Se partirmos para esmiuçar o que ocorre em grandes aglomerações de pessoas, não ficaríamos surpresos com o que possa ser encontrado. Não seria diferente com essas concentrações nas portas do quartéis, onde bolsonaristas, por quase todo o Brasil, clamaram os militares por uma intervenção militar. No caso de Brasília, há denúncias até de eventual estupro ocorrido. Estávamos há pouco lendo uma declaração de uma autoridade policial que esteve nas investigações sobre a trama golpista, onde ele afirma que, em relação ao julgamento da jovem que pichou com batom a estátua A Justiça, que fica na entrada do Supremo Tribunal Federal, não estamos tratando de uma simples maquiagem.
De fato, não. Assim como se evidenciou até mais recentemente que o pipoqueiro o o vendedor de sorvete não estavam ali comercializando seus produtos para os presentes. Engrossavam a trupe que depredaram o patrimônio da União e apoiavam as manifestações golpistas. Matreiramente, os bolsonaristas tentam isolar esses episódios, sugerindo que o que houve em Brasília no dia 08 de janeiro deve ser creditado na conta das mobilizações públicas de pessoas que não estavam satisfeitas com o resultado das eleições. Esta narrativa tem sido alimentada por alguns setores, por razões óbvias, tentando diluir as implicações graves de uma efetiva preparação para um golpe de Estado no país, envolvendo agentes civis e militares, alguns dele de alta patente, com o apoio ostensivo de forças especiais, a exemplo dos Kids Pretos.
Outro dia estávamos lendo uma matéria onde os setores legalistas e constitucionalistas entre os militares estavam tentando entender o porque de as tessituras golpistas terem sido tão bem-vindas nesta tropa específica. Não há dúvidas de que estamos tratando aqui de uma estufa com bastante permeabilidade autoritária. Um dos fatores diz respeito ao processo de formação desses oficiais. Talvez não seja o único, mas, certamente o desenho curricular deu sua contribuição. Num dos áudios que vazaram das conversas entre os conspiradores, há uma fala emblemática, onde um oficial se refere à democracia de forma desprezível, a ela dirigindo impropérios. Na prestação de conta com a Justiça, seus advogados tentam traçar um perfil de clientes democratas, que defendem a democracia com unhas e dentes. Deixassem eles lograrem êxitos que, a esta altura, muitas unhas e dentes estavam sendo arrancados dos defensores reais do regime democrático. A charge que ilustra este editorial é do cartunista Kleber Alves, publicada no Correio Braziliense.
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