São recorrentes as operações de órgãos como Ministério Público, Polícia Federal e GAECO - Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado - no estado da Paraíba. Não temos estatísticas sobre o assunto, mas não nos surpreenderia se o estado ocupasse uma posição privilegiada no contexto da atuação PF em âmbito nacional. Somente no tocante ao expediente de aliciamento ou coação violenta pelo voto, três dessas operações foram realizadas naquele estado, culminando com a prisão de funcionários graduados, com atuação na máquina pública municipal e, agora, no Poder Legislativo da capital João Pessoa. No dia de hoje, 18, a Polícia Federal desencadeou a Operação Livre Arbítrio, cumprindo 07 mandados de buscas e apreensões, que culminou com o afastamento do cargo do presidente da Câmara de Vereadores de João Pessoa, Dinho Dowsley, do PSD, que deverá usar tornozeleira eletrônica.
O problema da coação do voto não ocorre apenas na capital. Em diversas cidades do interior o problema foi verificado nessas eleições, o que dimensiona a gravidade do que estamos tratando por aqui, algo também observado pela Organização dos Estados Americanos, que esteve acompanhando as eleições no país. Haveria, segundo apura a PF, um conluio promíscuo entre agentes públicos com o facções do crime organizado que atuam no estado, onde os territórios são fechados nos acordos e os eleitores coagidos, por vezes violentamente, a votarem nesses candidatos ou seus prepostos, corroendo os princípios democráticos e republicanos.
Há candidato que disputa a gestão da cidade cujos parentes estão envolvidos numa dessas operações. O mais surpreendente é que um escândalo dessas dimensões, às vésperas de uma eleição, não é suficiente para abalar seus escores nas intenções de voto. Parece haver uma banalização dessas práticas, algo que não indigna o eleitorado. Infelizmente.
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