pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: Um setembro negro para as nossas instituições democráticas?
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segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Editorial: Um setembro negro para as nossas instituições democráticas?


A semana começa com a temperatura alta e o mês seguinte promete ser um setembro negro para as nossas instituições democráticas, hoje sensivelmente fragilizadas nesta queda de braços entre os poderes Executivo e Judiciário. Hoje, dia 23, vinte e dois governadores dos Estados federados estão se reunindo em Brasília com o propósito de conter os ânimos e apagar o incêndio - antes que seja tarde demais - posto que a corda já foi demasiadamente esticada. O futuro é incerto quando os litigiantes se recusam a baixarem as armas e  esta é a situação em que nos encontramos no momento. Os leitores e leitoras que nos acompanham sabem que o tema democracia é bastante abordado por aqui, não sem algum pessimismo por parte deste editor, sobretudo por conhecermos o nosso nível de inanição institucional, como reflexo produzido pela colonização portuguesa.  

Esta crise institucional que estamos enfrentando é inoportuna e profundamente marcada pela insensatez. Já teríamos problemas suficientes para nos preocupar, como a crise sanitária, social e econômica, que está jogando milhares de cidadãos e cidadãs brasileiros na miséria, mendigando ossos de carne nos açougues. Cada crise econômica tem seus "emblemas". Esta, sem dúvida, é da fila dos ossos, um espetáculo dantesco, difícil de acompanhar. Triste e constrangedor para um país que é  um dos maiores exportadores de carne do mundo. Longe se vão os tempos em que a periferia mais pobre e fragilizada das favelas se dava ao "luxo' de um churrasco de fraldinha na laje, acompanhada por alguma cerveja fermentada com milho. Mas quem se importava? Hoje, nem as asinhas de frango estão presente, pois as demais carnes costumam aumentar quase na mesma proporção, acompanhando a alta da carne de boi. 

Todos os esforços governamentais deveriam ser concentrados no sentido de enfrentamento desses problemas. O agravamento de uma crise política e institucional num momento delicado como este poderia trazer consequências extremamente danosas para o nosso tecido social, já tão castigado. Aliás - a bem da verdade - não há momento oportuno algum para uma crise política. Muito menos num momento como este, pois acarretaria um aprofundamento desses problemas. Ainda bem que os atores políticos mais consequentes estão tentando apagar este incêndio, seja em seus pronunciamentos e encontros públicos - como o dos governadores dos Estados -  seja através das costuras de bastidores, checando a temperatura dos quartéis.  

Mas há, também,lamentavelmente, aqueles atores políticos incendiários, que tentam promover o caos, o que oportunizaria, por este cálculo, as indesejáveis - pelo menos para os democratas convictos - intervenções militares. As mobilizações que estão sendo programadas por grupos mais radicais, para o mês de setembro, por ocasião da comemoração de nossa independência, se encaixam neste perfil. Setembro promete ser um Setembro Negro, caso essas previsões se confirmem. Sinceramente? Não entendemos como alguém possa defender um regime não-democrático, o que incide em limitações de suas próprias liberdades individuais e também coletivas. Geralmente, seus apoiadores são os primeiros a sentir o braço forte do autoritarismo ou do Estado de Exceção, como a História tem demonstrado em experiências passadas. 

 

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