sexta-feira, 23 de agosto de 2013
José Luiz Gomes: Por que os últimos protestos no Recife incomodaram tanto?
Não costumo acompanhar os noticiários da Rede Globo, mas tive a curiosidade de observar sua cobertura local sobre os últimos protestos ocorridos no Recife. Sem nenhuma surpresa, a edição dos noticiários correspondeu exatamente ao que se esperava, ou seja, uma ação deliberada no sentido de desacreditar os manifestantes, adjetivando-os de vândalos, bardeneiros, depredadores do patrimônio público ou coisa afins. Em nenhum momento seus repórteres invocaram sobre o que estava em jogo, ou seja, reinvidicações legítimas de uma população cujos direitos estão sendo aviltados pelo Estado. Para completar o circuito, uma longa entrevista com os responsáveis pela Segurança Pública do Estado, "tranquilizando" o establismment sobre as providências que deverão ser adotadas no sentido de coibir a ação desses "baderneiros". Na realidade, a Segurança Pública do Estado vem batendo cabeça no que concerne a essa questão. Sinceramente, desejo todo o equilíbrio ao governador Eduardo Campos, neste momento, para manter a situação sob os rígidos padrãos do estado de direito. Muito calma nessa hora para a carruagem não sair dos trilhos, reproduzindo o que vem ocorrendo no Rio de Janeiro, onde o prestígio do governador Sergio Cabral ficou mais baixo do que poleiro de pato, depois de chacinas e "desaparecimentos". Não se elege nem inspetor de quarteirão, uma veza que até seus vizinhos o querem distante. Em certo momento, a polícia se diz surpresa com a ação dos manifestantes, mas ora diz saber quem seria o responsável, identificando-o cabalmente. As ações excessivas, aquelas relacionadas a depredações do patrimônio público, como o incêndio a uma moto da CTTU, foram praticada por pessoas que não estavam utilizando máscaras, como mostra as imagens amplamente divulgadas. A solução proposta pela SDS, portanto, foi a de proibir o uso de máscaras durante os protestos, algo que nos parece, juridicamente, não encontrar nenhum respaldo. Ocorreram situações onde a polícia infiltrou-se entre os manifestantes ou agiu sem identificação, o que, aí sim, contraria os preceitos legais. A violência é uma constante em nosso cotidiano. Algumas ações de violência - inclsuive as perpetradas pelo Estado passam incólumes entre os porta-vozes das classes dominantes, como a violência funcional, aquela praticada para garantir os privilégios e a "ordem burguesa", seja pelo agentes do Estado ou até por grupos clandestinos. Ninguém parece se importar com os negros e pobres massacrados nos bairros periféricos cotidianamente. Agora, quando a violência das classes subalternas ultrapassam os limites impostos, constituindo-se como uma violência disfuncional, dessas que depõem contra a ordem estabelecida, aí sim as coisas mudam completamente de configuração, taxando-se de vandalismo tudo aquilo que se contrapõe a ordem burguesa, como afirma o professor Lincoln Secco, em brilhante artigo publicado em nosso blog no, dia de hoje.
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