentado perpetrado contra o Centro de Formação Paulo Freire, mantido pela UFPE, em Normandia, Caruaru, Pernambuco, destinado à formação de estudantes e pesquisadores em educação popular. A casa da coordenadora foi incendiada e as paredes do centro amanheceram pichadas com suásticas nazistas. Tempos sombrios que passamos a viver no país.