pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Aécio e o ataque à Liberdade de Expressão



O desespero autoritário de Aécio contra a Liberdade de Expressão nas Redes Sociais.
O desespero autoritário de Aécio contra a Liberdade de Expressão nas Redes Sociais.
Toda vez que leio, ouço ou assisto alguém falando de “liberdade de expressão”, já dá vontade de mudar de canal, mudar de estação ou pular de matéria. A coisa piora quando esta frase vem de algum político da Direita, pois tenho a convicção de que não passa de um engodo ainda maior, pois o que ele faz, em regra, é exatamente o oposto. Entretanto pega bem falar de “liberdade de expressão” ou “liberdade de imprensa”, parece moderno e em linha com a realidade. A mídia é a porta-voz maior desta bobagem, ou seria sua autoproteção para mentir, enxovalhar os outros sem que sofra qualquer sanção legal?
Este fim de semana, mais uma vez testemunhamos a demagogia da tal “liberdade”, desta vez, mais um político, Aécio Neves, o candidato tucano ao planalto, atacou-a de forma covarde. É preciso lembrar que este é mesmo político que vive falando de “liberdade de expressão” e vive a acusar o PT de querer tolher a liberdade de imprensa, amordaçá-la, mesmo que jamais isto tenha ocorrido nos seus quase 12 anos de governo central, ao contrário, em nenhum momento Lula ou Dilma, mesmo com razão de fazê-lo, não partiram para processar ou pressionar qualquer jornalista ou órgão de imprensa, ainda que constantemente caluniados por eles e por seus colunistas, inclusive publicando livros com títulos jocosos e ofensivos, para faturar algum vintém.
Num ataque sem tamanho à liberdade de expressão, Aécio Neves, o “defensor” da “Liberdade de Imprensa”, com a conivência da tal “imprensa livre,  entrou com ação na justiça em face do Twitter (uma das principais Redes Sociais do mundo) para que este fizesse  notificar 66 tuiteiros e/ou blogueiros, alegando que eles se associaram ou são pagos para o atacar. Com um detalhe sórdido, pediu “segredo de justiça”, para esconder do grande público o seu espírito “republicano”. Percebemos que são os mesmos que gritam que o PT é autoritário, sem nenhuma prova, que abusam do poder , intimidando as pessoas nas redes sociais, por se acharem imunes às críticas.  É a incapacidade dos tucanos de conviverem com as diferenças, sem agredir ou ameaçar.
São 66 nomes (@ = arroubas), todos notificados para informarem seus dados, IP ( Internet Protocol) sobre seus acessos, o juiz acatou a ação e oficiou o Twitter, mas não aceitou o tal “Segredo de Justiça”, pois segundo a própria inicial, eles já estavam de posse do conteúdo das postagens de cada um. A questão é gravíssima, fere completamente a noção de democracia e liberdade, estamos diante de uma ameaça clara, de uma intimidação seletiva, além, em muitos casos tratar-se ação caluniosa, que não se pode ficar calado, mesmo que sejamos ameaçados por ele e pelo poder econômico  que o sustenta.
Aécio_processo_twitter
Pela lista tem-se a impressão de que foi algo cirúrgico, de uma ameaça ampla, pois junta desde militantes das redes sociais sem vinculações orgânicas com o PT, até blogueiros com relativo peso neste novo contexto da mídia, como o DCM (Diário do Centro do Mundo) um dos blogs mais acessados do Brasil que é dirigido por Paulo Nogueira, jornalista que já esteve nas principais redações do Brasil, como Veja e Época. O Blog do Miro, um dos mentores e líderes do grupo de mídia alternativo, o BlogProg, não mero coincidência, estes blogueiros foram chamados de “blogs sujos” pelo ex-candidato do PSDB à Presidência, em 2010, José Serra.
Só que agora se avançou o sinal, o processo, ainda que seja inicial, por enquanto uma notificação, o que se tem em mente é duas coisas bem claras: A primeira, que o PSDB e a Direita não tolera críticas, como na mídia há um arranjo de segurar ataques mais pesados, não se conseguirá o mesmo nas redes sociais. A segunda, é que a cada dia ganha mais importância a mídia alternativa, mesmo que incipiente, com militância dispersa, já provoca o temor, não apenas dos candidatos, mas também da grande mídia, que publica laudas e laudas sobre Liberdade de Expressão, mas não dá uma nota sobre este ataque frontal à mesma.
Por fim, uma questão me vem à cabeça: onde estão os indignados seletivos que vivem escandalizados com o PT ou qualquer coisa relacionada ao governo federal, mas agora só vejo o silêncio conivente com este ataque covarde e brutal.
(Publicado originalmente no site de Arnóbio Rocha)

domingo, 7 de setembro de 2014

Michel Zaidan Filho: Quietum, non movere




A expressão  em  latim quer dizer:"não mexa com  quem  está quieto".  Como se sabe, não se deve mexer com os mortos. A própria religião ensina que  os  mortos cuidem   dos mortos.  E  os vivos que vão  cuidar  de   suas   vidas.  Infelizmente essas recomendações não  valem para Pernambuco e para  as  próximas eleições.O morto não  pode  descansar em paz. E não é porque  as Brs,pes, avenidas, pontes,  viadutos e anúncios  luminosos   insistem  na   presença  do morto  entre nós. Mas acumulam-se, de uma  maneira  preocupante,   indícios  de  coisas estranhas  relacionadas  à campanha  eleitoral do  Partido Socialista Brasileiro. Já não bastassem  as   questões quem envolvem o acidente aéreo, a compra   da  aeronave,  a titularidade da   aeronave, as   contas fantasmas  que receberam  os depósitos  pelo "aluguel"  da   aeronave,   a  participação de   empresas  beneficiadas   pelo   atual candidato a  governandor pelo  PSB,   na   intermediação da compra  da   aeronave   que transportava  o ex-governado. Agora  surge a  denúncia pública  do  ex-diretor da  Petrobras  do  pagamento de propina a  Eduardo Campos, por conta   da   construção da   refinaria Abreu  e Lima.  A isso acrescente-se a informação do  envolvimento do marido   da presidenciável do PSB,  com  a  extração  e venda ilegal  de madeiras, no Estado do Acre.
 
Acumulam-se muitos   indícios   sobre a  existência   de   irregularidade  no  financiamento  das   campanhas  eleitorais.  É de  se   esperar  que  o Ministério  Público  Eleitoral  e   a Justiça   Eleitoral  não   permaneçam inermes e   passivos  diante deste  estado de   coisas.  Principalmente,  num momento   em   que   se   faz    uma bela   e oportuna    campanha   cívica  pela    lisura   das eleições e que   esteja   ocorrendo  nesses  dias   uma imensa mobilização  social    pela   aprovação de  uma  constituinte    exclusiva   para fazer   a reforma   política,    apoiada pela CNBB,  entidades   sindicais e   outras  instituições.
 
Se  nada for feito  para   a apuração  cabal  dessas denúncias e   a   responsabilização   civil   e criminal  dos  denunciados, será feito  uma  "tábua  rasa"  de todos os esforços da sociedade civil e   suas entidades   representativas para   moralização   dos costumes  políticos  no Brasil.  E ninguém mais vai  acreditar em nenhuma  promessa  de  reforma   das instituições políticas no Brasil.   Será  esta  a herança  política e institucional que deixaremos  para  os que virão depois  de nós?

Michel Zaidan Filho é filósofo, historiador e professor da Universidade Federal de Pernambuco.
 

José Luiz Gomes: O eleitor consequente não mudaria seu voto em função das denúncias de Paulo Roberto.


As denúncias de Paulo Roberto Costa é o segundo avião a cair nessas eleições. Aliás, o terceiro avião, se considerarmos aqui o do Aeroporto de Claudio, que envolvia o candidato do PSDB, senador Aécio Neves. Os historiadores já teriam um bom mote para estabelecer suas referências sobre as eleições presidenciais de 2014. Estamos nos aproximando da pista de pouso e este é um momento de profundo acirramento, turbulências,bombardeios, manobras escusas e precipitações. Apertem o cinto. O momento do vale tudo, desde que os adversários sejam eliminados do jogo. Jornalistas experientes advertem sobre os cuidados em relação à matéria da VEJA, que deu uma enorme repercussão às declarações de Paulo Roberto Costa. 

Penso que o propósito subjacente é óbvio, ou seja, acionar a bomba no colo do Governo Federal, o mais prejudicado, sobretudo por se tratar do gestor de uma empresa estatal, a Petrobras, e ter alguns membros da base aliada envolvidos no escândalo. Não cremos que isso seja suficiente para trazer danos irreversíveis à candidatura de Dilma Rousseff. Primeiro porque se trata de uma gestora íntegra. Íntegra é incapaz de resolver o problema de corrupção por decreto ou governar sem os corruptos. Infelizmente, vamos precisar avançar bastante no Brasil em relação a essa questão. Trata-se de um problema mais ético/cultural do que propriamente econômico. Está instalado até a medula no país. Vai desde a propina ao guarda de trânsito até os altos corredores de Brasília. 

Existem algumas situações inusitadas. Em determinado momento, a presidente Dilma precisava indicar um nome do partido do senhor Paulo Roberto para assumir um cargo na Esplanada. Da lista apresentada, todos estavam envolvidos em maracutaias ou respondendo a processo por corrupção. Ou seja, "governabilidade" neste país é sinônimo de convivência com certo padrão na corrupção na máquina pública. Dilma recusou-se a fazer as indicações. Estávamos diante de um impasse. Muito mais do que um impasse, chantagens conhecidas. Conhecedora das atitudes equivocadas de Paulo, Dilma o demitiu da Petrobras. Um eleitor consequente e consciente, não deixa de votar em Dilma em função desse escândalo. Dilma está com as mãos limpas. O que precisamos é fortalecê-la e cobrar dela as reformas necessárias, que facultem ao governante, seja ele quem for, sentar numa cadeira respaldado pelos mecanismos e expediente republicanos que o permita governar sem compactuar com essas bandalheiras. 

A gestão tucana não tem qualquer moral para cobrar nada de Dilma Rousseff. Na sua época, os escândalos de corrupção do Governo eram simplesmente engavetados. Estão explorando o escândalo no guia, mas, acredito que não surtirá grandes efeitos. Marina também já montou seu timaço de gente do bem. Banqueiros gananciosos, o capital internacional, militares golpistas, a direita conservadora, uma leva de insatisfeito com as concessões da gestão petista ao andar de baixo da pirâmide social. O sistema político está doente e não nos parece haver cura a curto prazo. Precisamos, sim, nos mobilizarmos - como fizemos em junho - para exigir reformas como a fiscal, a política; fortalecimento dos órgãos de controle e fiscalização; novos padrões de relação entre representados e representantes; democratização da mídia; uma nova agenda pública de investimentos na saúde, educação, mobilidade etc. O dilema é claro: se há equívocos na gestão petista, não podemos nos permitir a um retrocesso ou a um tiro no escuro.

José Luiz Gomes da Silva é cientista político.

Bandido é quem faz delação premiada, não santo.

Bandido é quem faz delação premiada, não santo

Por Renato Rovaisetembro 6, 2014 21:12


Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, fez uma delação premiada. Ou seja, ele foi pego cometendo uma série de crimes e aconselhado por advogados especializados neste tipo de acordo a revelar detalhes de uma história que pode livrá-lo da cadeia. A previsão é que seria condenado por até 50 anos.
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras fez os depoimentos na Custódia da Polícia Federal em Curitiba. A PF filmou as sessões de depoimentos a procuradores da República. Os depoimentos foram posteriormente criptografados e enviados a ao Procurador Geral da República. Mas hoje, mesmo com todo o cuidado,  teria havido vazamento de alguns dos nomes citados.
Chega a ser leviano que esses nomes sejam revelados sem que haja nem sequer uma única fonte ou sequer um pedaço de papel com um texto escrito a lápis para sustentar a denúncia.
Essa é a primeira questão. Veículos de comunicação não deveriam sair acusando pessoas sem que elas tenham como se defender, porque não conhecem a acusação, e sem que haja uma evidência clara de que o que estão publicando não é só alga baseado no ouvir dizer.
Depois, quem faz delação premida é bandido. E como bons bandidos, delatores têm uma estratégia para tentar sair do enrosco em que se meteram.
Ou seja, é evidente que a narrativa que Paulo Roberto Costa vai sustentar irá misturar histórias reais com algumas falsas. Até porque se na primeira fase do depoimento ele não vier a conseguir o perdão que almeja, terá mais o que falar para buscar um prêmio maior.
Há também o fato de que o delator tem suspeitos de o terem acusado e tem inimigos políticos. E esses ele vai dar um jeito de culpabilizar na sua narrativa. Mesmo que sejam absolutamente inocentes.
Em várias outras delações isso ocorreu. Não há porque não ocorra nessa.
Cabe ao jornalista responsável e ao juiz correto esperar que a investigação aconteça de forma ampla para que os acusados não sejam condenados por antecipação.
Isso não significa que tudo que Costa falou deve ser ignorado.  A corrupção no Brasil é sistêmica e precisa ser combatida quase como uma epidemia. Mas não é diferente da de outros países e nem é maior no setor público do que no privado. São as empresas que costumam incentivar a corrupção como forma para garantir contratos de forma mais fácil.
Veja e seus derivados midiáticos estão tentando transformar a eleição que se avizinha em mais uma disputa moral. Podem até conseguir. Mas seria um retrocesso imenso. Há programas de governos bastante diferentes em discussão e isso deveria ser o centro da definição do voto.
Com todos os erros cometidos pelos governos do PT  nos últimos 12 anos, os órgãos de investigação ampliaram em muito sua autonomia para investigar e combater a corrupção. Isso é o que importa. Fazer com que essa investigação se realize e leve à cadeia os culpados. E que ela não termine como a do helicóptero da família Perrela, cujo pó foi literalmente jogado para baixo do tapete. E cujos envolvidos estão soltinhos da Silva.
(Publicado originalmente no blog do Renato Rovai)

sábado, 6 de setembro de 2014

Durval Muniz: A aventura Marina: propostas inconsistentes e inconciliáveis




Ao repetir o mantra de que vai unir o Brasil, ao se colocar como um terceira via que uniria numa só pessoa FHC e Lula, a candidata Marina Silva criou mesmo foi um monstro bifronte e acéfalo. Não é possível seguir o receituário neoliberal de FHC, agradando bancos e o mercado e ao mesmo tempo manter as políticas de inclusão social dos governos do PT. Ao vender estes engodo ela cai no mero farisaísmo e na dissimulação de suas verdadeiras intenções.

Manter o que ela chama de tripé macroeconômico implica em redução de salários, de investimentos e portanto em desemprego.Todos os estudos mostram que a redução da miséria no Brasil nos últimos anos se deu por causa da abertura crescente de empregos, da melhoria dos níveis salariais, da politica de valorização do salario minimo, que Marina não teria como manter se opta por reduzir o tamanho do Estado, de cortar gastos públicos, de fazer superávits ainda maiores para alimentar o apetite dos credores.
Além do bolsa família que poderia ser mantido mas com reajustes menores, reduzir a miséria foi também possível pela politica de credito consignado feito pelos bancos públicos. Reduzir a participação dos bancos públicos inviabilizaria isso, levaria ao retorno da exclusão bancaria que Lula encontrou. Esta politica só é boa para os bancos privados , para a Neca do Itaú.
O preconceito verdista contra o petróleo e pré-sal além de reduzir recursos para educação e saúde, acabaria com a politica de compras da industria nacional, como a industria naval, que foi destruída por FHC e que renasceu com o PT, que emprega 80 mil trabalhadores que poderiam ver seus empregos irem pro espaço, tudo em beneficio do empresariado estrangeiro que tem sido mantido informado do andamento da eleição por boletins diários do Itau.
Sem bancos públicos fortalecidos e sem uma politica pesada de subsídios estatais seria inviabilizados programas como o Minha Casa, Minha Vida e Pronatec. Portanto, juntar FHC com Lula é um engodo. 
Quando se governa, embora se governe pra todos, tem que se escolher um lado para dar prioridade. Esta historia de agradar a todos não existe. Não se pode melhorar saúde, educação e segurança sem cobrar impostos e sabemos que uma das razões do mal humor do mercado com Dilma é que ela cobra mesmo os impostos, embora tenha feito politicas de desoneração como nenhum antes. Não se pode governar para os bancos e para os trabalhadores. Ou vc fica do lado do Itaú ou vc fica do lado dos mais necessitados, as duas coisas não da, a não ser na retorica demagógica, abstrata e vazia de Marina, nossa bispa.


Durval Muniz é historiador e professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 

Fernando Brito: Delação premiada em véspera de eleição parece desespero


publicado em 6 de setembro de 2014 às 10:21
vejacosta
Delação em véspera de eleição tem mau cheiro. Parece desespero.
por Fernando Brito, no Tijolaço
Segundo o que já foi divulgado pela revista Veja – porque será que 11 entre 10 policiais federais e promotores preferem a Veja para vazar informações sigilosas? – a lista de nomes apresentada pelo ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, atingiria meio mundo, ou pouco mais, da política.
Do falecido Eduardo Campos a deputados de partidos do governo e de outros,  integrantes de coligações anti-Dilma, passando pelos presidentes da Câmara e do Senado, a lista de Costa tem um imenso potencial explosivo.
Por isso mesmo, deve ser encarada com muita cautela.
A começar pelo fato de que é algo que parte de um homem em situação de desespero, apanhado em um monte de negócios irregulares aqui e lá fora, que estava ameaçado de 30 anos de prisão e ao qual se acena com uma, na prática, absolvição.
É o que narra o Estadão:
Calcula-se que Costa poderia pegar pena superior a 50 anos de cadeia se respondesse a todos os processos derivados da Lava Jato – já é réu em duas ações penais, uma sobre lavagem de dinheiro desviado da Petrobras, outra sobre ocultação e destruição de documentos e é investigado em vários outros inquéritos.
Angustiado com a possibilidade de não sair tão cedo da prisão, ele decidiu delatar como operava a rede de malfeitos na Petrobras. O acordo prevê que, em troca de suas revelações, Costa deverá sofrer uma pena tão reduzida, que se aproxima do perdão judicial”. 
Agora, antes que esse acordo fosse homologado no Supremo, vaza o sigilo e, claro, mesmo que haja pouca consistência nas suas declarações, cria-se um clima político para que elas sejam aceitas como verdade absoluta.
Isso a um mês das eleições.
Uns dizem que a lista de Costa contém 39 nomes, outros dizem 42 e a “nominata” da Veja elenca, segundo divulgado no blog de Ricardo Noblat elenca 12.
Seja qual for o tamanho e sejam quais forem os integrantes, não basta a delação de um homem acuado, é preciso que haja elementos e fatos para sustentá-la.
Que empresas financiam campanhas eleitorais, todos sabem e, infelizmente, é essa a regra num modelo político de financiamento privado de eleições. Só no financiamento exclusivamente público, proposto por este governo e repelido, de forma quase unânime, pelos políticos e pela mídia, candidatos não dependem de empresários.
O que se tem de verificar, portanto, são quais destes favores empresariais foram clandestinos e, pior, quais deles foram destinados a enriquecer pessoalmente seus beneficiários.
Tudo isso cheira mal e já vinha cheirando, desde que Luís Nassif nos chamou a atenção sobre um “abraço de afogado” de Aécio Neves.
E não é apenas o cheiro dos negócios sujos de Costa, aliás afastado do cargo, contra a vontade dos políticos,  pela mulher a quem se procura atingir: Dilma Rousseff.
Verdade, no Brasil, é algo que quando aparece, é só pela metade.
PS do Viomundo: A lista publicada por Veja e reproduzida pelo blog de Ricardo Noblat é esta:
Edison Lobão, ministro das Minas e Energia, PMDB
João Vaccari Neto, secretário nacional de finanças do PT
Henrique Eduardo Alves, presidente da Câmara dos Deputados, PMDB
Renan Calheiros, presidente do Senado, PMDB
Ciro Nogueira, senador e presidente nacional do PP
Romero Jucá, senador do PMDB
Cândido Vaccarezza, deputado federal do PT
João Pizzolatti, deputado federal do PT
Mario Negromonte, ex-ministro das Cidades, PP
Sergio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro, PMDB
Roseana Sarney, governadora do Maranhão, PMDB
Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco, PSB – morto no mês passado em um acidente aéreo
João Pizzolati, diferentemente do que aparece na lista, é do PP de Santa Catarina.

(Publicado originalmente no site Viomundo)

Tijolinho do Jolugue: Lista de Paulo Roberto pega os políticos de calças curtas e um país que precisa avançar bastante no combate à corrupção.


Por José Luiz Gomes

De uma coisa eu tenho certeza. Não estou envolvido na lista de Paulo Teixeira. Possivelmente alguns dos meus mais fiéis leitores também não foram listados. Informo, de antemão, que votarei em Dilma Rousseff nas eleições de 2014. Reconheço os avanços sociais conquistados pelo andar de baixo nas gestões petistas. Se esses "caras" voltam, certamente, não permitirão nem que os mais pobres possam usufruir do que cai da mesa "dessa gente", como afirma um colega de trabalho. Corre-se também um risco de engessamento dos poucos avanços que conquistamos no caminho para a consolidação de nossa frágil democracia. A página de Dilma faz uma confissão de culpa, ao invocar a necessidade de convocar a população para participar dos debates sobre uma necessária reforma política, que lhes permitiria governar numa poltrona institucionalmente mais confortável e não "sentada" na putaria, como licença poética do Ciro Gomes. Apesar do fortalecimento dos órgãos de controle e fiscalização do Estado, ainda somos, historicamente, um país corrupto. Nos últimos anos, até melhoramos nossa posição nesse ranking, mas nossos índices ainda são muito preocupantes. A lista que veio à boca do palco com a delação premiado de Paulo Teixeira não deixa qualquer dúvida sobre isso. O que tenho lido por aqui são "recortes" propositadamente elaborados para criticar "A" ou "B" consoante as conveniências de cada grupo político. Dilma é uma pessoa íntegra, mas até mesmo pessoas ligadas ao seu grêmio político estão listados por Paulo Teixeira. Há políticos de todos os quadrantes ideológicos o que, em última análise, levou alguns analistas a concluírem que candidaturas natimortas como a do senador Aécio Neves poderiam ser ressuscitadas, tirando proveito da situação.É uma verdade aparente. Embora não apareça nomes ligados ao tucanos nessa lista específica, os eleitores estão cansados de saber que os tucanos também estão de bicos sujos. Embora essa bomba, de alguma forma, caia no colo do Governo, vamos aguardar seus efeitos. Não é que nos surpreende, mas a queda do avião, conforme já dissemos antes, parece ter sido "providencial". Com as nuvens dissipadas, parece-nos que estava sendo montada uma engrenagem perversa de ilicitudes e desvios de recursos públicos, profundamente lesivas aos interesses republicanos.

Foto: Lista de Paulo Roberto Costa pega os políticos de calças curtas e um país que precisa avançar bastante no combate à corrupção.

Por José Luiz Gomes

De uma coisa eu tenho certeza. Não estou envolvido na lista de Paulo Teixeira. Possivelmente alguns dos meus mais fiéis leitores também não foram listados. Informo, de antemão, que votarei em Dilma Rousseff nas eleições de 2014. Reconheço os avanços sociais conquistados pelo andar de baixo nas gestões petistas. Se esses "caras" voltam, certamente, não permitirão nem que os mais pobres possam usufruir do que cai da mesa "dessa gente", como afirma um colega de trabalho. Corre-se também um risco de engessamento dos poucos avanços que conquistamos no caminho para a consolidação de nossa frágil democracia. A página de Dilma faz uma confissão de culpa, ao invocar a necessidade de convocar a população para participar dos debates sobre uma necessária reforma política, que lhes permitiria governar numa poltrona institucionalmente mais confortável e não "sentada" na putaria, como licença poética do Ciro Gomes. Apesar do fortalecimento dos órgãos de controle e fiscalização do Estado, ainda somos, historicamente, um país corrupto. Nos últimos anos, até melhoramos nossa posição nesse ranking, mas nossos índices ainda são muito preocupantes. A lista que veio à boca do palco com a delação premiado de Paulo Teixeira não deixa qualquer dúvida sobre isso. O que tenho lido por aqui são "recortes" propositadamente elaborados para criticar "A" ou "B" consoante as conveniências de cada grupo político. Dilma é uma pessoa íntegra, mas até mesmo pessoas ligadas ao seu grêmio político estão listados por Paulo Teixeira. Há políticos de todos os quadrantes ideológicos o que, em última análise, levou alguns analistas a concluírem que candidaturas natimortas como a do senador Aécio Neves poderiam ser ressuscitadas, tirando proveito da situação.É uma verdade aparente. Embora não apareça nomes ligados ao tucanos nessa lista específica, os eleitores estão cansados de saber que os tucanos também estão de bicos sujos. Embora essa bomba, de alguma forma, caia no colo do Governo, vamos aguardar seus efeitos. Não é que nos surpreende, mas a queda do avião, conforme já dissemos antes, parece ter sido "providencial". Com as nuvens dissipadas, parece-nos que estava sendo montada uma engrenagem perversa de ilicitudes e desvios de recursos públicos, profundamente lesivas aos interesses republicanos.

Mino Carta: Os chapa-branca da Casa Grande

Mino Carta: Os chapa-branca da Casa Grande

publicado em 11 de maio de 2012 às 12:13
Editorial
11.05.2012 09:53
Eternos chapa-branca
por Mino Carta, na CartaCapital
O jornal O Globo toma as dores da revista Veja e de seu patrão na edição de terça 8, e determina: “Roberto Civita não é Rupert Murdoch”. Em cena, o espírito corporativo. Manda a tradição do jornalismo pátrio, fiel do pensamento único diante de qualquer risco de mudança.
Desde 2002, todos empenhados em criar problemas para o governo do metalúrgico desabusado e, de dois anos para cá, para a burguesa que lá pelas tantas pegou em armas contra a ditadura, embora nunca as tenha usado. Os barões midiáticos detestam-se cordialmente uns aos outros, mas a ameaça comum, ou o simples temor de que se manifeste, os leva a se unir, automática e compactamente.
Não há necessidade de uma convocação explícita, o toque do alerta alcança com exclusividade os seus ouvidos interiores enquanto ninguém mais o escuta. E entra na liça o jornal da família Marinho para acusar quem acusa o parceiro de jornada, o qual, comovido, transforma o texto global na sua própria peça de defesa, desfraldada no site de Veja. A CPI do Cachoeira em potência encerra perigos em primeiro lugar para a Editora Abril. Nem por isso os demais da mídia nativa estão a salvo, o mal de um pode ser de todos.

O autor do editorial exibe a tranquilidade de Pitágoras na hora de resolver seu teorema, na certeza de ter demolido com sua pena (imortal?) os argumentos de CartaCapital. Arrisca-se, porém, igual a Rui Falcão, de quem se apressa a citar a frase sobre a CPI, vista como a oportunidade “de desmascarar o mensalão”. Com notável candura evoca o Caso Watergate para justificar o chefe da sucursal de Veja em Brasília nas suas notórias andanças com o chefão goiano.
Abalo-me a observar que a semanal abriliana em nada se parece com o Washington Post, bem como Roberto Civita com Katharine Graham, dona, à época de Watergate, do extraordinário diário da capital americana. Poupo os leitores e os meus pacientes botões de comparações entre a mídia dos Estados Unidos e a do Brasil, mas não deixo de acentuar a abissal diferença entre o diretor de Veja e Ben Bradlee, diretor do Washington Post, e entre Policarpo Jr. e Bob Woodward e Carl Bernstein, autores da série que obrigou Richard Nixon a se demitir antes de sofrer o inevitável impeachment. E ainda entre o Garganta Profunda, agente graduado do FBI, e um bicheiro mafioso.
Recomenda-se um mínimo de apego à verdade factual e ao espírito crítico, embora seja do conhecimento até do mundo mineral a clamorosa ignorância das redações nativas. Vale dizer, de todo modo, que, para não perder o vezo, o editorialista global esquece, entre outras façanhas de Veja, aquele épico momento em que a revista publica o dossiê fornecido por Daniel Dantas sobre as contas no exterior de alguns figurões da República, a começar pelo presidente Lula.
Concentro-me em outras miopias de O Globo. Sem citar CartaCapital, o jornal a inclui entre “os veículos de imprensa chapa-branca, que atuam como linha auxiliar dos setores radicais do PT”. Anotação marginal: os radicais do PT são hoje em dia tão comuns quanto os brontossauros. Talvez fossem anacrônicos nos seus tempos de plena exposição, hoje em dia mudaram de ideia ou sumiram de vez. Há tempo CartaCapital lamenta que o PT tenha assumido no poder as feições dos demais partidos.
Vamos, de todo modo, à vezeira acusação de que somos chapa-branca. Apenas e tão somente porque entendemos que os governos do presidente Lula e da presidenta Dilma são muito mais confiáveis do que seus antecessores? Chapa-branca é a mídia nativa e O Globo cumpre a tarefa com diligência vetusta e comovedora, destaque na opção pelos interesses dos herdeiros da casa-grande, empenhados em manter de pé a senzala até o derradeiro instante possível.
Não é por acaso que 64% dos brasileiros não dispõem de saneamento básico e que 50 mil morrem assassinados anualmente. Ou que os nossos índices de ensino e saúde públicos são dignos dos fundões da África, a par da magnífica colocação do País entre aqueles que pior distribuem a renda. Em compensação, a minoria privilegiada imita a vida dos emires árabes.

Chapa-branca a favor de quem, impávidos senhores da prepotência, da velhacaria, da arrogância, da incompetência, da hipocrisia? Arauto da ditadura, Roberto Marinho fermentou seu poder à sombra dela e fez das Organizações Globo um monstro que assola o Brazil-zil-zil. Seu jornal apoiou o golpe, o golpe dentro do golpe, a repressão feroz. Illo tempore, seu grande amigo chamava-se Armando Falcão.
Opositor ferrenho das Diretas Já, rejubilado pelo fracasso da Emenda Dante de Oliveira, seu grande amigo passou a atender pelo nome de Antonio Carlos Magalhães. O doutor Roberto em pessoa manipulou o célebre debate Lula versus Collor, para opor-se a este dois anos depois, cobrador, o presidente caçador de marajás, de pedágios exorbitantes, quando já não havia como segurá-lo depois das claras, circunstanciadas denúncias do motorista Eriberto, publicadas pela revista IstoÉ, dirigida então pelo acima assinado.
Pronta às loas mais desbragadas a Fernando Henrique presidente, com o aval de ACM, a Globo sustentou a reeleição comprada e a privataria tucana, e resistiu à própria falência do País no começo de 1999, após ter apoiado a candidatura de FHC na qualidade de defensor da estabilidade. Não lhe faltaram compensações. Endividada até o chapéu, teve o presente de 800 milhões de reais do BNDES do senhor Reichstul. Haja chapa-branca.
Impossível a comparação entre a chamada “grande imprensa” (eu a enxergo mínima) e o que chama de “linha auxiliar de setores radicais do PT”, conforme definem as primeiras linhas do editorial de O Globo. A questão, de verdade, é muito simples: há jornalismo e jornalismo. Ao contrário destes “grandes”, nós entendemos que a liberdade sozinha, sem o acompanhamento pontual da igualdade, é apenas a do mais forte, ou, se quiserem, do mais rico. É a liberdade do rei leão no coração da selva, seguido a conveniente distância por sua corte de ienas.
Acreditamos também que entregue à propaganda da linha auxiliar da casa-grande, o Brasil não chegaria a ser o País que ele mesmo e sua nação merecem. Nunca me canso de repetir Raymundo Faoro: “Eles querem um País de 20 milhões de habitantes e uma democracia sem povo”. No mais, sobra a evidência: Roberto Civita é o Murdoch que este país pode se permitir, além de inventor da lâmpada Skuromatic a convocar as trevas ao meio-dia. Temos de convir que, na mídia brasileira, abundam os usuários deste milagroso objeto.

(Publicado originalmente no site Viomundo)

Leonardo Boff: Marina Silva: aquela que mudou de lado.


 

          Já vai acalorada a campanha presidencial com uma disputa aberta entre Dilma Rousseff, atual Presidenta e a pretendente Marina Silva. Trata-se, na verdade, do confronto de dois projetos: a manutenção por parte do PT de um projeto progressista, marcado por fortes políticas públicas que permitiram integrar uma Argentina inteira na sociedade organizada. A prática política, imposta pelas elites, era de os governos fazerem políticas ricas para os ricos e pobres para os pobres. Mas aconteceu uma viragem em nossa história. Alguém do povo chegou ao centro do poder e conferiu outra direção ao Estado. Não se pode negar que o Brasil numa perspectiva geral, especialmente na ótica dos pobres, melhorou muito. Negá-lo é mentir à realidade.

         A este projeto progressista se opõe o que a candidata Marina chama de “nova política”. Quando observada de perto, porém, não passa de um projeto conservador e velho que beneficia os já beneficiados e que alinha o país à macroeconomia voraz que faz com que 1% dos americanos possua o equivalente ao que juntos 99% da população ganha. Esse projeto visa a conter o processo progressista, evidentemente, sem anulá-lo, porque haveria, sem dúvidas, uma rebelião popular.

         As opções do PSB e de Marina Silva representam um retrocesso do que havíamos ganho em 12 anos. A centralidade não será o Estado republicano que coloca a “coisa (res) pública” em primeiro plano, o estado dinamizador de mudanças que beneficiam as grandes maiorias a ponto de ter em 12 anos dimiudo a desigualdade social em 17%. Agora com Marina, o foco é o Estado menor para conceder maior espaço ao mercado, ao livre fluxo de capitais sem lei, reafirmando as teses neoliberais: o aumento do superavit primário, que se faz com corte dos gastos públicos, com arrocho salarial e desemprego para assim controlar a inflação e finalmente impondo a autonomia do Banco Central. Especialmente este último ponto é grave porque um presidente foi eleito também para gerenciar a economia (que é parte da política e não da estatística) e não entregá-la às pressões dos capitais, dos bancos e dos rentistas. Seria um atentado à soberania monetária do pais.

         Este projeto velho, foi aplicado no Brasil pelo governo do PSDB, não deu certo, quebrou a economia da União Européia e lançou o mundo numa crise da qual ninguém sabe como sair. O efeito imediato será, como referimos, o arrocho salarial e o desemprego com o repasse de grandes lucros para os donos do capital financeiro e dos bancos.

         Marina quer governar com os melhores da sociedade e dos partidos, por cima das alianças inevitáveis no nosso presidencialismo de coalização. As alianças se farão, provavelmente, com o PSDB e com o PMDB e terá assim que engulir José Sarney, Renan Calheiros e Fernando Collor que ela tanto abomina. Sem alianças, Marina corre o risco de não ver passar no parlamento, os projetos que propõe, por falta de base de sustentação.

         Quem a escuta e lê seu programa parece que fez um passeio pelo Jardim do Eden: tudo é harmonioso, todos são cooperativos e não há conflitos por choques de interesses. Esquece que vivemos num tipo de sociedade de mercado (e não apenas com mercado) que se caracteriza pela competição feroz e por parca cooperação. Estimo que Marina, religiosa como é, se inspira no sonho do paleo-cristianismo dos Atos dos Apóstolos onde se diz que “a multldão era um só coração e uma só alma;ninguém considerava sua a propriedade que possuía; tudo entre eles era comum”(At 4,32).

         Estas opções mostram claramente que ela mudou de lado. Antes quando estava no PT do qual é uma das fundadoras falava-se na opção pelos pobres, por sua libertação e se denunciavam os faraós de hoje. Construía no canteiro dos explorados e injustiçados. Agora ela constroi no canteiro dos seus opressores: os endinheirados, os bancos, o capital financeiro e especulativo. Leva a eles o tijolo, o cimento e a água. Seus assessores na economia são todo neoliberais. Os seringueiros do Acre rechaçarm o fato de Marina colocar entre as elites a figura de Chico Mendes, pois sabem que foram agentes dessas elites que o assassinaram; por isso, protestaram veementemente e reafirmaram a tradição do PT apoiando a candidata Dilma.

         Minha suspeita é de que Marina persegue o poder e visa a alcançar a presidência, por um projeto pessoal, custe o que custar. Diz-se por ai, que uma profetiza de sua igreja evangélica, a Assembléia de Deus, profetizou que ela, Marina, seria presidenta. E ela crê cegamente nisso como crê no que, diariamente lê na Bíblica, passagens abertas ao acaso, como se aí se revelasse a vontade de Deus para aquele dia. São as patologias de um tipo de compreensão fundamenalista da Bíblia que substitui a inteligência humana e a busca coletiva dos melhores caminhos para o país.

         Sou duro na crítica? Sou. E o sou para alertar os eleitores/as sobre a responsabilidade de eleger uma presidente com tais ideias. Já erramos duas vezes, com Jânio e com Collor. Não nos é mais permitido errar agora em que a humanidade passa por uma grave crise global, social e ambiental e que reverbera em nosso país.

         Não devemos desistir do que deu certo e avançou. Mas devemos cobrar que se inaugure um novo ciclo que aprofunde, enriqueça e inove para além do que já foi incorporado pela população. Creio que o projeto do PT com Dilma, não obstante os erros e as decaídas que aconteceram e que podem e devem ser resgatadas, é ainda o mais adequado para o povo brasileiro. Por isso apoio Dilma Roussef.


(Publicado originalmente no site do Leonardo Boff)

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Michel Zaidan: Foi o PT que matou Eduardo Campos ou foi a morte de Eduardo Campos que atrapalhou a propaganda do PT?s




Seria de bom alvitre que o Comitê político da campanha do ex-governador de Pernambuco fizesse um pronunciamento público sobre uma  série de pichações anônimas que recobrem os muros do  Recife, em locais estratégicos da cidade. Segundo a legenda dessas pichações, foi o Partido dos Trabalhadores que matou Eduardo Campos. Como em ocasiões anteriores, este expediente calunioso e imoral foi utilizado contra candidatos que eram os preferidos pela opinião pública. Quem não se recorda do que foi feito com o ex-senador Marcos Freire? - Muitas questões envolvendo essa tragédia aeronáutica  continuam sem resposta; sobretudo aqueles atinentes à titularidade do aparelho e os beneficiários dos depósitos "em contas fantasmas" correspondentes ao aluguel da aeronave. Naturalmente, o proprietário - seja deste ou do outro mundo - terá de assumir a responsabilidade civil e criminal pelas consequências do sinistro. Pior é a   dúvida que começa a florescer entre os eleitores de bem (não de bens) sobre os financiadores da campanha eleitoral. Agora, vem à tona a informação que uma das empresas beneficiadas com renúncia fiscal pelo hoje candidato do PSB ao governo do Estado, quando era secretário da Fazenda, foi um dos intermediários da compra da aeronave sinistrada.

Será que já não está na hora dos órgãos de controle e fiscalização da campanha eleitoral pedirem uma explicação sobre todas essas questões? - Ou vamos esperar o  fato consumado do resultado eleitoral, para correr atrás da fraude ou do crime eleitoral?

Essa operação de troca dos nomes da chapa majoritária do PSB às eleições presidenciais está cheirando cada vez  a coisa estragada. Primeiro, a candidata nunca renunciou à sua condição de presidente do seu partido "rede-sustentabilidade", o seu discurso é de uma militante pentecostal, apesar da agenda pós-moderna do verde, da equidade e da sustentabilidade. Discurso despolitizado como convém a quem quer engabelar os "bestas". Aproveitou-se da produção cinematográfica do funeral do ex-governador e do poder de escolha da oligarquia local para "cavar" a própria candidatura, mesmo contra a opinião dos próceres nacionais do PSB. E agora vem acusando o governo petista de fazer ameaças e intimidações como o "slogan"  -  "de volta ao passado". Se fosse o passado recente (o neo-liberalismo do PSDB, até que não seria tão espantador. Pior é volta aos tempos da Caverna, da Pré-história, de Brucutu e da família buscapé.
Os eleitores ainda não se deram conta de quem é esse simulacro de candidatura. Ele é produto de uma engenharia perversa, alimentada por muitos interesses que, aproveitando o desgaste da presidente Dilma, se insinua como "novo", "diferente", "alternativo". Não sabem os marqueteiros, que o ex-presidente Fernando Collor - outro simulacro eletrônico de político - também surgiu falando em novidade, em modernidade, em eficiência e coisas que tais. A diferença é que Collor só confiscou a poupança dos mais humildes. A "santinha  do  pau oco" é mais perigosa. Ela esconde, atrás do verde, o espantalho dos costumes e crenças de antanho. Mas ainda temos tempo de revelar a verdadeira face da irmã Marina. O cometa eleitoral parou de subir. A mentira tem perna curta. E muita coisa "estranha" ainda vai aparecer até as eleições de outubro.

Michel Zaidan Filho é filósofo, historiador, professor da Universidade Federal de Pernambuco

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Tijolaço: Mais laranjas na pista do avião fantasma


2 de setembro de 2014 | 11:33 Autor: Fernando Brito
lopesegalvao
A casinha aí de cima, a de número 32 da pobre Rua Santelmo, no bairro pobre de Tiuma, em Santo Lourenço da Mata,  periferia do Recife, é a sede da “poderosa” Lopes e Galvão, empresa que está sendo apontada pelo PSB como mantenedora, ao custo de R$ 50 mil mensais, dos custos de operação do Cessna usado por Eduardo Campos e Marina Silva na campanha eleitoral.
Ótima apuração da repórter Marcela Balbino – com a colaboração de Thiago Herdy e Antonio Werneck  - mostra a conversa e as risadas do casal Genivaldo e Luciene Lindalva, proprietários da empresa, ao saber que pagavam as despesas de vôo do moderno jatinho.
Está gravado, incontestável.
E a filha do casal, Sylney, resume o despropósito.
— Você acha que, se tivéssemos esse dinheiro todo, eu moraria aqui em Tiúma? Longe de tudo, nessa rua… — afirmou, mencionando o bairro onde mora com a família, na periferia de São Lourenço da Mata.
Mais curioso ainda: depois de descoberto pela reportagem, e após ouvir o PSB sobre o assunto, Genivaldo disse que só fala por meio de um advogado.
O mesmo que atende a família de Eduardo Campos, o criminalista Ademar Rigueira.
Por quê?
O advogado explicou que é muito conhecido, e que Genival pode ter lido o nome dele no jornal, e procurado por seu escritório.
Realmente, Genivaldo e Lindalva, este casal com dinheiro para pagar despesas de um jatinho, agora vai se consultar espontaneamente com um dos advogados mais caros de Recife, e que, por coincidência, serve à família Campos no caso.
Está ficando claro de quem era o avião ou é preciso mais um laranjal aparecer?
(Publicado originalmente no site Tijolaço, por Fernando Brito)

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Michel Zaidan: O morto carregando o vivo


Essa frase designa uma das mais pitorescas alegorias do carnaval popular de Pernambuco. Como o grotesco e o alegórico fazem parte do modo de ser da nossa cultura, temos que convir que as eleições deste ano vão se realizar sob o signo da morte e da religião. Aparentemente, essa alegoria carnavalesca parece não ter relação nenhuma com a política e a fé. Mas aí é onde se enganam uns e outros. O cristianismo é o legítimo herdeiro das tradições pagãs da Grécia arcaica (basta lembrar o culto de Dionísio e o banquete totêmico). E a convivência harmônica e proveitosa entre vivos e mortos nas grandes casas nordestinas. 0 Culto (e o canibalismo) dos mortos é parte integrante da vida dos que estão  vivíssimos e querendo tirar algum proveito da morte.
Estava eu no Maranhão, quando vejo aparecer no guia eleitoral do PSDB nada mais,nada menos do  que  a  imagem   do  falecido,rindo,caminhando, abrindo   os braços e mandando votar num  tal de  Pedro Rocha,para  o  senado federal. Ainda no Maranhão,   soube que   a família  campos (leia-se   a viúva)  tinha  pedido à  Justiça  Eleitoral   a   proibição  do uso  da imagem  de  Eduardo Campos   pelos partidos e  candidatos,nestas    eleições.

Qual não foi a minha surpresa em ver em cada esquina, ponte, viaduto, avenida, canal  do Recife imensos posters e bannes com o retrato do falecido!   O Recife transformou-se numa necrópolis, onde os vivos rendem homenagem aos mortos e invocam a sua presença permanentemente para garantir suas conquistas e vitórias. Se estivéssemos em Roma, não haveria problema nenhum. Segundo um conhecido historiador francês, era obrigação das famílias erigir altares dentro das casas para o culto dos ancestrais. Entre nós, inaugurou-se ou reatualizou-se um antigo ritual, descrito por Gilberto Freyre, de manter os mortos convivendo com os vivos. Antigamente, era sinal do respeito e veneração à memória dos falecidos. Hoje, é uma deplorável exploração eleitoral, que deixa os eleitores em dúvida: quem vai ser eleito? - o morto ou os vivos ou os morto-vivos, como a candidata do PSB à Presidência da República
Por falar nela, agora apareceram as declarações a favor do casamento gay, da laicidade do Estado brasileiro, da liberdade de expressão ou confissão religiosa etc. Marina Silva está fazendo como aquele rei "hungenote" francês: "Paris vale uma missa".  É bem o que ela e seus assessores querem fazer nessa eleição. Não custa fingir ou aparentar que é defensores dos direitos e garantias constitucionais das minorias e da secularização da política. Não há como dar crédito a essas declarações de ocasião. São puros atos retóricos destinados a enganar os indecisos, os que ainda não cristalizaram suas intenções de voto. A mentira já começa pela própria candidatura, que não tem nada a ver com o PSB, com as alianças políticas do PSB, com os acordos do PSB e o programa "entrópico" do PSB.
Quem comprar essa falácia eleitoral, vai descobrir tarde demais que comprou uma adepta do fundamentalismo religioso  por uma cidadã republicana. O Estado de Marina Silva é teocrático e sua constituição é uma leitura dogmática, acrítica da Bíblia. 
Michel Zaidan Filho é historiador, filósofo e professor da Universidade Federal de Pernambuco