| Crédito da Foto: Arthur Motta, Folha de Pernambuco. |
Para falar das eleições de 2026 em Pernambuco vamos começar pelas eleições do próximo ano no estado vizinho, Paraíba. Por razões óbvias, por lá tem muita gente preocupada com as movimentações políticas do prefeito da capital, Cícero Lucena, sobretudo depois que ele assumiu sua candidatura ao Governo do Estado nas eleições de 2026. Seus adversários dizem que ele abandonou a cidade para cuidar da campanha. Há, naturalmente, um certo exagero por aqui. Em Pernambuco, não existe mais nenhuma dúvida sobre a candidatura do prefeito João Campos ao Governo do Estado nas próximas eleições. Pelo sim, pelo não, porém, convém tomar alguns cuidados em relação ao assunto. Assim, em sua entrevista ao grande jornal Diário de Pernambuco o prefeito afirmou que está cuidando do Recife e que a palavra eleição não faz parte do seu vocabulário neste momento.
Durante a entrevista, numa clara evidência de quem despista os jornalistas em relação ao assunto, João enfatiza uma série de obras que estão sendo tocadas no governo municipal, a exemplo da melhoria da orla de Boa Viagem e do Pina, a revitalização do centro do Recife, além da Ponte Giratória que deverá ser entregue à população ainda antes do Natal. Sobre a revitalização do Recife - não sabemos se hoje o termo é o mais adequado - o prefeito enfatiza que estudou bastante o assunto, contratou o melhor escritório de urbanismo do Brasil e acionou o BNDES para financiar o projeto. Mais importante: abriu consulta pública para receber as sugestões. Ele aponta que há muita "lacração" sobre o assunto. O prefeito está diante de uma das tarefas das mais difíceis.
Se ele de fato estudou bastante sobre o assunto, deve saber que existe muitos trabalhos sobre o tema, inclusive de natureza acadêmica. Já houve um tempo em que este assunto nos interessava bastante. Hoje, não mais. Mas, do que me recordo daquele período em que queimava as pestanas tratando do tema, recordo-me, sobretudo, de um elenco de razões apresentadas por um teórico de formação marxista que apontava os motivos pelos quais essas intervenções geralmente fracassam. Não vamos aqui entrar nos pormenores, mas aqui mesmo temos exemplos de intervenções que não trouxeram os resultados esperados, como as intervenções no Recife Antigo, em outras gestões. O Pelourinho, na Bahia, é outro grande exemplo. Mesmo com grandes intervenções, reforço na segurança - existe uma Batalhão da PM local apenas para cuidar da segurança do local - e eventos sistemáticos para atrair os turistas, hoje está degradado, dominado por usuários de drogas e batedores de carteira.
O prefeito goza de uma situação bastante confortável nas pesquisas de intenção de voto. Geralmente abre algo em torno de 30% de diferença em relação aos escores da governadora Raquel Lyra, que deverá disputar a reeleição. Esta estabilidade nas pesquisas é preocupante para os objetivos da governadora, que tenta furar a bolha e equilibrar a disputa com a entrega de obras e melhoria da comunicação institucional. As reações, no entanto, são incipientes ou quase nenhuma. A sensação é a de que o eleitorado já tivesse tomado uma decisão antes mesmo do pleito, que ocorre em outubro. E, por falar em obras, o prefeito lembra das obras deixadas no estado pelo seu pai, o ex-governador Eduardo Campos.
