pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: "Eleições é assunto de civis e forças desarmadas"
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sexta-feira, 13 de maio de 2022

Editorial: "Eleições é assunto de civis e forças desarmadas"




É nos momentos difíceis que identificamos aqueles homens dotadas de espírito público e coragem cívica. Quando do golpe civil-militar de 1964, Dr. Miguel Arraes, então governador do Estado de Pernambuco, se recusou a sair do Palácio do Campo das Princesas pela porta dos fundos, conforme instrução dos militares que o haviam deposto. Saiu pela porta da frente, de cabeça erguida, honrando os milhões de votos dos pernambucanos que o haviam conduzido ao cargo em eleições livres e soberanas. 

Dr. Miguel Arraes nunca se curvou ao arbítrio, deixando uma lição de espírito público e coragem cívica para as novas gerações. Em 1962, setores da Igreja Católica aliados à oligarqguia dos Lundgren, em Paulista - região metropolitana do Recife - moveram montanhas para que os operários não votassem em Miguel Arraes. O então líder sindical Roberto do Diabo furou esse bloqueio. Ele não poderia desonrar esses votos. 

Ao reestabelecer a ordem das coisas no tocante à organização e realização das eleições, o ministro Edson Fachin, que preside o STE, dá uma demonstração inequívoca de coragem cívica e entra na galeria dos homens dotadas de espírito público. O melhor de sua fala recente não é a referência ao papel das Forças Armadas, mas, sobretudo, a sua conclusão de que a democracia vencerá as próximas eleições. Nesses momentos turbulentos que atravessamos - caracterizado por uma baita crise institucional, que ameaça os alicerces do edifício democrático - falas assim contribuem para as reflexões e ações necessários que são exigidas neste momento delicado vivido pelo país, quem sabe, inibindo tentativas de retrocessos políticos. 

O momento é de equilíbrio instável e insegurança institucional. Existe um arranjo antidemocratico em curso que precisa ser contido, assim como ocorreu nas comemorações do último 07 de setembro, quando o ministro Luiz Fux, habilmente, desarmou a bomba. Para ser mais preciso, nossa democracia nunca gozou de uma boa saúde, por razões históricas e sobretudo econômica. Nossas desigualdades econômicas minam constantemente o edifício do arcabouço institucional que dá suporte à democracia política. É preciso superar essas desigualdades, destribuir renda, mas isso dentro das regras do jogo democrático, com eleições livres, soberanas, respeito e equilíbrio entre os três poderes.  

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