pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: Alianças políticas orientadas unicamente pelo cálculo eleitoral.
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domingo, 29 de agosto de 2021

Editorial: Alianças políticas orientadas unicamente pelo cálculo eleitoral.





Em meio ao turbilhão da crise generalizada que o país enfrenta, intensificou-se claramente, nos últimos dias, as movimentações dos candidatos à Presidência da República. Alguns deles, caso dos governadores João Doria(PSDB-SP) e Eduardo Leite(PSDB-RG) ainda precisam superar a etapa das prévias partidárias no grêmio tucano. No caso do candidato do Partido dos Trabalhadores, Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP), apesar da folgada dianteira nas pesquisas de intenção de voto, as costuras políticas não estão nada fáceis e ele tem se mostrado reticente quanto a assumir, de fato, que é candidato. Na próxima semana, Pernambuco recebe o candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro(Sem Partido), que cumprirá compromissos políticos aqui na província e participará de uma motociata na região do Agreste, inclusive na cidade de Santa Cruz do Capibaribe, única cidade pernambucana onde venceu nos dois turnos das últimas eleições presidenciais. A motociata terminará no Pátio do Forró, em Caruaru, uma cidade estratégica nos projetos de quem deseja ocupar o Palácio do Planalto. 

Em tese, Jair Bolsonaro ainda não tem um palanque montado aqui em Pernambuco, embora existam alguns atores políticos afinados com o seu projeto de reeleição, como o ministro do turismo,Gilson Machado Neto, que, muito provavelmente o acompanhará nesta motociata. Quem sabe até na garupa da moto, que ele já disse que seria uma honra. Conforme afirmamos em outros editoriais, os interesses e as composições políticas engendradas no plano nacional, não necessariamete, se reproduzem no plano estadual, onde outros arranjos e interesses podem prevalecer sobre as composições políticas nacionais.  

Hoje, entre os postulantes ao Governo do Estado mais identificados com o presidente Jair Bolsonaro, poderíamos citar o nome do prefeito Anderson Ferreira(PSL), de Jaboatão dos Guararapes, que realiza um périplo pelo Estado com o propósito de viabilizar o seu nome, pela oposição, como candidato ao Governo do Estado nas eleições de 2022. Embora bastante afinado com o Governo Federal - que não mede esforços em celebrar convênios com o município -  ainda não assume que montará o palanque do presidente aqui na província. Alguns analistas advogam que o candidato dos sonhos do presidente Jair Bolsonaro seria o seu ministro do turismo, que não esconde seus projetos políticos, guardados,  por enquanto, em banho maria. 

Mas, como dissemos, neste primeiro freio de arrumação, o quadro ainda se apresenta bastante confuso. É dado como certa a filiação do senador Fernando Bezerra Coelho(MDB-PE) ao Democratas, num acordo nacional, que viabilizaria a candidatura do seu filho, Miguel Coelho(MDB-PE) ao Governo do Estado nas eleições de 2022. O senador, então, deixaria a liderança do Governo no Senado Federal? Por outro lado, o presidente daquela Casa Congressual, Rodrigo Pacheco(DEM-MG), estaria entabulando conversas com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab(PSD-SP), como candidato à Presidência da República. Salvo por uma mudança de sigla, a rigor, o DEM poderia ter um candidato à Presidência da República e o seu nome não seria Ciro Gomes(PDT-CE), com quem seu dirigente nacional, ACM Neto (DEM-BA), estaria firmando uma aliança "regional', ou seja, circunscrita à região. Ou seja, o acordo do PDT com o DEM é um e o acordo do PSD com o DEM é outro. Exceto, se entendermos que Rodrigo Pacheco estaria de malas prontas para desembarcar no partido de Kassab.

Este conjunto de interesses difusos nos Estados - orientados unicamente pelo cálculo eleitoral,inclusive na região Nordeste, talvez seja a razão pela qual Lula ainda se mostra ponderado a assumir, de fato, sua candidatura à Presidência da República, embora seus apoiadores nem discutam mais este assunto, posto que dado como certo. Essa esquisofrenia entre as alianças celebradas no plano nacional e como elas reverbaram no planos estaduais e nos municípios é histórica e reflete a fragilidades do nosso sistema partidário, aliado a outros fatores. 

O MDB, por exemplo, funciona como um partido de feudos estaduais, controlados por verdadeiras oligarquias políticas familiares. Nosso sistema partidário seria uma ótima fonte de inspiração para o sociólogo alemão Robert Michels, que cunhou o conceito da Lei de Ferro das Oligarquias, mostrando que este fenômeno seria inevitável no que concerne aos partidos políticos e organizações sindicais. Nem o PT, que, na sua origem era um partido orgânico, de base, surgindo nos movimentos sociais, escapou a este processo. Uma candidatura que tiver apenas o apoio das bases e militâncias autênticas - e contar com a rejeição das cúpulas partidárias - terá poucas chances de viabilizarem-se. Aqui em Pernambuco, um bom exemplo é o da Deputada Federal Marília Arraes, uma guerreira que move moinhos de ventos pelo Estado, mas é ignorada pelos arranjos aliancista celebrados pela cúpula do Partido dos Trabalhadores.   

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