pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO
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sábado, 9 de abril de 2011

UMA AGENDA POSITIVA PARA JOÃO DA COSTA. Como a atual direção estadual do PT trabalha para viabilizar a candidatura do “matuto” à reeleição em 2012.



                                    Quando ocorreu a indicação do deputado Pedro Eugênio para a direção estadual do PT, em substituição a Jorge Perez – que afastou-se por recomendações médicas -, algumas ações do novo dirigente tornaram-se, naturalmente previsíveis, como a montagem de uma estratégia com o objetivo de viabilizar a candidatura à reeleição do prefeito João da Costa. Recife tornou-se uma vitrine do Partido e, portanto, uma cidade onde a agremiação política pretende manter sua hegemonia. Lideranças petistas também consideram natural que o atual prefeito, a despeito dos problemas que vem enfrentando, almeje um segundo mandato.

                                    Logo que reassumiu a prefeitura, após afastamento  para cuidar da saúde, o prefeito tratou de implementar uma reforma administrativa – para alguns lenta e tumultuada – com o objetivo de acomodar as forças que darão sustentação ao seu projeto de reeleição. Recordamos de algumas inabilidades nesse quesito, como a troca de titularidade de secretários sem comunicar ao interessado, como ocorreu com a Secretaria de Assuntos Jurídicos, mas parece-nos também um assunto superado.
 
                                   Há de se considerar, no entanto, que o mais importante para o Partido é manter a hegemonia conquistada, registre-se, por João Paulo, que foi prefeito por dois mandatos e ainda conseguiu eleger seu sucessor. Num esforço pessoal, o governador Eduardo Campos fez gestões para afinar a orquestra entre as duas instâncias do Executivo, colocando sua equipe para trabalhar com a do prefeito, tocando as obras que envolviam uma parceria entre o Estado e o município. Conforme o nosso Blog comentou, a impressão que se passou é que Eduardo não gostou do que viu, mas, como ele mesmo afirmaria mais tarde, questionado a esse respeito, deve satisfações aos eleitores da capital pernambucana.

                                   Politicamente, Eduardo também aparou algumas arestas da Frente Popular, sobretudo de integrantes do seu partido, o PSB, que estavam dando declarações favoráveis a uma candidatura própria, como foi o caso da vereadora Marília Arraes e do prefeito Etore Labanca. Com a situação aparentemente sob controle no PSB, somente o PTB pareceu destoar, engatando um namoro firme com João Paulo, abrindo espaço no Jornal Folha de Pernambuco para o deputado Sílvio Costa pedir, explicitamente, para João Paulo deixar o PT. Braço de comunicação do Grupo Monteiro, os dirigentes do Jornal Folha de Pernambuco precisam tomar alguns cuidados para que o veículo não se transforme num órgão oficial do PTB.

                                   O cerco do PTB também envolveu almoço, inclusive com a presença de Roberto Magalhães, a quem João Paulo derrotou na sua primeira eleição para prefeito, desmontando os planos da antiga União por Pernambuco. Após o almoço, João Paulo reafirma sua longa afinidade com os Monteiros. Como nos negócios, em política almoços também não costumam sair de graça. É muito pouco provável que o candidato da Frente Popular em 2014 seja alguém de fora da engenharia política que está sendo montada cuidadosamente por Eduardo Campos, ou seja, Humberto Costa, Fernando Bezerra Coelho ou o próprio Armando Monteiro. No páreo, é bastante compreensível essa movimentação do senador Armando.

                                    A agenda positiva de João da Costa prevê um elenco de obras que serão inauguradas com grande estardalhaço – O Parque Dona Lindu foi um deles - um conjunto de inserções publicitárias que já estão sendo veiculadas pelos meios de comunicação; uma pretensa unidade discursiva em torno da legitimidade de um novo mandado para João da Costa - veja-se as últimas declarações de Humberto Costa e do deputado Oscar Barreto – que já foi muito ligado a João Paulo – e até de Jorge Perez que, mesmo na Europa, afirmou que João Paulo vem se afastando dos projetos coletivos do Partido.

                                   Em Julho, no entanto, começam as pesquisas para checar o impacto dessa agenda positiva para a avaliação do prefeito João da Costa. Há uma possibilidade bastante plausível que o sociólogo Antônio Lavareda esteja, de alguma forma, envolvido nesse processo, considerando-se a as recentes trocas de canapés entre ambos. É uma hipótese difícil de ser evidenciada, posto que existem muitos artifícios para participar, sem chamar a atenção da imprensa, como a contratação de terceirizados, a atuação com o guarda-chuva de outras agências publicitárias etc. No microblog twitter, alguém sugeriu que, se Lavareda estiver envolvido, logo o matuto apareceria com a popularidade nas alturas, quem sabe até superando os índices de Dilma Rousseff. Imaginem!
 
                                   Se os resultados favoráveis não forem alcançados, no entanto, a porca torce o rabo e só resta ao matuto por a viola no saco e ir cantar noutra freguesia. Mariza Gibson, do Diário de Pernambuco, afirmou outro dia que gente do Palácio do Campo das Princesas acredita que, no frigir dos ovos, diante da circunstância de vir a perder a vitrine da Prefeitura do Recife, os petistas – leia-se, sobretudo, João Paulo, João da Costa e Humberto Costa – vão acabar chegando a um entendimento. Muito pouco provável. Preocupado com a situação do Recife, Lula, que vem receber mais um Doutor Honoris Causa, desta vez pela UFPE, ainda tentaria uma última conciliação no PT local. Consideramos uma tarefa difícil, mas Lula já desatou alguns nós até bem mais complicados em sua trajetória política.

                                  Há alguns ingredientes em sua trajetória política que ainda prendem João Paulo ao PT, como sua história, seus princípios e, diferente do que afirmou Perez, seus projetos coletivos. Mas, no caso da quadra política local, sobretudo considerando-se o diversionismo petista, atores estratégicos da Frente Popular não permitirão que João Paulo se viabilize politicamente. Dentro do PT, para João, seria um jogo de soma zero. É como já afirmamos em artigo anterior: Para ele, lamentavelmente, só resta a saída.

                                   O Prefeito João da Costa ficou muito satisfeito com os bons resultados alcançados pelo carnaval do Recife no ano de 2011. O Blog do Jolugue, sempre tão crítico, enalteceu esses bons resultados, embora não deixasse de observar alguns excessos no pronunciamento do chefe do Executivo Municiapl comoo fato dele ter afirmado que a Prefeitura realizou o melhor carnaval dos últimos 11 anos – parece-nos que tantando atingir João Paulo - esquecendo-se que ele foi seu secretário em 08 desses 11 anos. O post onde o Blog reconhece os êxitos da administração municipal neste evento tornou-se o mais acessado, superando até mesmo as reflexões do filósofo Michel Foucault sobre o corpo – ou a ausência dele - e a questão da loucura.Afinal, como diria o antropólogo Roberto DaMatta, estamos num país chamado Brasil, onde carnaval e futebol são instituições mais sérias do que escola e saúde públicas.

                                   De fato, há uma estimativa que aponta para um aumento sensível no fluxo de turistas; a experiência da descentralização – que vem de longas datas - está se consolidando de forma bem-sucedida; houve uma melhoria efetiva dos equipamentos públicos oferecidos aos foliões etc. Mas, sem nenhuma fantasia, o que mexeu com o imaginário político desta festa foi mesmo o ensaio de uma possível aproximação entre o prefeito e o sociólogo-banqueiro Antonio Lavareda.

                                    O encontro desses dois atores invoca algumas questões importantes para serem discutidas: a) Entusiasmado com os resultados alcançados pelo carnaval, João da Costa pretende aferir se a sua popularidade estaria em ascensão; b) João tem uma corrida de obstáculos pela F(f)rente em termos de imagem de gestão, para habilitar-se a um segundo mandato; c) João pertence a uma Tendência do PT, comandada pelo senador Humberto Costa, que tem Lavareda atravessado na garganta até hoje: d) A própria trajetória de Antonio Lavareda, que vai de militante perseguido pelo regime militar até tornar-se banqueiro, passando por serviços prestados a atores políticos que apoiaram seus algozes, é surpreendente.

                                    Deixamos claro que consideramos bastante delicada a situação de João da Costa e que não acreditamos em sua recuperação. Postei no nosso Blog algo como: “Lavareda salva João da Costa?”. Um amigo e seguidor do Blog, Luciano Recife, logo nos respondeu: Nem Deus salva João da Costa.  Em todo caso, depois de cutucado, o Partido dos Trabalhadores percebeu a necessidade premente de preservar a Prefeitura do Recife sob seu controle. Nos últimos dias tem-se observado uma trégua no fogo amigo e Eduardo Campos parece ter enquadrado a Frente, exigindo que seus partidários cuidem mais de suas atribuições e  não antecipem o calendário eleitoral.
                        

                                   Se essas circunstâncias políticas, relativamente favoráveis, serão suficientes para o matuto que tomou água de barreira dar a volta por cima, superando todas as dificuldades realmente existentes, é assunto para outro artigo, mais próximo de 2012, posto que não temos bola de cristal. Mais,  como já afirmamos, somos pessimistas. O que pode estar por trás de uma possível aproximação entre João da Costa e Antônio Lavareda, portanto, está se refletindo nessa mania de sondagens que passou a tomar conta do prefeito do Recife, algo que só a psicanálise pode explicar. Neste aspecto, é até possível que o Lavareda possa ajudá-lo, posto que pesquisa é um assunto que ele entende. Quanto à questão do marketing político, muito pouco provável. Lavareda é péssimo para trabalhar com candidato ruim, conforme observou um internauta.

                                   Por falar nesta mania de pesquisa que tomou conta da Prefeitura do Recife, lembramo-nos de uma jovem com uma prancheta fazendo alguns questionamentos quando nos aproximávamos do pólo do Marco Zero. Depois fomos informados que a Prefeitura do Recife teria contratado a Fundação Getúlio Vargas par ouvir os recifenses sobre as mudanças ocorridas no trajeto do tradicional Galo da Madrugada. Isso nos fez lembrar uma reunião ocorrida no Palácio do Campo das Princesas, quando Jarbas ainda era governador, entre o seu secretariado. O marqueteiro Antonio Lavareda ocupava uma posição de destaque, na cabeceira da mesa, numa situação supervalorizada. Depois tomamos conhecimento que as ações do secretariado de Jarbas passavam, necessariamente, pelo monitoramento e as estratégias de marketing institucional estabelecidas pelo sociólogo, uma espécie de afinador da orquestra.

                                   Comenta-se que a troca de amabilidades entre ambos é freqüente e recentemente Antonio Lavareda convidou o prefeito para saborear alguns canapés em seu apartamento. Essa preocupação do Prefeito com as pesquisas é mais um indício forte de uma possível aproximação entre ambos. Depois da ruptura com o seu criador, João Paulo, o Prefeito estreitou os laços com a Tendência Construindo Um Novo Brasil, comandada no Estado pelo senador Humberto Costa. Nas eleições majoritárias que disputou, seja pra prefeito ou para governador, Humberto sofreu horrores de Lavareda, tornando-o seu desafeto. Certamente Humberto não aprova muito bem essa aliança, mas em política sempre vale a máxima de Paulo Guerra, não existem nunca nem jamais. Só não convidem Humberto para comer esses tais canapés. Ele detesta. São indigestos.

                                   À época dos desentendimentos entre ambos, costumávamos sempre ouvir os debates de Geraldo Freire, sobretudo quando ele levava o cientista político Michel Zaidan Filho, que deixou de fazê-lo depois das críticas de Michel à administração do peemedebista Jarbas Vasconcelos. Geraldo Freire tem uma relação de amizade com Jarbas Vasconcelos. Lembro-me dos duros embates travados entre Humberto Costa e Antonio Lavareda, este sempre se escudando nas suas titulações e nos convites que recebia para tratar desses assuntos no exterior – único brasileiro convidado – para refutar as contestações de Humberto Costa. Humberto Costa ainda tem Lavareda atravessado na garganta. Se vai digeri-lo é outra história.  Sinceramente, não acreditamos.

                                    Quando freqüentávamos o mestrado na UFPE, alguém nos confidenciou durante uma aula, que Lavareda teria sido vítima da repressão, durante os anos de chumbo da Ditadura Militar. Preso num das ruas centrais do Recife, foi transferido para um quartel da Polícia do Exército, que ficava em Olinda, onde hoje é um Shopping Center. No quartel teria sido torturado, sob condições que preferimos não mencionar. A trajetória de Lavareda, então, pelo que se presume, vai de militante de esquerda a banqueiro, passando pela academia, os Institutos de pesquisa – foi sócio-fundador do IPESPE, juntamente com o professor Bonifácio – ao marketing institucional, cuidando da imagem do governo de Fernando Henrique, Jarbas Vasconcelos, entre outros.

                                   O marketing institucional de Jarbas Vasconcelos usava e abusava dos símbolos do Estado, o que levou o historiador Michel Zaidan Filho a contestar tal procedimento através de artigos. Um fato até hoje pouco esclarecido são as razões que motivaram seu afastamento de Jarbas Vasconcelos. Sobre a questão há muitas hipóteses, mas nenhuma certeza, pois ambos evitam falar sobre o assunto. Conhecendo o temperamento de ambos, esse desfecho parecia inevitável. Dos antigos companheiros peemedebistas, um dos mais próximos a Jarbas é o deputado federal Raul Henry.  

                                   Pelo fato de Raul ter votado no salário mínimo do Governo acompanhando toda a bancada do PMDB, esperava-se que isso pudesse causar um cisma entre ambos, mas o episódio foi perfeitamente superado uma vez que Jarbas compreendeu que seria um suicídio político para o pupilo manter uma postura tão isolacionista. Jarbas votou contra, fez um longo pronunciamento no senado – com repercussão nacional- mas entendeu que não havia outra alternativa para Raul.

                                   Raul é uma das poucas esperanças do PMDB pernambucano, que Jarbas permitiu que morresse de inanição, como afirmou Pedro Eurico recentemente, causando um grande desconforto no peemedebista. Nas articulações da oposição, seria certa sua candidatura pelo PMDB, mais nas entrelinhas também se comenta sobre a boa relação entre Jarbas e João Paulo, com o PMDB se apresentando até mais recentemente como uma opção para o petista, na hipótese dele vir para a oposição. Raul já antecipou que não seria nenhum obstáculo às articulações. Quem se posicionou contra foi Raul Jungmann, que afirmou tratar-se de lavagem cerebral política isolar os dois Joões e um desrespeito ao Raul Henry. Tmabém não acredita na guinada oposicionista de João Paulo e muito complicado que ele se subordine ao comando, no estado, de um opositor do Governo Federal, Jarbas Vasconcelos. Trata-se de uma engenharia política complicada, mas em política... como diria Paulo Guerra, não existem nunca nem jamais.

                                    Quanto ao matuto que tomou água de barreira...uma pausa para os canapés do autor. Em agosto, prazo final para a reação, voltaremos a tratar do assunto.

 José Luiz Gomes da Silva, Cientista Político, do Núcleo de Estudos Eleitorais, Partidários e da Democracia - NEEPD/UFPE.














                                  



                                    





                                  

                                  

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