Esta proposta de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, sobre a retirada forçada das pessoas que hoje vivem na Faixa de Gaza, deixando o território livre sob o controle americano é indecorosa. Há anos a banda sadia e humanitária da sociedade luta pela criação de um Estado Palestino, assim como ocorreu com o Estado Judeu, décadas antes. Sabe-se que a situação ali é bastante complicada, mas daí a propor uma solução como esta é algo inimaginável. A proposta reforça os projetos expansionistas do Estado Judeu.
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025
Editorial: Aceita um cafezinho?
Sempre que a inflação aumenta, algum produto é apontado como grande vilão. A lista desses produtos é grande para recordarmos por aqui, mas, se as previsões pessimistas de algumas autoridades financeiras se confirmarem no que concerne a um eventual aumento significativo dos índices de inflação, desta vez o vilão será o nosso tradicionalíssimo cafezinho. O Brasil tornou-se o maior produtor de café do mundo e, possivelmente, um dos grandes consumidores do produto. Ontem, dia 05, o Jornal Nacional da Rede Globo trouxe uma matéria tratando deste assunto e explicando porque o produto está se tornando tão caro nas gôndolas dos supermercado.
Tivemos uma queda de produção em países concorrentes, como Vietnã e Indonésia, e a demanda pelo produto brasileiro aumentou sensivelmente, elevando os preços do produto internamente. Por outro lado, o consumo interno do produto também teria aumentado e aí entramos nas lei mais fundamentais da economia, a da procura e da oferta. Os preços estão tão altos que já circulam bonés e memes da oposição trocando a marca Nescafé por Semcafé e sem picanha, numa alusão clara às promessas do Governo Lula3. O café sempre ocupou um espaço no folclore político. Quando uma autoridade pública está desgastada se diz que o sujeito já está tomando café frio.
Aqui em Pernambuco conta-se uma história engraçada que este editor ouviu do professor Manoel Correia de Andrade. O professor foi convidado para assumir um cargo no Governo de Miguel Arraes. Um caro técnico. O professor estava na cota pessoal do governador, convidado a partir de critérios técnicos - o que é coisa rara - em razão de sua produção acadêmica. Manuel relutava em assumir o cargo, argumentando que não entendia nada de política. Arraes explicou ao futuro secretário que era simples. Sempre que ele tivesse que negar alguma coisa, negue, mas ofereça um cafezinho.
terça-feira, 4 de fevereiro de 2025
Drops Político: José Múcio fica na defesa.
Não é nada ainda oficial, mas sugere-se que o Ministro José Múcio deve ser mantido no Ministério da Defesa. Por incrível que possa parecer, este seria um dos ministérios mais complicados na dança das cadeiras em Brasília. O pernambucano foi escolhido para comandar uma pasta onde, naquele momento, setores militares mantinham rusgas evidentes com os civis. Estávamos mergulhados numa crise institucional, recém saídos de mais uma tentativa de golpe militar no país, com a caserna inquieta. Lula escolheu uma espécie de bombeiro para apagar o incêndio e um bombeiro com trânsito livre, porque, do contrário este bombeiro, se mal escolhido, poderia se transformar num incendiário. Conciliador, moderado, sem arestas, Múcio ganhou a confiança dos militares. Não são poucos os momentos em que se indispôs com os ministros civis do Governo, sempre lutando pelos pleitos dos militares. Neste contexto, entende-se porque os militares comemoraram a sua permanência na pasta.
Editorial: O destino de Rodrigo Pacheco.
Pelo andar da carruagem política, o que se presume em Brasília é que os dois ex-dirigentes do Legislativo, O senador Rodrigo Pacheco e o deputado federal Arthur Lira deverão ocupar uma vaga na Esplanada dos Ministérios. Rodrigo Pacheco assumiria o Ministério da Indústria e Comércio, em substituição a Geraldo Alckmin, assim como Lira assumiria o Ministério da Agricultura, em substituição ao deputado federal Carlos Fávaro. Até recentemente, especulou-se que Rodrigo Pacheco poderia assumir a pasta da Justiça, mas isso parece que está descartado. Lula, durante a sua última entrevista coletiva, insinuou que gostaria de vê-lo no Governo de Minas Gerais, possibilidade com a qual ele se sentiria lisonjeado, conforme confidenciou.
Nas bastidores do Poder Legislativo, segundo também revela os escaninhos, estaria em jogo uma eventual indicação para o Tribunal de Contas da União. A boa relação com o Palácio do Planalto poderia representar, no futuro, uma eventual indicação para o Supremo Tribunal Federal. O PT mineiro não gostaria que o aliado do Planalto ocupasse algum cargo relevante m Brasília, algo que pudesse projetá-lo numa eventual disputa política paroquial nas Alterosas. O PSDB mineiro, pelos mesmos motivos, vetou negociações que estariam em curso no sentido de uma fusão entre o PSDB e o PSD, partido que mais cresceu em Minas Gerais nas últimas eleições municipais.
Enfim, como a portaria ainda não foi assinada, alguém se atreveria a prever o destino do ex-presidente do Senado Federal? um fígado com jiló no Mercado Central, um café da manhã com pão de queijo, um almoço com torresmo e feijão tropeiro, seguido de sobremesa com doce de leite para quem acertar o destino do parlamentar.
Editorial: A guerra dos bonés.
Crédito da Foto: Eduardo Gonçalves de Breno\ O Globo.
Repercute bastante um beijo dado pelo senador Randolfe Rodrigues, líder do Governo Lula3, no futuro presidente da Câmara Alta, o senador David Alcolumbre. Mesmo prevendo-se que esta lua de mel entre o Governo e os novos líderes eleitos no Legislativo tem prazo de validade determinado, gestos assim são sempre bem-vindos, sobretudo neste clima de animosidades em que se encontra a política brasileira. O que talvez não seja muito bem vindo é essa verdadeira batalha dos bonés entre Governo e Oposição. Na última votação no Legislativo, o Governo Lula3 precisou demitir temporariamente alguns dos seus auxiliares para que eles pudessem votar.
Esses auxiliares resolverem, sabe-se lá por iniciativa de quem - nem se o Sidônio teria sido consultado - comparecerem ao recinto trajando bonés azuis com dizeres relativos às últimas eleições americanas, ratificando que o Brasil é dos brasileiros, possivelmente em razão da briga sobre as taxações de produtos exportados. A reação dos bolsonaristas foi imediata, fazendo alusão aos tempos do Governo Jair Bolsonaro, onde, segundo eles, a comida era mais barata. Não vamos aqui entrar nesta briga, tampouco arbitrar a contenda, mas, a rigor, o Governo Lula precisa mesmo ficar atento ao aumento de alguns produtos essenciais nas gôndolas dos supermercados.
Para além dessa batalha política o Governo Lula3 precisa apresentar resultados concretos para a população. O próprio Governo admite que não conseguiu entregar a colheita nesses dois anos. Pelo andar da carruagem política, o que está se sugerindo é que entraremos num aprofundamento desse esgarçamento político, talvez como último recurso de sobrevivência do campo progressista.
Editorial: Raquel Lyra alça voo rumo ao MDB.
Não avançaram as negociações sobre uma fusão entre o PSDB e o PSD. Na realidade, conforme afirmamos no dia de ontem, os dois partidos são muito semelhantes. Há, porém, algumas clivagens e interesses paroquiais que atrapalharam as negociações. De olho em sua carreira política nas Alterosas - dizem que pretende candidatar-se ao Palácio Tiradentes - o deputado federal Aécio Neves(PSDB-MG) se contrapôs às negociações entre as duas legendas. O PSD foi o partido que mais cresceu em Minas Gerais nas últimas eleições municipais. Criou bastante capilaridade no Estado, mas, certamente, Aécio Neves talvez não contasse com o aval dos caciques da legenda para os seus projetos, mesmo diante das circunstâncias de uma fusão.
Especula-se que o Rodrigo Pacheco, ex-presidente do Senado Federal, filiado ao partido, também teria pretensões políticas no estado. Aécio Neves, ainda com grande capital político na legenda, sinalizou para uma fusão com o MDB. Com isso, fica praticamente traçado o destino da governadora Raquel Lyra aqui em Pernambuco. A rigor, com a fusão entre as duas legendas, ela não vai precisar sair do ninho, passando a ser, naturalmente, uma emedebista. Como essas fusões precisam ser combinadas com os diretórios estaduais - para não acontecer o que ocorreu entre tucanos e pessedistas - o que se informa é que a manobra não teria sido bem assimilada pelo MDB pernambucano, hoje incorporado ao Governo Municipal do prefeito João Campos, do PSB.
Nos últimos dias foram observados alguns movimentos da governadora no tabuleiro do xadrez da política pernambucana. Especula-se que ela teria recebido no Palácio do Campo das Princesas o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, que poderia ocupar uma Secretaria de Estado. É preciso admitir que este jovem realizou uma gestão impecável em Petrolina, cidade do Sertão do São Francisco. Com tanta gente incompetente na máquina pública é um desperdício mantê-lo afastado da política apenas por picuinhas. Em tese, porém, foi o prefeito João Campos quem entendeu primeiro que o caminho seria esse e fez os primeiros gestos para o grupo Coelho.
Editorial: A anistia de Jair Bolsonaro será pautada pelo Legislativo.
Apesar das juras e promessas do encontro protocolar de ontem entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os novos presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, e do Senado Federal, Davi Alcolumbre, algo sugere que as relações harmônicas entre os Três Poderes da República estão longe de serem obtidas. Hoje, dia 04, já se fala em conversas que serão mantidas entre os novos dirigentes do Poder Legislativo e o Supremo Tribunal Federal, com o objetivo de destravar as emendas retidas. Sugere-se que os novos dirigentes vão jogar pesado em torno da independência do Poder Legislativo, compromisso essencial assumido com os seus apoiadores.
Um outro compromisso negociado com a bancada do PL é uma eventual anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro, algo dado como certo para ser pautado. Isso, aliás, vem sendo articulado desde algum tempo. Houve um tempo, quando ainda exercia o mandato, que, num desses encontros do cercadinho, o ex-presidente manifestou sua insatisfação com as atividades no Executivo. A decretação de sua inelegibilidade, porém, parece ter injetado um sangue novo nas aspirações do ex-mandatário. Aliado a este fato, a eleição de Javier Milei, na Argentina, assim como a de Donald Trump, nos Estados Unidos, sugere que tenha ampliado o desejo de Bolsonaro de voltar ao Planalto.
A fragilidade de representação congressual do Governo Lula3 é sensivelmente preocupante, daí se concluir que a vitória nas eleições presidenciais de 2022 foi uma vitória relativa. Na realidade, a oposição ganhou aquelas eleições, ao considerarmos a bancada de representantes de partidos conservadores que foi eleita. Há partidos considerados da base aliada, ocupando três pastas na Esplanada dos Ministérios, cujos deputados estão endossando, sem qualquer constrangimento, o mais recente pedido de impeachment do presidente Lula. É uma relação complicada.
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025
Drops Político: Pacheco pode assumir o Ministério da Indústria e Comércio.
Entre as danças das cadeiras na Esplanada dos Ministérios, existe a possibilidade de o ex-Presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, assumir o Ministério da Indústria e Comércio, em substituição a Geraldo Alckmin, que pode ser indicado para o Ministério da Defesa, em substituição a José Múcio. O nome de Pacheco chegou a ser cogitado, igualmente, para o Ministério da Justiça, mas as especulações, sugere-se, não prosperaram. Várias possibilidades estão nos planos de Rodrigo Pacheco. Uma vaga no STF ou no TCU e até mesmo uma candidatura ao Governo de Minas Gerais, algo que ele não disfarça o desejo.
Editorial: Tucanos mineiros impõem restrições às negociações entre o PSDB e o PSD.
A rigor, são partidos muito parecidos. Não há diferenças ideológicas significativas entre essas legendas, que atuam dentro de uma plataforma de perfil conservador. Ricardo Nunes, reeleito prefeito de São Paulo, estrela ascendente na legenda, aponta a necessidade de o partido construir alternativa presidencial para as eleições de 2026. O PSD de Kassab é da base aliada do Governo Lula, mas, a rigor, Kassab é um político muito pragmático. No momento, por exemplo, vendo o barco do Planalto afundar a olhos vistos, já estimula uma candidata própria para 2026, a do governador do Paraná, Ratinho Junior.
O PSDB até que tentou voltar à ribalta nas eleições municipais, mas nada deu muito certo. Antevendo as dificuldades pelo país afora, apostou todas as suas fichas na candidatura do apresentador José Luiz Datena e o resultado todos conhecem. Especula-se acerca de uma revoada de governadores da legenda, que estão insatisfeitos no ninho. A governadora Raquel Lyra, ainda filiada à legenda, estaria de malas prontas e uma das possibilidades de pouso seria, imaginem, o PSD de Kassab.
Drops Político: Estados Unidos voltam a afirmar que a Covid-19 é um vírus que escapou do laboratório.
Drops Político: Tarifas e mais tarifas.
É de causar arrepios aquelas pastas pretas sobre a mesa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Sempre que ele assina os documentos de uma dessas pastas, as reações são esperadas. Desta vez é sobre a taxação dos produtos importados do México, China e Canadá, causando um rebuliço nos governos desses países, que prometem retaliação. Salvo melhor juízo, o Brasil também está no radar do presidente norte-americano, já provocando uma reação do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, durante sua última entrevista coletiva. É tarifa sobre tarifa. Se eles taxam os produtos de exportação desses países, nada mais justo que tais países taxem também os produtos exportados pelos Estados Unidos.
Editorial: Lula venceria todos os opositores se as eleições fossem hoje.
O nosso cenário político está cada dia mais confuso. Estávamos assistindo recentemente um documentário sobre o ex-governador Leonel Brizola. Estamos cada vez mais convencidos de que o político gaúcho foi o melhor presidente que nunca tivemos. Explica-se porque o sistema temia tanto o caudilho. Era um político de convicções, autênticas, daqueles que não fazem média com o status quo. Suas gestões foram marcadas pelo compromisso de oferecer educação de qualidade aos alunos que dependiam da rede pública de ensino. O arranjo político o deixou de fora do jogo. O mesmo ocorreu com o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, por sinal um pedetista, de passagem limpa pela vida pública, profundo conhecedor dos nossos problemas, e que também mereceria uma chance.
Hoje o cenário está repleto de políticos oportunistas; empresários temerários - que não têm programa, mas utilizam métodos sórdidos -; representantes de grupos milicianos, financiados pelo crime organizado e até cantores, que nunca se envolveram com política antes, evidenciado que, de fato, estamos mal. Apesar dos escores preocupantes de popularidade, o presidente Lula venceria todos os concorrentes se as eleições presidenciais fossem hoje, contrariando as previsões do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. Vamos ser francos por aqui. O Governo Lula3 não vai bem. Ontem, em editorial, até recomendamos ao presidente passar o bastão para outro companheiro.
Essas pesquisas precisam de uma análise mais efetiva. Se quisermos reproduzir o próprio Lula, as eleições são daqui a dois anos. Até lá muita água há de correr no rio eleitoral. Com a reforma ministerial recente o Governo Lula3 perdeu uma chance de, quem sabe, injetar sangue novo na equipe, cercando-se de pessoas competentes tecnicamente, capazes de enfrentar as turbulências que se apresentam em praticamente todas as áreas. Sidônio Palmeira assume com a missão de retirar o presidente de sua redoma, ou seja, ele vai precisar se expor cada vez mais, assumindo o protagonismo da narrativa política, hoje hegemonizada pela oposição. Em determinado momento, ele vai precisar dessas entregas para mostrar para a população.
Editorial: A dança das cadeiras na Esplanada dos Ministérios.
O presidente deve encontrar-se hoje, dia 03, com os novos presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, e do Senado Federal, Davi Alcolumbre. Lula deverá tratar das mudanças ministeriais que estão em curso, assim como das pautas prioritárias de interesse do Governo, que deverão ser apreciadas pelo Legislativo. A dança das cadeiras ministeriais envolve um jogo eminentemente político. Pena que o Governo Lula3 perca uma chance - talvez a última- de imprimir um sangue novo e eficiente ao seu terceiro mandato, adotando o critério técnico nessas escolhas. O encaminhamento é de natureza tão política que cogita-se que os antigos dirigentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, devam ocupar espaços na Esplanada dos Ministérios, como se especulava desde o início das discussões em torno dessa reforma.
O desenho da reforma já está montado, mas convém aguardar o anúncio oficial. O Ministério da Defesa, por exemplo, é uma dessas incógnitas, uma vez que Lula tentará convencer o pernambucano José Múcio a permanecer no cargo. Na avaliação de Lula José Múcio tem feito um bom trabalho na pasta. Trata-se de um pacificador. José Múcio, por outro lado, considera que sua missão já teria sido cumprida e pretende permanecer mais tempo com a família. Não seria uma tarefa simples encontrar alguém com o perfil de José Múcio para indicar ao cargo. O sujeito também precisa ser bem aceito pela caserna. José Múcio não tinha arestas.
Outra mudança, essa talvez mais emblemática, é a substituição de Nísia Trindade no Ministério da Saúde. Cogita-se a indicação de Alexandre Padilha para o cargo, função que já exerceu em governo anterior. Padilha poderia ser substituído por José Guimarães, do PT do Ceará, o que deixaria o caminho livre para Edinho Silva assumir a direção nacional do PT. Gleisi Hoffmann, que defende o nome de José Guimarães para a direção do PT, deverá assumir a Secretaria Geral da Presidência. Aqui Lula sugere ter dado uma força de amigo ao companheiro Edinho Silva. Limpou o terreno.
domingo, 2 de fevereiro de 2025
Editorial: Quer um conselho, Lula? Vá descansar.
Declarações do próprio Lula, antes mesmo de vencer as eleições presidenciais de 2022, já indicavam que ele pretendia descansar depois de concluído este terceiro mandato. Hoje lemos uma longa matéria no portal UOL a respeito do comportamento do presidente, que já não seria o mesmo dos mandatos anteriores. Hoje Lula prefere ficar mais reservado, evitando os contatos e articulações constantes com a base política de apoio e até mesmo da oposição, fato que ocorria com maior frequência no passado. Os churrascos já foram mais regulares no passado. E olha que não é por falta de picanha.
O morubixaba tem chegado atrasado nas narrativas, onde deixou de ser o protagonista, o que o novo homem forte da comunicação do Planalto, Sidônio Palmeira, estaria tentando corrigir. O que ocorre, segundo os observadores, é que Lula já não tem aqueles interlocutores de outros tempos, capazes de dizer algumas verdades ao líder, algo que ele pudesse refletir a respeito, quiçá, reorientando algumas ações. José Dirceu cumpria bem este papel em tempos idos. Lula costumava ouvi-lo e considerava suas ponderações. Jaques Wagner hoje ainda mantém esta ascendência sobre Lula, mas está muito aquém do que já representou Dirceu no passado.
Assim, Lula ficou meio que isolado, tomando decisões retardadas, como esta última em relação ao Pix, onde o próprio Sidônio preferia que ele tivesse feito o pronunciamento voltando atrás na medida, algo que acabou não ocorrendo, depois dos danos produzidos pela iniciativa da oposição. Lula já está com 79 e chega um momento em que a melhor coisa a fazer e se recolher aos aposentos. Estamos vivendo um momento muito cruel, onde predomina a mentira, o ódio e a barbárie. É inominável o que ocorreu com um torcedor do Sport Clube, aqui no Recife, espancado e vandalizado pelos torcedores do Santa Cruz. Quer um conselho? Vá descansar, Lula.
Crônicas do Cotidiano: O massacre de Cuieira.
Não é incomum escritores não se sentirem plenamente satisfeitos com suas obras. Este comportamento é até positivo, na medida em que implica conceber o ato de escrever como um processo de aperfeiçoamento permanente. Grandes nomes da literatura podem ser elencados nesta categoria, a exemplo de Ernest Hemingway, Franz Kafka, Robert Walser. Este último, internado contra a sua vontade num hospital para tratamento de pessoas com transtornos nervosos, simplesmente se recusava a escrever. Quando instigado sobre o assunto, dizia que estava ali para ser louco. Alguns sugerem que Kafka não tinha realmente a intenção de queimar os seus livros, conforme recomendara ao seu amigo e biógrafo, Max Brod. Se fosse esta realmente a sua intenção ele mesmo se encarregaria de atirar os livros na fogueira.
No Brasil, há o caso emblemático do alagoano Graciliano Ramos, que nunca se sentiu plenamente satisfeito com o resultado do seu primeiro romance Caetés. Num desses momentos de fúria, o velho Graça até tentou se desfazer do único original do texto, recolhido às pressas por sua esposa, Rachel que Queiroz e Jorge Amado. Quando escrevíamos o Menino de Vila Operária, nosso primeiro romance, já no término do texto, lembramos do massacre de Cuieira, ocorrido na cidade de Igarassu, perpetrado por uma autoridade policial de Abreu e Lima, que pertencia à época ao distrito de Paulista. O Massacre de Cuieira, como ficou conhecido o episódio, é um fato emblemático sobre as atrocidades cometidas contra as comunidades quilombolas e as religiões de matriz africana em Pernambuco, duramente perseguidas durante a vigência da Ditadura do Estado Novo.
Fizemos uma ginástica danada para retomar o assunto, inventando um jogo de futebol do nosso glorioso Monte Castelo Futebol Clube e um time de várzea local, comandado por um líder comunitário que, durante a preleção nos fez referência a História da comunidade, hoje uma comunidade ribeirinha, que sobrevive da pesca e da agricultura de subsistência. Vencemos o jogo por 2x0, com dois golaços do Nego Tom, um craque de bola, simbolicamente proveniente de família descendente de escravizados de Palmares, na Zona da Mata Sul de Pernambucana.
Nego Tom chegou à Vila Operária esquálido, com a barriga cheia de verminoses. Tratado com as garrafadas de Seu Severino e o leite das vacas de Dona Tile, logo ele estava arrasando nas peladas de final de tarde com os moleques locais. Jogava um bolão e tornou-se o nosso centroavante, praticamente jogando pelo time todo. Orgulhava a este editor dá os passes magistrais que, na pequena área, ele transformava em gols memoráveis. Numa dessas ocasiões, num jogo simbólico sobre todos os sentidos, entre o time da Vila Operária e o time da Companhia, numa inesquecível tarde de domingo, aplicamos uma goleadas de 4x0 no time da oligarquia industrial, resolvendo o conflito de classe dentro de campo. Na segunda-feira, a Vila amanheceu em festa. Ninguém foi trabalhar.
Barbaridades inomináveis foram praticadas contra a Comunidade de Cuieira à época, sob um regime autoritário, com absoluta licenciosidade concedidas aos guardas de esquina. O que nos fez recordar deste assunto foi uma matéria\denúncia de entidades de terreiros do estado de Pernambuco, queixando-se de violações do direito sagrado de liberdade de práticas religiosas, numa afronta à Constituição Federal. Esperamos que as denúncias sejam rigorosamente apuradas, os responsáveis identificados e punidos.
Editorial: Cenas de selvageria em Pernambuco.
Pernambuco amanhece hoje ocupando o primeiro lugar no Trending Topics da rede X. Uma pena que não seja por um motivo que possa nos orgulhar. O ranking foi obtido pela repercussão negativa das cenas de selvageria registradas no dia de ontem, que antecederam ao clássico entre o Santa Cruz e o Sport Clube. Antes do jogo, facções organizadas de ambas as torcidas - e assim que esses grupos estão sendo tratados nos redes sociais - se enfrentaram, promovendo um espetáculo deprimente. Já suspeitávamos que nos últimos anos descemos alguns degraus na escala civilizatória. O que ocorreu no dia de ontem apenas confirmam essas nossas suspeitas. Salvo melhor juízo, um dos torcedores do time adversário, depois de brutalmente espancado, foi vandalizado. Vários deles ainda estão internados sob cuidados médicos no Hospital da Restauração.
Ao longo desses últimos anos enfrentamos uma erosão do edifício democrático, republicano e civilizatório. Alguns apontam essa polarização política como sendo um dos fatores que podem explicar este fenômeno. Não é improvável, num ambiente onde a mentira ou fake news passou a ser utilizada como arma política e o ódio dá suporte a essas manifestações, ou seja, os adversários ou opositores passaram a ser tratados como inimigos que devem ser exterminados física ou simbolicamente. Lá atrás o sociólogo jamaicano, Stuart Hall, já advertia que os binômios são perniciosos, uma vez que a batalha só termina quando um dos polos destrói o outro. O ambiente social e político tornou-se turvo, cinzento, nublado, suscetível a essas ocorrências.
Um outro fato observado é que ocorreram falhas clamorosas das instituições e do aparelho de Estado. Aliás, o aparelho de Estado, ao longo desses anos, vem perdendo a sua autoridade, posto que enlameados por práticas corruptas, corrompido pelo crime organizado e pelos grupos milicianos. O Estado tem se mostrado impotente para combatê-los, em função da conivência, infelizmente cada vez mais expressiva, de seus agentes. Esse debate não se aplica apenas ao Estado de Pernambuco. É um fenômeno mais generalizado, que envolve os grandes magnatas, as big techs e a economia da atração. O aparelho de Estado foi aprisionado por esses grupos e hoje materializam seus interesses através dos prepostos eleitos com o seu dinheiro. Mundialmente, já sentimos os efeitos dos comandos que estão sendo dados ao Tio Sam. Aquela mesa repletas de decretos inseridos nas pastas pretas é de arrepiar.
sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Editorial: Critérios políticos e não técnicos na reforma ministerial.
Estávamos a pouco analisando as eventuais mudanças que deverão ocorrer na Esplanada dos Ministérios, depois de concretizada a reforma ministerial que se avizinha no Governo Lula3. Não vamos aqui entrar nos detalhes - novamente para não melindrar -mas, a julgar pelo andar da carruagem política, estamos diante de uma reforma ministerial que tende a priorizar os critérios de acomodação política em detrimento do desempenho técnico dos ocupantes das pastas. Setores do PT já sinalizaram para Lula a necessidade de considerar essa questão, sobretudo num momento como este, de profundas dificuldades políticas, onde o Governo precisa mostrar serviços, fazer as entregas a população. Lula talvez esteja diante de sua última oportunidade de imprimir uma guinada positiva em seu Governo.
Não há mágicas por aqui. O próprio Lula reconhece a necessidade de realizar uma colheitas de resultados satisfatórios. É preciso fazer o diagnóstico preciso da situação. O critério politico não pode ser desprezado em função dessa famigerada necessidade de apoios políticos, mesmo que temerários e fluídos, como tem sido. 37 deputados da base aliada já endossaram a assinatura do mais recente pedido de impeachment do presidente Lula. Por outro lado, é preciso negociar com os partidos a indicação de nomes que possam, efetivamente, dar uma contribuição eficiente às suas pastas. Há problemas de gestão, por exemplo, na Saúde, no Meio Ambiente.
Por outro lado, os problemas na área de segurança pública são eminentemente políticos. A oposição resolveu cravar uma investida sem trégua para desgastar o Governo nesta área, já como projeto das eleições presidenciais de 2026. Não há motivação técnica para substituir o titular da pasta, Ricardo Lewandowski. O mais preocupante é quando se especula sobre os nomes que poderiam substituí-lo no Ministério da Justiça.
Editorial: Quando serão mesmo as entregas de Lula?
No dia de ontem, 3o, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sob os olhares atentos do novo homem forte da comunicação do Planalto, Sidônio Palmeira, concedeu uma longa entrevista a jornalistas especialmente convidados, dentro daquilo que se convencionou chamar de entrevista controlada. Esta foi mais controlada ainda, uma vez que o formato já atende as diretrizes emanadas pela nova SECOM. A entrevista foi tão controlada que o próprio Lula, ao final, sugeriu que os jornalistas foram muito tolerantes e que deveriam tomar uma bronca de seus editores quando voltassem às redações dos jornais. Lula sugeriu que gostaria de ter sido apertado, talvez com aquelas perguntas impertinentes, difíceis de serem respondidas.
Como ainda são recentes as declarações duras do Presidente Nacional do PSD, Gilberto Kassab, Lula aproveitou a oportuni dade para sair em defesa do seu Ministro da Fazenda Fernando Haddad, tratado como fraco pelo cacique do partido, que, aliás, em tese, é um aliado. Mesmo diante de incontestáveis dificuldades e incertezas pela frente, Lula voltou a falar sobre o momento da colheita. A colheita já foi prometida em 2024 e, a rigor, a safra não foi das melhores. Suspeitamos que elas deverão ocorrer somente em 2026, ano eleitoral, ainda com otimismo. Entramos em 2025 com enormes dificuldades políticas e econômicas para o Governo Lula3. Esbanjar otimismo faz parte do jogo, mas, intimamente, o presidente não deve desconhecer as dificuldades da safra.
No dia de ontem, um desses grandes jornais sugerem que o núcleo duro petista está sendo fortalecido, caso se confirme mesmo a indicação do nome da presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, para a Secretaria-Geral da Presidência, a porta de entrada do Palácio do Planalto. O cargo é uma espécie de Chefia de Gabinete, filtrando demandas, priorizando audiências, entre outras prerrogativas. É verdade. Lula tem dado indicação que de que seguirá integrado internamente àquele PT mais autêntico, raiz, orientado ideologicamente. Animal político, externamente ele pode até sinalizar noutra direção, mas, internamente convém não abandonar a companheirada forjada ainda na luta sindical.
quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
Editorial: O vazamento do depoimento de Mauro Cid.
Algumas práticas se tornaram preocupantemente recorrentes no país, como os assédios institucionalizados nas repartições públicas, sob os olhares omissos - e até incentivadores - dos gestores, que teriam, por motivações éticas e dever de ofício - impedi-los. Isso começa pelos anos de 2013, quando se inicia um processo de erosão de princípios éticos na condução da coisa pública e, lamentavelmente permaneceram sob a égide de governos de corte progressista, mas que não reuniram as condições políticas para, efetivamente, proceder sua interrupção. Não que tais fatos não ocorressem antes, mas nunca foram tão recorrentes como no período demarcado acima. O diagnóstico mais cabal de tal processo de politização ou relativização dos princípios éticos é a conclusão de que a companheirada está imune, enquanto os bolsonaristas são necessariamente culpados.
Hoje não há dúvidas de que aqueles vazamentos de áudios seletivos com o objetivo de comprometer o Governo da Presidente Dilma Rousseff contaram, possivelmente, com a negligência - vamos usar o termo para não melindrar - de agentes do Estado. A polêmica da vez diz respeito ao vazamento do áudio de um dos depoimentos do tenente-coronel Mauro Cid, no curso de sua delação premiada. Sabe-se lá como esses áudios chegaram às redações de jornais e a uma emissora de televisão. Salvo melhor juízo, isto não está sendo investigado. O vazamento causou indignação entre os atores que são citados e, agora, é a defesa do militar que está sugerindo que o fato seja investigado.
O próprio Mauro Cid é quem afirma que, em nenhum momento, utilizou a palavra "golpe". Coisas estranhas passaram a ocorrer no país. Único delator confesso sobre as tessituras envolvendo uma tentativa de golpe de Estado no país, não é a primeira vez - e possivelmente não será a última - que tais depoimentos causam polêmicas. O depoimento do militar é crucial para as investigações encetadas pela Polícia Federal.
Editorial: As verdades ditas por Gilberto Kassab.
Gilberto Kassab, Presidente Nacional do PSD, é hoje um dos atores políticos mais relevantes do cenário político nacional. Possivelmente por ocupar tal condição, quando ele fala as pessoas tendem a ouvi-lo e considerar os seus posicionamentos. Num encontro recente com empresários, o super secretário do Governo de São Paulo afirmou duas verdades sobre o terceiro Governo Lula. A primeira diz respeito à falta de comando na condução da política econômica. Teríamos um ministro da Fazenda sem autonomia, fraco, o que se constitui num grave problema. Outra verdade externada pelo Presidente Nacional do PSD é que o Governo Lula vai mal e o morubixaba petista não seria reeleito se as eleições fossem hoje.
Essas discussões e conclusões já estão presentes em vários segmentos da legenda petista. Gilberto Kassab externa aquilo que, internamente, setores do partido já haviam diagnosticado. Conforme já antecipamos por aqui, Lula tenta se reerguer atolado num pântano de areia movediça. Os movimentos erráticos apenas agravam os seus pesadelos, como esta infeliz ideia de monitorar as movimentações com Pix. Analistas isentos já se pronunciaram de forma pessimista em relação à possibilidade de uma reação positiva do Governo. Ameaça de inflação; popularidade em queda livre; juros na estratosfera; oposição solta no picadeiro; dificuldades em áreas estratégicas, como comunicação e articulação política; perda de capilaridade política em regiões como o Nordeste e entre eleitores de estratos sociais mais fragilizados; derrotas eleitorais sucessivas, como nas eleições de 2022 e 2024. O ambiente está turvo.
No dia de ontem um jornalista estava enaltecendo os conhecimentos políticos da raposa Gilberto Kassab. Em seu bunker político no Palácio dos Bandeirantes ele seria capaz de fazer previsões políticos para todas as praças do país, afirmando, por exemplo, quantos parlamentares este ou aquele partido seria capaz de eleger em praças como o Maranhão ou o Acre. Kassab não é de direita ou de esquerda. Adota a máxima de que não se pode estar tão próximo que não possa se afastar, assim como não se pode estar tão distante que impeça uma aproximação. Na expectativa de aguardar o momento de Tarcísio de Freitas - dizem que apenas em 2030 - ele se concentra em alavancar a candidatura do governador Ratinho Junior, do seu partido, em 2026. Se Lula sair do atoleiro em que está metido, Kassab muda de posição no tabuleiro do xadrez político. Kassab não é do tipo de político que pula no mar para o abraço dos afogados. Simples assim.