A Ministra do Tribunal Superior Eleitoral, Cármen Lúcia, acionou órgãos da república, como a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e os Tribunais Regionais no sentido de apurarem abusos, desvios de finalidades, assim como garantir a integridade civilizatória, republicana e democrática nessas eleições municipais. A medida vem no bojo dos últimos episódios observados durante os debates dos candidatos em São Paulo, onde as agressões verbais e físicas se tornaram recorrentes. Diante desses e outros fatos, tais medidas se tornaram absolutamente necessárias.
Em despacho contundente em defesa das instituições democráticas e do eleitorado - que não sintoniza sua tv numa eleição para acompanhar luta de ringue durante um debate eleitoral - a Ministra, que preside o TSE, não abdica de apontar possíveis sanções aos descumpridores das normas, sugerindo, segundo alguns observadores, a disposição, em última análise, da adoção de medidas radicais, como a inelegibilidade. Na realidade, embora absolutamente oportunas, essas brigas e agressões se constituem na ponta do iceberg, naquilo onde a Polícia Federal, o Ministério Público e os Tribunais Regionais podem intervir de forma eficiente, evitando ou inibindo tais ocorrências.
Nossa grande preocupação é que o edifício democrático está sendo corroído sistematicamente, através da ocupação de espaços públicos pelo crime organizado, por grupos milicianos, que, em casos mais graves, permitem apenas que determinados atores possam externar suas ideias e propostas para a população. No Rio de Janeiro, por exemplo, já não se faz política sem algum padrão de interlocução com grupos milicianos, fenômeno que, infelizmente, já se verifica em outras praças do país. No Guarujá uma candidata sofreu um atentado recentemente, em circunstâncias que podem ser enquadradas nesta discussão acima. Outro fator que está minando o edifício democrático são os chamados "cortes", alimentados pela economia da atenção, desvirtuando o eleitorado da real discussão sobre os destinos da pólis. Brigas e agressões integram este arsenal pernicioso para os interesses da democracia. Elas são provocados por alguns candidatos, segundo sugere-se, para a produção dos "cortes".
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