Desde de que a vereadora Marielle Franco e o
seu motorista, Anderson Ferreira, foram assassinados, mantivemos na capa do blog uma charge de
autoria do chargista Renato Aroeira, desenhada em sua homenagem. A ideia era só
ritirá-la dali quando, de fato, seu assassinato e o do motorista Anderson fossem
devidamente esclarecido. Nos últimos dias, órgãos vinculados ao Grupo Marinho,
como a Rede Globo e o jornal O Globo, começaram a divulgar matérias acerca do
assunto, depois que uma testemunha chave prestou dois depoimentos à Polícia
Civil do Estado do Rio de Janeiro, em tese, fechando o cerco em tono do
esclarecimento do assassinato da vereadora e do seu motorista, uma vez que se trata de uma peça chave no conjunto das testemunhas arroladas. Por razões óbvias, sua identidade não é revelada, assim como está sob proteção policial.
Em certa medida, a versão apresentada pelo
depoente parece verossímil. No jargão acadêmico, se diria que ele tem argumento. Teria sido
seguranaç de um dos acusados e presenciado todas as reuniões preparatórias,
onde se planejou a morte da vereadora. Ele aponta os mandantes do crime e
indica seus prováveis executores, agentes do Estado, ligados à Polícia Militar
e possivelmente integrantes de grupos milicianos. Um vereador e um chefe de
milícia, que se encontra preso, são apontados como mandantes. Dois dos
executores teriam sido assassinados como queima de arquivo. Não tenho dúvida de
que o plano seria igualmente assassinar os outros dois executores, mas existem sempre as circunstâncias no meio do caminho, seja para o bem, seja para o mal. O delator é uma espécie
de fio desemcapado, ou seja, aquele elemento que foge ao controle dos
operadores de delitos. Pode ser uma
pessoa, um conversa vazada inadvertidamente, um objeto incriminador deixado no local do crime. Certamente
os algozes da vereadora não contavam com essa “garganta profunda”, fundamental
para o desfecho do caso, se estiver dizendo a verdade.
Segunda a versão dessa testewmunha, os
mandantes do crime são o vereador Marcelo Siciliano(PHS) e o ex-PM Orlando
Oliveira de Araújo, comandante miliciano que se encontra detido. Mesmo preso,
ele seria um dos principais articuladores do assassinato da vereadora. A
motivação, naturalmente, seria as bandeiras defendidas pela vereadora, que
contrariava os interesses dos grupos milicianos, paramilitares e seus
representantes no parlamento. Sabe-se, por exemplo, que o vereador citado teria reduto eleitoral onde a atuação de Marielle Franco, sobretudo quando denunciava e exigia o esclarecimentos de crimes cometidos pelos milicianos, incomodava bastante.
A Polícia ainda pretende checar as informações
repassdas por esta testemunha, com o propósito de confirmá-las ou não, antes de
indiciar os acusados. Até o momento, os fmiliares da vereadora e do motorista
Anderson Ferreira não se manifestaram a esse respeito. Os integrantes do seu
partido, o PSOL, sobretudo o deputado Marcelo Freixo, negou uma versão
apresentada pelo vereador Siciliano, que se dizia amigo da vereadora. Segundo
Freixo, eram apenas colegas de parlamento. Nada mais que isso. É bom que se
diga que essa versão encaixa-se com as possibilidades levantadas desde o início
pela polícia, ou seja, o envolvimento de PMs, milicianos e parlamentares
ligados a eles.
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