pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: O que explica a estabilidade de Lula nas pesquisas de intenção de voto?
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terça-feira, 17 de maio de 2022

Editorial: O que explica a estabilidade de Lula nas pesquisas de intenção de voto?

 



Eleitor de Bolsonaro votando em Lula? É possível, sim, e ainda bem que isso é possível, em nome da preservação do próprio sistema de democracia representativa que experimentamos. Segundo alguns analistas, essa tendência “centrista” do eleitorado é fundamental para equilibrar o jogo do poder, contribuindo para minimizar os danos produzidos pelos extremismos tanto à esquerda, quanto à direita. Hoje,mais à direita. Claro que não estamos tratando aqui daquele eleitor raiz, disposto a carregar Bolsonaro nos braços aos gritos de: Mito! Mito! Mito!. Esses não desistem nunca. 

Estamos tratando aqui daquele contingente de eleitores menos radicais, que votaram em Bolsonaro num primeiro momento, movidos, quem sabe, pela descrença no outro candidato, de eleições presidenciais passadas, mas que poderia ter se arrependido em razão dos rumos tomados pelo seu Governo. É curioso, mas um percentual bastante expressivo do eleitorado de Lula encontra-se entre os eleitores identificados como de “centro”. Para alguns observadores, trata-se de uma vantagem competitiva de Lula na corrida presidencial das eleições de 2022. 

Isso poderia explica, por exemplo a estabilização dos seus índices de intenção de voto, verificados em várias pesquisas desde o ano de 2021. É uma tendência de voto, digamos assim, mais perene do que a apresentada pelo seu principal oponente, Jair Bolsonaro. A estratégia do staff de campanha de Lula, hoje, é exatamente cativar e ampliar esse contingente de eleitores, evitando afugentá-lo com sincericídios ou atitudes do gênero. Creio que, pela primeira vez, por ocasião do lançamento de sua pré-campanha, Lula não falou de improvisos, evitando os escorregões verbais naturais, movidos pela emoção da ocasião. 

Ampliar suas alianças ao centro do espectro político tem sido uma das suas principais preocupações. Em tese, quem deveria cumprir esse papel seria o seu vice, Geraldo Alckmin(PSB-SP), que, por algum motivo, se sentiu na contingência de tornar-se palatável aos grupos mais autênticos ou radicais da legenda petista. Mal sabe ele que essa indigestão é incurável. Alguns petistas não irão gostar de chuchu de jeito nenhum. Na ausência de Alckmin, Lula já procurou outros interlocutores para a missão, a exemplo do senador Renan Calheiros, do MDB de Alagoas, da trinca de grandes aliados do ex-presidente. 

Confiante na vitória das eleições de outubro, o candidato petista procura construir as condições de governabilidade, que sabe serão difíceis, num parlamento hegemonizado pelo Centrão. Mesmo antes de assumir, numa eventual vitória em outubro, Lula já tem trocado farpas com o Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, do Partido Progressista, que não poupa mimos aos parlamentares para assegurar os interesses do Governo. Para Lula, o controle do Centrão sobre o parlamento já se configura numa espécie de semipresidencialismo. E ele tem toda a razão. O Governo de Jair Bolsonaro, em muito, passa por ali. E será assim pelas próximas governos, em razão das contingências impostas pelo presidencialismo de coalizão. 

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