pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : 2025
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quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Editorial: A república das blindagens


Recentemente, escrevemos um romance de mais de 350 páginas, cujos personagens são o escritores José Lins do Rego, Olívio Montenegro e o antropólogo Gilberto Freyre. O texto está sob análise numa editora e, possivelmente, pode vir a ser publicado, caso seja aprovado. Trata-se de um romance biográfico, histórico, onde resgatamos a trajetória da carreira desses "personagens", com ênfase para os aspectos literários dessa relação. Questiona-se bastante, por exemplo, a ascendência literária de Gilberto sobre o escritor paraibano, principalmente no tocante a concepção dos seus principais romances, ou seja, os relacionados ao Ciclo da Cana-de-Açúcar. A inspiração se deu em função de uma espécie de "Viagem da Saudade" realizada pelo antropólogo aos engenhos da família Rego Cavalcanti, assim que retornou de sua temporada de estudos nos Estados Unidos e na Europa. Há sorvete de araticum cagão - o preferido de Gilberto - aroma de canavial, cuscuz com mel de engenho e sumo de cana caiana no romance. 

Gilberto dizia que no Brasil tudo seria possível. Estamos diante de um país surreal. Quem jura proteger a Constituição Federal pode rasgá-la ou ignorá-la na rodada seguinte, consoante suas conveniências. Hoje, por ocasião da sessão da CPMI do INSS, arrasta-se uma interminável discussão sobre blindagem de determinados envolvidos em eventuais desvios de conduta em relação às maracutaias com o dinheiro dos aposentados e pensionistas. Até instituições bancárias estão sendo blindadas. Alguns desses bancos lucraram bilhões em empréstimos consignados. Alguns deles, possivelmente, sem autorização expressa dos aposentados. A cada dia se descobre mais podridão envolvendo os escândalos do INSS. O pior é que estamos apenas vislumbrando a ponta do iceberg. 

Gilberto morreu em 18 de julho de 1987. Para justificar esta atipicidade do país, ele observava que não se surpreenderia que alguém programasse a realização de um Carnaval para a Sexta-Feira da Paixão. Há uma cidade no Agreste de Pernambuco que, por ocasião desse feriado, organiza uma grande festa, reservando este dia para a maior das atrações, transformando o evento numa espécie de prévia carnavalesca. Nada mais provoca espanto entre nós. Em vão, clérigos da Igreja Católica protestaram contra o evento.  


Editorial: "Homem que bate em mulher nem precisa votar em mim"



Políticos precisam de narrativas e posicionamentos. Às vezes, à procura de uma narrativa ou de um posicionamento, nem sempre eles se dão bem e, não raro, podem por em risco a sua carreira política. Muitos políticos já perderam eleições em razão dessas duas variáveis, como ocorreu com a atual deputada federal Marília Arraes, que, num determinado momento de sua campanha para o Governo do Estado, por uma estratégia infeliz, resolveu se alinhar com os socialistas, que os eleitores já haviam decidido que estava na hora de deixar de ocupar o Palácio do Campo das Princesas. A lista desses equívocos é enorme e, certamente, não caberia no espaço deste editorial. Por vezes, até quando a situação é desconfortável para o país - caso das tarifas impostas pelo Governo dos Estados Unidos aos produtos de exportação brasileiros - pode-se tirar proveito da defesa da soberania nacional como estratégia de comunicação institucional. 

Por vezes, há alguns exageros, como ocorreu recentemente em Pernambuco, quando a governadora Raquel Lyra, depois de vaiada durante sua fala junto ao presidente Lula, afirmou que o fato apenas teria ocorrido em razão de ela ser mulher. Não é verdade. Em todo caso, aproveitando a deixa, o presidente Lula fez um longo discurso em defesa das mulheres, citando vários casos novos de violência de gênero, até mesmo em Pernambuco, como o caso ocorrido num assentamento localizado na Zona Leste do Recife, quando um senhor ateou fogo na casa com sua mulher e quatro filhos. Todos morreram. Isso parece que não tem mais jeito. Hoje, 04, a imprensa noticia a morte e decapitação da cabeça de uma senhora de 88 anos, no interior do estado. Dizem que se tratava de uma senhora pacífica, que se dedicava apenas a criação de galinhas. 

Hoje, a imprensa dá destaque a uma frase dita por Lula, traduzida na chamada deste editorial: "Homem que bate em mulher nem precisa votar em mim". Não seria improvável que, diante do esgotamento de alguns temas, Lula esteja modulando suas narrativas. As últimas pesquisas de popularidade indicam indícios de uma saturação da sua curva ascendente de aprovação. Os institutos de pesquisa indicam várias causas para isso, inclusive a sua luta inglória entre os evangélicos, nicho eleitoral que vem se afastando do petismo há algum tempo.   

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Editorial: Ceará - Possivelmente uma das disputas mais renhidas das eleições de 2026



A curva ascendente de recuperação de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que havia dado um refresco ao Governo nos últimos meses, hoje, esboça alguns sinais de fadiga, conforme as últimas pesquisas. Lula perde aderência entre os evangélicos - o que não seria nenhuma novidade - mas também entre os idosos acima dos 60 anos de idade. Este último indicador pode ter relação com o escândalo do roubo dos aposentados, algo que vem sendo apurado pela CPMI do INSS. Não estamos apontando o Governo Lula como o responsável por tais desmandos, o que seria injusto, mas apenas constatando que se trata de uma falcatrua sistêmica, que perpassou por todos os governos, inclusive os petistas. 

O mais grave é que algo sugere que as irregularidades continuam. Havia servidor do órgão recebendo mesadas de R$ 500 mil por mês das entidades que participavam dos descontos irregulares. Na última sessão da CPMI foi preso um servidor de carreira que teve inúmeras chances de estancar a sangria, mas dava sinal verde em seus pareceres, permitindo a continuidade das falcatruas. Mesmo com o Governo Lula 3 se empenhado em devolver os recursos subtraídos dos aposentados e pensionistas, não se descarta alguma insatisfação por parte dos lesados, um ônus que sempre pesa sobre o Governo de turno. Antes um reduto inviolável, o Nordeste, igualmente, em algumas praças, reflete esses índices negativos, conforme observado por inúmeros institutos. 

O Ceará, por exemplo, onde hoje o PT mantém talvez sua principal trincheira na região, passa por um momento difícil, em razão dos altos índices de violência. Nas últimas eleições municipais, Fortaleza foi a única capital do país onde o partido conseguiu fazer o prefeito. Em 2026, o estado já apresenta os indicadores de uma das disputas mais renhidas do país, uma vez que a Oposição se integra num único propósito, ou seja, apear o PT do Palácio da Abolição. Ingredientes é o que não faltam. 

Editorial: A disputa pelo espólio político de Jair Bolsonaro.



Ainda em prisão domiciliar, o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro esteve recebendo a visita de compatriotas da direita em sua residência. Os encontros serviam para os convescotes necessários visando ajustes no que concerne às eleições presidenciais de 2026. Caberia ao ex-presidente a prerrogativa de indicar alguém que representasse seus interesses ou tivesse o seu aval para disputar aquelas eleições. À época, falou-se, inclusive, numa chapa encabeçada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como vice. O grande problema da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro é dentro da nucleação familiar. É a persona mais competitiva entre os Bolsonaro, conforme inúmeras pesquisas têm demonstrado. 

As indisposições recentes entre a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro, na realidade, é reflexo de uma disputa no clã-familiar sobre o espólio político do ex-presidente Bolsonaro. Alguém sugere que tudo foi contornado, ambos se desculparam, mas o problema tem uma origem difícil de ser administrada. Sabe-se lá como a equação será resolvida até as eleições de 2026. Cumprindo pena em condições adversas, o ex-presidente pode muito pouco neste momento. Deve ter estabelecido como prioridade deixar a cela da Polícia Federal em Brasília para uma prisão domiciliar, e, principalmente, cuidar de sua saúde fragilizada. Sugere-se que, a cada nova intervenção cirúrgica à qual ele é submetido, os problemas apenas se agravam. 

Sobre a disputa no Ceará, o motivo aparente da discórdia entre os familiares do ex-presidente, o PL está firme no propósito de apoiar o nome do ex-ministro Ciro Gomes ao Governo do Estado. Ontem, durante uma entrevista, o Presidente Nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, praticamente selou a aliança. O Ceará pode se tornar na disputa mais renhida das eleições de 2026. O PT jogará todas as fichas para não perder sua fortaleza, enquanto a Oposição irá articular todos os esforços para desbancar o partido do Palácio da Abolição. Aliás, já vem fazendo isso, de forma pragmática, independentemente do atestado de idoneidade ideológica, conforme a ex-primeira-dama tentou sugerir que pudesse ser exigido de Ciro Gomes.  

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Editorial: Planalto põe panos mornos nas indisposições com Alcolumbre


Nas últimas horas, membros importantes do Governo Lula tentaram colocar panos mornos nas indisposições com o Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre. O objetivo é baixar a temperatura, criando um clima que não atrapalhe a indicação de Jorge Messias ao STF. Até a Ministra da Articulação Institucional, Gleisi Hoffmann, entrou em campo com o propósito de apaziguar os ânimos. Ontem, dia primeiro, por ocasião da sessão da CPMI do INSS, o seu presidente, o senador Carlos Viana, afirmou que está planejando, a pedido de Messias, uma reunião dos senadores com o indicado pelo presidente Lula para assumir a vaga deixada pelo ministro Luís Roberto Barroso. Carlos Viana foi logo antecipando, no entanto, que o gesto de natureza cristã - ambos são evangélicos - talvez não mude uma tendência desfavorável ao nome indicado pelo Planalto. 

A sabatina está programada para o dia 10, um prazo demasiadamente exíguo para as articulações. Conforme já afirmamos desde o início, por mais inusitada que seja a situação, Jorge Messias, pelo andar da carruagem política, pode sofrer uma refrega e ter o seu nome rejeitado. O aceno de baixar as armas e voltar à mesa das negociações políticas era o melhor caminho. Fazemos a afirmação no pretérito porque, se procedem as informações da coluna Diário do Poder, divulgadas no dia de hoje, 02, o presidente Lula teria uma agenda com o senador Weverton Rocha, do PDT do Maranhão, que será o relator do processo. Isso pode enfurecer ainda mais o Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, cujo humor com o Planalto não é dos melhores. 

A Oposição anda festejando bastante essas indisposições entre o Planalto e o Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre. Conhecedor das artimanhas políticas, o Planalto desejava esticar o prazo das articulações, deixando a sabatina para o ano que se aproxima. Segurou as informações sobre o indicado, mas foi atropelado por uma nota de natureza republicana - imaginem! - emitida pelo Senado Federal, onde se cobrava um mínimo de respeito recíproco entre os Três Poderes da República. A nota alcançou ampla repercussão e dá a dimensão exata das indisposições tornadas públicas. 

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Editorial: Michelle não aprova PL apoiando Ciro no Ceará.



Neste último final de semana, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro esteve no Ceará, onde foi saudada como candidata presidencial pelos correligionários locais. Neste momento,  duvidamos que alguém possa fazer algum prognóstico definitivo sobre como o clã Bolsonaro irá se portar diante das eleições presidenciais de 2026. Está tudo muito confuso. Alguns candidatos à direita já se movimentam independentemente dos humores dos Bolsonaro. Existe uma tese, inclusive, de que elementos do clã teriam oferecido o combustível ou as condições favoráveis para tornar Lula competitivo para aquelas eleições, quando tudo já estava praticamente decidido. Há rumores, por outro lado, que o principal expoente a herdar o espólio do pai, o senador Flávio Bolsonaro, poderá se tornar inelegível. Pode ser um daqueles surtos da teoria da conspiração, mas os Bolsonaro acreditam piamente que o "sistema" não permitirá uma nova candidatura presidencial encabeçada por um Bolsonaro raiz. 

Ele já andou antecipando que o seu grande projeto político é mesmo assegurar o seu mandato, elegendo-se senador pelo estado de São Paulo. Mesmo festejado por onde anda e de bem com o eleitorado brasileiro, Michelle Bolsonaro não poupou broncas nos caciques do PL no Ceará. Em tese, o senador Eduardo Girão, fiel escudeiro do clã Bolsonaro, é candidato ao Governo do Estado e, como tal, logicamente, faria jus ao apoio do PL ao seu pleito. Mas, as coisas não estão bem assim naquele estado. André Fernandes, que dirige o partido no Ceará, está demasiadamente próximo à candidatura de Ciro Gomes, filiado ao PSDB. Quando questionado sobre o assunto, ele saiu com uma pérola: Há algum tempo atrás, antes de decretada a sua prisão, o capitão Jair Bolsonaro já havia endossado o nome de Ciro Gomes. 

Em sua fala, a ex-primeira-dama advoga que pode ter havido uma precipitação do PL no estado. Há, igualmente, uma questão pragmática aqui. Tudo é possível, mas, em princípio, se o grande projeto é apear o PT do Palácio da Abolição, o nome de Ciro Gomes é mais competitivo. Ciro, aliás, já desponta liderando as primeiras pesquisas de intenção de voto. A indisposição que Ciro Gomes tem com o PT, possivelmente, o levará a fazer alianças até com o Diabo para vencer aquelas eleições. 

Crônicas do Cotidiano: A Bica está triste. Estamos todos tristes.




Hoje, dia primeiro, por razões conhecidas, o Parque Arruda Câmara, mais conhecido como A Bica, localizado em João Pessoa, tornou-se o grande assunto do noticiário nacional, depois do incidente que vitimou Gerson de Melo Machado, com 19 anos, conhecido como Vaqueirinho, que adentrou a jaula destinado aos felinos e foi morto pela leoa. Assim, uma crônica escrita por este editor, há alguns meses atrás, tratando dos momentos bons vividos naquele espaço, está alcançando um grande número de acessos, possivelmente em razão do algoritmo. É trágica a história de vida deste rapaz. Filho de mãe e avó com diagnóstico de esquizofrenia, o Conselho Tutelar afastou ele e três outros irmãos da tutela da família. Três deles foram adotados, o que não ocorreu com Gerson, que, a partir daí, teve uma vida errática, acabando morto na jaula dos felinos da Bica. Há registros de inúmeras entradas em unidades prisionais, quando, na realidade, o seu problema exigia outro encaminhamento. 

Sua conselheira tutelar escreveu um artigo onde relata a trajetória trágica do rapaz, que contava apenas com 19 anos de idade. O artigo é comovente, mas é preciso atentarmos para as nossas falhas no que concerne aos cuidados com um rapaz com o seu perfil. Na realidade, Gerson não se jogou na cova dos leões. Ele foi atirado ali pelo abandono, pelo descaso, pela ausência de atenção e cuidados que o caso dele ensejava. Profundamente lamentável. A Polícia Civil do Estado da Paraíba, salvo melhor juízo, está tratando o caso como suicídio. Sugere-se um surto. Gerson, segundo relata a conselheira, tinha um sonho de participar de safari na África. 


João Pessoa é realmente uma cidade abençoada, o que justifica sua posição privilegiada entre as principais capitais do país, seja como destino de um final de semana, de um período de férias, ou mesmo para curtir uma aposentadoria tranquila, depois de ter sobrevivido ao inferno das repartições. Só peço a vocês que não espalhem muito a notícia, uma vez que o fluxo de turistas ao local já está produzindo alguns gargalos no trânsito,  exploração do comércio nas barracas de praia, especulação no preço dos imóveis, assim como ciúmes entre os gestores das capitais vizinhas, a exemplo do futuro prefeito de Natal, que afirmou, durante o discurso de posse, que a nossa querida Jampa iria se tornar no curral da capital potiguar. 

Mas acho que podemos dar por aqui uma dicazinha sobre um local bastante agradável, bem cuidado, de natureza intocável e preservada, pertinho do centro e não tão distante das praias. O Parque Arruda Câmara, mais conhecido entre os pessoenses como a Bica, em razão de uma bica ali existente que, no passado, chegou a abastecer os moradores locais com água potável. João Pessoa atingiu um nível de civilidade que, independentemente de quem seja o gestor, se do partido A ou B, há algumas coisas que avançaram e a população não permite retorno, como a limpeza da cidade, o cuidado com o patrimônio histórico, a balneabilidade das praias centrais e os seus espaços de lazer. A Bica sempre foi muito bem cuidada e gerenciada. 

Nossa família foi muito feliz por ali. Acordávamos num dia ensolarado ou meio chuvoso desses janeiros - uma chuvinha que não atrapalhasse, do tipo garoa, admitamos, sempre era bem-vinda - e nos dirigíamos ao local. Logo no início, na antiga entrada do parque, um Ipê roxo florido nas aguardava, dando as boas-vindas. Depois de participarmos das recreações, seguíamos por uma trilha de Mata Atlântica e águas cristalinas, para a outra margem do parque, onde comíamos um pastel de carne com refrigerante, sem remorso,  e tomávamos o melhor sorvete do mundo, aquele artesanal que, segundo seu Zé, vinha lá de Pilar, a terra do escritor José Lins do Rego

Ao longo dos anos que frequentávamos o parque, sentimos a ausência de seu Zé. O produto passara a ser comercializado pelo seu neto. Andávamos considerando alguma coisa estranha com ele. O sorvete era oferecido em vários sabores, mas ele servia aleatoriamente, talvez não identificando os sabores solicitados pelos clientes. O neto nos informou que, numa dessas saída para vender o produto ele não conseguiu voltar para casa. Foi encontrado por alguém que o reconheceu, pois havia trabalhado com ele numa empresa local. Infelizmente, era um problema de demência ou Alzheimer, que um chargista já identificou como algo pior do que a morte. Outra coisa que nos enchiam os olhos de contentamento era contemplar a beleza da planta abricó de macaco, de origem amazônica, que, durante a florada é admirável. As coisas boas da vida são até simples, Rubem Braga.  

domingo, 30 de novembro de 2025

Crônicas do Cotidiano: Um daqueles domingos para ser esquecido.



Há alguns anos atrás, os evangélicos exibiam como um troféu de fé um cidadão que havia entrado na cova do leão, no zoológico de Dois Irmãos, no bairro do mesmo nome, no Recife. Uma tremenda irresponsabilidade, mas, por algum motivo, ele escapou ileso. Já naquela época, o nosso leão aparentava uma longa idade e preferiu manter-se em seu aconchego, não se importando com a visita do intruso. A mesma sorte não teve um rapaz de quarenta anos de idade, que resolveu escalar a grade de proteção da jaula do leão no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, no bairro do Roger, em João Pessoa

Sugere-se, em princípio, que ele não estava bem psicologicamente. Apesar dos apelos do funcionários do parque, que tentaram impedi-lo, ele resolveu atirar-se na jaula, sendo devorado por uma leoa. Pessoas que estavam em sua proximidade gravaram a cena apavorante, que logo ganhou enorme repercussão nas redes sociais, o que não se constitui nenhuma surpresa nesses tempos em que até mesmo as tragédias não escapam da espetacularização. Registro aqui a boa gestão daquele espaço, com servidores abnegados e dedicados a cuidarem bem do Parque. Não houve aqui negligência institucional. Possivelmente este é o incidente mais grave ocorrido ali desde a existência do Parque. Quando líamos a noticia num dos sites da Paraíba, quase não acreditávamos em sua veracidade. 

O rapaz, conhecido como Vaqueirinho, morreu no local. O Parque foi fechado e a direção emitiu uma nota em solidariedade à família enlutada. A Bica, como é conhecido o Parque Arruda Câmara, tem um excelente conceito. Trata-se de um centro especializado na reprodução do Jacaré-açu, talvez o melhor do país. Até hoje, quando estamos em João Pessoa, reservamos um tempinho para voltarmos ao local, disposto a matar as saudades dos tempos passados ali antes dos filhos crescerem. Lamentável sob todos os aspectos o incidente ocorrido. 

sábado, 29 de novembro de 2025

Editorial: Disputa de ego na Paraíba.


O grupo político ligado ao governador João Azevedo(PSB-PB)já entendeu que a candidatura do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, não é para brincadeira. Cícero pode reunir clãs familiares importantes em torno do sua candidatura, a exemplo dos Cunha Lima e dos Vital do Rego, e até mesmo do PT dependendo dos arranjos que estão em andamento, atropelando a organicidade deste partido com os socialistas. O PT poderia indicar um candidato ao Senado Federal pelo Estado ou o nome do vice na chapa. Aliás, o PT já participa da gestão de Cícero na Prefeitura de João Pessoa. Sondado por ambos os grupos, cada qual com seu candidato, o PT, através de Cida Ramos, que preside a legenda no estado, por enquanto, não assume nenhum compromisso efetivo com ninguém. Quem tem tempo não tem pressa, conforme ensinava o político pernambucano Marco Maciel. 

Até recentemente, os dois políticos, Cícero e João, trocavam amabilidades pela imprensa. Mesmo deixando o PP, que integra o núcleo duro de apoio ao governador, Cícero Lucena ainda dizia que o apoiaria para o Senado Federal. Agora a troca é de farpas entre ambos. Por ocasião da inauguração de um viaduto que leva o nome do ex-prefeito de Jampa, Luciano Agra, o governador João Azevedo deu uma alfinetada no hoje adversário, afirmando que a população irá saber qual foi a gestão que está fazendo o melhor pela capital João Pessoa. Numa entrevista logo em seguida, o prefeito Cícero Lucena deu o troco em João Azevedo, observando que vem cuidando bem da cidade e que, na realidade, esta é a sua incumbência, enquanto o governador teria mais cidades para cuidar. 

Na realidade, com a afirmação, o que Cícero está querendo dizer é que estamos tratando aqui de grandezas desproporcionais. Infeliz essa comparação do governador João Azevedo. Conforme estamos insistindo por aqui, o PT tem compromissos históricos com os socialistas. Se o partido optar pelo apoio ao nome de Cícero Lucena será algo surpreendente, mas é isso mesmo que o prefeito deseja. Por enquanto, estamos na fase das escutas. Vamos aguardar um pouco mais.  

Editorial: Ciro está voltando



Pelas redes sociais, já é possível observar algumas movimentações políticas no Ceará indicando que o ex-governador Ciro Gomes está de volta à disputa pelo voto dos seus conterrâneos, em 2026. Ciro praticamente já assume que será candidato ao Palácio da Abolição nas próximas eleições estaduais. Como ele mesmo admite, também é um pouco responsável pelo desastre administrativo do PT no estado. De fato sim. O próprio Camilo Santana, hoje a maior estrela petista no estado, quando ainda prefeito de Barbalha - aquela cidade famosa pelos festejos do Pau de São Francisco - começou por baixo, com grandes dificuldades, e contou à época com o apoio do grupo que gravitava em torno de Ciro Gomes. Assim, ele também se sente responsável pelo que ele mesmo classifica de descalabro administrativo do estado. 

Realmente o estado do Ceará não vai bem. Para tanto, basta observamos os índices de insegurança, proporcionado em grande parte pela presença de inúmeras facções que operam no estado. O Ceará tem hoje a cidade mais violenta do país, Maranguape, a terra do saudoso Chico Anysio. Superou a Bahia neste aspecto, outro estado estratégico nos planos petistas. Na Bahia ocorre um fenômeno curioso. O voto identitário é mais consistente. Mesmo enfrentando um alto índice de violência, quando as pesquisas de intenção de voto são publicadas, o governador Jerônimo Rodrigues aparece abaixo de ACM Neto na disputa, mas numa situação relativamente confortável. Jerônimo está no quinto mandato sucessivo do PT no estado. No Ceará, conforme comentamos à época, Elmano de Freitas teve a sua eleição praticamente assegurada pelos bons índices de aprovação de Camilo Santana. 

Não deixa de ser interessante observar o conjunto de forças políticas que passaram a endossar a postulação do candidato Ciro Gomes. Vai de tucanos à direita bolsonarista liderada pelo deputado federal André Fernandes, que recentemente declarou em vídeo que irão tomar o poder no estado, seja lá quem o PT indicar para a disputa. Ciro, por sua vez, aparece em algumas peças pilotando uma bicicleta na orla de Iracema, acompanhado da música de Maurício Tapajós e Paulo Sérgio Pinheiro, interpretada pela cantora Simone, Tô Voltando.  Numa pesquisa recente, realizada pelo Instituto Real Time Big Data,  ele já aparece na liderança das intenções de voto, cravando 43% contra 42% de Elmano de Freitas. Ainda na margem de erro, mas, em todo caso, um escore animador. 

sexta-feira, 28 de novembro de 2025

Editorial: Um retrocesso na agenda ambiental do país.

 


Ontem, 27, a Oposição infligiu mais uma derrota acachapante ao Governo Lula 3, desta vez no tocante aos vetos presidenciais ao PL ambiental. Foram derrubados quase todos os vetos de Lula. Num total de 59, 57 deles foram rejeitados pelo Legislativo, numa articulação exitosa do Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, e do Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, que andam de birra com o Governo. Trata-se de um retrocesso incomensurável na legislação ambiental do país. Quando, lá atrás, esse PL foi aprovado, havia uma grande preocupação das entidades ambientais e uma última esperança que o Executivo pudesse proceder esses vetos. Lula procedeu os vetos, estabelecendo uma ligeira trégua com a sua base histórica de sustentação. 

O PL ficou igualzinho ao anterior, antes dos vetos presidenciais, ou seja, do jeitinho que a motosserra do agronegócio deseja. O Executivo talvez precise recorrer ao STF para evitar um mal maior. Essa indisposição entre o Executivo e o Legislativo está ficando muito cara ao país. Há pouco tempo o Senado Federal desengavetou, deliberadamente, um projeto que previa aposentadoria especial aos agentes de saúde, o que representará bilhões de despesas no combalido e descontrolado orçamente da União. O Governo Lula ainda tentou evitar o problema, como sempre, liberando as famigeradas emendas parlamentares. Tudo em vão. Os líderes do Governo Lula nas duas Casas não se entendem com seus presidentes. Não vamos aqui nem fazer referências à titular da pasta da Articulação, Gleisi Hoffmann. 

Teme-se novas escaramuças pela frente. Dia 10, por exemplo, teremos a sabatina do Advogado-Geral da União, recentemente indicado para assumir o posto deixado pelo Ministro Luís Roberto Barroso no STF. Jorge Messias anda conversando com os senadores, garimpando votos, explicando suas intenções se vier a assumir o cargo, tentando, em vão, parecer alguém independente. O problema é justamente este. Lula escolheu alguém muito próximo a ele. A politização na indicação de um nome para o STF subtraiu todos os critérios técnicos do indicado. Antes havia, no mínimo, algum pudor em indicar alguém que atendesse a tais requisitos. 

Editorial: General Heleno deve cumprir pena em prisão domiciliar.


Com 78 anos de idade e acometido pelo Mal de Alzheimer, o general Augusto Heleno deve progredir para uma prisão domiciliar nos próximos dias. A Procuradoria-Geral da República já concordou com o pedido feito por sua defesa. Agora o pedido deve ser apreciado pelo Supremo Tribunal Federal. Não sabemos se há alguma movimentação da defesa do ex-presidente Bolsonaro neste mesmo sentido, mas o seu quadro de saúde também recomendaria algo neste sentido. Ainda no dia de ontem, 27, o ex-presidente precisou ser atendido novamente por um médico, em razão das persistentes complicações gastrointestinais, traduzidas em refluxos e soluços constantes. Jair Bolsonaro já completou 70 anos de idade. 

Interessante observar o grau da evolução do Mal de Alzheimer no general Augusto Heleno. Por ocasião da CPMI do Golpe, salvo melhor juízo, tanto na realizada pelo Senado Federal e pela Câmara Distrital de Brasília, o general esteve entre os convocados. Assistimos as duas audiência e não observamos qualquer indício de que ele estivesse doente. Essa doença degenerativa é terrível. Talvez algo pior do que a morte, conforme sugeria, há alguns anos atrás, o cartunista Thiago Rechia, através de um dos seus cartuns. Pelo andar da carruagem penal, em razão da idade avançada, não seria improvável que outros condenados pelo 08 de janeiro também possam apresentar quadros de saúde semelhante. Existem algumas boas notícias acerca do tratamento para o Mal de Alzheimer, mas, por enquanto, são estudos que estão em andamento. 

Fala-se até em vacinas com o propósito de treinar o nosso aparelho imunológico a se defender das toxinas. Mas é preciso tomar alguns cuidados com essas modulações do aparelho imunológico. As doenças autoimunes, por exemplo, são reflexos de suas leituras equivocadas sobre tais toxinas no organismo. Ele acaba combatendo as células sadias do corpo. A vida sempre nos reservando algumas surpresas. Um dos documentos comprometedores sobre a trama golpista do 08 de janeiro foi justamente o achado de uma cadernetinha de anotações sobre todos os passos que precisavam ser dados. 

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Editorial: Sabatina de Messias é agendada para o dia 10 de dezembro.



O Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, agendou para o dia 10 de dezembro a sabatina a que será submetido o novo indicado ao Supremo Tribunal Federal, Jorge Messias, ex-Chefe da Advocacia-Geral da União. Hoje, 27, depois de uma grande polêmica entre Oposição e Governo, por ocasião da sessão da CPMI do INSS, ficou descartada sua presença naquela comissão, o que seria mais uma dor de cabeça para o indicado, que se encontra em dificuldades. Insatisfeito por não ter seu pleito atendido em relação a tal indicação, Davi Alcolumbre vem preparando algumas escaramuças para o Governo. O relator da indicação é um desses problemas. O Governo não confia nenhum pouco no nome indicado, temendo, inclusive, alguma surpresa, traduzida numa eventual rejeição ao nome de Jorge Messias. 

Por incrível que possa parecer, tal hipótese não estaria completamente descartada, em razão do climão gerado com a indicação de Messias, que sofre resistência ferrenha da Oposição e de setores da opinião pública. Não nos ocorre de uma indicação recente para a Suprema Corte enfrentar tanta resistência como Messias está enfrentando. Formadores de opinião também esboçaram grande resistência à indicação do nome de Messias. Ele é demasiadamente próximo a Lula e ao petismo; questiona-se o seu notório saber jurídico e sua articulação política é ínfima. Rodrigo Pacheco teria o aval do Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, e de parte do Centrão, o que facilitaria bastante sua sabatina. 

Neste momento, Messias faz uma espécie de périplo pelo Senado Federal, garimpando o voto dos senadores e senadoras. É bastante raro uma rejeição, mas ela já ocorreu em tempo idos. O ideal seria o Executivo distensionar a relação com o presidente da Casa Alta, Davi Alcolumbre.  Ele já jogou uma bomba de bilhões no colo do Executivo e sugere-se que tem potencial e artilharia para a batalha, conforme pode se depreender pela indicação do nome que será o relator da indicação de Messias, o senador Weverton Rocha, do PDT do Maranhão, que também afirma ter pego em bomba. Não é para menos. 

quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Editorial: A prisão dos generais.



Estávamos lendo as resoluções do estatuto dos militares, onde se esclarece as razões pelas quais o general Augusto Heleno está detido numa cela do Quartel-General do Exército, em Brasília, também conhecido como Forte Apache. Coisa de hierarquia, algo que os militares consideram a verdadeira espinha dorsal das Forças Armadas. São quatro militares de alta patente presos, no curso da condenação do chamado núcleo crucial da trama golpista do 08 de janeiro. Uma verdadeira prova de fogo para a nossa incipiente experiência democrática, longe de atingir um estágio de consolidação, daí as atenções sobre essas prisões, que está alcançando repercussão internacional. Os leitores que nos acompanham por aqui sabem que atingir as variáveis que indicam a consolidação de um regime democrático não é tão simples no país, a começar pela precária distribuição de renda ou renda per capita. Quarteladas, então, são até recorrentes. 

Aqui, ainda será gasta muita tinta nas redações de nossas revistas e jornais, algo que também deve ocorrer em outros canais de comunicação. Trata-se de um fato inédito no país. Soubemos há pouco que o STF teria feito uma consulta ao STM no sentido, inclusive, de se avaliar a perda de patentes dos oficiais condenados. Na outra margem do rio, a Oposição trava uma luta ferrenha para pautar do PL da Anistia. Ampla, geral e irrestrita a todos os envolvidos e condenados pelo ato golpista do 08 de janeiro. Soubemos, igualmente, que a condição sine qua non para o apoio da oposição a um candidato presidencial nas eleições de 2026 passa, necessariamente, pelo compromisso com a concessão de indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro, preso numa cela da Polícia Federal, em Brasília. 

Prisão de ninguém deve ser comemorada. Principalmente nesta época do ano, quando as famílias já se preparam para os festejos de Natal e Réveillon. O ex-presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, se recusa a comer as refeições oferecidas pela PF. Possivelmente em razão de alguma dieta especial, em razão dos seus problemas de saúde. Há uma grande sensibilidade intestinal e sabe-se o que isso pode provocar. Jair Bolsonaro já andou sofrendo das intermináveis crises de soluço na prisão. Daí a determinação do STF no sentido de que sua cela tenha plantão médico durante 24 horas. 

terça-feira, 25 de novembro de 2025

Editorial: Novas rusgas entre o Executivo e o Legislativo.


Na reunião da próxima quinta-feira, a CPMI do INSS, através do seu presidente, o senador Carlos Viana, deve pautar entre os pares a convocação do advogado Jorge Messias, recém nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ocupar a vaga deixada pelo ministro Luís Roberto Barroso no STF. Caso a convocação se confirme, o que não seria improvável, Jorge Messias teria mais uma dor de cabeça pela frente. Recentemente ele escreveu uma carta dirigida ao Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, onde tenta desarmar os espíritos diante das dificuldades que possa vir a enfrentar durante a sabatina no Senado Federal. Sua situação não é nada confortável. Possivelmente a mais desconfortável dos últimos anos, agravada por uma indisposição pessoal entre o presidente Lula e Davi Alcolumbre. Sobrou até para o senador Jaques Wagner, líder do Governo Lula naquela Casa. 

Na Câmara dos Deputados a situação não é menos ruim, uma vez que o Presidente Hugo Motta também andou se estranhando com o líder do Governo, Lindbergh Farias. Analisada sob certos aspectos, a indicação de Messias ao cargo não foi uma atitude muito feliz de Lula. Lula tinha conhecimento da encrenca em que estava se metendo, mas preferiu a formação de uma trinca de ouro, de sua estrita confiança. Ocorreram, inclusive, muitos protestos da base aliada, que desejava a indicação de uma mulher para o cargo de Messias. Indicar uma mulher para sucedê-lo na AGU, conforme se especula, não é a mesma coisa.  Não satisfaz o desejo da base. 

Como se não bastasse, por outro, muito em razão da prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, a oposição prepara um conjunto de medidas para otimizar pautas do seu interesse, assim como produzir danos ao Governo com as chamadas obstruções. Vão cobrar a fatura do Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, cuja eleição foi assegurada com a promessa de pautar a agenda oposicionista. A menina dos olhos é o PL da Anistia, que eles agora desejam que seja aprovado sem restrições, ou seja, sem essa coisa de dosimetria. 

segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Editorial: As alucinações de Bolsonaro.


Salvo melhor juízo, sugere-se que os bolsonaristas, provavelmente, devem organizar mobilizações de protestos contra a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Aquele pastor tem postado vídeos enfurecidos pelas redes sociais, soltando marimbondos pelas narinas. Depois da audiência de custódia, ocorrida no dia de ontem, a justiça decidiu manter a prisão do ex-presidente. Ontem mesmo já teriam ocorrido algumas mobilizações pontuais de partidários do bolsonarismo. Nada muito organizado ainda. Hoje, 24, a informação é que o ex-presidente se recusa a comer a alimentação fornecida pela Polícia Federal. Só aceita a comida dos familiares. Também no dia de ontem, Bolsonaro teria recebido a visita do médico que o acompanha. 

Sabe-se que a situação de saúde dele não é boa, mas as eventuais alucinações que o teriam feito atentar contra a tornozeleira eletrônica tem a ver com a medicação que ele está tomando. São recorrentes os efeitos de sonolência e alucinações produzidos pelas drogas ministradas. Primeiro se informou que Bolsonaro alegou desconfiar que houvesse um microfone instalado na tornozeleira, de onde seus inimigos pudessem ouvir os diálogos entre ele e os patriotas. Depois se informou que ele pudesse estar ouvindo vozes provenientes da tornozeleira. Observada no início como uma eventual manobra da defesa, agora se sabe que há um fundo de verdade em tais hipóteses. O medicamente age no sistema nervoso central, produzindo tais alucinações. 

O senador Carlos Viana, que preside dos trabalhos da CPMI do INSS, acaba de informar que a sessão de logo mais foi cancelada. A pessoa que seria ouvida na tarde de hoje conseguiu um habeas corpus que facultava a ele a possibilidade de comparecer ou não. Optou por não comparecer. Alguns ministros concedem habeas corpus dentro de uma razoabilidade, ou seja, assegura-se os princípios constitucionais ao indivíduo, ao mesmo tempo que permite ao pessoal da comissão realizar o seu trabalho sem aquele engessamento. 

domingo, 23 de novembro de 2025

Editorial: O celular de Daniel Vorcaro


Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, continua detido. O banqueiro contratou uma equipe de alto nível de advogados, mas, mesmo assim, a banca não conseguiu relaxar sua prisão. A Polícia Federal está de posse de um telefone celular que, segundo se especula nos escaninhos da política, pode abalar os alicerces da capital federal. O banqueiro tinha contatos influentes em Brasília. O medo é que essas conversas, possivelmente com um viés de caráter não republicano, possam aparecer a qualquer momento, identificando seus autores. É nitroglicerina pura. O escândalo do Master, possivelmente, é o maior do nosso sistema financeiro, conforme se especula. Agora a bronca é o sistema garantidor do Banco Central, que deverá minimizar os prejuízos dos aplicadores que acreditaram nas taxas convidativas, acima da média, oferecida pelo banco para as suas aplicações. 

Há um movimento no parlamento, embora ainda incipiente, no sentido de propor uma CPI do Banco Master, onde alguns fatos poderiam vir a à tona, independentemente do trabalho exitoso da Polícia Federal. Não enxergamos muita chance de a proposta prosperar, por razões óbvias. Sugere-se que se tratava de uma articulação política não orientada por viés ideológico, envolvendo personalidades de todas as matizes. O escândalo de corrupção envolvendo o "Rei do Lixo" é outro escândalo que contou com um azeite político forte na capital federal, assim como se sugere que também possa ter ocorrido com aquela Loja de Varejo conhecida dos brasileiros. No caso do INSS, há servidores do alto escalação envolvidos e beneficiários diretos dos descontos fraudulentos. É o Brasil. Não surpreende ninguém. 

E, por falar na CPMI do INSS, amanhã, a partir das 16h:oo, o pessoal retoma os trabalhos, com novas audiências entre os convocados. Louve-se aqui o trabalho excepcional da equipe do relator, o deputado federal Alfredo Gaspar, que vem realizando uma investigação soberba, que desce às minúcias, aos detalhes das transações suspeitas dos investigados. Na última audiência, por exemplo, a equipe conseguiu estabelecer uma incrível "coincidência" entre as viagens do Careca do INSS e a senhora que estava sendo ouvida naquele momento, que viajava para o exterior em média duas vezes ao mês.   

Editorial: Bolsonaro admite violação da tornozeleira eletrônica.



Até aqui tudo bem. Na leitura da Polícia Federal tratou-se, na realidade, de uma violação com o propósito de fuga, o que determinou a ordem de prisão emitida pelo Supremo Tribunal Federal. Hoje, 23, através de vídeo conferência, o ex-presidente Jair Bolsonaro deve passar por uma audiência de custódia, o que pode relaxar sua prisão preventiva. Ele poderia voltar a cumprir prisão domiciliar, conforme é o desejo de sua defesa. O que nos causou uma certa estranheza é a informação de que o ex-presidente, eventualmente, poderia ter utilizado um ferro quente para violar o equipamento. Mais espantoso é o argumento de que ele poderia estar ouvindo vozes da tornozeleira. Sua saúde, na realidade, não vai muito bem. Há crises de soluços e vômitos intermitentes, ainda como reflexo das sequelas deixadas pela facada sofrida. 

Quando essas crises se agravam, ele precisa ser socorrido com uma certa urgência, o que dificultaria sua prisão em determinados ambientes. Convenhamos. Uma prisão domiciliar seria de bom tamanho para o ex-presidente Jair Bolsonaro. Soube que a recomendação do Planalto é a moderação em torno do assunto. José Dirceu, num outro momento, também observou que o ex-presidente não teria condições físicas para cumprir uma prisão convencional. É preciso prudência com essas coisas. Isso não se comemora, como fizeram alguns radicais petistas na frente da Polícia Federal, em Brasília, ou nas redes sociais. A prisão ocorre num momento deliciado, quando Donald Trump, surpreendentemente, encerrou a guerra tarifária contra o Brasil. 

Ontem os jornalistas estavam especulando sobre uma eventual retomada do climão, uma vez que era desejo de Trump que Bolsonaro estivesse disputando uma nova eleição em 2026, algo muito improvável diante das circunstâncias. Difícil fazer alguma previsão sobre como a família Bolsonaro irá se arranjar em torno das eleições presidenciais de 2026. São muitas variáveis em jogo. Os bolsonaristas acreditam que o próximo alvo seria o senador Flávio Bolsonaro que, em tese, poderia habilitar-se a ocupar o espaço político do pai. Mesmo Bolsonaro cumprindo prisão domiciliar, o encontro entre ele e líderes da direita são até recorrentes. O problema é que não se chega a um denominador comum.  

sábado, 22 de novembro de 2025

Editorial: Cícero Lucena oferece espaço ao PT em sua chapa.


Ontem, 21, uma das notícias que mais repercutiram no cenário político paraibano girou em torno das articulações entre o prefeito Cícero Lucena e o PT. São articulações fortes, uma vez que o prefeito deseja integrar o partido em sua chapa que concorre ao Palácio Redenção, nas eleições de 2026. Contrariando até mesmo o forte vínculo do governador João Azevedo com o partido, pois o gestor é filiado ao PSB, Cícero deseja o apoio do Planalto à sua candidatura. Especula-se, inclusive, que Cícero e Veneziano Vital do Rego poderiam ter oferecido a vice ou uma das vagas ao Senado Federal na formação da chapa.  Cida Ramos, que Presidente Regional da legenda, esta literalmente aberta às negociações, principalmente depois que percebeu os ventos que sopram favoráveis a partir de Brasília, através de Edinho Silva. 

Além de tentar acomodar o PT em sua chapa, outra preocupação do político mais manhoso da Paraíba é inserir os Cunha Lima na composição, de preferência com uma indicação a vice. Campina Grande, berço da família Cunha Lima, é um dos maiores colégios eleitorais do estado. Cidade estratégica na definição de uma eleição majoritária. No estado, Lula sofre pressões de todos os lados. De João Azevedo, de Cícero Lucena e de Hugo Motta, Presidente da Câmara dos Deputados, que gostaria de indicar o pai para concorrer ao Senado Federal nas próximas eleições. Há poucos dias, Adriano Galdino abdicou de sua pré-candidatura em nome do projeto governista, num ato bastante elogiado pelos companheiros, inclusive por Hugo Motta, durante encontro na Granja do Estado. 

Como política sempre reserva algumas surpresas, caso o PT deseje mesmo compor a chapa formada por Cícero, a grande questão que se coloca é sobre quem o partido indicaria para concorrer ao Senado Federal. Luciano Cartaxo? A própria Cida Ramos? Vamos aguardar um pouco mais, uma vez que o martelo ainda não foi batido. A força de João Azevedo junto ao PT é muito forte. Afinal, o PSB integra aquele núcleo duro da aliança nacional, que se sugere bastante fortalecida no último encontro dos socialistas. 


Editorial: A pauta-bomba de Davi Alcolumbre


Há poucos dias da indicação oficial de Jorge Messias para a vaga deixada por Luís Roberto Barroso no STF, o ex-presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, indicou que não gostaria de disputar uma nova eleição. Trata-se, na realidade, de uma sinalização clara de que uma eventual indicação para o STF seria muito bem-vinda. Pacheco tinha um padrinho político forte, o Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre. Segundo dizem, Pacheco também contaria com apoio de setores do Centrão, o que não seria de todo improvável, a despeito de suas arestas com a Oposição. Com padrinhos fortes assim, Pacheco não teria grandes dificuldades de ter seu nome referendado no Legislativo, embora a recusa de um nome na sabatina seja rara. 

Messias, certamente, encontrará mais dificuldades. O problema de Messias é a grande proximidade com o líder petista e com o PT. Sugere-se que passou um pouco do ponto de corte republicano, o que seria desaconselhável a sua indicação para um dos Poderes da República. Insatisfeito pelo fato de ter sido preterido na indicação de Pacheco, Alcolumbre prepara o que a imprensa está denominando de uma pauta-bomba, ou seja, a apreciação de projetos indigestos para o Executivo, como este que prevê aposentadoria especial para agentes de saúde, o que implicaria num ônus pesado no orçamento. Algo que supera os bilhões, quando o Governo vem tentando raspar o tacho das despesas públicas. 

A conta ficou bastante salgada para o Governo Lula 3. Neste climão, se as armas não forem depostas até lá, Messias encontrará algumas dificuldades durante a sabatina no Senado Federal. Talvez até maiores do que a Oposição deseja. Um fato que chamou a atenção de setores da Oposição foi a disposição do Ministro André Mendonça em aparar as arestas do indicado ao lugar de Luís Roberto Pacheco. Gestos civilizados e republicanos não são comuns neste ambiente político desgraçadamente polarizado. Hoje, 22, depois da prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, grupos pró e contra estão se enfrentando na sede da Polícia Federal, em Brasília.  

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Editorial: Lula indica Jorge Messias para o STF.

 


Nesta semana, durante os trabalhos da CPMI do INSS, o nome do Advogado-Geral da União, Jorge Messias, foi bastante invocado. O motivo? Um site havia divulgado que ele supostamente teria demorado a tomar medidas sobre as fraudes que ocorreram no INSS. No entendimento da Oposição, a revelação o descredenciaria a uma indicação ao STF. Aliás, há requerimentos de sua convocação naquela CPMI. Os parlamentares querem explicações sobre o assunto. Hoje, 20, oficialmente, como era previsto, Lula indica o seu nome para a vaga deixada por Luís Roberto Barroso, no STF. Nenhuma surpresa por aqui uma vez que o morubixaba petista já havia cantado essa pedra há muito tempo. 

Chegamos a escrever uma postagem por aqui tratando deste assunto, já apontando Messias como o nome que substituiria Barroso. Esta confirmado. O anúncio ocorre no momento em que Lula entabula articulações com  o Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, no sentido de proceder alterações substantivas no PL Antifacção. Guilherme Derrite, relator do projeto, na realidade, fez uma ginástica linguística danada para chegar ao ponto de onde nunca saiu, ou seja, associar essas organizações ao terrorismo. Também não há um consenso formado sobre o papel da PF no enfrentamento ao crime organizado no país. Nas coxias do poder em Brasília, sabe-se que Davi Alcolumbre pretendia indicar um nome do seu grupo para substituir Barroso no STF. 

Agora é saber qual o destino que estará sendo reservado ao senador Rodrigo Pacheco, que hoje afirmou que não pretende disputar uma nova eleição. A expectativa é que ele pudesse disputar o Palácio Tiradentes nas eleições de 2026. Sem muita chance nas alterosas, uma vez que ele foi massacrado durante anos pelas hordas bolsonaristas nas redes sociais. Pelo andar da carruagem, ele terá que ser "acomodado" na burocracia da capital federal. Talvez o TCU. 

Editorial: Os pitacos políticos de Fernando Haddad.


São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, é sempre uma grande preocupação para quem deseja sentar na cadeira do Palácio do Planalto. Há enormes especulações, por exemplo, sobre o destino político do atual ocupante do Palácio Bandeirantes, Tarcísio de Freitas. Permanecem as especulações em torno de sua candidatura em 2026. Renova o mandato ou tenta seguir para a capital federal? Sua definição muda completamente a dinâmica da disputa em São Paulo. Se pretender renovar o mandato, sua reeleição é dada como favas contadas. Se se candidata à Presidência da República, a dinâmica da disputa muda completamente sobre cenário atual de sua sucessão no Palácio Bandeirantes. Até recentemente, o presidente Lula convidou o psolista Guilherme Boulos para assumir, em Brasília, o cargo de Secretário-Geral da Presidência da República, cargo com status de ministério. 

Nos bastidores, se especula que o verdadeiro propósito foi afastá-lo da disputa em São Paulo. Embora cotado para continuar ocupando a vaga de vice na eventualidade de uma nova candidatura de Lula, em 2026, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, em alguns momentos, deixa transparecer que, num cenário onde não dispute com Tarcísio de Freitas, uma candidatura ao Governo do Estado de São Paulo não está completamente descartada. Outro dia se especulou que o atual Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na esteira da briga tarifária com os Estados Unidos, poderia ter se credenciado, mais uma vez, para uma eventual disputa em São Paulo. Setores do PT passaram a alimentar tal possibilidade. 

Um sintoma evidente externado pelo próprio Fernando Haddad são as suas falas recentes sobre a Operação Contenção, realizada pelo Governo do Rio de Janeiro, e a suas opiniões sobre o PL Antifacção, aprovado pela Câmara dos Deputados, onde ele afirma que, na realidade, o projeto asfixia a Polícia Federal. Soube hoje, 20, que o presidente Lula andou trocando farpas com o Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, também sobre este assunto. Lula já teria conversado com o Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, com o propósito de reformular o projeto na votação na Casa Alta. Mais um motivo para ficarmos atentos aos pronunciamentos de Fernando Haddad sobre o assunto é o fato de que o PL Antifacção é o grande trunfo para a direita eleger dois senadores em São Paulo, inclusive Derrite. 

quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Editorial: Lula critica o PL Antifacção.


Numa entrevista, logo após a aprovação do PL antifacção, o deputado Guilherme Derrite comemorou bastante o feito junto a parlamentares de oposição. Se Derrite gostou, era natural que o Governo não gostasse, como sugere uma fala de Lula sobre o assunto no dia de hoje, 19. O projeto foi aprovado ontem. Derrite revisou o texto por quatro vezes, tentando ajustá-lo às críticas que vinham do Governo. Há dois pontos polêmicos: o trabalho da Polícia Federal no combate ao crime organizado e o enquadramento das facções como organizações terroristas, o que abriria precedentes perigosos para intervenções internacionais no país, principalmente dos Estados Unidos. 

A base governista articula-se para as modificações finais no projeto, que agora será submetido ao Senado Federal e ficará sob a relatoria do senador Alessandro Vieira, que também é relator da CPI do Crime Organizado. Delegado da Polícia Civil de Sergipe, Alessandro Viera é do MDB e, em tese, é um parlamentar que mantém uma equidistância entre Governo e Oposição. Na realidade, o MDB é da base governista, mas sabe-se lá como isto funciona. Em todo caso, ele tem um perfil mais independente. Na realidade, o que Derrite tentou fazer foi puxar a brasa para a sardinha dele, ou seja, delegar exclusividade às polícias estaduais o combate ao crime organizado, o que, na prática, já vem ocorrendo. Isso reforçaria a musculatura eleitoral da oposição nas eleições de 2026. 

Principalmente neste momento nevrálgico, onde a segurança pública tornou-se a grande preocupação do país. No Ceará, nem flanelinhas ou garotas de programa escapam da extorsão. O estado tem três cidades entre as mais violentas do país. Maranguape, a cidade do saudoso Chico Anísio, tornou-se a mais violenta do país, superando Jequié, na Bahia. Na Bahia e no Ceará são recorrentes os abandonos de bairros e conjuntos residenciais, por imposição do crime organizado. Aliás, aqui no Rio Grande do Norte fatos desta natureza também já estão ocorrendo, dimensionando a gravidade do problema.  

terça-feira, 18 de novembro de 2025

Editorial: Cícero Lucena deseja nome de Campina Grande na vice.



O atual prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, deseja um nome de Campina Grande para compor a chapa liderada por ele para disputar o Governo do Estado, nas eleições de 2026. Provavelmente um nome da família Cunha Lima, com quem está entabulado negociações. A disputa deve ser bastante acirrada no próximo ano. A cada dia surgem fatos novos, corroborando com esta afirmação. Até recentemente, a renúncia da pré-candidatura do deputado Luciano Galdino foi bastante festejada pelo grupo político ligado ao governador João Azevedo. O ato se deu na Granja São João, que pertence ao Governo do Estado da Paraíba. Há muito se discute uma eventual mudança de finalidade desta granja, mas ela continua como residência do governador. Há muitos anos atrás, o Governo de Pernambuco também mantinha uma residência de veraneio na aprazível Porto de Galinhas, em Ipojuca. Dr. Miguel Arraes gostava muito desta granja, mas ela acabou tendo uma outra destinação. 

Mas vamos deixar os veraneios de lado e nos ater aos fatos políticos do estado. Faltam alguns ajustes em ambas as chapas e, até este momento, temos três pré-candidaturas postas. Lucas Ribeiro, pelo Progressistas, apoiado por João Azevedo; Cícero Lucena, que deve compor com o MDB de Veneziano e com o PSD dos Cunha Lima; e a pré-candidatura do senador Efraim Filho, pelo União Brasil. Os ajustes e "acomodações" se impõem. Cícero e João tentam obter o apoio do PT, com articulações de alto nível, vindas diretamente de Brasília. Segundo dizem, o Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, tenta emplacar o nome do pai como candidato ao Senado Federal na chapa de João Azevedo. 

Sabe-se lá em que termos, o governador João Azevedo, através de uma fala transmitida por um site de João Pessoa, sugeriu que os apoiadores de Cícero Lucena poderão não pedir votos para ele em 2026. É um tipo de apoio de que ele, a rigor, não precisaria. Por razões óbvias, João não entra em detalhes sobre o assunto. Penso que ele deve se referir a um desses troncos familiares que estão em vias de juntar-se a Cícero Lucena. 

Editorial: Operação da PF prende o dono do Banco Master.


No curso da Operação Compliance Zero, a Polícia Federal prendeu o presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro, quando ele já estava  no Aeroporto de Guarulhos, de onde pretendia deixar o país. Ganhou repercussão a prisão deste cidadão em particular, mas a situação é bastante complexa, envolvendo as operações fraudulentas relacionadas às instituições bancárias e até mesmo as relações perigosas com o crime organizado, o que pode ligar a operação de hoje àquela outra operação da Polícia Federal, a Carbono Zero. Inserida nessas irregulares, os famigerados empréstimos consignados, o que chama a atenção da CPMI do INSS. Vamos deixar a poeira assentar para entendermos melhor esta situação. 

No que concerne às buscas e operações, foram apreendidos dinheiro em espécie, carrões de luxo, joias, relógios e outros pertences dos acusados. E, por falar na CPMI do INSS, na audiência de hoje esta sendo ouvido o senhor João Camargo, também conhecido com o cognome de Alfaiate do INSS. Ouvido não seria o termo adequado, uma vez que, amparado num habeas corpus concedido pelo STF e orientado por um batalhão de advogados, ele permanece em silêncio, mal respondendo questão que não o incriminaria, como, por exemplo, o valor cobrado pelo seus ternos. Não sei se estou completamente correto acerca do assunto, mas trata-se de uma atividade profissional hoje raríssima. Existe a suspeita de que Camargo teria aberto uma empresa funcionaria como lavagem de dinheiro das fraudes do INSS. João Camargo é conhecido como o alfaiate das estrelas. Vários famosos confeccionaram ternos em sua alfaiataria. 

O diretor da Polícia Federal, Andrey Rodrigues, esteve hoje na CPI do Crime Organizado, que dará continuidade aos seus trabalhos no dia de amanhã, 19, ouvindo o promotor público Lincoln Gakiya, um homem público jurado de morte pelo crime organizado. Durante sua fala, Andrey Rodrigues defendeu que o crime organizado não pode ser comparado a terrorismo e que suspeita-se de fraudes superiores a R$ 12 bilhões no sistema bancário, envolvendo as instituições alvos da Polícia Federal no dia de hoje. São duas comissões no mesmo horário. 

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Editorial: Pão ou aço?


Acordamos hoje sem muita inspiração para escrever. Assim como sugere algumas pesquisas sobre o eleitorado brasileiro, ninguém aguenta mais falar sobre polarização política, conforme sugere uma matéria da revista Veja desta semana. Começou cedo as especulações em torno daquele eleitorado nem nem, que sempre surge nos momentos iniciais e, depois, por algum motivo - talvez pela centrífuga da própria polarização - acabam assumindo um lado. Ciro Gomes que o diga, uma vez que ele fez de tudo e mais um pouco para que os eleitores confiassem em sua proposta de governo, nas últimas eleições. O que é mais interessante observar é que existe a eventualidade de o presidente Lula estar perdendo parte do seu eleitorado. 

Mas, abrindo as páginas do Jornal do Commércio, encontramos um artigo escrito por Raul Manhões de Castro. Algo sugere que ele pode ser parente do sociólogo Josué de Castro, mas não temos certeza. Terminado os trabalhos da COP30, o articulista estabelece uma relação entre Edgar Morim e Josué de Castro, sobretudo no que concerne ao que deve ser pensado quando está em discussão a preservação do planeta. Neste momentos as pessoas pensam nas florestas, no clima, na tecnologia e, por último talvez humanizar os padrões de relações sociais. Há alguns clássicos que não poderiam deixar de ser lidos por todos os estudantes brasileiros, independentemente de sua área de formação. O livro A Geografia da Fome, de Josué de Castro, é um deles. 

Quando ainda estávamos no batente de sala de aula, dávamos sempre um jeito de inseri-lo em nossas ementas de disciplinas. É curioso como muita gente imagina que Josué de Castro apenas se preocupou com a fome dos homens e mulheres do Nordeste. Ele também enveredou pela região Norte, onde ocorreu a COP30, ampliando seus espectros de observação da realidade da fome no país. Num dos momentos do seu texto, discutindo os dilemas do país ali pela década de 50\60, Josué observava que o país precisava decidir se enfrentaria a questão das desigualdades sociais ou da industrialização, o que ele traduzia à época como pão ou aço. O país optou pelo aço e até hoje amarga índices de desigualdades sociais aviltantes da dignidade humana. Parabéns a Raul Manhões de Castro pelo artigo inspirador.  

domingo, 16 de novembro de 2025

Editorial: CPMI do INSS entrará na fase dos consignados.


Se depender da disposição e da seriedade do relator Alfredo Gaspar, a CPMI entrará na fase dos consignados logo após o recesso parlamentar. Segundo avaliação do deputado, estima-se que 90 bilhões tenham sido desviados dos aposentados e pensionistas nesta modalidade de empréstimo. Possivelmente este será um ponto nevrálgico dos trabalhos daquela comissão, uma vez que pretende mexer no vespeiro das instituições bancárias do país. Há relatos de que algumas dessas instituições utilizavam-se de cartões dos clientes, deixados em agências bancárias, para realizarem operações de empréstimos sem autorização dos aposentados. 

Possivelmente, teremos uma dilatação dos prazos de conclusão dos trabalhos daquela comissão. Esta semana, por exemplo, duas reuniões estão sendo programadas. Segunda e terça-feira. Na terça-feira também teremos a segunda reunião de trabalho da CPI do Crime Organizado, cujos parlamentares preferiram prestigiar a COP30. Depois dos empréstimos consignados, teremos as discussões sobre as eventuais fraudes com o Seguro Defeso. O senador Carlos Viana, que preside os trabalhos daquela Comissão, não deixa de enfatizar os bons resultados trazidos pelas investigações dos parlamentares, em alguns casos, até mesmo se antecipando ou subsidiando os trabalhos da Polícia Federal. 

De fato, trata-se de uma comissão das mais exitosas, embora a grande mídia faça questão de não acompanhar os trabalhos. Isto ocorre desde o início até mais recentemente, quando um desses grandes jornais sugeriu que a CPMI do INSS tinha se perdido nas narrativas entre Governo e Oposição e não estava produzindo grande coisa. Um equívoco. Os parlamentares estão trabalhando bastante, com equipes de assessores mobilizados para colherem os melhores resultados das investigações. 

sábado, 15 de novembro de 2025

Editorial: Ouvidos de moucos na segurança pública.



Por razões óbvias, nunca saberemos os detalhes da entrada do BOPE na floresta que serpenteia o conjunto de favelas da Penha e do Alemão. Sabe-se que teriam usado drones para monitorar os movimentos dos traficantes na área e, mais recentemente, soube-se que eventualmente eles teriam realizadas incursões preparatórias em outras favelas com tal objetivo, testando o poder de fogo e as estratégias de defesa do pessoal do CV. Há pouco ficamos sabendo de novos confrontos entre o Terceiro Comando Puro e o Comando Vermelho, resultando na morte de 8 membros ligados ao CV, que estavam numa festa. Não seria improvável que tenhamos logo novos confrontos no sentido de vingar os mortos do CV. 

Este intróito serve para informar que a situação nunca esteve sob o controle do Aparelho de Estado no Rio de Janeiro. Anda circulando vídeos nas redes sociais sobre as cidades fantasmas no Ceará, ou seja, áreas urbanas desocupadas a mando de facções. Já se sabe que Governo e Oposição não construirão algum consenso mínimo sobre o assunto, até porque a direita pretende transformar tal questão num tema decisivo das eleições presidenciais de 2026. Na realidade, a direita está dando uma força, posto que pesquisas já indicam que este é um tema nevrálgico entre a população brasileira. Até recentemente, foi autorizado ao ex-presidente Jair Bolsonaro receber três governadores de Estado e o deputado federal Guilherme Derrite, relator do PL da Anistia. A ideia, como se presume, é a questão das eleições de 2026, nas entrelinhas apenas a questão da segurança pública. Estiveram presentes ao convescote de direita os governadores Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado e Cláudio Castro.  

Hoje os jornais trazem a informação de que eles também estão batendo cabeça em torno do tema da segurança pública, mas o mais provável é que o impasse mesmo seja em relação ao nome ungido pelo capitão como herdeiro do seu espólio político. Romeu Zema, governador de Minas Gerais, já andou sugerindo a construção de um presídio de segurança máxima no Amazonas e a transferência dos chefes de facções para o CECOT, a temida penitenciária de segurança máxima mantida em El Salvador, onde foram confinados os membros das gangues que aterrorizavam aquela país, cujos índices de violência despencaram. Não sem um preço alto a ser pago em relação ao respeito aos direitos humanos elementares.