O Deputado Federal Leur Lomanto Júnior(União-BA), que preside o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, está encontrando dificuldades em definir um nome entre os pares para assumir a condição de relator do pedido de cassação do Deputado Federal Chiquinho Brazão(UB-RJ), acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes. O pedido foi protocolado pelo PSOL, partido ao qual a vereadora era filiada. Existem uma série de clivagens que se impõem, por razões óbvias, ao processo de cassação de um deputado, como não integrar o mesmo partido ou bloco parlamentar, não ser um representante do mesmo Estado do réu e, naturlamente, não pertencer ao mesmo partido proponente.
O processo de escolha do relator tem sido o sorteio, mas, apenas no dia de ontem, 17, três deles se recusaram assumir a função depois de sorteados. Declinaram da escolha os deputados Bruno Ganem(Podemos-SP), Ricardo Ayres(Republicanos-TO), Gabriel Mota (Republicanos-RR). O presidente do Conselho de Ética, naturalmente, se ver contingenciado a realizar mais um sorteio, desta vez ele mesmo torcendo que alguém aceite a missão espinhosa de relatar um processo de cassação de um dos pares, o que, convenhamos, não se trata de uma tarefa simples, por maiores que sejam as evidências de uma culpabilidade do acusado, infrigindo o decoro parlamentar.
O Poder Legislativo, possivelmente insuflado pela bancada de oposição, resolveu comprar a briga com o Executivo e o Judiciário. Circula a versão de que a prisão de Chiquinho Brazão seria a última a ser aceita pela Câmara dos Deputados nos termos em que a mesma foi realizada, que eles interpretam com irregular, pois não houve flagrante. Lira ameaça abrir cinco CPI's ao mesmo tempo, algumas delas tóxicas ao Governo, além de atrapalhar o andamento de análise de projetos de interesses do Executivo.
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