O Estado da Paraíba talvez nos forneça algumas pistas para entendermos esse fenômeno das transmutações políticas ou das decomposições ideológicas de determinados atores, grêmios partidários e até mesmo de Governos. Mesmo diante do esgarçamento da polarização entre petistas e bolsonaristas, ocorrem alguns lances curiosos, possivelmente movidos por interesses pessoais ou mesmo por ajustes políticos que se impõem. O Governo Lula, por exemplo, preciosu abrir as portas da máquina pública para atores políticos do ancien régime, tudo em nome das negociações com o Centrão, objetivando construir um mínimo de governabilidade.
Tais concessões, naturalmente, deixou enfurecida sua base de apoio mais orgânica ou autêntica, como a própria presidente da legenda, a Deputada Federal Gleisi Hoffmann, uma crítica contundente dessas concessões. No caso da Paraíba, durante um logo tempo, o radialista Nilvan Ferreira foi a pessoa mais identificada com o bolsonarismo no Estado. Numa manobra interna do seu partido, ele acabou sendo literalmente deletado daquele grêmio partidário - e, naturalmente da disputa pela prefeitura da cidade de João Pessoa neste ano - tendo que se abrigar numa outra legenda e tentar a sorte na cdade de Santa Rita, cidade onde recebeu sua maior votação para o Governo do Estado, ainda na condição de um postulante bolsonarista raiz. A manobra foi tão atroz, que o comunicador, em vídeo, queixa-se de que as portas dos partidos se fecharam para ele no Estado. A questão que se impõe é se o radialista ainda se coloca como um autêntico bolsonarista, depois da refrega sofrida pelos próprios patriotas.
Vamos tratar os bolsonaristas como "patriotas" por aqui, apenas para diferenciá-los dos "companheiros". Resumindo a ópera, a indicação de Melillo Lopes Cunha Silva, ex-Ministro de Desenvolvimento Regional do Governo Bolsonaro, para ocupar a vaga de Secretário-Executivo do Ministério das Cidades, comandado por Jader Filho, não surpreende mais a este editor, em razão dos inúmeros precedentes já verificados ao longo deste Governo, inclusive para o judiciário, conforme as bases protestaram recentemente.
Pelo andar da carruagem política pernambucana, enquanto isso ocorre nos corredores do Governo Federal, aqui na província a governadora Raquel Lyra(PSDB-PE) faz um caminho inverso, ou seja, ela que já esteve muito próxima do bolsonarismo, tenta desconstruir essa imagem, retirando da máquina aqueles nomes indicados pelo PL para ocuparem cargos públicos no Estado, penalizando a família Ferreira.
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