pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
Powered By Blogger

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Editorial: Os financiadores do golpe.



Mesmo com todas as evidências vindo a público, os bolsonaristas continuam com a sua narrativa negacionista em relação ao golpe de Estado urdido recentemente no país. No dia de 16 de março, estão previstas mobilizações populares em todo o país, pautadas pelo pedido de anistia aos envolvidos naqueles episódios. No início da semana foram divulgados diálogos cabulosos entre os golpistas, dando a dimensão da encrenca institucional a que o país estava sendo submetido. Ontem foi divulgada uma lista extensa com os nomes das empresas que estiveram envolvidos no financiamento daquelas tessituras, engendradas com propósito de pedir uma intervenção militar. Vídeos divulgados à época na frente dos quartéis mostravam que não faltaram os fardos de carnes e mantimentos para as refeições dos manifestantes. Será que tinha a famigerada picanha, que voltou a ser prometida pelo presidente Lula?

O ambiente se tornou tão "festivo" que passou a atrair vendedores, pedintes, que acabaram arrolados como participantes, fatos que só agora estão sendo devidamente esclarecidos, com suas penas extintas, depois de condenados. Toda essa agonia em torno do assunto é que a hora do ajuste de consta das instituições democráticas com seus conspiradores está chegando. Desde 2013 que país deixou de viver sob um clima de normalidade institucional. Isso permanece até hoje e deverá permanecer pelos próximos anos, caso medidas duras contra os conspiradores não sejam adotadas. Não dá para lidar com golpistas com tapinhas nas costas. 

Os áudios evidenciam o apoio dos militares favoráveis ao golpe às mobilizações organizadas em frente aos quartéis. Os fatos são graves e na mesma proporção devem ser tratados. Os órgãos de segurança e inteligência do Estado se transformaram em instâncias de arapongagem com o propósito de plantarem fake news contra desafetos e adversários da intentona golpista, conforme admitiu recentemente uma grande autoridade da República.  Preocupa o fato de o processo de assepsia implementado nessas agências terem sido tão pontuais, bem aquém do que seria necessário. 


Charge! Benett via Folha de São Paulo.

 


Charge! Aroeira via Facebook.

 


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Drops Político: Bolsonaro desembarca no Recife.

Crédito da Foto: David de Queiroz, Folha de Pernambuco. 


O ex-Presidente da República, cumpre agenda no dia de hoje, 24, em Pernambuco. Depois do desembarque no Aeroporto Internacional dos Guararapes, toma o café da manhã numa padaria conhecida em Boa Viagem - espécie de quartel-general do bolsonarismo - segue para Carpina, onde acompanha a moagem da safra de cana-de-açúcar e, depois, segue para a terra do escritor Osman Lins, Vitória de Santo Antão, onde recebe o título de cidadão do município, concedido pela Câmara Municipal. O bolsonarismo é forte em Pernambuco, mas, mesmo assim, o pessoal do MTST não se intimidou e realizou uma manifestação de protestos contra a sua visita nas proximidades do aeroporto. Em entrevista, o ex-presidente afirmou que não abre de sua candidatura para ninguém. O candidato do espectro conservador é ele mesmo. 

Editorial: Kassab reafirma que Tarcísio de Freitas não será candidato à Presidência da República em 2026.

Crédito da Foto: O Globo. 


Em algum momento, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, será candidato à Presidência da República. Talvez o timing correto não seja mesmo 2026, como sugere o Presidente Nacional de PSD, Gilberto Kassab, hoje um dos observadores mais privilegiados da cena política brasileira. Dizem os analistas que se trata, na verdade, do grande guru político do governador. Tarcísio estava até entusiasmado com o projeto, mas sempre estabelecia a condição de o ex-presidente Bolsonaro determinar se seria o momento certo. Se Bolsonaro saísse candidato, ele aguardaria mais um pouco. As chances de Bolsonaro sair candidato são pequenas, quase inexistentes, mas, mesmo assim, ele pretende manter sua influência política no processo sucessório das eleições de 2026, optando por outro nome, de preferência escolhido dentro do seio familiar. 

Quem reúne as melhores condições hoje é a sua esposa, Michelle Bolsonaro, que ainda não conta com o sinal verde da família, que prefere fazê-la senadora pelo Distrito Federal. É curiosa essa resiliência eleitoral da ex-primeira-dama. Ela pode não ter a preferência dos caciques do PL, mas é a mais competitiva neste momento. Michelle, inclusive, tem um desempenho melhor do que o de Tarcísio de Freitas e outros postulantes que já colocaram o time em campo, a exemplo do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, ancorado nos bons índices do estado no quesito da segurança pública, um problema que atormenta os eleitores brasileiros de todos os quadrantes. 

Hábil, Kassab costura e alinhava em todos os campos, dentro e fora do partido, em São Paulo e na capital federal. Não perde um lance. Já teria ajustado a participação do seu partido na sucessão paulista para 2026, seja para a prefeitura, seja para o Governo do Estado. Na ausência do nome de Tarcísio na chapa, trabalha para o crescimento do nome do governador do Paraná, Ratinho Júnior, como candidato à Presidência da República. Em Brasília, o seu PSD deverá obter uma participação mais efetiva na Esplanada dos Ministérios. N nenhum ponto solto. 

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo.

 


Editorial: As vozes do golpe.



O furto ou roubo de celulares, geralmente, não estava no escopo das atividades do crime organizado até recentemente. Era algo relacionado a marginais avulsos, que depois os utilizavam para praticar outros crimes a partir das informações obtidas com o aparelho, além de comercializá-los através das lojas clandestinas de conserto e vendas desses celulares ou peças, como aquelas existentes na Cracolândia, em São Paulo, recentemente desbaratadas pela polícia. Um processo muito semelhante à atuação de alguns ferros velhos, que acabam comercializando peças de automóveis ou motos roubadas, depois dos desmontes. Recentemente ficamos sabendo que o crime já passa a integrar o cardápio das atividades de grupos organizado em algumas praças do país. Na realidade, como eles atuam no roubo de cargas, eventualmente essas cargas podem conter carregamento de aparelhos celulares. A novidade aqui é a atuação no varejo, possibilidade que surgiu a partir do trágico latrocínio de um jovem ciclista numa rua de um bairro de São Paulo, fato que atingiu repercussão nacional. 

Sob alguns aspectos, esses aparelhos, que representam alguns avanços incontestáveis de tecnologia de comunicação - há algum tempo deixaram de ser apenas isso - estão representando um verdadeiro problema para o sistema emocional e educacional dos jovens. Já existem alguns estudos sérios apontando os danos psicológicos, educacionais  e sociais para a juventude. Grampeados e periciados, por outro lado, eles são hoje peças importantes em inquéritos policiais, investigações criminais e coisas do gênero. Assim, eles estão se tornando um verdadeiro tormento para os atores que estiveram no epicentro da trama golpistas mais recente ocorrida no país. 

Mesmo quando as mensagens são apagadas, algumas delas permanecem e podem ser extraídas dos aparelhos, comprometendo seus autores. No curso das investigações da PF, as vozes do golpe estão jogando luzes sobre as "tratativas autoritárias" daqueles que tramavam contra as nossas instituições democráticas. Soubemos recentemente que o Estado pretende reconhecer a atitude corajosa, honrada, de respeito à Constituição dos então Comandantes do Exército e da Aeronáutica. Justo o reconhecimento. Pelas declarações do tenente-coronel Mauro Cid, no curso das investigações sobre a trama golpista, a não adesão desses dois comandantes foi de fundamental importância para a não materialização de mais uma aventura golpista no país. 

domingo, 23 de fevereiro de 2025

Editorial: Nísia Trindade deve deixar o Ministério da Saúde.



Segundo o jornal Folha de São Paulo, o hoje Ministro da Articulação Política, Alexandre Padilha, deve assumir o Ministério da Saúde, em substituição a Ministra Nísia Trindade. Em postagem no Portal UOL, o jornalista Josias de Souza, fazendo justiça, lembra o tempo em que a ministra esteve se defendendo dos petardos atirados pelo Centrão, que tinha olhos gulosos sobre as verbas daquela pasta, sugerindo indicar um preposto para gerir as emendas que estão relacionados ao órgão. A Saúde concentra o maior orçamento entre os ministérios. De fato sim. Por aqui mesmo tivemos que nos manifestar inúmeras vezes em defesa da ministra, identificada com os anseios dos grupos mais autênticos da legenda, assim como com os setores progressista da sociedade brasileira. Dizíamos sempre que Nísia Trindade era coisa nossa. Era da cota dos eleitores mais autênticos entre aqueles que elegeram Lula. 

O Centrão, aliás, na realidade, nunca deixou de lançar os olhos grandes no órgão. E não se trata, como bem afirma o jornalista, em alguma preocupação com a saúde dos brasileiros. As preocupações são de outra natureza. Agora mesmo, por ocasião da reforma ministerial, diante do torniquete político que a oposição aplica ao Executivo, cogitou-se de alguém do Centrão vir a ocupar a pasta. Nesta segunda-feira, 24, o presidente Lula deve ter um encontro com a ministra, onde deve anunciar que não a deseja mais no cargo. Infelizmente.  Somos daqueles que defendem o Fica, Nísia!

Alexandre Padilha já esteve à frente da pasta em outro momento. Sua gestão transcorreu sem muitos sobressaltos. É médico de formação, um requisito que era muito cobrado em relação a Nísia Trindade. Se o presidente Lula mantivesse tal critério para nomear seus ministros, muita gente não estaria ocupando a vaga de estacionamento exclusiva da Esplanada dos Ministérios. Lula está fazendo a reforma a conta gotas, produzindo grandes expectativas em torno do assunto. Uma delas é o desmembramento do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Vamos aguardar. 

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo.

 


Editorial: O PT precisa reencontrar-se com a periferia.



Em encontro recente, por ocasião das comemorações dos 45 anos do Partido dos Trabalhadores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a tratar do tema nevrálgico das redes sociais. O tema é polêmico, as opiniões são divididas sobre o assunto e, por mais que nos esforcemos por aqui no sentido de defender a necessidade de impor regras de regulação àquele ambiente virtual de licenciosidades e irresponsabilidades, isso soa sempre como flerte com a censura entre os que pensam de forma divergente. Como a construção de consensos mínimos tornou-se uma missão impossível num país esgarçado pela polarização, vamos em frente. 

O PT baixou a guarda em alguns aspectos e o ambiente das redes sociais foi um deles. Por incrível que isso possa parecer hoje, em alguns momentos o partido manteve um certo equilíbrio nas redes sociais em relação aos seus adversários. Em relação aos evangélicos, outro problema. A distância do partido com esse nicho eleitoral está se tornando abissal, cada ano maior, o que, segundo alguns estudos, por si só, pode inviabilizar os planos de um quarto mandato para Lula em 2026. Independentemente dos investimentos pesados em comunicação institucional pelas redes, contratação de especialistas, mantidas as regras do jogo da competitividade, o PT não ganhará essa guerra. 

Uma das lições elementares do livro A Arte da Guerra, de Sun Tzu, é aquela que diz que quando a gente não se conhece nem conhece o inimigo, perdemos todas as batalhas. Ao completar 45 anos, o PT não se conhece mais. Criou-se um hiato entre uma burocracia governante e seus partidários, filiados e apoiadores. Esta elite dirigente comporta-se como os intelectuais em suas torres de marfim, afastadas dos reais anseios da população. Onde já se viu sugerir trocar o ovo de galinha pelo ovo de ema? A bandeja com trinta ovos, a opção básica de proteína dos mais necessitados, custa hoje R$30 reais nos supermercados. Ah que saudade da kombi do ovo, com aquela musiquinha de 9 e 99, que fazia um bem danado aos ouvidos. Aos ouvidos e ao bolso, que é a nossa parte mais sensível. Lula, que antes tinha tanta intimidade com essa sensibilidade, parece hoje anestesiado. É curioso que, como aqui no Recife há muitas favelas e elas estão em todos os bairros, você pode ouvir a música da kombi do ovo do Coque ao bairro de Casa Forte. 

O expressão de que o PT precisa reatar o diálogo com a periferia foi ouvida durante o momento da fala de Lula, que está sendo instigado pelo ex-ministro José Dirceu a se posicionar sobre a sucessão na legenda, que está dividindo paulistas e nordestinos. O partido está tão perdido nessas brigas internas que chega a sugerir que o nome de Edinho Silva não seria bem-vindo, uma vez que o PT vai mal em São Paulo. Não seria o contrário. Este não seria o momento de fortalecer o partido num dos redutos eleitorais mais importantes do país? Onde a extrema direita montou o seu bunker? 

Charge! Aroeira via Facebook.

 


sábado, 22 de fevereiro de 2025

Charge! Renato Aroeira via Facebook.

 


Editorial: Os conselhos de José Dirceu a Lula.



O jornal O Estado de Minas trouxe uma matéria onde informa que, recentemente, o ex-Ministro da Casa Civil, José Dirceu, que prepara seu retorno à política, manteve uma conversa com o marqueteiro Sidônio Palmeira, hoje o homem forte da comunicação institucional do Governo Lula3. Já havíamos antecipado por aqui sobre a manobra ardilosa do morubixaba petista, com o objetivo de deixar o caminho livre na sucessão do PT, que se aproxima. Lula não esconde de ninguém sua preferência pelo nome de Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara. Assim, abriu as portas da Esplanada dos Ministérios para a deputada federal Gleisi Hoffmann, que preside a legenda, certamente com a finalidade de minimizar a sua influência na sucessão partidária, uma vez que Gleisi se alinha àqueles que desejam um nome do Nordeste no comando do PT. 

Na matéria do jornal, Joé Dirceu adverte que a questão não é tão simples assim, exigindo uma interferência mais direta de Lula, sob pena do agravamento da luta interna da legenda, uma vez que ganha corpo a tese de um nome do Nordeste, sobretudo em razão da fragilidade do partido em praças como São Paulo.  Mesmo enfrentando algumas agruras durante um determinado período de sua vida, José Dirceu sempre se manteve antenado sobre a conjuntura política do país e a dinâmica interna do Partido dos Trabalhadores, que ele conhece como ninguém.  Continua sendo um grande conselheiro. Faz todo sentido o diálogo de Sidônio com ele. 

Não acreditamos que os problemas que o partido enfrenta hoje possam ser atribuídos às questões regionais. É algo mais complexo. Por outro lado, um racha na legenda nas atuais circunstâncias seria desastroso. É o momento de agregar, somar esforços. Neste sentido, a observação de José Dirceu é procedente. 

Editorial: Lula critica o preço do ovo.



Ainda bem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi mais comedido desta vez e não sugeriu aos brasileiros substituírem os ovos de galinhas por ovos de patos ou mesmo de emas, que gerou até mesmo um acionamento à Controladoria-Geral da República, no sentido de averiguar, junto ao Palácio do Alvorada, se, de fato, esses ovos estão integrando o cardápio do presidente Lula, o que, na percepção do deputado que fez o requerimento de informações, poderia ferir alguns princípios  inerentes de preservação de animais silvestres.  A postura assumida pelo presidente Lula neste momento é a correta. Ele precisa trabalhar e tomar medidas que impeçam a elevação do preço do produto, tornando-o acessível à mesa dos brasileiros. 

Sem a picanha e o filé mignon, o ovo é uma das poucas fontes de proteínas que chegam - ou chegavam - à mesa dos brasileiros mais fragilizados socialmente. A musiquinha de R$ 9 e 99, preço da bandeja com trinta ovos, bradada à exaustão pela Kombi do ovo, precisa ser ouvida novamente. Fala-se oficialmente que o produto teve uma alta de 70%, o que já é um absurdo, mas ele está sendo vendido nos supermercados até por R$30 reais. Não há dúvidas de que, neste ritmo, o ovo será o grande vilão do processo inflacionário que ronda a mesa dos brasileiros e brasileiras. Nem o café teve um aumento tão expressivo, embora seja igualmente popular. Quem ignora a oferta de um cafezinho? 

O Ministro Fernando Haddad anunciou a liberação de um crédito suplementar da ordem de R$ 4 bilhões para o Plano Safra. É um contorcionismo complicado como isso será viável, na medida em que os problemas com os créditos para  o setor do agronegócio estariam relacionados a não aprovação do orçamento pelo Legislativo, segundo suas explicações. Vamos aguardar que a questão dos subsídios sejam retomadas. Do contrário isso teria implicações diretas na oferta de produtos agrícolas e, consequentemente nos seus preços, alimentando o apetite do dragão da inflação.  

Editorial: Agora vai. Partido da Causa Operária critica acusação contra Bolsonaro.


Do ponto de vista técnico, o que é sempre possível, após a consulta aos universitários, alguns órgãos de imprensa estão levantando algumas ponderações acerca das acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Soma-se a isso uma indisfarçável simpatia por agendas conservadoras que pretendem retomar o poder no país. A nossa grande mídia sempre esteve comprometida com esses interesses. Desde 1964, para sermos mais precisos. Portanto, nenhum estranhamento por aqui. O que estranha mesmo, por inúmeros motivos, é que um partido considerado da extrema esquerda do espectro político, a exemplo do Partido da Causa Operária, o PCO, se posicione criticamente à acusação formulada pela Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. 

Paulo Pimenta se manifestou pelas redes sociais em torno do assunto, defendendo a tese de que a acusação é uma farsa, inconsistente e não vai dá certo. É curioso como as teses defendidas pelo PCO são convergentes com as inúmeras correntes conservadoras ou de extrema direita do país que saíram em defesa do ex-presidente. Mesmo surgindo de um partido com as características do PCO. Isso chama a atenção, por alguns motivos. Por outros, nem tanto, uma vez que o Partido da Causa Operária já é um partido institucionalizado, participa do jogo da democracia representativa burguesa em todo o país. Nas últimas eleições municipais eles apresentaram às urnas seus postulantes às prefeituras, às câmaras de vereadores. 

Rui Costa aponta, em matéria publicada no site Poder360, que considera a hipótese de o bolsonarismo apenas crescer no país, na contingência de uma condenação, que sugere-se iminente. Vamos aguardar o rumo dos acontecimentos, embora estejamos hoje navegando em águas turvas do ponto de vista institucional. É torcer que as nossas instituições democráticas sobrevivam às investidas autoritárias. 

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Editorial: Controladoria-Geral da União é acionada para saber se Lula come ovos de ema.



Este é um daqueles assuntos para serem tratados nas nossas crônicas do cotidianos. O país mergulhado numa crise institucional sem precedentes, com dificuldades de governabilidade, sob a ameaça do dragão da inflação, e, eis que surge um requerimento à Controladoria-Geral da União para investigar se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está comendo ovos de ema, conforme ele sugeriu recentemente, por ocasião de sua visita ao estado do Pará. O presidente, inclusive, durante a sua fala, explica que perguntou se poderia comer os ovos e teria recebido o sinal verde. Lula fez uma ginástica linguística muito infeliz, acreditamos que já em cima da tese da substituição de alguns alimentos por outro. 

Sidônio deve ter colocado as mãos na cabeça neste momento, mas o presidente estava numa daquelas ocasiões em que ninguém consegue por um freio em suas narrativas. Com a fala, o presidente amplificou o equívoco cometido durante a sua passagem pela Bahia, onde fez uma análise correta de uma situação, mas foi mal interpretado e o que conta, na hora de se checar a popularidade, é o ser mal interpretado. É como a narrativa sobre a taxação do Pix. A contrainformação do Governo foi rigorosamente engolida pelo vídeo do parlamentar Nikolas Ferreira, integrante da oposição. Mais adiante, em comentários sobre o aumento dos combustíveis e o preço do gás de cozinha, Lula afirmou que bebia álcool e não gasolina. 

A oposição, ativa como está, por ocasião da divulgação do relatório da Procuradoria-Geral da União, aproveitou o momento para dizer que a arapuca para pegar Lula seria duas garrafas de cachaça e uma fatia de limão. Até um ex-presidente tirou sua casquinha. Sidônio até que se esforça, mas sugere-se que o presidente irá continuar oferecendo mote à oposição. A solicitação do parlamentar diz respeito às questões ambientais, pois a ema e o jabuti são animais silvestres. Na fala o presidente Lula também sugere que a jabota está pondo ovos e ele estuda a possibilidade de comê-los também. 

Editorial: Governo corta subsídios para o Plano Safra de 2025.

                      


Quando o déficit público atinge o teto, a recomendação básica é usar a tesoura para cortar os gastos. É uma recomendação elementar, que se aplica tanto a governos quanto às famílias. Corta-se o supérfluo. A questão aqui é identificar corretamente onde a tesoura deve atuar, sob pena de, mais à frente, produzir maiores estragos. O Governo Lula nunca teve uma relação harmoniosa com o agronegócio, um setor da economia que sempre se identificou eleitoralmente com o bolsonarismo. Gestos por parte do governo nunca faltaram, mas eles nunca foram bem recebidos pelo setor. Nas grandes feiras ou encontros do agro, o ex-presidente Jair Bolsonaro é sempre o peão mais festejado. 

Independentemente de tudo isso, um fato a ser considerado é que estamos tratando aqui de um dos setores mais pungentes da economia brasileira. Picuinhas políticas fora, é de se estranhar, portanto, o anúncio de que o Governo Lula3 esteja cortando os subsídios dos empréstimo para o setor em 2025, o que deverá contingenciar os produtores rurais a contraírem empréstimos privados sem subsídios, que devem se refletir na produção e, consequentemente, nos preços dos produtos nas gôndolas dos supermercados. Cálculos indicam que esses subsídios representaram algo em torno de R$ 400 bilhões em 2024. 

Algo sugere que o Governo Lula3 está realmente perdido. Perdeu o prumo. A bandeja com 30 ovos, que a kombi do ovo costumava anunciar por R$9, 99, já pode ser adquirida por R$ 30 reais nos supermercados. Foi o café, num primeiro momento, agora é o ovo, um item básico, de primeira necessidade, que salva a proteína das camadas sociais menos favorecidas, onde o Governo Lula3 está perdendo popularidade. A picanha prometida continua cada vez mais distante e o ovo não tem substitutos. 

Charge! Jaguar via Folha de São Paulo.

 


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Crônicas do Cotidiano: A revolução dos bichos na Paraíba.



Conhecedor de nossas preferências pela literatura distópica, um colega nos indicou alguns livros do escritor norueguês, Knut Hamsun, segundo ele, mais distópico do que Franz Kafka. Não conhecia Knut Hamsun até então. Para compreender a eventual origem dessa literatura de caráter distópico do escritor tcheco, normalmente, procurávamos ler os textos dos escritores que tiveram alguma influência sobre Kafka, a exemplo de Robert Walser, que tem apenas um livro publicado no país, O ajudante.  Aprende-se muito com Walser porque ele foi uma espécie de escritor para escritores. Pena que, internado num hospital para tratamento de indivíduos com transtornos mentais, deixou de escrever. 

Um episódio inédito ocorrido no estado da Paraíba, no entanto, contingenciou-nos a reler George Orwell, para além do clássico 1984. Assim, enveredamos pela leitura de Na Pior em Paris e Londres, onde Orwell relata as agruras a que fora submetido na cidade luz, quando estava desempregado, morava numa pensão e chegou a passar fome nos momentos mais críticos, relatando a sensação de uma salivação grossa na boca, que ele viria a constatar, posteriormente, tratar-se de algo comum entre as pessoas que são submetidas a essas condições extremas. Mesmo em condições tão adversas, Orwell relata a existência de um porão existente na pensão, onde os moradores se reuniam, que, segundo ele, nem os melhores pubs ingleses conseguia superar em termos de alegria. 

Curioso que, diferentemente de Ernest Hemingway, que, construiu sua carreira literária na Paris da década de 20, Orwell não faz referências às suas aprendizagens literárias, o que mostra que, em tais condições, é difícil o sujeito pensar em literatura. Suas referências são a tentativa frustrada de pescar no Sena; lanchar pão com alho nos jardins parisienses, sob os olhares dos jovens que faziam seus picnics; as ruelas que não entram nos roteiros dos turistas; as casas de penhores, onde precisava deixar seus pertences para obter alguns trocados para as refeições e o pagamento do aluguel da pensão. 

Rebento de classe média alta americana, Hemingway não encontrou essas dificuldades em Paris. Mantinha uma rede de pessoas bem relacionadas, ligadas às livrarias, editoras, escritores já consagrados, o que contribuiu para a alavancagem de sua carreira de escritor. Paris, na realidade, deu régua e compasso à carreira literária de Hemingway. Orwell sequer faz referência a Montmartre, considerado o bairro dos artistas, escritores e boêmios da cidade. 

Mas, voltemos ao caso da Paraíba, para não nos perdermos nas divagações. Naquele estado, o Juizado Especial da Fazenda Pública, aceitou que o cachorro, que atende pelo nome de Pelado, seja o autor de um processo contra agentes públicos que o atenderam numa clínica veterinária do município. O fato nos trouxe à memória a fazenda onde é ambientada a fábula A Revolução dos Bichos, de George Orwell, onde o escritor inglês faz uma crítica aos descaminhos da utopia do socialismo real. 

Charge! Laerte via Folha de São Paulo.

 


Editorial: A peça de Paulo Gonet.



A Procuradoria Geral da República, representada pelo procurador Paulo Gonet, entregou ao Supremo Tribunal Federal a peça acusatória contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, imputando-lhes a condição de ter, supostamente, atentado contra as instituições democráticas do país. Não se fala noutra coisa desde então. O que está sendo julgado, neste momento, é o calhamaço de 272 páginas que compõe a denúncia contra os trinta e quatro implicados numa tentativa de golpe no país. Do ponto de vista técnico ou jurídico sugere-se algumas inconsistências no relatório da PGR, mas, de uma maneira geral, o julgamento é conduzido pelas paixões políticas. Para os petistas, há provas mais do que suficientes para condenar o ex-presidente por uma tentativa de golpe de Estado, assim como para os partidários do ex-presidente, a acusação é uma peça de ficção, elaborada sob o viés político. 

Por outro lado, possivelmente com o intuito de sanar dúvidas ou evitar as especulações em torno do assunto, o Ministro Alexandre de Moraes, do STF, quebrou o sigilo dos depoimentos do tenente-coronel Mauro Cid, no curso das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado no país. Hoje, dia 20, um jornal traz detalhes do acordo de delação premiada celebrado entre o militar e a Polícia Federal. O jornal desce às nuances sobre o que foi exigido pelo militar, mas preferimos não expor por aqui. Se há questionamentos sobre a formulação da acusação por parte da PGR, como questionar o que está dito no relatório da delação premiada, proferida por um dos atores que esteve no epicentro daqueles acontecimentos? 

Há riqueza de detalhes sobre a tessitura da  trama golpista, que previa uma sobrevida de 30 anos de trevas e obscurantismo para o país. Cid fala do posicionamento dos atores envolvidos; porque algumas manobras não deram certo; quem se contrapôs ao intento golpista; quem estaria financiando a intentona. O que consideramos interessante é que golpistas contumazes, na hora do aperto da justiça, negam veementemente que tenham aspirações ao regime de exceção. Golpistas se tornam inocentes defensores da democracia. Ai de nossa democracia se depender dessa gente. E, por falar em calhamaço, o general da linha-dura, Sylvio Frota, deixou um livro com 500 páginas escritas sobre o que ele chamava de "Revolução de 1964". Por mais que discordemos dele, neste caso, havia pelo menos algum vestígio de coerência.  

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Editorial: Ministério da Segurança Pública para o Centrão?



Geralmente, o Centrão só desembarca de um governo quando recebe uma proposta melhor. São essencialmente fisiologistas e pragmáticos. Portanto, merece cautela essas especulações de que algumas lideranças do grupo já sinalizam com a possibilidade de desembarcarem do Governo Lula3, mesmo diante das adversidades que o governo enfrenta. Tudo está preocupantemente instável lá pela capital federal. A apreensão é maior em se sabendo sobre a condição de fragilidade de nossas instituições democráticas, na contingência de punir golpistas de alto coturno; com um Executivo fraco, cujo líder tem serias dúvidas sobre se reunirá as condições mínimas para uma nova candidatura. 

No horizonte, nenhum nome do campo progressista que esteja no páreo para 2026, enquanto no campo conservador - eles detestam o termo extrema direita - pululam candidaturas, todas com efetivas chances de disputa para as eleições presidenciais de 2026. O campo democrático e progressista, neste momento, encontra-se sensivelmente fragilizado. Hoje se especula sobre a eventualidade do desmembramento do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ricardo Lewandowski permaneceria no Ministério da Justiça, enquanto a Segurança Pública seria entregue a alguém do Centrão. Podemos até imaginar quem eles vão indicar, depois de consultada a Bancada da Bala, naturalmente. 

Vocês conseguem dimensionar o que isso vai significar, caso se confirme tal hipótese? Trata-se de um desmonte em gênero, número e grau de toda uma política de humanização e reconhecimento de direitos humanos que estão em andamento no Ministério da Justiça, voltadas à população encarcerada do país. A lógica do Centrão para área vai estar afinada com as políticas prisionais implementadas em El Salvador por Nayib Bukele. 

Editorial: Raquel Lyra pode não acompanhar o voo tucano.


As movimentações no ninho tucano têm sido curiosas e, por incrível que possa parecer, não se trata dos movimentos famosos de aves em processo de desmame, mas de aves bem-criadas, dos tucanos de bico fino, que devem definir os rumos da legenda em voos para outras paisagens, de preferência em condições ideais de nidificação.  Em princípio, eles poderiam se abrigar no PSD, depois cogitou-se o MDB e, agora, o destino parece ser mesmo o Podemos. Em meio a esses planos de voo dos tucanos, sempre questionamos por aqui qual seria o destino da governadora Raquel Lyra. Entendíamos que ela deveria acompanhar os caciques da legenda, que sempre tiveram um grande apreço pela governadora, embora soubessem de suas divergências com o partido, principalmente no tocante à relação com o Governo Lula. 

Compreendíamos, então, que ela seguiria o voo dos antigos companheiros(ops!) de legenda. Essa hipótese hoje não está confirmada. Tucanos de bico fino, a exemplo do ex-senador Aécio Neves, afirmam gostar da governadora, mas entende que ela está livre para seguir o rumo que desejar. A fusão com o Podemos parece estar sendo bem costurada, sem muitos fios soltos, como ocorrera com as costuras com o PSD e o MDB. São arranjos paroquiais que atrapalharam as negociações. Em Minas, relacionados aos planos eleitorais de Aécio Neves, onde o fortalecimento do PSD no estado não seria interessante. Em Goiás, terra do Presidente Nacional da legenda, Marconi Perillo, o problema é o MDB estadual. 

Um postagem nossa tratando de uma eventual migração da governadora para o MDB causou ampla repercussão aqui pelo blog, sem um motivo aparente. Naquele momento, considerávamos que, numa fusão com o MDB, a governadora nem precisaria se mexer. Permanece o suspense, então, diante dos fatos narrados acima. 

Charge! Angeli


 

Charge! Renato Aroeira via Facebook.

 


Charge! Pedro Vinício via Folha de São Paulo.

 


Editorial: PGR apresenta denúncia contra Jair Bolsonaro.


Até recentemente, depois de um encontro com apoiadores no Congresso, uma repórter perguntou ao ex-presidente se ele se sentia tranquilo. Ele devolveu a pergunta a repórter, questionando-a sobre se ele estaria com cara de preocupação. Num enrosco como este, na realidade, tranquilo ninguém fica. Não é uma situação confortável a justiça fungando no congote de ninguém. Ainda no dia de ontem, 18, com ampla repercussão na imprensa, a Procuradoria Geral da República apresentou ao STF a denúncia contra o ex-presidente, assim como outros 34 implicados na tentativa de golpe de Estado. Neste contexto, o indivíduo sofre duplamente. Enquanto o processo está rolando e depois, a depender do veredicto. 

Tanto isso é verdade que a sua defesa já aponta a inconsistência das denúncias, baseadas, segundo eles, numa única fonte, a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, que eles solicitaram acesso. Com as encrencas jurídicas assumindo contornos preocupantes, restou ao ex-presidente procurar uma saída política para o seu impasse. Se empenha pessoalmente no sentido de viabilizar a anistia aos implicados no 08 de janeiro. Tem conversado com apoiadores, partidos políticos e promete uma grande mobilização para o dia 16 de março na Paulista, pautada por essa questão. 

Bolsonaro continua um candidato competitivo nas urnas, de acordo com a última pesquisa de intenções de voto realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas, onde já desponta à frente de Lula. O Governo Lula3 passa pelo seu pior momento. Os esforços do Planalto para estancar a sangria de impopularidade não estão sendo suficientes, a economia não vai bem e, agora, os questionamentos sobre a atuação da primeira-dama no Governo, que estão sendo judicializados. 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Editorial: Debacle de Lula já aparece nas pesquisas de intenção de voto.


Nos próximos dias a PGR deve apresentar ao STF a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Há muitas expectativas em torno do assunto. Até mesmo o diálogo que o presidente Lula pretende manter com os ministros do STF sofreu alterações para que se evitem as especulações em torno do caso. Há uma possibilidade concreta de o ex-presidente ser preso. Bolsonaro, no entanto, se movimenta com naturalidade, conversa com aliados, janta com senadores da oposição, enquanto se prepara para as mobilizações que estão programadas para o dia 16 de março. Até sugestões ele tem feito aos partidários, considerando que a agenda da mobilização deva se concentrar no pedido de anistia aos envolvidos no 08 de janeiro e não sobre o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

O governador Tarcísio de Freitas, sondando o terreno diante do céu de brigadeiro das forças conservadoras - eles abominam a expressão extrema direita - se entusiasmou e disse que topa a parada, desde que o capitão o apoie. Jair Bolsonaro já disse que o candidato é ele e, a despeito do tamanho da encrenca, alimenta a expectativa de recuperar seus direitos políticos para as eleições de 2026. Apesar de todos os problemas de popularidade do Governo Lula3, ainda assim, o morubixaba petista ostentava a liderança nas pesquisas de intenção de voto. Hoje, não mais. A última pesquisa do Paraná Pesquisas aponta que ele teria dificuldades se as eleições fossem hoje. Perderia para o casal Bolsonaro nas simulações do instituto. 

A conjuntura política é sensivelmente adversa para o Palácio do Planalto hoje. As pesquisas de avaliação de gestão, onde Lula perdeu 11 pontos, já estão se refletindo nas pesquisas de intenção de voto, com a naturalidade das águas do rio que correm para o mar. Nosso sistema político enfrenta um nó-cego. Bolsonaro preso, até onde vão as mobilizações dos bolsonaristas? Bolsonaro no páreo, quem seria o nome competitivo das forças do campo democrático e progressista? Nossas instituições democráticas teriam os amortecedores suficientes para sobreviver a esses solavancos? 

Charge! Benett via Folha de São Paulo.