pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
Powered By Blogger

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Editorial: Esta talvez seja mesmo a eleição do crime organizado.



Todas as eleições são marcadas por alguma característica em particular. As eleição das fake news, por exemplo, que ensaiou um projeto de transformar a política num picadeiro de mentiras com o propósito de desconstruir a imagem dos adversários. Na era da pós-verdade, a mentira se tornou um instrumento político poderoso, de larga utilização por determinados segmentos da extrema direita. As fake news se transformam numa estratégia perene desde então, mantendo-se nas eleições subsequentes, como nesta última. Mas, nas eleições de 2024 ocorreu um fenômeno curioso. A intensa tentativa ou ingerência do crime organizado na eleição de alguns gestores e legisladores públicos. 

Já bem lubrificados na máquina pública, participando de licitações, auferindo vantagens de toda a ordem, o crime organizado aproveitou a ocasião para ampliar seus tentáculos, como se verificou, inclusive através dos números. A Polícia Federal registrou o maior derrame de compra de votos das últimas eleições. Nunca o órgão havia apreendido tanto dinheiro com esta finalidade. R$ 51 milhões de reais. No caso do Rio de Janeiro, o que não surpreende, até agentes públicos ligados ao aparato de segurança pública foram detidos em flagrante delito. 

O Rio é sempre um exemplo cabal de nosso processo célere de mexicanização, mas o nordeste também deu seus exemplos de como o crime organizado está se esguichando na máquina estatal. Há algum tempo atrás li um texto tratando deste assunto, escrito por um especialista, onde ele informava que o projeto do crime organizado não é tomar o poder. Eles desejam apenas fazer negócios com o Estado e aproveitar as benesses dessa parceria. Não concordamos à época, mas hoje, principalmente a partir de fatos ocorridos nessas eleições,  damos a mão à palmatória. 

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


sábado, 5 de outubro de 2024

Editorial: Nuvens cinzentas para o PT nessas eleições.



Hoje o presidente Lula fez uma última tentativa no primeiro turno de garantir a presença de Guilherme Boulos no segundo turno das eleições em São Paulo. Hoje o líder petista participou de uma carreata de campanha do psolista em São Paulo, juntamente com a esposa. Era uma questão de honra para o PT vencer naquela praça, mesmo sabendo do ventos desfavoráveis à legenda em todo o país. Esta pedra foi cantada desde as últimas eleições presidenciais, onde o partido encontrou muitas dificuldades, permitindo à direita avanços significativos no Legislativo, dificultando a vida da boa governança no terceiro mandato do morubixaba petista. 

A onda de extrema direita que varre o continente europeu já chegou por aqui faz algum tempo. O PT perdeu o norte das narrativas e enfrenta sérios problemas na condução da política econômica. Caiu na armadilha de disputar espaço com a extrema direita na pauta de costumes, sacramentando seu definhamento. Mesmo antes do dia 06, amanhã, a direita e os grupos conservadores já estavam antevendo um malogro do partido nessas eleições. Em São Paulo, Boulos vai para os segundo turno disputando com um candidato disposto a tudo para alcançar seus objetivos, mas com um grande potencial de atrair setores conservadores do eleitorado. Aliás, o bolsonarismo raiz ele já atraiu, a julgar pelos últimos movimentos, o que também significa que o os votos de Nunes podem migrar para ele. O eleitor de Nunes pode votar em Pablo Marçal. Dificilmente votaria em Guilherme Boulos.  

Aqui em Pernambuco, um outro percalço, desses bem emblemáticos, tratado por aqui como a Batalha dos Guararapes. Fazíamos referências à época disputa pela Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, o segundo colégio eleitoral do estado. Ali, os petistas da terra, com ligações com o Planalto, empreenderam todos os esforços para alavancar a candidatura de Elias Gomes, que já havia administrado o município no passado. Pela pesquisa do Instituto Exatta, publicada no dia de hoje, 05, o candidato Mano Medeiros, que concorre pelo PL, pode liquidar a fatura ainda no primeiro turno. 

Editorial: Vitória da barbárie nas eleições em São Paulo? É o que está se desenhando.



Aguarda-se para logo mais duas últimas pesquisas sobre a corrida eleitoral em São Paulo, as realizadas pelos institutos Quaest e o Datafolha. Futura, Veritá e Real Time Big Data já anunciaram os seus dados, e, pelo andar da carruagem política, a extrema direita, representada pelo candidato Pablo Marçal já pode cantar vitória, depois de uma campanha marcada por métodos sórdidos, bem característicos desse agrupamento político. Marçal lidera ou aparece bem posicionado nessas três últimas pesquisas e deve ir para o segundo turno, onde irá travar uma batalha decisiva para ocupar a cadeira do Edifício Matarazzo. 

Estava lendo a pouco o enredo sujo que envolve a tentativa de associar o nome do candidato do Psol, Guilherme Boulos, ao consumo de cocaína. Um enredo, para ser mais preciso, criminoso, que exigirá as providências do candidato, mas sabe-se lá se ele conseguirá provar sua inocência e a justiça punir os responsáveis por essa disseminação de fake news até o final das eleições. Faz parte da estratégia. Há até um nome para se referir a essa estratégia adotada pela extrema direita. Nos Estados Unidos, até hoje, a candidata Hillary Clinton tenta se explicar das infâmias dirigidas contra ela, numa eleição vencida por Donald Trump. 

Reparem que a manobra ardilosa foi montada para desconstruir a imagem pública dos demais concorrentes do empresário Pablo Marçal. Foi assim com Tabata Amaral, no início da campanha, depois José Luiz Datena, que culminou com a cadeirada que encerrou sua campanha, em seguida Guilherme Boulos e, agora, Ricardo Nunes, que esboçou uma resposta na último debate da Globo, mas o estrago já estava feito. Ricardo Nunes corre um sério risco de não ir para os segundo turno. Como seria previsível, o tema continuará sendo explorado daqui para frente, envolvendo o candidato Boulos. No último debate, numa questão que exigia posicionamento propositivo, o empresário sugeriu que Boulos conhecia as "biqueiras". 

Nesses tempos bicudos que estamos enfrentando, a justiça precisará ser reinventada, atuar de forma mais célere no combate a esses sonegadores do processo democrático. A assessoria jurídica do candidato Boulos está tomando as providências legais que o caso exige, mas as ações provavelmente virão somente depois do processo eleitoral encerrado. Eleito o sonegador, torna-se ainda mais complicado puni-lo, depois de sufragado pelo voto popular. É complicado. 

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Editorial: Embate entre o PT e o PL em Fortaleza.


Pelo andar da carruagem política, teremos um embate duro entre o PT e o PL em Fortaleza. A eleição na capital do estado do Ceará deve ser decidida no segundo turno e, pelas últimas pesquisas, o candidato do PT, Evandro Leitão, deve enfrentar o representante do bolsonarismo na capital cearense, André Fernandes, do PL. Apesar de ser desbancado na disputa pelo oponente, não é improvável que o capitão Wagner, do União Brasil, possa se engajar na campanha do deputado André Fernandes. O menos provável seria o candidato do PDT, José Sarto, atual gestor da cidade, apoiar o nome de Evandro, do PT, a julgar pelas arestas criadas entre essas duas legendas. 

Segundo Ciro Gomes, ex-candidato à Presidência da República e um dos principais expoentes do PDT no estado, o PT seria um mal a ser evitado na condução da máquina pública. Sugere-se um mal ainda maior do que o representando pelo bolsonarismo, consoante suas avaliações. Desde cedo sabíamos que o horizonte que está se desenhando na capital, com uma eventual vitória de André Fernandes, seria o resultado possível de uma divisão das forças do campo progressistas naquele estado. Não vamos aqui entrar nessas discussões paroquiais, posto que inúteis. Envolvem até questões familiares, posto que a família Ferreira Gomes encontra-se cindida politicamente. A briga é feia. 

Ciro Gomes tem feito uma série de denúncias sobre a gestão do PT no estado. Ao se confirmarem essas denúncias, são coisas graves que depõem contra  administração pública. Evandro Leitão recebeu o apoio de caciques da legenda a nível nacional, não se sabe se com o empenho que ele gostaria. De qualquer forma, ele vai bem neste momento. Já esteve bem pior nas sondagens de intenções de voto. A surpresa maior, no entanto, é a ascendência do deputado André Fernandes. No início, o franco favorito das forças bolsonaristas na capital seria o capitão Wagner, que hoje corre o risco de não ir para o segundo turno.  

Charge! Jaguar via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Editorial: O sonho dos tucanos acabou numa cadeirada.


Os tucanos estão fazendo um esforço tremendo para voltar à ribalta. As circunstâncias políticas do país, porém, não tem ajudado muito neste retorno. Certamente terão candidatos disputando prefeituras pelo país afora, mas, pelo andar da carruagem política não devem fazer um número expressivo de prefeitos nesta eleição municipal. Uma das apostas, mesmo diante dessas adversidades conhecidas, seria fazer o prefeito do seu ninho mais emplumado, São Paulo. Os dirigentes da legenda fecharam com o apresentador José Luiz Datena com este projeto, mesmo contrariando as bases da legenda. Desta vez Datena não desistiu. Foram os eleitores que desistiram do candidato tucano. 

Quando assumiu que seria candidato, as pesquisas iniciais indicavam que ele estava bem ranqueado entre os concorrentes. Depois os problemas se sucederam, culminando com o episódio no debate organizado pela TV Cultura, onde o apresentador atingiu o oponente Pablo Marçal com uma cadeirada. Legítima defesa da honra, pois fora duramente atacado. Esta análise, no entanto, é coisa para juristas. O eleitor escolheu fazer outra clivagem e ele passou a declinar nos escores dos institutos de pesquisas de intenções de voto desde então. Os tucanos, neste momento, estão em cima de uma caveira de burro. Nada dá certo. 

Aqui no Recife, o candidato Daniel Coelho, que tem o apoio da governadora tucana, Raquel Lira(PSDB), amarga o índice de 5% das intenções de voto, em média. Vamos em frente. Há a possibilidade de eles lançarem um nome para concorrer à Presidência da República em 2026. Este nome pode ser o do ex-governador Aécio Neves, que quase venceu uma eleição que disputou com a ex-presidente Dilma Rousseff, numa demonstração de que os tucanos já tiveram dias melhores. 

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


Editorial: 1\3 do eleitorado paulista ainda não consolidou o seu voto.



O jornalista Josias de Souza, através de sua coluna do portal UOL|Folha chama a atenção para um dado nada desprezível no contexto da disputa acirrada da eleição para a Prefeitura de São Paulo. Nada menos de 1\3 do eleitorado ainda não está absolutamente seguro sobre o seu voto. 2\3 deles é torcida organizada e não mudaria o seu voto de jeito nenhum. O dado põe mais incertezas sobre o desfecho do pleito na capital paulista, abrindo a possibilidade, inclusive, de uma eventual arrancada de algum azarão na reta final. Pablo Marçal demonstrou grande resiliência e mostrou que não estava morto. 

Nas últimas pesquisas, ele que se supunha estacionado entre 19 e 21%, chegou a cravar 26,9% no Instituto Futura, acima dos percentuais de Guilherme Boulos e rigorosamente empatado com Ricardo Nunes, indicando que o segundo turno é uma avenida aberta. Tabata Amaral vem numa curva ascendente nas últimas pesquisas. Melhora seus índices em todos os institutos. Ontem comentamos por aqui que se tivéssemos mais uma semana de campanha não seria surpresa que ela alcançasse o pelotão da frente. Tabata tem cara de esquerda e perfil conservador, o que pode atrair tantos eleitores à direita quanto à esquerda do espectro político. De sobra, as mulheres, principalmente as indignadas com os escorregões verbais de Pablo Marçal no último debate. 

E, por falar em debate, o último deles, o de logo mais na Rede Globo, pode exercer alguma influência nesta dinâmica competitiva. Uma pena que, mesmo diante dos acertos da organização do debate do grupo UOL\Folha, os demais veículos mantenham as regras de engessamento, que, quase sempre não permitem que os concorrentes completem seus raciocínios, tornando o processo demasiadamente burocrático, vale dizer chatos.  

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Editorial: Mais uma semana de campanha para Tabata Amaral, por favor.



Em tese, não haveria a possibilidade de a candidata Tabata Amaral, do PSB, alcançar o pelotão da frente na disputa pela Prefeitura de São Paulo, formado por Pablo Marçal, Guilherme Boulos e Ricardo Nunes. Mas, ainda temos campanha, debate e corpo-a-corpo até o dia 6 de outubro. A candidata vem fazendo o seu dever de casa direitinho, portando-se de forma firme, mas civilizada durante os debates; discutindo propostas e evitando entrar em discussões que não interessam ao eleitorado. No último debate, o promovido pelo grupo UOL\Folha, fez questão de demarcar o seu terreno propositivo, republicano, evitando entrar no embate dos demais concorrentes. 

Deixou de morder a isca, como ocorreu com Boulos e Ricardo Nunes. Este último encontra-se engasgado até o momento. Um fato que está preocupando os demais concorrentes é este crescimento pequeno, mas constante e continuado da candidata em todos os institutos de pesquisa. Isto está abalando as estruturas dos demais candidatos, antes supostamente consolidados em uma vaga para o segundo rouond. Hoje, o quadro esta indefinido. Se tivéssemos mais uma semana de campanha o processo tenderia a ficar ainda mais complicado ou embolado, com a candidata chegando ao pelotão da frente, a julgar pelo sua performance nesta reta final de campanha. 

De quem, afinal, Tabata estaria tirando votos? Possivelmente entre os eleitores de Ricardo Nunes e de Guilherme Boulos, minando suas chances de se consolidarem numa das vagas para o segundo turno. 

Editorial: O debate que vai dar o que falar, segundo Pablo Marçal.



Os próximos dias serão decisivos para as eleições municipais deste ano. Num intervalo de apenas quatro dias, quando,  a partir do dia 3, não mais teremos campanhas pelo rádio e pela televisão, a sorte estará lançada. Abre-se aqui um espaço para a exploração maciça dos candidatos da campanha de rua e pelas redes sociais, mesmo diante das contingências impostas pela Justiça Eleitoral, uma vez que este universo é difícil de ser controlado. As redes sociais do candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, são as mais azeitadas entre aqueles que concorrem à Prefeitura de São Paulo. Isso pode fazer uma grande diferença, segundo alguns analistas. 

Pessoalmente, ele nem precisa se comprometer, uma vez que as redes podem ser utilizadas pelos seus assessores e seguidores. Conforme enfatizamos no dia de ontem, a quadra paulista está completamente indefinida neste momento. Uma verdadeira gangorra de sobe e desce entre os principais competidores, com oscilações para cima e para baixo, conforme o instituto. Há três candidatos com chances efetivas de passar para o segundo turno: Ricardo Nunes, Guilherme Boulos e Pablo Marçal. Quem apostou numa definição consolidada do primeiro turno entre Boulos e Nunes pode ter alguma surpresa a partir do dia 06. Marçal não está morto. 

Os escaninhos da política informam que a Rede Globo impôs uma série de regras para que ele participasse do debate. Essas regras devem valer para todos os postulantes, dentro dos parâmetros dos pesos e contrapesos, o que pode deixar o debate bastante engessado. O melhor formato foi o organizado pelo grupo UOL\Folha, que permitiu um efetivo confronto de propostas entre os candidatos, a administração de um banco de tempo e, mais importante, interferências pontuais da mediadora. Vocês perceberam, no debate organizado por um sistema de comunicação aqui do Recife as vezes em que os candidatos foram interrompidos pela mediadora, argumentado que o tempo havia se encerrado, quando o raciocínio ainda estava sendo construído? Segundo o empresário Marçal, o debate da Globo vai dar o que falar. Debate tem que dá o que falar mesmo. 


Editorial: Os problemas do PT nas próximas eleições municipais.



O Planalto aguarda, naturalmente com grande expectativa, o resultado das próximas eleições municipais, programadas para o próximo dia 06, domingo. A luz amarela já acendeu há algum tempo por ali. As perspectivas não são nada otimistas, a julgar pelo andar da carruagem política. Outro dia, uma matéria nos chamou muito a atenção. Elmar Nascimento, do União Brasil baiano, havia feito o "L" e estaria engajado na campanha do PT no estado. Com os nossos botões, andei refletindo sobre o que não seria possível na política, posto que Elmar, candidato do União Brasil à Presidência da Câmara dos Deputados, é um desafeto figadal dos morubixabas petistas naquele estado. Uma vela para Deus e outra para o Diabo, pois sabe-se lá com quem ele, de fato, poderá contar naquele jogo intrincado que é a sucessão naquela Casa.  

As contingências das próximas eleições na Câmara dos Deputados poderia ter provocado esses movimentos contraditórios. Fomos checar a matéria e descobrimos que, na realidade, tratava-se não da eleição em Salvador - um dos casos onde o PT já jogou a toalha - mas numa cidade do norte do estado, onde a candidata da legenda, Lurdinéia do Zé Branco ainda teria alguma chance. Elmar procura construir pontes entre os parlamentares do PT no estado, evitando arestas ou ruídos nos arranjos palacianos em apoio à sua candidatura. 

Salvador, conforme afirmamos, é uma dessas capitais onde o partido deverá ter um resultado pífio nas urnas. Bruno Reis, do União Brasil, deverá vencer as eleições ainda no primeiro turno. Em João Pessoa, o candidato da legenda, Luciano Cartaxo, também não decolou. Em Belo Horizonte, o PT deixou de fazer uma aliança com um candidato com alguma chance, o Fuad Noman, do PSD, atual gestor, optando por partir para a aventura da uma candidatura própria, a do deputado federal Rogério Correia, que hoje pontua apenas com 5% das intenções de voto, sem qualquer chance de virar o jogo, num dos colégios eleitorais emblemáticos para o projeto eleitoral da reeleição do morubixaba Luiz Inácio Lula da Silva, em 2026. 

Charge! Pedro Vinício via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 1 de outubro de 2024

Editorial: O debate do Sistema Jornal do Commércio de Comunicação.



O SJCC anuncia o seu debate entre os candidatos que concorrem à Prefeitura da Cidade do Recife. João Campos, que foi muito cobrado em razão de sua ausência no debate da Adufepe, a associação que reúne os docentes da UFPE, já confirmou sua presença e, provavelmente, também não deixará de comparecer ao debate da Rede Globo, no próximo dia 03, quinta-feira. No dia de ontem, saiu mais uma pesquisa do Instituto Quaest apontando que ele mantém os seus escores anteriores, algo em torno de 75% das intenções de voto. 

É curioso como, mesmo diante do endurecimento das regras - até cadeiras foram parafusadas, dando a dimensão dos problemas que tivemos nessas eleições municipais - dialeticamente, os debates foram evoluindo para permitir a possibilidade de confrontos diretos entre os candidatos. O formato da Rede Record ficou muito bem e o melhor de todos foi o formato concebido pelo UOL\Folha, realizado no dia de ontem, onde os concorrentes tinha um banco de tempo para administrarem. Até a questão da gestão deste tempo pesou contra os postulantes, a exemplo do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, que, aliás, não esteve bem no debate como um todo. 

Assim como ocorreu com o debate do grupo UOl\Folha, é realmente uma pena que o SJCC tenha optado por seguir as regras de representação da Justiça Eleitoral e não tenha convidado todos os postulantes que concorrem à cadeira do Palácio Capibaribe. Gostaríamos também de ouvir Simone Fontana, Ludmilla Outtes, Victor Assis. O debate está programado para logo mais, às 18:30. 

Editorial: Situação indefinida na quadra paulista.



Preferimos concluir por uma situação indefinida na quadra paulista. As últimas pesquisas de intenção de voto, tanto a divulgada pelo Instituto Atlas\Intel quanto a do Instituto Quaest apenas reforçam esta nossa convicção. Há três candidatos rigorosamente empatadas dentro da margem de erro com a qual os institutos trabalham, que vão de 2.2 a 3.5 percentuais. Quinta, dia 03, sai a pesquisa do Instituto Datafolha, apresentada como uma espécie de tira-teima ou síntese dos demais institutos. A partir do dia 04 não mais teremos as propagandas pelo rádio e pela televisão. Neste mesmo dia 03 teremos um último debate entre os candidatos que concorrem à cadeira do Edifício Matarazzo, que será apresentado pelo Rede Globo. 

Um intervalo de três dias, onde tudo pode acontecer, inclusive nada. Todos os cenários estão sendo cogitados neste momento. Um percalço da candidatura de Ricardo Nunes, nesta reta final, principalmente depois da repercussão negativa de uma pergunta sem resposta, envolvendo um tema delicado, algo que deverá voltar a ser replicado no debate da Rede Globo. Uma fala infeliz do candidato Pablo Marçal sobre o voto das mulheres inteligentes, afirmando que elas não costumam votar em candidatas mulheres. É curioso, mas Tabata Amaral, ainda muito longe do pelotão da frente, vem crescendo nas pesquisas acima da margem de erro. 

A possibilidade de mais fake news disseminadas contra o candidato Guilherme Boulos, que não reuniria mais condições de respondê-las, em razão da exiguidade de tempo. Um dos candidatos já afirmou que teríamos mais novidades nesta reta final de campanha. Pelo seu perfil de franco-atirador, tudo é possível. Um segundo turno é certo, mas, hoje, apostar na absoluta certeza de quem, entre os concorrentes, seguirá em frente passou a ser uma aposta temerária.  

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Editorial: Atlas\Intel aponta liderança de Guilherme Boulos.


No debate promovido no dia de hoje, 30, organizado pelo UOL\Folha, a despeito dos elogios recebidos, tivemos alguns momentos tensos, protagonizados entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo.  Pablo Marçal fez uma pergunta capciosa ao candidato Guilherme Boulos, que respondeu-a, apesar das eventuais repercussões negativas. O psolista admitiu que já experimentou maconha e não gostou, pois sentiu uma dor de cabeça enorme. Dor de cabeça menor foi saber que se tratava de uma pergunta maliciosa, com o propósito de emparedá-lo e atiçar as redes sociais com os famosos cortes. 

Nunes, por sua vez, não soube lidar com o assunto, complicando-se nesta reta final da campanha. Marçal insistiu quatorze vezes para que ele respondesse porque sua esposa fez um boletim de ocorrência relativo à suposta violência doméstica. Na medida em que ele não respondia, Marçal insistia, tornando o tema ainda mais delicado. No final, o empresário transferiu a missão de perguntar aos internautas, através  suas redes sociais, onde ele ainda é hegemônico. Hoje, 30, o Instituto Atlas\Intel divulgou sua pesquisa sobre a competição em São Paulo. Ainda persiste o empate técnico entre eles, mas com uma novidade. Numericamente Marçal cresceu e, hoje, pelos escores, seria quem disputaria o segundo turno com o psolista, apeando Nunes do páreo. 

Não se de pode concluir nada sobre a repercussão do debate de hoje. Ainda não poderia se refletir, naturalmente, numa pesquisa de intenção de voto realizada dias antes. Na quinta-feira, dia 03, sai a pesquisa final, promovida pela Instituto Datafolha. Também neste dia, será realizado o debate da Rede Globo de Televisão, o último neste primeiro turno. Num eventual segundo turno, Ricardo Nunes venceria ambos, sendo uma grande vitória do prefeito assegurar uma das vagas no segundo turno.  

Editorial: O debate da UOL\Folha entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo.



A UOL\Folha realizou o seu debate no dia de hoje, 30\09. Sem sombra de dúvidas, um dos melhores realizados até este momento da campanha. Na realidade, há algum tempo esperávamos um debate como este, capaz de proporcionar uma discussão mais efetiva entre os candidatos, embora, recheadas de acusações e provocações. Ricardo Nunes caiu na armadilha orquestrada pelo candidato Pablo Marçal, que tirou o prefeito do sério, com perguntas nevrálgicas formuladas pelo empresário, principalmente sobre um suposto boletim de ocorrência registrado por sua esposa. Perguntado durante quatorze vezes sobre o assunto por Pablo Marçal, o prefeito não respondeu. Se saiu mal no debate, uma vez que se criou uma onda em torno do assunto, possivelmente explorada nas redes sociais. 

O debate organizada pela Rede Record, um pouco antes, já sinalizava neste sentido, principalmente o realizado pelas afiliadas, onde sugere-se que tais afiliadas tiveram a liberdade de promoverem mudanças no formato, como o que ocorreu na TV Correio, em João Pessoa, onde os candidatos também tiveram um certo tempo para administrar, organizado por cada bloco. Um tempo bem além do engessamento de um minuto ou trinta segundos, coisas do gênero. Em debates com esta dinâmica, que ganha, na realidade, é o eleitorado.  A grande expectativa é sobre se esses últimos debates poderiam mudar a dinâmica competitiva do pleito. 

Há, na realidade, um rigoroso empate técnico entre os principais competidores neste momento, a exemplo, de Pablo Marçal(PRTB), Guilherme Boulos(PSOL) e Ricardo Nunes(MDB). Marçal estagnou, principalmente nas últimas pesquisas, entre 19% ou 21% das intenções de voto, consoante o instituto. Guilherme Boulos aparece na liderança em algumas delas, ao passo que tal hegemonia é assegurada ao candidato Ricardo Nunes. Para alguns analistas, o primeiro turno já está definido. Esta semana, mesmo antes do debate da Globo, teremos as pesquisas do Paraná Pesquisas, do Quaest e talvez do Atlas\Intel

domingo, 29 de setembro de 2024

Editorial: João Pessoa - Como os eleitores reagirão ao escândalo da Operação Território Livre?



A Polícia Federal, o Gaeco e o Ministério Público Estadual, isoladamente ou em conjunto, realizam operações regulares no estado da Paraíba, com o propósito de combater desmandos do poder público, envolvendo agentes públicos e privados. Numa dessas operações mais recentes, o primeira-dama de João Pessoa, Lauremília Lucena, esposa do atual gestor, Cícero Lucena, que concorre à reeleição, foi detida depois de uma ação de busca e apreensão em sua residência. Cícero, que integra os quadros do partido Progressista, lidera todas as pesquisas de intenção de voto até este momento da campanha. O fulcro da Operação Território Livre é a eventual relação promíscua estabelecida entre a administração do município e o crime organizado. 

Faccionados teriam espaço na gestão mediante apoio em redutos por eles controlados na periferia da capital. Situações assim, infelizmente, já são verificadas em outra praças do país, mas ainda não haviam sido registradas em capitais nordestinas. Pelo menos com tamanha especificidade. Acompanhamos, atentamente, o debate organizado pela TV Record no dia de ontem, 28, transmitido pela afiliada no estado, a TV Correio. O debate foi profundamente esclarecedor, inclusive porque o tema foi solenemente debatido, o que seria obviamente natural, trazendo à luz procedimentos igualmente menos condizentes de alguns dos demais concorrentes à prefeitura da capital. 

Cícero Lucena se diz vítima de armação, de manobras politicas, uma vez que a pedra da operação Território Livre, segundo ele,  fora cantada semanas antes pelos seus adversários. Por outro lado, as evidências de irregularidades estão sensivelmente expostas. A questão agora é saber como o eleitorado reagirá a esta situação, a praticamente uma semana das eleições. Uma grande incógnita, na realidade, mas acreditamos que teremos surpresas no dia 06 de outubro. Não é possível que o eleitorado mais consciente possa se mostrar indiferente a esses fatos.  

sábado, 28 de setembro de 2024

Editorial: Polícia Federal e Gaeco prendem Lauremília Lucena no curso da operação Território Livre.



Há alguns meses, o Ministério Público de São Paulo, juntamente como o GAECO - Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado - desencadeou uma megaoperação, onde ficou evidenciado a participação de integrantes do crime organizado na administração pública de São Paulo capital, atuando junto ao sistema de transporte público. Os caras eram dono de empresa, com CNPJ e tudo, vencedores de licitações, onde o poder público repassava quantias regulares de verbas, todos os meses, dando a dimensão exata dessa relação promíscua. Em relação à gestão das creches e distribuição da merenda escolar sugere-se a possibilidade de problemas semelhantes, desta vez com o agravante de beneficiamento de gestores públicos, algo que está sob investigação. 

Estávamos agora ouvindo uma entrevista do Ciro Gomes e as coisas também não são alvissareiras pelas terras cearenses, hoje um dos estados mais violentos do país, sobretudo em razão da atuação do crime organizado. Há alguns anos se descobriu que um coronel que comandava a Chefia da Casa Militar era o comandante da logística de uma organização criminosa com atuação no estado. Geralmente são convidados para esses cargos os nomes da elite dessas corporações militares. Hoje, dia 28, no curso da terceira fase da operação Território Livre, a Policia Federal e o Gaeco prenderam Leuremília Lucena. Lauremília Lucena é a esposa do atual gestor da capital João Pessoa, Cícero Lucena, que lidera todas as pesquisas de intenções de voto realizadas até este momento, com possibilidade de vencer as eleições ainda no primeiro turno. 

É preocupante como estamos enfrentando tantos problemas relativos àquele estado da federação nessas eleições. Esta operação Território Livre já teve várias etapas e investiga a possibilidade de um conluio entre faccionados e o poder público, em algo que depõe contra a boas práticas republicanas e o processo democrático. Estamos tratando aqui de compra e aliciamento violento de votos, assim como o liberação de atuação de agentes públicos em comunidades controladas por determinados grupos, mediante vantagens obtidas na máquina pública. Uma vereadora da capital também foi detida recentemente. Candidato a prefeito da capital também já foi ameaçado se viesse a fazer comício em determinados "redutos" e hoje anda com escolta da Polícia Federal. Isso corrói o edifício democrático, conforme já enfatizamos por aqui, uma vez o candidato foi simplesmente impedido de apresentar suas propostas de gestão da pólis para o eleitorado. Ali são os chefes do crime organizado quem determina o candidato que pode ser votado. Entende-se o nome da operação Território LivreCidades como São Bento e Paulista terão a presença de forças federais para assegurar a tranquilidade das próximas eleições municipais.  

Salvo melhor juízo, o fio condutor dessas investigações está relacionado a um telefone inusitado, de um chefe de facção, de dentro do sistema prisional, para uma secretária municipal, cobrando acordos eventualmente celebrados. A presença desses grupos na periferia da capital e em cidades da região metropolitana de João Pessoa, a exemplo de Bayeux, Cabedelo e Conde, estão contribuindo enormemente para a elevação dos  índices de violência no estado. No Conde, um jovem foi arrastado de sua casa e morto com cinquenta disparos de bala. Ontem a Polícia Civil prendeu uma jovem promissora, ex-campeã de caratê, hoje chefe de uma facção, que havia matado e esquartejado dois desafetos. 


Nota do Prefeito Cícero Lucena: 



O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, foi alvo de mais um ataque covarde e brutal, ardilosamente arquitetado por seus adversários às vésperas da eleição, envolvendo sua família.

Com sua liderança consolidada em todas as pesquisas, que indicam vitória já no primeiro turno, seus opositores, nos últimos dias, disseminaram boatos pela cidade sobre uma nova operação. A operação realizada hoje, portanto, já era prevista e foi recentemente denunciada no plenário da Câmara dos Deputados pela deputada federal Eliza Virgínia, que alertou publicamente sobre o uso político de instituições com o objetivo de influenciar a campanha eleitoral em João Pessoa.

Na imprensa, nossos adversários divulgaram versões fantasiosas e inverdades com o intuito de manchar a honra de uma mulher íntegra, respeitada e querida pelo povo paraibano. Lauremília não teme as investigações e, na justiça, demonstrará que é vítima de uma grave perseguição política, orquestrada pelos adversários de Cícero, que claramente utilizam sua influência para esse fim.

Trata-se de uma prisão política. Lauremília tem residência fixa e jamais se recusaria a prestar depoimento ou esclarecer quaisquer fatos. Houve o uso de força desproporcional, já que ela sequer foi convocada para prestar depoimento. Claramente, os adversários de Cícero estão utilizando todos os meios para conquistar o poder a qualquer custo, sem respeito à sua família ou à cidade de João Pessoa.

Lauremília tem uma vida limpa, é uma benfeitora na cidade e do Estado. Ela provará sua inocência, sendo mais uma vítima de injustiça, assim como Cícero também foi.

João Pessoa não pode e não vai retroceder. As injustiças que, mais uma vez, atingem Cícero e sua família não ficarão impunes. A campanha continuará nas ruas para mostrar que nenhuma força política está acima de Deus e da vontade soberana do povo.

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo.

 


sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Editorial: Que cadeirada cara, Marçal!



A experiência vai nos ensinando a se posicionar sobre determinados assuntos. Alguns deles, por mais interessantes que sejam, deixamos de lado para não melindrar as corporações. A questão não é apenas ideológica, pois essa gente sequer está preocupada com este tema. O grande problema é mexer em vespeiros corporativos, núcleos de interesses de caráter não republicano, alguns encastelados no aparelho de Estado, quase sempre agindo de forma ilegal, em conluio com os de fora. Lamento que os leitores tenham que fazer um esforço maior para entender o que estamos, na realidade, tentando dizer. 

Ontem o GAECO do Rio de Janeiro desbaratou uma quadrilha de milicianos que recebiam apoios de integrantes da Polícia Militar. Um deles com a patente de coronel, conhecido entre esses milicianos como "painho". Aqui na província, a sugestão de um nome ligado aos militares de perfil golpista para assumir uma provável secretaria de segurança pública municipal na eventualidade de um dos postulantes chegar ao Palácio Capibaribe. Dizem que na época da vigência da ditatura militar o grande cronista, Sérgio Porto, também conhecido como  Stanislaw Ponte Preta, não largava seu caderninho de anotações nem quando ia à praia com a família. O objetivo era o de anotar aqueles assuntos que merecessem uma de suas crônicas, que se tornariam famosas. 

Hoje acreditamos que ele teria dificuldades, na realidade, em selecionar estes assuntos, dada a profusão com que eles ocorrem. Soubemos agora que o candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, acionou a justiça para processar o apresentador José Luiz Datena pela cadeirada sofrida no debate da TV Cultura. Pede uma indenização de cem mil reais. Que cadeirada cara, Datena!!! 

Editorial: Primeiro turno definido em São Paulo?


De acordo com as últimas pesquisas e pelo andar da carruagem política, tudo levar a crer que o cientista político Antônio Lavareda estava certo em seu prognóstico quanto a um primeiro turno já definido na quadra paulista, envolvendo os nomes de Ricardo Nunes e Guilherme Boulos. Ontem o Instituto Datafolha divulgou mais uma pesquisa de intenção de voto onde esta tendência parece se consolidar. Ainda teremos mais três debates até o dia 06 de outubro, mas, a julgar pelas taxas de rejeição ao nome de Pablo Marçal, não haverá condições de mudança deste cenário. Nem com novas cadeiradas. No que concerne a um segundo turno entre Nunes e Boulos, algumas ponderações precisam ser feitas. 

Nada menos do que 32% dos eleitores ainda admitem mudar de voto, o que significa concluir pelas incertezas inerentes às últimas horas que antecedem ao dia 06 de outubro. Todas as simulações até este momento indicam uma vitória de Ricardo Nunes, confirmando-se uma tendência antiga do eleitorado paulista em refenderam nas urnas nomes com perfis menos radicais. Exceções existem, mas o passado de Guilherme Boulos como ativista de movimentos sociais será magistralmente explorado pelos marqueteiros do adversário.  O mais curioso é que a estratégia de atrair o eleitorado periférico e empobrecido para as hostes do socialista Boulos sugere-se que também não foi bem-sucedida. Lá no inicio da campanha um cientista político chegou a sugerir que talvez tivesse sido mais importante para Boulos atrair a Farias Lima para a sua chapa. Quem sabe ele não tivesse razão? Ficou uma chapa esquerda demais.  

Esta é uma das campanhas mais equilibradas na quadra paulista. O PT não vai bem em todo o país, mas uma vitória em São Paulo faria toda a diferença. Ali o partido aposta todas as suas fichas na tentativa de infligir uma derrota ao bolsonarismo, identificado com a candidatura de Ricardo Nunes. A espiral de baixarias, desencadeadas desde o início da campanha, permanece produzindo seus efeitos abomináveis, a despeito dos apelos e das medidas adotadas pelo TSE. Profundamente lamentável esses vídeos que estão sendo disseminados envolvendo a candidata Tabata Amaral. 

Charge! Cláudio Mor via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Editorial: Assédio eleitoral.



Ao longo dos anos, o edifício democrático vem sendo corroído sistematicamente. No dia de ontem, na condição de Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, a Ministra Cármen Lúcia recomendou aos órgãos competentes da república que adotassem medidas efetivas para impedir que o processo democrático fugisse ao escopo de um procedimento republicano e civilizado, onde o eleitor tivesse plena liberdade em sufragar o seu voto, sem os constrangimentos que alguns postulantes tentam infligir, como o de tumultuar os debates, aliciar eleitores ou obrigá-los a votar neste ou naquele nome que não corresponda à sua vontade. É o mínimo que se espera numa eleição dentro de uma quadra democrática.  

O assédio eleitoral, no passado, já teve outros nomes como o voto de cabresto ou voto de curral, onde os coronéis interioranos literalmente prendiam o seu rebanho de eleitores, contingenciando-os a votarem nos seus apaniguados indicados. Na semana passada ocorreu uma grande operação da Polícia Federal na Paraíba, onde ficou constatado o aliciamento de eleitores, culminando com a prisão de uma das pessoas envolvidas. A justiça daquele estado, inclusive, resolveu manter a sua prisão. A cidadã já exerce mandato como vereadora de João Pessoa. 

Hoje, dia 26, na cidade de São Bento, outra mega operação denominada de COACTUM, foi realizada na cidade de São Bento, Sertão do Estado, onde foram cumpridos 22 mandados de busca e apreensão, motivada pela compra de voto e aliciamento violento contra eleitores. Há rumores de rachadinhas, onde funcionários poderiam estar sendo obrigados a reservar parte dos seus salários para alimentar determinados esquemas, daí o nome COACTUM, designando algo compulsório. Sugere-se que a operação tenha sido realizada em escala nacional, pois também foram registradas ocorrências no estado do Rio Grande do Sul. Duas pessoas foram presas na Paraíba e até uma metralhadora foi apreendida. 

Editorial: Eleição na Câmara dos Deputados não é para amadores.



A eleição para a Presidência da Câmara dos Deputados, definitivamente, não é um jogo para amadores. As artimanhas, as armadilhas, as barganhas, os blefes, as escaramuças estão na ordem do dia. Dependendo dos arranjos internos, de uma hora para para outra azarões como Hugo Mota, do Progressistas da Paraíba, despontam como francos favoritos ao cargo, desbancando nomes até então mais azeitados, como era o caso de Elmar Nascimento, do União Brasil da Bahia. Conhecedores da dinâmica do jogo, os caciques das legendas com voto negociam à exaustão, procurando obter os melhores dividendos. Lira, que hoje se inclina para apoiar o nome de Hugo Mota, já anda cobrando do governo um posicionamento mais objetivo. 

O PL tem a maior bancada e negocia questões nevrálgicas, como uma anistia aos envolvidos no 08 de janeiro, assim como a restituição dos direitos políticos do capitão. Mesmo sem muitas chances, o PSD de Kassab mantém a candidatura de Antônio Brito, quem sabe com o propósito de barganhar um melhor posicionamento num eventual segundo turno daquelas eleições. O Governo não tem esses votos todos, mas contar com eles ajuda bastante num jogo tão intrincado, como é aquela eleição.  Assim, Elmar Nascimento, depois de tomar um susto do azarão, saiu de sua zona de conforto e resolveu se movimentar, procurando o governo para negociar o apoio. 

Nos escaninhos da política sugere-se que o que estaria em jogo é um eventual apoio - imaginem - a um provável projeto de reeleição de Lula em 2026. Aqui temos que admitir. Os caras sabem negociar. As espumas que se formaram com as batidas da água do mar sobre as pedras dizem exatamente o contrário, ou seja, que o União Brasil deve apoiar um nome do partido às eleições presidenciais de 2026. Até outubro de 2026 as nuvens políticas terão mudado sensivelmente. 

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Editorial: Beneficiários do Bolsa Família estuporam 3 bilhões em jogos bets.



Alguém já afirmou que este país não pode ser levado muito sério. A cada dia ficamos mais convencidos disso. Outro dia um governador foi execrado nas redes sociais ao afirmar que considerava preocupante o fato de uma parcela cada vez mais significativa da sociedade, principalmente em regiões como o Nordeste, tivesse como única fonte de renda o Bolsa Família. Em inúmeras cidades brasileiras o montante de beneficiários, de fato, ultrapassam aqueles trabalhadores que estão efetivamente inseridos, de alguma forma, no processo produtivo. Sugere-se que tenha sido esta a preocupação do governador, embora ele tivesse pecado ao estabelecer parâmetros comparativos regionais nessa discussão. 

Pois bem. Agora vem uma noticia ainda mais chocante. No mês de agosto o Governo teria liberado algo em  torno de 20 bilhões com o programa, beneficiando milhares de pessoas por todo o Brasil. Como as regiões Norte e Nordeste do país são as mais fragilizadas socialmente, naturalmente, um número expressivo desses beneficiários se concentram nestas regiões.  Cruzando os dados desses beneficiários, o Governo descobriu através do Banco Central, algo preocupante. Nada menos do que 3 bilhões desses recursos foram estuporados pelos beneficiários em jogos bets, ou seja, o tigrinho levou a sua parte. São transações financeiras realizadas através do Pix. 

Os beneficiários passam por um cadastro rigoroso, sistematicamente acompanhado, sempre com o intuito de evitar os tradicionais desvios de finalidade. Não há como responsabilizar o Governo pelas atitudes equivocadas dos beneficiários, mas não há, igualmente, como deixar conceber a necessidade da adoção de medidas que possam minimizar este uso irregular dos recursos públicos, destinados a atender necessidades elementares da população.  

Editorial: Ministra Cármen Lúcia aciona órgãos da república para manterem níveis civilizados de campanha.



A Ministra do Tribunal Superior Eleitoral, Cármen Lúcia, acionou órgãos da república, como a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e os Tribunais Regionais no sentido de apurarem abusos, desvios de finalidades, assim como garantir a integridade civilizatória, republicana e democrática nessas eleições municipais. A medida vem no bojo dos últimos episódios observados durante os debates dos candidatos em São Paulo, onde as agressões verbais e físicas se tornaram recorrentes. Diante desses e outros fatos, tais medidas se tornaram absolutamente necessárias. 

Em despacho contundente em defesa das instituições democráticas e do eleitorado - que não sintoniza sua tv numa eleição para acompanhar luta de ringue durante um debate eleitoral - a Ministra, que preside o TSE, não abdica de apontar possíveis sanções aos descumpridores das normas, sugerindo, segundo alguns observadores, a disposição, em última análise, da adoção de medidas radicais, como a inelegibilidade. Na realidade, embora absolutamente oportunas, essas brigas e agressões se constituem na ponta do iceberg, naquilo onde a Polícia Federal, o Ministério Público e os Tribunais Regionais podem intervir de forma eficiente, evitando ou inibindo tais ocorrências. 

Nossa grande preocupação é que o edifício democrático está sendo corroído sistematicamente, através da ocupação de espaços públicos pelo crime organizado, por grupos milicianos, que, em casos mais graves, permitem apenas que determinados atores possam externar suas ideias e  propostas para a população. No Rio de Janeiro, por exemplo, já não se faz política sem algum padrão de interlocução com grupos milicianos, fenômeno que, infelizmente, já se verifica em outras praças do país. No Guarujá uma candidata sofreu um atentado recentemente, em circunstâncias que podem ser enquadradas nesta discussão acima. Outro fator que está minando o edifício democrático são os chamados "cortes", alimentados pela economia da atenção, desvirtuando o eleitorado da real discussão sobre os destinos da pólis. Brigas e agressões integram este arsenal pernicioso para os interesses da democracia. Elas são provocados por alguns candidatos, segundo sugere-se, para a produção dos "cortes".