A ressaca produzida pelos resultados preocupantes obtidos pelo PT nas últimas eleições municipais de outubro estão provocando algumas reflexões desagradáveis, colocando em franca oposição algumas alas da legenda, principalmente aquelas que estão na condução do leme, que se sentiram, naturalmente atingidas, rebatendo publicamente algumas dessas afirmações, entre as quais a de que o partido corre um sério risco de rebaixamento. Em São Paulo, em particular, afloraram as críticas daqueles que nunca foram, a princípio, favoráveis à candidatura de Guilherme Boulos. Ora por interesses paroquiais, ora por considerar que o nome deveria ser outro, preferencialmente da própria legenda. Se não alguém da legenda, uma esquerda do tipo Tabata Amaral poderia ter aparado as arestas ou resistências da Faria Lima, segundo concluem.
O vice-presidente nacional da legenda, o deputado federal Washington Quaquá, por exemplo, observou os limites ideológicos impostos por uma candidatura com o perfil de Guilherme Boulos, incapaz de furar a bolha do centro do espectro político. Para variar, aqui a observação é nossa, o PT ainda se deu ao privilégio de formar uma chapa puro-sangue. Se o PT foi mal nessas eleições, o PSOL foi pior ainda. A esquerda tradicional, pelas inúmeras razões apontadas por aqui nessas discussões, perdeu o feeling político das ruas. É curioso como, numa entrevista concedida à revista Veja desta semana, a Presidente Nacional do PT, Gleisi Hoffmann, começa a introduzir no dicionário do partido um conjunto de palavrinhas que seriam amplamente abominadas no passado.
O PT precisa se recolher aos aposentos e realizar aquele encontro consigo mesmo. Não se trata apenas de um conjunto de teses de dentro para fora, bem como moldar-se à plataforma da centro-direita unicamente. Precisamos aqui de uma profunda autocrítica, onde seja possível entender o ambiente político onde se opera neste momento, um ambiente pantanoso, repletos de escaramuças de toda ordem, onde a extrema-direita já opera com desenvoltura, fazendo barba, cabelo e bigode nas periferias mais empobrecidas, com a ajuda inestimável dos grupos evangélicos neopentecostais, em alguns casos consorciados com facções do crime organizado, como já se verifica em algumas praças do país. No Complexo de Israel, segundo a imprensa noticiou, contrariando a Constituição Federal, que estabelece um Estado Laico, de ampla liberdade religiosa, religiões de matriz africana estão sendo proibidas de realizarem seus ritos. Isso é muito grave.
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