sábado, 15 de fevereiro de 2025
Drops Político: Num dia como hoje morreu Fernando Lyra.
Editorial: Ministério do Desenvolvimento Social rompe contrato com Ong que atua em Pernambuco.
Há alguns dias o jornal O Globo publicou uma longa matéria sobre eventuais irregularidades entre Ongs que prestam serviços ao Ministério do Desenvolvimento Social, a quem está subordinado o programa Bolsa Família. Essas Ongs recebem recursos federais a partir do compromisso de prestarem serviços de fornecimento de marmitas com refeições a populações carentes. O trabalho de jornalismo investigativo do jornal apontou inúmeras irregularidades, como, por exemplo, ONGs fechadas ou, mais precisamente, de fachadas, onde os vizinhos informaram que por ali não aparecia os responsáveis há algum tempo. Ouvidas a esse respeito, autoridades do Ministério informaram que iriam passar um pente fino nesses contratos e, caso fossem detectadas alguma irregularidade, as providências seriam tomadas.
Nesta semana, o Ministério do Desenvolvimento Social anunciou que está descredenciando ou encerrando o contrato com uma dessas Ongs, com atuação em Pernambuco, depois de constatadas irregularidades como incoerências acerca do números de pessoas atendidas, CPF irregulares e coisas assim. Para não melindrar, não vamos aqui citar o nome da ONG, tampouco informar o movimento social ao qual ela sugere ser vinculada. O mais preocupante é que estamos diante de um novo(?) escândalo de corrupção, ou seja, o dinheiro público sendo apropriado indevidamente por alguns espertinhos. As denúncias trazidas pelo jornal são gravíssimas na medida em que aponta a possibilidade de atores ou grupos políticos específicos serem os beneficiados diretos dessas eventuais maracutaias.
Não espanta que o Brasil tenha voltado a ocupar o seu lugar de destaque no ranking dos países mais corruptos, como indica relatório recente da Transparência Internacional. O Congresso já realizou CPIs para apurarem a atuação dessas organizações não governamentais no país, naturalmente, com alguma especificidade, como no caso daquelas que atuam na região do Amazonas. Neste caso foram apontadas inúmeras irregularidades. Pelo andar da carruagem política, para onde se apontarem as investigações teremos a constatação desses desvios de finalidades.
Editorial: Popularidade de Lula despenca.
A pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada no dia de ontem, 14, que aponta uma queda de 11 pontos na avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva cai como uma bomba no Palácio do Planalto. Não surpreende. Lula vem de um equilíbrio instável desde 2022, quando venceu uma eleição em circunstâncias bastante adversas, sob uma condição de instabilidade política, onde a oposição fez maioria parlamentar. A centrífuga o puxava para o centro do espectro político, para um governo de conciliação, de preferência comprometido o mínimo com a companheirada, que não deixaria de fazer barulho desde então, acusando o distanciamento ou o descompromisso com as pautas básicas de sua base histórica de apoio.
Para completar o enredo, embora tendo feito concessões expressivas, a rigor, nunca foi aceito por essas forças conservadoras, que sempre questionaram o resultado daquelas eleições e passaram a adotar a estratégia do torniquete, apertado sistematicamente desde então, seja nas ruas, nas redes ou no parlamento. Ao que se sabe, já está programado um #ForaLula para amanhã, dia 16. A pesquisa do Datafolha, onde ele aparece com os menores escores de avaliação até hoje, somente 24% consideram seu governo bom ou ótimo, deve dá um impulso a mais às manifestações. Nas eleições municipais de 2024 outro recado foi dado. O desempenho do PT foi péssimo, sugerindo prognósticos pessimistas para 2026.
Como já antecipávamos, convinha colocar as contas públicas em ordem, evitando que o dragão da inflação, que se alimenta da carestia, voltasse a ameaçar as gôndolas dos supermercados. Isso sim poderia trazer prejuízos ainda mais danosos do que a ausência das entregas, como sugere-se que, de fato, está ocorrendo. Entregas que, aliás, o próprio governo reconhece que ainda não foram entregues. Apontar a área de comunicação como o bode expiatório foi outro grave equívoco. Não era apenas um problema de comunicação, sugerindo que estávamos certos a apontar que não se tratava apenas do como, mas o que. Há vários fatores que podem ser elencados como determinantes nessa queda de aprovação. Ao longo da semana vamos discuti-los por aqui.
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025
Editorial: A CPI da USAID.
A USAID - Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional - foi criada na década de 60, pelo presidente John Kennedy, no bojo de arranjos políticos que previam assegurar a hegemonia dos norte-americanos no continente. Portanto, todos os seus projetos e financiamento sempre foram marcado por um grande viés político, embora sob a rubrica de ações comunitárias. Imaginem os senhores uma agência com este perfil atuando no país na década de 60, quando os americanos acusavam a ameaça comunista no horizonte. Passados todos esses anos, mais uma vez em razão do viés político, a agência está sendo acusada de ter alimentado financeiramente atores e entidades com o propósito de ajudar a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022.
A gente faz um arrodeio linguístico por aqui, mas Mike Benz e Elon Musk já afirmaram, com todas as letras e vírgulas, mesmo sem provas, que, caso não houvesse essa ajudinha da USAID o vencedor daquelas eleições seria o ex-presidente Jair Bolsonaro. As afirmações contribuíram para acender as chamas num ambiente político propício como o nosso, onde o capim seco só espera um sopro para pegar fogo, sabendo-se, por outro lado, que a extrema direita ou o bolsonarismo sempre questionaram o resultado das últimas eleições presidenciais. Há uma mobilização de parlamentares de oposição no sentido de angariar apoio para uma proposta de CPI, que já conta com mais de cem assinaturas.
Acreditamos que essa CPI vingue, diante desse impulso, a disposição de luta dos oposicionistas e, principalmente diante do desgaste do Governo Lula3. No domingo, 16, ao que sabe, já está programada uma nova mobilização no sentido de pedir anistia aos envolvidos na tentativa de golpe do 08 de janeiro. O Governo anda apanhando nas cordas e, quando tenta sair, fica completamente zonzo, como nessa proposta de baratear o valor do botijão de gás, fornecer dentaduras, quando se sabe que as finanças já não comportam tanta bondade.
Editorial: A morte de Juscelino Kubitschek.
A Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos(CEMODP) tem uma reunião programada para hoje, dia 14, aqui no Recife. Na pauta dos trabalhos, uma eventual abertura de nova investigação sobre a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek, oficialmente morto num acidente de automóvel em 22 de agosto de 1976, quando o seu motorista perdeu o controle do carro que dirigia e bateu numa carreta. Não é a primeira vez que se levantam dúvidas e suspeitas acerca das reais condições em que os dois morreram. Perito que realizou o laudo técnico do acidente aponta para uma situação surreal, onde o carro passa por um ônibus sem ser atingido, cruza uma mureta de proteção e vai se chocar com a carreta que vinha na outra via.
Há alguns anos atrás, não sabemos se esta mesma comissão, subordinada ao Ministério dos Direitos Humanos, chegou à conclusão que o educador Anísio Teixeira fora assassinado e só então os seus algozes preparam o terreno para simular um suposto acidente ocorrido com o baiano, que teria caído no poço de um elevador. Suspeita-se que situações assim podem ter ocorrido com outros desafetos dos militares, como o ex-presidente João Goulart, que era vigiado sistematicamente. Jango tomava remédio para pressão e alguém poderia de trocado o seu remédio. No caso de Anísio, refeito esses fatos, ficou configurado que ele fora realmente assassinado.
Essas ocorrências eram comuns naquele período nebuloso que o país atravessou - e alguns inconsequentes e irresponsáveis ainda vão às portas de quartéis pedirem intervenção militar - onde pessoas simplesmente "desapareciam". Alguns casos ganham notoriedade, outros nem tanto. Um dos casos mais recentes foi o relacionado à morte do poeta chileno Pablo Neruda. Depois de décadas de sua morte, a exumação e novas perícias sobre o caso indicaram que ele fora mesmo envenenado. Antes de morrer, o poeta comunista queixava-se aos amigos sobre remédios trocados e transferência para um hospital onde, supostamente, outros desafetos da ditatura chilena teriam sido assassinados.
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025
Editorial: Polícia Federal faz operação sobre desvios de emendas parlamentares em hospitais no Rio Grande do Sul.
É profundamente lamentável que tenhamos chegado a um estágio de degradação política onde as excrescências foram simplesmente banalizadas. Ontem comentávamos por aqui sobre a cruzada anticorrupção encetada pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal, o senhor Flávio Dino, envolvendo as concessões, finalidades, aplicação, e sobretudo a prestação de conta do dinheiro público que escoa pelo ralo dessas famigeradas emendas parlamentares. É uma pena - com graves prejuízos para o país - que os Três Poderes da República, por questões de picuinhas corporativas, não construam um consenso mínimo em torno deste o assunto. Pelo andar da carruagem política, sugere-se que eles preferem o enfrentamento e não o entendimento. Hoje, dia 13, a Polícia Federal realiza a Operação EmendasFest, no Rio Grande do Sul, onde há a suspeita de propinas cobradas para a liberação dessas emendas parlamentares. Mandados de busca estão sendo cumpridos, por determinação do ministro Flávio Dino. A propina de 6%, pasmem, estava prevista em contrato.
Há casos onde um único parlamentar teve liberado através do expediente dessas emendas o montante de R$ 60 milhões de reais. Ele deveria ser o primeiro a se preocupar rigorosamente com os mecanismos de transparência envolvendo o emprego desses recursos. O caso do DNOCS da Bahia ganhou repercussão internacional, no curso dos apontamentos da Ong Transparência Internacional, sobre os problemas persistentes de corrupção no país. Mais uma vez enaltecer as medidas saneadores tomadas pelo Ministro Flávio Dino, impondo critérios de transparência no uso desses recursos públicos. A questão crucial no trato dessa questão, como sugere que entende a Suprema Corte, não é uma questão de independência entre os Três Poderes. Está em jogo outra questão, de interesse público.
Tomamos conhecimentos de que o Ministro Flávio Dino está convocando várias autoridades dos Poder Legislativo e de órgãos do Executivo, com o propósito de discutir normas que disciplinem o tratamento dessas emendas. Há alguns anos atrás, um outro ministro da Suprema Corte já havia prenunciado que o sigilo sobre a concessão, liberação e prestação de contas dessas emendas depunham contra própria democracia.
Editorial: A crise dos correios.
Ali, já no final do Governo Bolsonaro, a Empresa de Correios e Telégrafos apresentava bons resultados em suas receitas. O projeto era privatizar a estatal, mas aí entraram aquelas questões que sempre envolvem tais processos, a começar pelos valores de avaliação, eventuais demissões de servidores, aumento de tarifas para os consumidores, entre outros fatores. Isso realmente precisa ser levado em conta, a começar pelos exemplos que temos observados em alguns desses serviços privatizados, principalmente aqueles relacionados a serviços essenciais, a exemplo de água, energia, transporte. O saneamento básico hoje, por exemplo, segue uma lógica inversa, ou seja, antes privados em alguns países, hoje volta a ser reestatizado. Não funcionou nas mãos da iniciativa privada.
Em São Paulo, a privatização dos cemitérios resultou em taxas abusivas para as cerimônias de adeus, com intervenção até mesmo do STF, que determinou que os preços praticados voltassem aos patamares de antes da privatização. Denuncia-se que as tarifas da Sabesp tiveram aumentos igualmente expressivos. Enfim, os Correios não foram privatizados, mas entraram numa espiral de equívocos e desmandos de dimensões preocupantes, resultando em queda na qualidade de serviços, atraso de salários dos servidores, insolvência gigantesca, maquiadas através de ginásticas com os números, numa explicação dada por membros do governo, que não convenceram ninguém.
Mesmo neste contexto, a estatal continua com sua política de patrocínios a eventos oficiais, instigando a ira dos seus servidores. Impõe-se a necessidade urgente de o Governo tomar as medidas cabíveis neste caso, ou seja, aquelas que possam imprimir diretrizes capazes de soerguer a estatal, melhorar os seus serviços, gerar superávit e, principalmente, honrar os compromissos com seus servidores.
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
Editorial: Lula não desiste do petróleo da foz do Rio Amazonas.
São recorrentes as divergências entre os próprios membros do Governo Lula3, que se encontra bastante dividido, por sinal. O caso mais recente é o do Ministro do Desenvolvimento e Segurança Alimentar, Wellington Dias, acerca de um suposto aumento do valor do Bolsa Família, algo que não teria sido acordado com a Casa Civil e, muito provavelmente, com Sidônio Palmeira, que, certamente escalaria o próprio morubixaba petista para dar a boa notícia. Em conversas com Lula, sugere-se que tudo foi devidamente esclarecido e Wellington Dias saiu prestigiando no cargo. Deve permanecer como ministro.
E, por falar em Bolsa Família, um levantamento realizado pelo site Poder360 constatou inúmeras irregularidades com o programa, inclusive o fato curioso, onde há cidades com mais beneficiários do que o número de moradias existentes. Os prefeitos alegaram dados defasados do IBGE para explicar essa mágica, uma vez que, pelo regulamento do programa, o benefício só pode ser concedido a um beneficiário por família. Agora o embate é entre o Executivo, leia-se o próprio Lula, e Rodrigo Agostinho, Presidente do IBAMA, no que concerne à licença para exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas.
Alguns estudos preliminares sugerem a possibilidade de grande quantidade de petróleo naquela área o que atiçou o interesse de empresas, políticos etc. Por outro lado, pareceres técnicos do órgão apontam para os riscos ambientais da operação de extração de petróleo no local. Pelo andar da carruagem política, com a área de meio ambiente do governo com o prestígio em baixa, sabe-se quem vai perder essa batalha, sobretudo se entendermos as dificuldades do governo Lula neste momento. Medo que faz é o Tio Sam resolver expropriar o território, onde a soberania dos países do continente vai até onde não interfira nos seus interesses. É bronca.
Editorial: A cruzada moralizadora de Flávio Dino.
Há quem sugira que, em algum momento, o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, possa voltar à política. É pouco provável, diante das atuais circunstâncias, onde ele está bem satisfeito no cargo que ocupa, tendo atingido o ápice de sua carreira jurídica. Se voltasse seria bem-vindo, afinal, o sistema político carece de homens com seu espírito público. No STF o ministro tem se notabilizado por sua cruzada moralizadora em relação ao uso dos recursos públicos. Merece nosso reconhecimento o trabalho desenvolvido pelo ministro no que concerne à necessidade de se estabelecer normas republicanas na concessão, destinação, finalidade e prestação de contas das emendas do orçamento.
Isso tem produzido algumas indisposições com o Legislativo, que considera uma ingerência indevida em suas atividades, mas não é este bem o caso. O que está por trás disso o brasileiro comum sabe o que é. As recomendações do STF no tocante a este aspecto foram modificadas pelo parlamento, não acatando o que havia sido determinado. O impasse permanece e tende a agravar-se, se considerarmos aqui os primeiros pronunciamentos dos novos dirigentes do Poder Legislativo, eleitos depois de assumirem compromissos de contraposição e enfrentamento, com os votos de uma bancada conservadora, com duras rusgas contra o Poder Judiciário.
No dia ontem, 12, a Polícia Federal indiciou juízes, desembargadores, advogados, todos envolvidos no escândalo de vendas de sentença no Maranhão. De sua poltrona no STF, Flávio Dino tomou medidas contra os supersalários do Poder Judiciário, assim como mostrou-se contrário ao pagamento dos penduricalhos retroativos, que inflam esses recebimentos a milhões de reais, pagos no contracheque dos beneficiários. Somente com as folhas regulares, acrescida, por vezes, com esses penduricalhos, o país possui o Judiciário mais caro do mundo. E os caras ainda vendem sentença...
terça-feira, 11 de fevereiro de 2025
Editorial: Socialistas desejam candidatura de João Campos ainda em 2026.
Na capital federal especula-se que a deputada Tabata Amaral pode ser indicada para o Ministério da Ciência e Tecnologia, em substituição a pernambucana Luciana Santos, que deverá assumir o Ministério das Mulheres. A especulação ganha força quando se sabe que a saída de Aparecida Gonçalves da Esplanada dos Ministério é dada como certa. Aqui na província, o alvoroço gira em torno, mais uma vez, sobre os planos do prefeito João Campos para as eleições de 2026. Ontem, dia 10, o prefeito teve um almoço com integrantes do grupo Coelho, de Petrolina, onde ficou ajustado o compromisso do União Brasil em apoiar o seu projeto político, caso se confirme tal candidatura.
Nas linhas e entrelinhas, fica praticamente assegurada a presença de um representante do clã dos Coelhos na chapa majoritária. Miguel Coelho, ex-prefeito de Petrolina e candidato ao Governo do Estado nas eleições de 2022, deverá ocupar uma das vagas em disputa ao Senado Federal. Lideranças locais e nacionais do PSB não deixam de inflar a carreira política do filho do ex-governador Eduardo Campos. Para o staff socialista, o prefeito não deve perder a oportunidade de candidatar-se, já em 2026, para o Palácio do Campo das Princesas. Para Siqueira, Presidente Nacional do PSB, é uma maneira de projetá-lo nacionalmente.
O reencontro dos Coelho com os Campo se dá num momento em que andou-se especulando sobre uma eventual reaproximação da família Coelho com a governadora Raquel Lyra, algo completamente descartado. Pelo andar da carruagem política, a candidatura de João Campos em 2026 está se consolidando. Quem ocupará a outra vaga em disputa para o Senado Federal? Uma grande incógnita, sobretudo se considerarmos o desgaste que o PT enfrenta neste momento.
Editorial: Guerra das taxações. Diplomacia é o melhor caminho.
Ontem, dia 10, o presidente norte-americano, Donald Trump anunciou sua intenção de taxar o aço e o alumínio brasileiro quando importando para os Estados Unidos. Respostas dadas sob o calor das emoções, quase sempre produzem efeitos negativos. Foi o que ocorreu com as autoridades monetárias brasileiras, equívoco logo desfeito após a reprimenda do presidente Lula, que, ponderadamente, advoga o caminho da negociação para enfrentar essa queda de braços com o presidente americano. Salvo melhor juízo, os Estados Unidos é o maior mercado consumidor desse produtos brasileiros. O caminho realmente é o da diplomacia, embora o próprio presidente Lula tenha se pronunciado de forma mais contundente sobre o assunto num momento anterior, quando concedia uma entrevista coletiva.
O mundo civilizado enfrentará um longo e tenebroso inverno com a ascensão desses atores ao poder. As pastas estão sobre a mesa e teme-se pelas novas assinaturas. Foram dadas algumas horas para o grupo terrorista Hamas revê sua posição de não dar continuidade ao processo de libertação de prisioneiros judeus, sob pena de se transformar a faixa de Gaza, mais uma vez, num inferno. O Jornal Nacional em sua edição do dia de ontem, 1o, traz uma longa matéria tratando da estratégia que está em jogo, onde cita o ex-assessor Steve Bannon. A ideia que está por trás é assinar três decretos polêmicos por dia e, enquanto a sociedade tenta se refazer do choque do primeiro, os dois outros já estão em andamento, ou seja, enquanto lamentamos pelo boi de piranha sendo devorado, boiada já passou. Tempos difíceis.
Essa mesma estratégia está incorporada ao escopo das manobras eleitorais da extrema direita. Usa-se a mentira contra os adversários, reproduzidas sistematicamente através das big techs, causando danos irreparáveis para as vítimas. Um vídeo malicioso contra as medidas do governo em relação ao Pix alcançou mais de 300 milhões de visualizações, uma população superior à brasileira. A extrema direita criou um mecanismo perfeitamente azeitado para materializar essa estratégia, enquanto as forças do campo progressista dormia o sono que produziu o monstro. O caminho para reequilibrar essas forças é longo, impossível de ser tratado num simples editorial.
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025
Editorial: Jair Bolsonaro será reabilitado politicamente?
Em política é possível dá nó em pingo d'água. Entendida como poucos, a exemplo de Marco Maciel, conciliador por princípio, que afirmava que a política era a arte do possível. Marco Maciel era o homem do denominador comum. Se foi possível ao presidente Lula recuperar seus direitos políticos , tornar-se Presidente da Republica depois de amargar um ano e sete meses de prisão, mesmo encrencado até a medula, seus apoiadores advogam e lutam para reverter a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ao longo de sua vida pública, Bolsonaro cometeu alguns sincericídios que podem tê-lo prejudicado irremediavelmente. Deu com os burros n'água e, certamente acendeu a luz amarela do sistema político. Não enxergamos muita chance de sua reabilitação política.
Bolsonaristas, simpatizantes e apoiadores possivelmente não comungam desta mesma tese. Há um esforço, em várias frentes, no sentido de construir as condições políticas que o viabilizem para disputar as eleições presidenciais de 2026. Neste sentido, com a mudança de nomes no comando do Legislativo, a tese passou a contar com o apoio de atores estratégicos, consoante apoios políticos negociados antes das eleições para aquelas Casas. Alguns movimentos de atores conservadores, cotados para a disputa presidencial de 2026, como é o caso do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, estão sendo pautados pela decisão do líder do bolsonarismo.
O momento é de muita tensão política, com o Executivo visivelmente enfraquecido. Pelo andar da carruagem política, o Governo Lula3 não se recupera até as eleições de 2026. Colheita mesmo somente se assegurarmos ao PT mais um mandato. Curioso que as "novas" estratégias de comunicação parecem voltar a bater na tecla da polarização política como única alternativa capaz de colocar Lula de novo na disputa presidencial.
Editorial: Miguel Coelho desmente reaproximação com a governadora Raquel Lyra.
Em vídeo que está sendo divulgado por um blog local, o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, desmente que esteja em curso uma reaproximação do grupo Coelho com o Palácio do Campo das Princesas. A notícia dando conta desta eventualidade se espalhou a partir de uma conversa mantida pelo ex-prefeito e a governadora Raquel Lyra. Miguel não nega o encontro, mas afirma que o gesto pode ser creditado às normas civilizadas de se fazer política, nada além disso. Na realidade, integrante do grupo Coelho já ocupa espaço na gestão municipal do prefeito João Campos, daí se justificar, em parte, as especulações em torno dessas novas movimentações.
Na realidade, nas eleições de 2022, a família Coelho engajou-se no projeto de reeleição de Raquel Lyra, contribuindo para a sua vitória na região do Sertão de São Francisco. Miguel Coelho, mesmo diante do capital político acumulado em virtude de sua experiência administrativa exitosa na cidade de Petrolina, não foi aproveitado no Governo. Bem preparado, com um tino gerencial peculiar, o jovem prefeito poderia dar uma grande contribuição importante ao estado. As picuinhas políticas, os arranjos que não levam em contra a competência técnica dos convidados conduzem a esta situação.
Miguel Coelho permanece onde está, cuidando do crescimento de sua legenda, o União Brasil e, se articulando para compor uma chapa que viabilize seu nome como candidato ao Senado Federal nas eleições de 2026. Com a ausência de um titular da pasta de Educação, especulou-se que o nome de Mendonça Filho poderia assumir o cargo, o que ele negaria mais tarde. Pelo andar da carruagem política, o União Brasil é hoje um partido bem mais próximo do Capibaribe do que do Campo das Princesas.
domingo, 9 de fevereiro de 2025
Editorial: Como o PT se arranja em São Paulo?
Salvo umas miudezas aqui e ali, algumas vaidades a serem administradas, a direita encontra-se em céu de brigadeiro em São Paulo. Pelo andar da carruagem política, possivelmente o candidato será o próprio governador Tarcísio de Freitas, com Flávio Bolsonaro e Guilherme Derrite como candidatos ao Senado Federal. Gilberto Kassab, do PSD, segundo comenta-se, desejaria ser candidato a vice, mas isso ainda não está definido. Guilherme Boulos ainda não se recuperou da ressaca das ultimas eleições municipais e, a rigor, nem ele mesmo desejaria essa nova aventura. Fernando Haddad, está apanhando mais do que o Judas durante a Semana Santa e os escores econômicos não são alvissareiros. Nada que recomende uma nova candidatura em tais circunstâncias.
O dilema do PT atinge uma dimensão gigantesca no maior colégio eleitoral do país. Se considerarmos o chamado cinturão paulista, onde existem várias cidades com o um eleitorado superior a um milhão de eleitores, o drama se repete. Na capital, a rigor, o voto da periferia foi fundamental para a vitória de Ricardo Nunes, o que pode parecer uma contradição. Marta Suplicy não assegurou o voto desses eleitores no candidato Guilherme Boulos, como se esperava. É uma tempestade perfeita. Conseguir um ator político que possa assegurar os percentuais de voto das eleições de 2022, fundamental para equilibrar o jogo da disputa em favor de Lula, trata-se de uma tarefa hercúlea.
Editorial: Crescimento dos evangélicos pode impedir reeleição de Lula em 2026.
O estudo é simples, mas denso, preciso e sobretudo preocupante. O site Poder 360 publica, no dia de hoje, 09, um estudo que deve trazer muita dor de cabeça ao Palácio do Planalto. Desde algum tempo o PT se envolveu num enrosco sem tamanho junto a um eleitorado que tem se tornado cada vez mais decisivo nas eleições do país: O eleitorado evangélico. O PT já fez de tudo para recuperar terreno junto a este nicho eleitoral, mas tudo se mostrou insuficiente para reconquistar a capilaridade do partido neste segmento do eleitorado. Como se sabe, em tempos idos, nos primórdios do PT, a relação era de outro padrão. Abrir espaço no Governo para seus representantes no parlamento? Fazer acenos específicos para o grupo ou capturá-los através da melhoria de indicadores econômicos, sem tanta especificidade, conforme alguns recomendam desde as eleições de 2022?
O fato concreto é que o hiato foi mantido desde então. Aliado a este fato, conforme aponta a pesquisa realizada pelo Mar Asset Management, há o agravante do aumento desse contingente eleitoral evangélico, algo capaz de impedir a eleição de Lula em 2026, caso o grupo mantenha-se refratário ao PT. Em 2022 os eleitores evangélicos perfaziam o índice de 32,1% do eleitorado total do país. Considerando-se o ritmo de crescimento, prevê-se para 2026 os escores de 36,7% do eleitorado, o que, na prática, mantida as atuais condições de rejeição ao petista, conforme aponta o estudo, seria suficiente para inviabilizar a sua reeleição.
Nem precisamos informar por aqui que a direita ou extrema direita sempre contou com maior simpatia entre este estrato do eleitorado. Reforça este prognóstico sombrio a queda de popularidade do petista, o que seria um outro grande dificultador do processo de reeleição. Estudos apontam que gestor com escores inferiores a 40% de ótimo e bom não se reelegem. Enquanto isso, a SECOM, hoje comandada pelo marqueteiro Sidônio Palmeira, faz um esforço concentrado para recuperar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Algumas investidas, como a dos bonés, não deram certo.