pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Os fichas-sujas achados nas ruas.


Começam a surgir o nome dos políticos com ficha-suja a partir não da legislação que trata do assunto, mas pelo clamor das manifestações de rua. A lista é grande, mas pelo menos dois deles foram cabalmente identificados. Um é o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que, através de decreto, legalizou uma propriedade do apresentador Luciano Huck, construída de forma irregular, numa praia paradisíaca do Estado. O enredo envolve uma situação clara de tráfico de influência. A advogada do apresentador teria fortes ligações com Sérgio Cabral. Não é a primeira vez que o governador Sérgio Cabral pisa na bola. Nas outras ocasiões, felizmente para ele, não havia a consciência política forjada nas manifestações de rua. Grupo de manifestantes resolveram acampar bem próximo à sua residência. Em pernambuco, um outro Sérgio, que votou a favor da PEC 37. Conhecedor do poder de mobilização das redes sociais, pelo seu perfil no microblog Twitter, andou se "explicando" que teria errado de voto, mas não convenceu a rapaziada, que continua emitindo suas insatisfações pela rede, algumas de forma bastante agressiva. Fico pensando como é que seria o comportamento do cidadão residente nos grotões, durante as próximas eleições. Currais eleitorais e votos de cabresto ou de porteira fechada ainda existem no país, ainda ao estilo das narrativas do clássico de Victor Nunes Leal. Possivelmente alguns eleitores ainda não tem acesso às redes sociais ou sequer conhecem o teor da PEC 37. Como eles se comportariam diante da atitude equivocada de alguns políticos? O otimismo, mais uma vez, vem das ruas. Até bem pouco tempo, num país de população cordial, ordeira e pacífica, ninguém poderia imaginar as demonstrações de tanta indignação diante do descaso do Estado no que concerne aos serviços essenciais de saúde, educação, mobilidade urbana etc. Esses políticos precisam ser apeados da vida pública. Não duvido que encontraremos os mecanismos capazes de superar os tradicionais currais eleitorais. As mobilizações continuam por todo o país, numa pressão popular jamais vista no país. Se foi possível acordar o gigante, a médio e a longo prazo, certamernte, formataremos os dispositivos institucionais capazes de construir um país melhor.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Mais teoria conspiratória: O Misterioso Clube Bilderberg



Se de repente ouvíssemos falar que existe um clube onde as pessoas mais poderosas movem fios invisíveis para controlar o planeta e desenhar estratégias a fim de perpetuar seu poder, provavelmente pensaríamos que se trata do argumento de um filme. No entanto não é assim.


Quanto ao primeiro, sim, existe um grupo que reúne uma elite mundial composta de banqueiros, empresários, políticos, aristocratas, magnatas da comunicação, entre outras figuras: chama-se Clube Bilderberg e reuniu-se de 6 a 9 de junho em um luxuoso hotel em Watford, ao norte de Londres.
Sobre o segundo, referido a sua projeção hegemônica planetária, ainda não se pode comprovar, pois cada conclave que realizam é rodeado por uma muralha de hermetismos para assegurar segredo estrito em relação aos assuntos discutidos.

Nunca uma mensagem à imprensa, nunca um anúncio de acordos, jamais um convite aos meios de comunicação. O Clube é sinônimo de um silêncio público absoluto. Por quê?

Precisamente essa pergunta levou o jornalista e escritor russo Daniel Estulin a dedicar décadas de sua vida para pesquisar esta discreta e seletíssima associação, depois do que assegura que se trata de um centro de influência mundial: "É o que decide, com um secretismo total em suas reuniões anuais, como se levarão a cabo seus planos".

Em recentes declarações a Rússia Today (RT), o pesquisador assinalou que para além de um governo mundial, se trata de uma empresa mundial. "É um conceito de empresa mundial, ou seja, potências ou poderes fáticos financeiros com muitíssimo mais poder que qualquer governo na terra", estimou.

Por sua vez, o deputado trabalhista britânico Michael Meacher considerou que o Clube aponta a luta do capitalismo para se perpetuar durante os próximos anos, por meio de pactos secretos.

"São os líderes dos grandes bancos, as grandes multinacionais, gente de instituições como o Banco Mundial, a Organização Mundial do Comércio, comissários da União Europeia e políticos dos Estados Unidos, Canadá ou Reino Unido. Reúnem-se para decidir seus planos sobre o futuro do capitalismo", assegurou.

Quase 60 anos e mais de 60 Cúpulas

O Clube Bilderberg reuniu-se pela primeira vez em 1954, em um hotel com esse mesmo nome localizado na Holanda, numa iniciativa da família real deste país e da dinastia Rockefeller, o império empresarial estadunidense.

Desde então, a cada ano celebram uma cúpula na qual participa seu comitê executivo, além de entre 120 e 150 convidados que costumam estar associados aos grandes poderes financeiros e políticos do planeta: ninguém chega ali por acaso, afirmam especialistas no tema.

No entanto, alertou Estulin em seu livro “Os segredos do Clube Bilderberg”, em mais de 50 anos de reuniões nas quais o poder e o dinheiro se concentraram em um mesmo momento e em um só lugar, jamais se filtrou nenhum tipo de informação sobre o discutido ali.

Segundo o próprio Clube, o secretismo destina-se a garantir total liberdade de expressão para os participantes do conclave, os quais ali devem ser despojados de seus títulos e cargos para falar com toda sinceridade.

A versão de jornalistas e analistas é diferente: os "bildergergs" escondem-se porque só se preocupam por formular estratégias e ações para perpetuar seu poder e controle sobre o planeta.

Neste sentido, especula-se que o Clube segue uma estratégia cuidadosa para "desinformar" com respeito ao sucedido em suas reuniões.

Para isso, um grupo de especialistas elabora materiais falsos, misturados com algumas informações verdadeiras a fim de dar verossimilhança, sempre com uma finalidade de ocultar as intenções reais, asseguram especialistas.

O que se soube a respeito da cúpula que acabou de terminar, a número 61? Quase nada, mal algumas informações filtradas sobre os participantes.

Entre os assistentes mencionou-se o ex-secretário estadunidense de Estado Henry Kissinger; o presidente da Google, Eric Schmidt; a diretora do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde; e o general do Exército dos Estados Unidos e ex-chefe da Agência Central de Inteligência David Petraeus.

Com a visão no futuro

Quando o planeta sofre as consequências do conflito armado do Afeganistão e dos outros que chegaram depois em menos de uma década, Iraque e Síria, o Clube Bilderberg se reuniu a princípios de junho em Londres, no meio dos habituais luxos e segredos.

A imprensa mencionou que iam discutir sobre a instabilidade no mundo de hoje, a crise econômica, os problemas de diversa índole derivados dela... e como tentariam resolver questões tão delicadas? Jogando golfe.

Pois sim, os meios disseram ademais que os participantes no conclave dedicariam a tarde do sábado a jogar golfe e as noites a jantares de luxo.

De qualquer maneira, Estulin afirmou na entrevista com RT que a agenda do encontro era muito diferente da anunciada e um de seus pontos era o desenho de táticas para controlar a Rússia e a China, os alvos seguintes, com vistas ao qual o primeiro passo é o Irã.

Teerã obviamente é uma ponta de lança no tema do Oriente Médio, opinou, é uma potência regional que tem muitíssimo petróleo (...). O seguinte passo será a Rússia e por suposto o Irã é imprescindível para as potências, apontou.

O pesquisador mencionou que outro tema do programa se referiria ao controle mundial mediante as tecnologias.

Se você pode conseguir o controle da tecnologia do futuro, assinalou, pode controlar o mundo inteiro em todas as suas manifestações porque tudo o que nos rodeia é uma tecnologia em estado puro; por isso há empresas como Google, Microsoft e Apple sempre presentes em todas estas reuniões.
Ainda que o polêmico Clube Bilderberg afirme realizar uma cúpula a cada ano com o objetivo de avaliar tendências e questões do momento, jornalistas e pesquisadores asseguram que se trata de encontros para planejar estratégias de domínio planetário.
Não por acaso, agregam, no grupo convergem empresários multimilionários, políticos, magnatas dos meios de comunicação, altos cargos de serviços de inteligência, entre outras figuras.

Durante quase seis décadas, as pessoas mais poderosas do planeta têm assistido à reunião do Clube Bilderberg, e apesar dos empenhos para manter ocultas as discussões, não faltam curiosos que rastreiem os segredos da associação motivados por uma ideia: se suas intenções são inocentes como dizem, por que se esconder tanto?

Bilderberg e as guerras

Aqueles que se esforçaram para observar os mistérios do Clube Bilderberg sustentam que seu empenho por dominar o capital no mundo o levou a se envolver em não poucas guerras acontecidas nos últimos anos. "Recordemos que Bilderberg, o Council on Foreign Relations e o Clube de Roma ganham dinheiro nas grandes guerras e também nas pequenas. Ademais, ganham dinheiro vendendo armas e comida aos dois bandos em conflito", assinalou o jornalista e escritor russo Daniel Estulin.

Com respeito ao atual conflito na Síria, a escritora espanhola Cristina Martín Jiménez sustentou recentemente que os bildergers têm muita responsabilidade.

Eles "têm um grande interesse nessa zona estratégica, e desde antes do início da guerra já estavam implicados no desenho e desenvolvimento da mesma", assegurou.

Algo similar sucedeu com a guerra do Iraque, segundo a especialista, pois depois da contenda, a indústria petroleira e outras foram parar nas mãos de membros do Clube.

"Estão fazendo o mesmo em outras zonas de conflito, como a Síria e o Afeganistão, para recolher todos estes benefícios (...) e não somente para combinar com as suas riquezas, mas para estender seu império", apontou a intelectual.

Capítulo Kosovo

De acordo com as investigações, os membros do grupo estiveram muito envolvidos em conflitos passados como a guerra no Kosovo, na Península dos Balcãs.

Este confronto se gestou, segundo Estulin, com um "plano mestre" concebido em uma reunião realizada pelos bilderbergs em 1996 em King City, um enclave de luxo localizado a 20 quilômetros da cidade canadense de Toronto. A guerra de Kosovo, afirmou, e o conseguinte derrocamento do presidente iugoslavo, Slobodan Milosevic, deveu-se a estratégias políticas concebidas em segredo durante aquele encontro com vários motivos concretos: drogas, petróleo, riquezas minerais e o avanço da causa do governo global.

Sara Flounders, uma ativista e jornalista norte-americana, descreveu a situação da ex- Iugoslávia em um de seus artigos: "Durante os anos 1990, enquanto o mercado capitalista invadia os antigos países socialistas da Europa do Leste e da União Soviética, a Iugoslávia socialista tentou resistir à privatização de sua indústria e de seus recursos naturais".

Para acabar com esta resistência, continuou, os países ocidentais jogaram um papel fundamental em sua desintegração.

Sobre a maneira em que as potências instigaram o conflito no país balcânico, testemunhou Mark Kira, um agente da inteligência naval estadunidense, citado em um livro do jornalista britânico Tim Marshall: "No final iniciamos uma enorme operação contra Milosevic, em segredo e à vista de todos. A parte secreta implicava não só estabelecer oficiais dos serviços de espionagem britânicos e americanos nas várias missões de observação enviadas a Kosovo, mas também de forma crucial dar apoio militar, técnico, financeiro, logístico e político ao Exército de Libertação de Kosovo (ELK)".

Uma vez concluída a guerra, explicou Estulin, a onda de capital para o Kosovo não se fez esperar e chegou de diversas formas, incluídas as supostamente caridosas organizações não governamentais.

O economista Michel Chossudovsky manifestou a este respeito que a pretendida reconstrução dos Bálcãs, baseada em capital estrangeiro, suporia contratos multimilionários com multinacionais para refazer as estradas, aeroportos e pontes, necessários para facilitar o livre movimento de capitais e bens.

Sobre as ONGs agregou: enquanto o financista George Soros, um ilustre bilderberg, investia na reconstrução de Kosovo, a George Soros Foundation for an Open Society abriu uma sucursal em Pristina, capital do país, e criou a Kosovo Foundation for an Open Society (KFOS) como parte da rede Soros de Fundações sem intenção de lucro nos Bálcãs.

Desta maneira, "o multimilionário empresário converteu-se no rei sem coroa da Europa Oriental e no profeta de uma sociedade aberta. Aberta a quê?" - perguntou o jornalista britânico Neil Clark.

Capítulo Afeganistão

A guerra do Afeganistão também não parece ter escapado das mãos do Clube Bilderberg, com origens imediatas situadas por Daniel Estulin em 1998, quando um relatório do Comitê de Relações Internacionais da Câmara de Representantes estadunidense assinalou: "A região cáspia contém enormes reservas de gás natural sem exploração, (...) reservas de gás natural de existência demonstrada (...) equivalentes a mais de 30 bilhões de centímetros cúbicos. As reservas de petróleo estimadas calculam-se em 200 bilhões de barris".

Estulin relatou que o próximo passo foi criar um destacamento secreto da Agência Central de Inteligência (CIA) para supervisionar a política da região e calibrar sua riqueza.

Depois de escutar o relatório da CIA, a então secretária de Estado norte-americana, Madeleine Albright, concluiu que "trabalhar para moldar o futuro da área é uma das coisas mais apaixonantes que podemos fazer", publicou a revista Time em sua edição de maio de 1998.

Segundo Estulin, a guerra no Afeganistão teve pouco que ver com os atentados de 11 de setembro às Torres Gêmeas de Nova York, e sim muito com questões econômicas e geoestratégicas: "...controlar o petróleo afegão não era simplesmente um negócio, senão um componente chave de uma agenda geoestratégica mais ampla: controle militar e econômico total da Eurásia, incluídos Oriente Médio e as antigas Repúblicas soviéticas da Ásia Central", assegurou. Por sua vez, o jornalista ítalo-estadunidense Frank Viviano resumiu o assunto da seguinte maneira:

"Os ganhos ocultos da guerra contra o terrorismo podem ser resumidos com uma única palavra: petróleo. O mapa dos santuários terroristas e dos objetivos no Oriente Médio e Ásia Central é também, de maneira extraordinária, um mapa das principais fontes de energia do mundo no século XXI".
Prensa Latina
 
(Portal Vermelho)

domingo, 23 de junho de 2013

Mobilizações de rua: O acerto do intelectual espanhol Manuel Castells



O Blog do Jolugue saiu na frente ao lembrar das formulações teóricas do sociólogo catalão, Manuel Castells, sobre a crise de representatividade do modelo de democracia representativa burguesa e a força que redes sociais estavam assumindo nesse contexto. Castells tornou-se uma espécie de guru intelectual do grupo de gira em torno da ex-senadora Marina Silva, que, aliás, ao fundar sua "Rede Sustentabilidade", sabidamente e já orientada pelas leituras de Castells, parecia já antever o desgaste do termo "partido". Logo em seguida surgiram outros blogueiros afirmando que, em função, de sua inserção com as redes sociais desde as últimas eleições, ela é uma das vitoriosas a partir das mobilizações de ruas, convocadas pelo líder: redes sociais, como bem definiu uma revista de circulação nacional. Nesse ponto, já ponho as barbas de molho. Tenho lá minhas dúvidas. Marina, como já afirmamos em outras ocasiões, tem alguns problemas. O geógrafo baiano Nilton Santos tinha bastante reticências a intelectuais vaidosos. Afirmava Nilton que a maior satisfação de um intelectual era saber que as suas teses estavam se confirmando. Neste caso, Castells é o grande vencedor.

Michel Zaidan Filho: Enfim, a oposição.


 


Michel Zaidan

Uma funcionária consular responsavel pelo escritório do governo japonês, às vésperas da viagem da presidente Dilma ao japão, pergunta o que aconteceu com o povo  brasileiro. Pacífico, amável, acolhedor e amante do futebol (até do Japão), o povo se revoltou, foi para as ruas protestar contra o disperdício do dinheiro público, a corrupção, a falta de verbas para a educação, a saude, o transporte público etc. Deve ser uma imensa novidade para os estrangeiros, acostumados com a imagem do brasileiro cordial, bonzinho, apaziguador, interessado apenas em sua cervejinha e um espetinho de gato nas noites da sexta-feira e do fim de semana. Pelo visto este esteriótipo e os  conhecidos clichês sobre a sociedade brasileira terão que dar lugar a imagem do "homo vox" ou do "homo ludens", aquele que vocaliza demandas e tem consciência de direitos republicanos. É um progresso, apesar da mídia querer pauta r os bons e os maus reivindicantes.

De toda maneira, é incontestável a vitória desse movimento de massas. Nada mais, nada menos que a Presidente  da República foi obrigada a suspender sua viagem ao Japão, para responder - ponto por ponto - à pauta de reivindicações do movimento. Reconheceu a justeza das reivindicações. Falou da necessidade de melhorar os serviços públicos no Brasil. Aludiu ao um plano de mobilidade nacional com o objetivo de melhorar o transporte público. Garantiu que 100% dos royalites do Petróleo vão para a educação. E disse que vai contratar 1000 médicos estrangeiros para cuidar da população. E ainda afirmou que o dinheiro gasto com os estádios de futebol foi emprestado e que deve voltar aos cofres públicos.

É de suma importãncia reconhecer o êxito e os logros dessa multidudinária manifestação popular e democrática nas ruas do país. As poucas lideranças desse movimento falaram em "ação direita" e cultura mobilizatória", para deixar bem claro que ninguém os representa nem pode falar por si. Não há representantes institucionais, partidários ou sindicais. Trata-se de um comitê "ad hoc" surgido alí no chão das manifestações, com um mandato imperativo expresso. Nada mais do que isso. Parecem anarquistas: não querem saber dos partidos, da política e dos políticos. Querem a negociação direta com o governo municipal, estadual e federal. Indício de uma grave crise de representação parlamentar no Brasil, enquanto as igrejas pentecostais e neo-pentecostais aumentam seus representantes homofóbicos nos parlamentos e atacam sorrateiramente direitos civis e sociais das minorias.

A Presidenta Dilma falou em reforma política e na necessidade de dialogar com as "vozes da rua". Reconheceu ao seu modo a grave crise de representação. Ela, que vem contemporizando com as bancadas evangélicas. Cutucando o diabo (travestido de anjo) com vara curta. Admitiu também a necessidade de uma urgente mudança de prioridade da administração pública, além do enorme montante destinado a amortizar a dívida pública brasileira. O meio encontrado para financiar a monstruosa máquina da administração pública no Brasil. Disso, ninguém  duvida. Até parece que as prioridades do governo são: pagar os juros da dívida, subsidiar o consumo da chamada "nova classe média", através do endividamente público e transferir renda, através da bolsa família, para a população pobre do país. O resto que fique com a copa e a mini-copa do mundo.

Muitas lições serão (ou não?) tiradas dessa festa cívica e democrática. A principal delas: os jovens se expressam, se organizam e se mobilizam às margens do sistema institucional de representação (através das redes sociais) e não estão contentes ou acomodados. Estão vigilantes e ativos. E vão continuar assim por muito tempo. Viva los estudiantes! como diria Violenta Parra, nos anos 80.

Protestos urbanos: Aliens, zumbis, manifestantes e vândalos

PROTESTOS URBANOS

Aliens, zumbis, manifestantes e vândalos

  
Se discos voadores tivessem aterrissado nas cidades brasileiras, despejando centenas de milhares de ETs que ficassem marchando, correndo ou simplesmente vagando sem rumo pelas avenidas, o espanto dos governantes não seria maior. O staff da Presidência da República, além de ministros, governadores e prefeitos, todos sucumbiram à perplexidade, um tanto atarantados. Alguns admitem: seria pretensão dizer que entendem os protestos urbanos desta semana. As cenas os estarrecem. A imagem que estampou o alto das primeiras páginas na terça-feira (18/6), mostrando uma multidão erguendo os braços no teto do Congresso Nacional, lembrava um fotograma de Resident Evil, em que zumbis tomam a cidade de assalto. E, se aqueles sujeitos ali em cima do Congresso fossem de fato zumbis, as autoridades talvez estivessem menos intranquilas.
Muito ainda será dito sobre a natureza das novas passeatas. Agora, os preços das tarifas serão reduzidos – os aumentos serão revogados, melhor dizendo, ao menos temporariamente – e a administração pública tentará ganhar tempo e abrir negociações com o interlocutor desconhecido. Mais uns dias e as ruas deverão sossegar um pouco. Só depois é que a política assimilará aos poucos o sentido do que se passa.
Entre as muitas explicações que virão, há uma que decorre dos estudos da comunicação. Num país em que todo acadêmico é obrigado a ler um pouco de Jürgen Habermas, chega a ser surpreendente como essa via teórica tenha demorado tanto a se insinuar nos debates que já estão em curso. Pelo que temos lido até aqui, é mais comum que os analistas procurem relacionar os protestos aos domínios da chamada esfera pública. Ganhariam mais se procurassem esses nexos em outros domínios.
Academicamente falando...
Antes de tudo, trato de explicar aqui a referência que fiz ao filósofo alemão. De início, lembremos que a esfera pública se organiza em torno de arenas comuns (virtuais ou “presenciais”) que, por sua vez, convergem para as instituições jurídicas (representativas, administrativas etc.), conformando o aparelho de Estado.
Bem sabemos que o Estado não se confunde com a esfera pública; para usarmos aqui uma imagem mecânica, bem ao gosto da sociologia jurídica, o Estado se “acopla” a ela, de modo indissociável. Habermas, contudo, não se limita à categoria da esfera pública. Para animá-la, para dar-lhe vitalidade, “alma”, lança mão de outros domínios, outro “lugar” – que também não se confunde com a esfera pública, mas nela deságua ou, se preferirem, para ela ascende. Trata-se do chamado “mundo da vida”. Aí é que se dão as vivências, ou os modos de viver, aí fincam raízes os saberes práticos, o não-dito. No mundo da vida as pessoas vivem – na esfera pública elas agem politicamente.
Tendo pago o nosso pedágio a Jürgen Habermas – não importa se ele está certo ou errado sobre isso ou aquilo, tanto faz – sigamos adiante. A perspectiva do que escrevo aqui não é habermasiana e nem será. Apenas anoto uma vez mais: incrível como os teóricos da esfera pública (e temos vários deles no Brasil) nunca se lembrem do mundo da vida. Nisso, eles se parecem com os políticos, que nunca têm olhos para a sociedade, apenas para a “sociedade civil organizada”.
Sem sindicatos, sem partidos, sem ONGs
Com a era digital, as redes interconectadas deram muito mais densidade, mais alcance e mais energia para os domínios do mundo da vida. Com o advento das redes, o mundo da vida ganhou uma quantidade imensamente maior – agora numa metáfora orgânica – de vasos a oxigenar-lhe as células e a fortalecer-lhe o tecido. O que a internet mudou – e mudou drasticamente – foi exatamente esse “lugar” denominado mundo da vida. Por desdobramento, alterou também a esfera pública.
Os personagens que hoje afloram pelas ruas e calçadas como se fossem zumbis ou aliens não brotam da política. Eles são inteiramente estranhos à política, tanto que estarrecem os políticos. Eles saem do mundo da vida e despencaram diretamente nas passeatas, quer dizer, eles são os protagonistas das passeatas, que costumavam ser o suprassumo moderno da ação política direta das massas, mas não fazem escala (nem escola) no aprendizado de agremiações sindicais, partidárias ou mesmo de ONGs. Entraram em cena aberta, cena política, sem mais mediações ou intermediações, e isso só foi possível graças aos novos vasos comunicantes das tecnologias digitais.
Aí é que entra a comunicação. Essas passeatas resultam de novas formas de comunicação, não hierarquizadas – ou, ao menos, nem tão hierarquizadas como nos meios convencionais. Daí, o que se manifesta agora é a sociedade, vamos dizer, profunda.
Desta vez, a sociedade profunda não entra na mobilização como gado. Ela não ocupa as ruas por ter sido “convocada” por seus líderes. Exatamente por isso, os protestos não têm palanques, não têm hierarquias, não têm sequer comandos estruturados. Se você pedir, ali no meio dos manifestantes, “leve-me ao seu líder”, não terá respostas seguras. Os líderes lideram apenas o chamamento, o processo performático, mas não são os formuladores, os ideólogos ou mesmo portadores ou sintetizadores das causas. Não por acaso, os manifestantes repelem as instituições partidárias.
Elogios de quem odeia
O que está nas ruas não é uma mensagem pronta, não é sequer uma demanda ou uma reivindicação. O que está nas ruas é uma comunicação em processo, é uma comunicação em marcha – a marcha de uma comunicação em curso – em que os agentes, já bastante irritados com os poderes da República, vão xingar as autoridades, por assim dizer, “presencialmente”.
Nessa perspectiva, as semelhanças entre as marchas de protestos do Brasil e a primavera árabe, as jornadas turcas (de agora), o Ocuppy Wall Street ou “los indignados” na Espanha são apenas totais. Os personagens que agora entram em cena são um bicho diferente. Se for o caso, podem até derrubar os de cima.
Sim, definitivamente: as autoridades estão preocupadíssimas. Os caudalosos elogios que elas derramaram aos manifestantes é a prova cabal do temor que as paralisa. Quando elogiam, elas mentem. E não há nada mais que possam fazer. Elas terão de elogiar, pontuando críticas seletivas às minorias de vândalos, e terão de negociar. No fundo, porém, estão odiando tudo isso. Odiando.
Odeiam mais ainda porque as pessoas que estão nas ruas não querem tomar-lhes o lugar; querem, isto sim, enquadrá-las. Odeiam porque estão sendo humilhadas pelas massas super-heterogêneas da era digital. A imensa maioria dos manifestantes não se apresenta aos governantes como seus rivais, como seus opositores. Não se apresentam sequer como seus concorrentes. Aliás, as passeatas não querem tomar o poder – elas querem apenas tomar posse da cidadania. As pessoas ali são candidatas a cidadãs.
Desta vez, as manifestações públicas estão passando um pito nos administradores públicos, assim como o patrão que aparece de surpresa na fábrica. As passeatas desta semana, por mais que alguns não gostem da analogia, vêm lembrar que os políticos têm um chefe e esse chefe é o povo. O povo veio enquadrar os governantes. Esse povo interconectado dizia que pode parar a cidade – e acaba de provar que pode mesmo.
Isso tudo sem falar no vandalismo policial
Claro que tudo ainda vai se esvaziar. Claro que os manifestantes vão cansar. Claro que vão minguar, deixando sobrar minorias mais esquisitas ainda, umas retardatárias de fanatismos ideológicos, outras constituídas de falanges malignas de agentes provocadores. Até lá, no entanto, vai ficando essa lição. Novas formas de comunicação deram mais vigor político ao mundo da vida – aquilo que não era exatamente político até aqui – e isso vai mudar o jogo do poder. Todo mundo vai sair desse episódio pior do que entrou. A polícia, principalmente. A polícia errou quando agiu e errou quando se omitiu. Um desastre no meio do desastre. Os governantes também saem mal, tendo que correr atrás dos fatos, como crianças num campo de futebol correndo atrás da bola.
Por fim, nada disso significa que este articulista tenha exatamente entendido o que se passa. Há e haverá muito mais a ser dito e a ser processado. Apenas lancei, aqui, uma hipótese. Outras virão. Até mesmo de mim, outra vez, quando for a hora de dizer de que modo os meios de comunicação jornalísticos mais convencionais – eletrônicos ou não – deram um impulso incomensurável aos protestos pelo simples fato de terem decidido que eles mereciam cobertura.
***
Eugênio Bucci é jornalista, professor da ECA-USP e da ESPM

Entre democracia e fascismo

O movimento de caráter semi-insurrecional que vemos no país de hoje exige uma reflexão cuidadosa.


Começou como uma luta justíssima pela redução de tarifas de ônibus.
Auxiliada pela postura irredutível das autoridades e pela brutalidade policial, esta mobilização transformou-se numa luta nacional pela democracia.
 
Se a redução da tarifa foi vitoriosa, a defesa dos direitos democráticos também deu resultado na medida em que o Estado deixou de empregar a violência como método preferencial para impor suas políticas.
 
Mas hoje a mobilização assumiu outra fisionomia.
 
Seu traços anti-democráticos acentuados. Até o MPL, entidade que havia organizado o movimento em sua primeira fase, decidiu retirar-se das mobilizações.
 
Os manifestantes combatem os partidos políticos, que são a forma mais democrática de participação no Estado.
 
Seu argumento é típico do fascismo: “povo unido não precisa de partido.”
 
Claro que precisa. Não há saída na sociedade moderna. Às vezes, uma pessoa escolhe entrar num partido. Outras vezes, é massa de manobra e nem sabe.  
 
A criação de partidos políticos é a forma democrática de uma sociedade debater e negociar interesses diferentes, que não nascem na política, como se tenta acreditar, mas da própria vida social, das classes sociais.
 
Em São Paulo, em Brasília, os protestos exibiram faixa com caráter golpista. 
 
“Chega de políticos incompetentes!!! Intervenção Militar Já!!!”
 
No mesmo movimento, militantes de esquerda, com bandeiras de esquerda, foram forçados a deixar uma passeata na porrada. Uma bandeira do movimento negro foi rasgada.
 
A baderna cumpre um papel essencial na conjuntura atual. Reforça a sensação de desordem, cria o ambiente favorável a medidas de força – tão convenientes  para quem tem precisa desgastar de qualquer maneira um bloco político que ocupa o Planalto após três eleições consecutivas.  
 
A baderna é uma provocação que procura emparedar o governo Dilma criando uma situação sem saída.
 
Se reprime, é autoritária. Se cruza os braços, é omissa.
 
Outro efeito é embaralhar a situação política do país, confundir quem fala pela maioria e quem apenas pretende representá-la.
 
É bom recordar que a maioria escolhe seu governo pelo voto, o critério mais democrático que existe.
 
Nenhum brasileiro chegou perto do paraíso e todos nós temos reivindicações legítimas que precisam de uma resposta.
 
Também sabemos das mazelas de um sistema político criado para defender a ordem vigente – e que, com muita dificuldade, através de brechas sempre estreitas, criou benefícios para a maioria.
 
Olhando para a maioria dos brasileiros, aqueles que foram excluídos da história ao longo de séculos, cabe perguntar, porém: os políticos atuais são incompetentes para quem, mascarados?
 
Para a empregada doméstica, que emancipou-se das últimas heranças da escravidão?
 
Para 40 milhões que recebem o bolsa-família?
 
Para os milhões de jovens pobres que nunca puderam entrar numa faculdade? Para os negros? Quem vive do mínimo?
 
Ou para quem vai ao mercado de trabalho e encontra um índice de desemprego invejado no resto do mundo?
 
Mascarados que arrebentam vidraças, incendeiam ônibus e invadem edifícios trabalham contra a ordem democrática, onde os partidos são legítimos, as pessoas têm direitos iguais  – e  o poder, que emana do povo, não se resolve na arruaça, pelo sangue, mas pelo voto.
 
É óbvio que a baderna, em sua fase atual, não quer objetivos claros nem reivindicações específicas. Não quer negociações, não quer o funcionamento da democracia. Quer travá-la.  
 
Enquanto não avançar pela violência direta, fará o possível para criar pedidos difusos, que não sejam possíveis de avaliar nem responder.
 
O objetivo é manter a raiva, a febre, a multidão eletrizada.
 
É delírio enxergar o que está acontecendo no país como um conflito entre direita e esquerda. É uma luta muito maior, como aprenderam todas as pessoas que vivenciaram e estudaram as trevas de uma ditadura.
 
A questão colocada é a defesa da democracia, este regime insubstituível para a criação do bem-estar social e do progresso econômico.
 
O conflito é este: democracia ou fascismo. Não há alternativa no horizonte.
 
Quem não perceber isso está condenado a travar a luta errada, com métodos errados e chegar a um desfecho errado. 
 
(Paulo Moreira, editor de IstoÉ)

No, I'm not going to the world cup.

Post exclusive para quem gosta de teorias de conspiração, Luiz Carlos Azenha


publicado em 22 de junho de 2013 às 22:59

Gráfico desenvolvido por Sergio Amadeu demonstra que os perfis ligados ao Anonymous Brasil e AnonymousBR foram os mais importantes para a disseminação de conteúdo relacionado às manifestações do Movimento Passe Livre no dia 17 de junho de 2013

Por Luiz Carlos Azenha, respondendo ao que me perguntaram aqui e ali e testando hipóteses

REVOLTA ANTICAPITALISTA?
Se fosse, os manifestantes teriam se dirigido à fábrica da Volks em São Bernardo, para cercá-la. É o símbolo do capitalismo industrial no Brasil e de onde saem os automóveis que entopem as ruas das metrópoles e inviabilizam o transporte público. Provavelmente os manifestantes teriam de enfrentar os trabalhadores da Volks, que não querem perder os próprios empregos.
Se fosse uma revolta anticapitalista, os manifestantes teriam cercado a sede do Itaú, que tem lucros bilionários graças aos juros e taxas escorchantes. Provavelmente seriam rechaçados pelos bancários, que não querem perder os próprios empregos. Uma coisa eu garanto: se a revolta se tornar anticapitalista, some do Jornal Nacional.
REVOLTA DA CLASSE MÉDIA?
O comando é da classe média urbana que tem bom acesso à internet nas regiões metropolitanas. Frações da classe trabalhadora remediada, aquela que ascendeu  ao longo do governo Lula, aderiram.
O lúmpen vai no bolo. Quando ele se manifesta politicamente através do saque, é reprimido.
Parar uma rodovia estratégica, causando milhões de reais em prejuízo para o público em geral, é aceitável; invadir uma loja de automóveis e “espancar” os veículos, causando um prejuízo de alguns milhares de reais, é um horror! O que guia esta rebelião juvenil são valores da classe média e seus interesses de classe — pelo menos é o que nos quer fazer crer a mídia.
CONTRA O ESTADO?
Os ataques se concentram em prédios públicos ou obras públicas consideradas desnecessárias pelos manifestantes, como os estádios da Copa. O ex-presidente Lula, em seus dois mandatos, trouxe o debate ideológico para dentro do governo, resolvido em conchavos de bastidores a portas fechadas.
Os manifestantes agora batem na porta, de forma espontânea e desarticulada. Só acredito tratar-se de um movimento progressista quando surgir algum cartaz pedindo a taxação da fortuna da família Marinho para financiar o transporte público gratuito;  quando os manifestantes se dirigirem às garagens das grandes empresas de ônibus que financiam campanhas políticas e tem lucros extraordinários para protestar; quando incluirem na pauta do debate sobre corrupção a Privataria Tucana, corruptores, empreiteiras e o jabá que a Globo paga às agências para manter o monopólio das verbas publicitárias. Por enquanto, só se debate a corrupção pública, nunca a corrupção privada.
NOSSO GUIA?
Um estudo de Sergio Amadeu demonstrou que vários perfis dos Anonymous são os mais influentes na disseminação das mensagens dos manifestantes que se organizam em redes sociais. Quem faz a cabeça dos Anonymous? A cabeça dos Anonymous é feita no Brasil ou fora do Brasil?
P2 E INFILTRADORES?
Houve várias denúncias de que infiltradores e provocadores agem em manifestações. Um grande número de despolitizados nas ruas, sem lideranças conhecidas e organizados de forma horizontal ficam sujeitos a todo o tipo de manipulação. São alvo fácil para todo tipo de agenda. Desde a dos militares que se revoltam contra a Comissão da Verdade a outros agentes interessados em criar algum tipo de instabilidade institucional.
CONJUNTURA INTERNACIONAL INDICA CONSPIRAÇÃO?
O Brasil é o pilar central de sustentação de um projeto alternativo à hegemonia completa dos Estados Unidos na América do Sul. Não fosse Lula e Dilma, o risco de uma derrota de Nicolás Maduro em recentes eleições na Venezuela teria sido muito maior. O apoio do Brasil é essencial ao Mercosul, à Unasul e a outras iniciativas de caráter regional.
Desde a ascensão de Hugo Chávez os Estados Unidos desenvolvem planos abertos — via sociedade civil — e secretos para instalar um governo que garanta acesso às maiores reservas de petróleo do mundo em condições mais vantajosas para Washington. Pelo seu tamanho, as reservas da Venezuela são o fiel da balança na determinação dos preços internacionais do petróleo. Em menor escala, o mesmo podemos dizer sobre o pré-sal. Portanto, não devemos descartar 100% a possibilidade de ação subterrânea, especialmente através das redes sociais, onde muita gente atua atrás da cortina do anonimato. O ciberespaço é hoje território de guerra. Mas, repito, não há qualquer indício, nem prova de que isso de fato esteja acontecendo.
BOICOTE TARDIO À COPA?
Sei lá, mas o vídeo bombou.
REVOLUÇÃO COLORIDA?
Duvido. Ou, pelo menos, não existe qualquer prova disso. O dado concreto é de que temos um tremendo descontentamento dos jovens com as instituições brasileiras — e este é o motor principal. Porém, como se perguntou Gilberto Maringoni durante ato da Paulista: como explicar a revolta num país com alta taxa de emprego e com crescimento econômico razoável?
As revoluções coloridas, como se sabe, foram promovidas através de investimento direto ou indireto de ONGs dos Estados Unidos, algumas delas com financiamento público, como o National Endowment for Democracy (NED), que desenvolve programas de “promoção de democracia” em várias partes do mundo; ou a Open Society, do especulador George Soros. Há vários livros ou artigos, como este, descrevendo a atuação mundial destas organizações. Elas foram bem sucedidas em diversas rebeliões que derrubaram governos na Europa Oriental, com a mobilização de jovens através das mídias sociais.
As campanhas obedeciam técnicas inovadoras de marketing, símbolos e palavras de ordem de fácil entendimento. Também há relatos sobre a atuação destes grupos antes ou durante a Primavera Árabe. Argumenta-se que o objetivo dos Estados Unidos é promover governos mais dóceis ou causar instabilidade interna que deixe os governos mais vulneráveis a seus interesses. Na Líbia, a derrubada do ditador pela via militar teria tido o objetivo não de “promover a democracia”, mas de obter melhores condições na exploração do petróleo e eliminar um governo que sustentava o projeto político da África para os africanos, muito parecido com o papel que o Brasil desempenha na América do Sul.
A jornalista canadense Eva Golinger escreveu um livro, chamado USAID, NED e CIA, Uma Agressão Permanente, sobre a atuação destes organismos dos Estados Unidos na Bolívia, Cuba, Honduras e Venezuela (clique no link para baixar o livro em PDF). A possibilidade de um golpe institucional foi aventada por leitores depois que a embaixadora dos Estados Unidos no Paraguai, Liliana Ayalde, foi indicada para ocupar o cargo no Brasil. Ela teve uma longa trajetória na USAID, a agência de desenvolvimento internacional de Washington e estava em Assunção quando o presidente Fernando Lugo foi derrubado.
ATAQUES COMBINADOS?
Muito embora não exista uma coordenação nacional organizada, chama a atenção o fato de que ações parecidas tenham acontecido em lugares distintos, como a repressão a ativistas de esquerda ou de movimentos sociais que portavam seus símbolos. O mesmo se pode dizer dos ataques a viaturas da mídia, uma para cada emissora: Record, SBT e Bandeirantes. Isso é garantia de que a mídia não fará uma cobertura negativa dos acontecimentos? Não sei.
INFILTRADOS NA ESQUERDA? 
Nem um fio de indício ou prova desta teoria conspiratória. Ela é sustentada aparentemente pelos leitores do livro Quem Pagou a Conta? A CIA na Guerra Fria da Cultura. Este e outros livros demonstram que, ao longo da guerra fria, a agência de espionagem dos Estados Unidos financiou direta ou indiretamente muitas pessoas ou organizações tidas como “de esquerda”.
AÇÃO CLANDESTINA NACIONAL?
Aí, sim. Improvável, mas possível. Hoje, pela segunda vez, a Globo mostrou em jogo da seleção brasileira a marca #ogiganteacordou em cartaz. A primeira foi no jogo Brasil vs. México. Agora, reaparece na partida Brasil vs. Itália. Onde anda aquele guru indiano do José Serra?
COINCIDÊNCIA?
Houve uma campanha midiática contra Lula no ano que antecedeu sua reeleição, em 2005. As denúncias foram formuladas no laboratório de Carlinhos Cachoeira e propagadas pela revista Veja. Dilma Rousseff vive o ano que antecede aquele em que poderá ser reeleita sob várias crises: apagão elétrico que nunca se materializou, hiperinflação do tomate de 5% ao ano e agora rebelião juvenil organizada através das redes sociais. Coincidência? Mas o cavalo-de-pau dado pela mídia na cobertura da rebelião juvenil reforça a tese do oportunismo, não de uma ação pré-organizada.

Elio Gaspari: O monstro foi para a rua


 
Em dezembro de 1974, a oposição havia derrotado a ditadura nas urnas, elegendo 16 dos 21 senadores, e o ex-presidente Juscelino Kubitschek estava num almoço quando lhe perguntaram o que acontecia no Brasil.
- O que vai acontecer, não sei. Soltaram o monstro. Ele está em todos os lugares.
Abaixou-se, como se procurasse alguma coisa embaixo da mesa e prosseguiu:
- Ele está em todos os lugares, aqui, ali, onde você imaginar.
- Que monstro?
- A opinião pública.
Dois anos depois JK morreu num acidente de automóvel e o monstro levou-o no ombros ao avião que o levaria a Brasília. Lá ocorreu a maior manifestação popular desde a deposição de João Goulart.
Em 1984 o general Ernesto Geisel estava diante de uma fotografia da multidão que fora à Candelária para o comício das Diretas Já.
- Eu me rendo --disse o ex-presidente, adversário até a morte de eleições diretas em qualquer país, em qualquer época.
Demorou uma década, mas o monstro prevaleceu. O oposicionista Tancredo Neves foi eleito pelo Colégio Eleitoral e a ditadura finou-se.
O monstro voltou. O mesmo que pôs Fernando Collor para fora do Planalto.
No melhor momento de seu magnífico "Pós Guerra", o historiador Tony Judt escreveu que "os anos 60 foram a grande Era da Teoria". Havia teóricos de tudo e teorias para qualquer coisa. É natural que junho de 2013 desencadeie uma produção de teorias para explicar o que está acontecendo. Jogo jogado. Contudo, seria útil recapitular o que já aconteceu. Afinal, o que aconteceu, aconteceu, e o que está acontecendo, não se pode saber o que seja.
Aqui vão sete coisas que aconteceram nos últimos dez dias:
1) O prefeito Fernando Haddad e o governador Geraldo Alckmin subiram as tarifas e foram para Paris, avisando que não conversariam nem com os manifestantes. Mudaram de ideia.
2) Geraldo Alckmin defendeu a ação da polícia na manifestação de quinta-feira passada. Mudou de ideia e pacificou sua PM.
3) O comandante da PM disse que sua tropa de choque só atirou quando foi apedrejada. Quem estava na esquina da rua da Consolação com a Maria Antônia não viu isso.
4) Dilma Rousseff foi vaiada num estádio onde a meia-entrada custou R$ 28,50 (nove passagens de ônibus a R$ 3,20).
5) O cartola Joseph Blatter, presidente da Fifa, mandarim de uma instituição metida em ladroeiras, achou que podia dar lição de moral aos nativos. (A Viúva gastará mais de R$ 7 bilhões nessa prioridade. Só no MaracanãX, torraram R$ 1,2 bilhão.)
6) A repórter Fernanda Odilla revelou que o Itamaraty achou pequena a suíte de 81 m² do hotel Beverly Hills de Durban, na África do Sul, e hospedou a doutora Dilma no Hilton. (Por determinação do Planalto, essas informações tornaram-se reservadas e, a partir de agora, só serão divulgadas em 2015.)
7) A cabala para diluir as penas dadas aos mensaleiros que correm o risco de serem mandados para o presídio do Tremembé vai bem, obrigado. O ministro Dias Toffoli, do STF, disse que os recursos dos réus poderão demorar dois anos para ir a julgamento.
Para completar uma lista de dez, cada um pode acrescentar mais três, ao seu gosto. 

(Folha de São Paulo)

sábado, 22 de junho de 2013

Marcos Weissheimer: Uma multidão sequestrada por fascistas


publicado em 22 de junho de 2013 às 12:05

 Não há um “movimento” em disputa, mas uma multidão sequestrada por fascistas
Uma multidão sem representantes, cuja direção (rumo) parece ter sido sequestrada por grupos de extrema-direita e passa a atacar instituições públicas, partidos políticos e manifestantes de esquerda, não só não me representa como passa a ser algo a ser combatido politicamente.
Data: 21/06/2013
por Marco Aurélio Weissheimer, em Carta Maior
O que começou como uma grande mobilização social contra o aumento das passagens de ônibus e em defesa de um transporte público de qualidade está descambando a olhos vistos para um experimento social incontrolável com características fascistas que não podem mais ser desprezadas.
A quem interessa uma massa disforme na rua, “contra tudo o que está aí”, sem representantes, que diz não ter direção, em confronto permanente com a polícia, infiltrada por grupos interessados em promover quebradeiras, saques, ataques a prédios públicos e privados, ataques contra sedes de partidos políticos e a militantes de partidos, sindicatos e outros movimentos sociais?
Certamente não interessa à ainda frágil e imperfeita democracia brasileira. Frágil e imperfeita, mas uma democracia. Neste momento, não é demasiado lembrar o que isso significa.
Uma democracia, entre outras coisas, significa existência de partidos, de representantes eleitos pelo voto popular, do debate político como espaço de articulação e mediação das demandas da sociedade, do direito de livre expressão, de livre manifestação, de ir e vir. Na noite de quinta-feira, todos esses traços constitutivos da democracia foram ameaçados e atacados, de diversas formas, em várias cidades do país.
Houve violência policial? Houve. Mas aconteceram muitas outras coisas, não menos graves e potencializadoras dessa violência: ataques e expulsão de militantes de esquerda das manifestações, ataques a sedes de partidos políticos, a instituições públicas. Uma imagem marcante dessa onda de irracionalidade: os focos de incêndio na sede do Itamaraty, em Brasília. Essa imagem basta para ilustrar a gravidade da situação.
Não foram apenas militantes do PT que foram agredidos e expulsos de manifestações. O mesmo se repetiu, em várias cidades do país, com militantes do PSOL, do PSTU, do MST e pessoas que representavam apenas a si mesmas e portavam alguma bandeira ou camiseta de seu partido ou organização.
Em Porto Alegre, as sedes do PT e do PMDB foram atacadas. Em Recife, cerca de 200 pessoas foram expulsas da manifestação. Militantes do MST e de partidos apanharam. O prédio da prefeitura da cidade foi atacado. Militantes do MST também apanharam em São Paulo e no Rio de Janeiro, entre outras cidades.
Em São Paulo, algumas dessas agressões foram feitas por pessoas armadas com facas. E quem promoveu todas essas agressões e ataques? Ninguém sabe ao certo, pois os agressores agiram sob o manto do anonimato propiciado pela multidão. Sabemos a identidade de quem apanhou, mas não de quem bateu.
Desde logo, cabe reconhecer que os dirigentes dos partidos, dos governos e dos meios de comunicação têm uma grande dose de responsabilidade pelo que está acontecendo.
Temos aí dois fenômenos que se retroalimentam: o rebaixamento da política à esfera do pragmatismo mais rasteiro e a criminalização midiática da política que coloca tudo e todos no mesmo saco, ocultando da população benefícios diários que são resultados de políticas públicas de qualidade que ajudam a vida das pessoas.
Há uma grande dose de responsabilidade a ser compartilhada por todos esses agentes. A eternamente adiada Reforma Política não pode mais esperar. Em um momento grave e difícil da história do país, o Congresso Nacional não está em funcionando. É sintomático não ter ocorrido a nenhum dos nossos representantes eleitos pelo voto convocar uma sessão extraordinária ou algo do tipo para conversar sobre o que está acontecendo.
Dito isso, é preciso ter clareza que todos esses problemas só poderão ser resolvidos com mais democracia e não com menos.
O rebaixamento da política à esfera do pragmatismo rasteiro exige partidos melhores e um voto mais esclarecido. A criminalização da política, dos partidos, sindicatos e movimentos sociais exige meios de comunicação mais responsáveis e menos comprometidos com grandes interesses privados.
Não são apenas “os partidos” e “os políticos” que estão sendo confrontados nas ruas. É a institucionalidade brasileira como um todo e os meios de comunicação são parte indissociável dessa institucionalidade.
Não é a toa que jornalistas, equipamentos e prédios de meios de comunicação estão sendo alvos de ataques também. Mas não teremos meios de comunicação melhores agredindo jornalistas, incendiando veículos de emissoras ou atacando prédios de empresas jornalísticas.
Uma certa onda de irracionalidade atravessa esse conjunto de ameaças e agressões, afetando inclusive militantes, dirigentes políticos e ativistas sociais experimentados que demoraram para perceber o monstro informe que estava se formando. E muitos ainda não perceberam. Após as primeiras grandes manifestações que começaram a pipocar por todo o país, alimentou-se a ilusão de que havia um “movimento em disputa” nas ruas.
O que aconteceu na noite de sexta-feira mostra claramente que não há “um movimento” a ser disputado. O que há é uma multidão disforme e descontrolada, arrastando-se pelas ruas e tendo alvos bem definidos: instituições públicas, prédios públicos, equipamentos públicos, sedes de partidos, jornalistas, meios de comunicação.
Os militantes e ativistas de organizações que tentaram começar a fazer essa disputa na noite de quinta foram repelidos, expelidos e agredidos. Talvez isso ajude a clarear as mentes e a desarmar um pouco os espíritos para o que está acontecendo.
Não é apenas a democracia, de modo geral, que está sob ameaça. Há algo chamado luta de
classes
, que muita gente jura que não existe, que está em curso.
Não é à toa que militantes do PT, do PSOL, do PSTU, do MST e de outras organizações de esquerda apanharam e foram expulsos de diversas manifestações ontem.
Com todas as suas imperfeições, erros, limites e contradições, o ciclo de governos da última década e em outros países da América Latina provocou muitas mudanças na estrutura de poder. Não provocou todas as necessárias e esse é, aliás, um dos fatores que alimentam a explosão social atual. Mas muitos interesses de classe foram contrariados e esses interesses não desistiram de retornar ao poder plenamente. Tem diante de si uma oportunidade de ouro.
Como jornalista, militante político de esquerda e cidadão, já firmei uma convicção a respeito do que está acontecendo.
Uma multidão cuja direção (rumo) passou a ser atacar instituições públicas, sem representantes, sequestrada por grupos de extrema-direita, que rejeita partidos políticos e hostiliza manifestantes de esquerda, não só não me representa como passa a ser algo a ser combatido politicamente. Ou alguém acha que setores das forças armadas e da direita brasileira estão assistindo a tudo isso de braços cruzados?

Esquerda ou direita?


 
O levante urbano desencadeado pelo Movimento Passe Livre (MPL) obteve uma vitória extraordinária ao conquistar a redução do preço das passagens do transporte coletivo em São Paulo e em tantas outras cidades. Mas, conquistada a reivindicação, é preciso saber para que lado vão os personagens que tomaram as ruas depois de 20 anos de ausência das massas na cena brasileira.
Duas características peculiares aos protestos recentes criaram uma indeterminação. A primeira é o seu estilo horizontal de organização, cujas raízes profundas estão na tremenda crise que assola a democracia contemporânea. Indignadas com o descolamento entre o mundo da política e o inferno da vida cotidiana, as pessoas recusam as organizações tradicionais --sejam partidos, sejam sindicatos--, ou o que se pareça com elas.
Convém esclarecer, antes que haja qualquer mal-entendido, que a democracia não pode funcionar sem partidos e que os sindicatos, apesar de todos os problemas, continuam a ser o melhor instrumento que o trabalhador tem para defender seus interesses. Para completar, em minha opinião, a democracia --em que pese os inúmeros e graves percalços pelos quais passa-- é a maior conquista da humanidade no campo da política. Isto posto, é preciso canalizar a revolta contra as instituições para uma participação que as revitalize, e não que as destrua.
O saudável ímpeto antivertical tem como contrapartida a falta de direção unificada. Ao não se delimitar com clareza o que cabia e o que não cabia nas manifestações, elas começaram a agregar um pouco de tudo, até mesmo ideologias opostas, como ficou claro na briga entre direita e esquerda que marcou a comemoração da vitória na av. Paulista anteontem.
O segundo elemento singular é que nunca na história recente do país --e, talvez, nem na antiga-- camadas populares tenham se levantado em tal proporção. Se o estopim foi aceso pela classe média, o novo proletariado, forjado na década do lulismo, entrou nas avenidas, dando um colorido inédito às marchas reivindicatórias. Uma placa tectônica do país se mexeu, surpreendendo a todos os atores tradicionais.
Iniciado pela esquerda, o processo ficou indeterminado quando se verificou que tal fração de classe pode ser fisgada pela direita, a partir de apelos contra a corrupção. A direita quer vender a ideia de que sanear o Estado (o que é necessário) e cortar funcionários resolveria as demandas por saúde, educação e segurança.
Caberá à esquerda, que teve o mérito de começar a luta, ter a coragem de mostrar a cara e propor um programa que, sem deixar de ser republicano, aposte na ampliação do gasto público, de modo a construir o bem-estar que as massas exigem. 

André Singer, Folha de São Paulo, 22.06.2013

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Crise de representação e sociedade em rede: Manuel Castells em alta.

 

Percebo que está em curso uma longa peregrinação de jornalistas às universidades à procura de uma explicação sobre as últimas mobilizações de rua que estão pipocando em todo o país. Conforme afirmamos pelo blog, tanto o sistema político quanto a academia foram pegos, literalmente, de calças curtas. Salvo algumas ponderações sobre as origens do MPL, sua agenda de reinvidicações, a condenação aos históricos problemas estruturais do país, no mais, nenhuma teoria mais explicativa sobre o que vem ocorrendo no país. Atônita, a classe política já começou a sinalizar com a necessidade de reorientar suas ações com o objetivo de atender a algumas dessas demandas, equivocadamente focadas apaenas na ponta do iceberg, ou seja, a tarifa do transporte coletivo. Vários Estados e capitais já sinalizaram nessa direção e os ecos da rua já atingiram o Poder Legislativo, em Brasília, onde já se discute uma redução de impostos que poderiam diminuir o valor das tarifas praticadas. Neste contexto, por dois motivos, ganha evidência o sociólogo catalão Manuel Castells, uma espécie de guru do grupo político que gira em torno da Marina Silva. Entusiasta de suas teorias, sabidamente, até o nome "partido" foi abolido pela acreana ao fundar sua "Rede Solidariedade". Faz algum tempo, escrevemos um longo artigo sobre o pensamento de Manuel Castells. Nada mais atual para entendermos a força das redes sociais do que o seu livro, que já se tornou um clássco, "Sociedade em Rede". Um outro aspecto que deve ser observado na teoria do catalão diz respeito ao esfacelamento do modelo de representação das democracias burguesas, onde os políticos passam a representar, unicamente, demandas do capital, envolvem-se em falcatruas, se locupletam da função, desviam recursos públicos, fraudam, celebram acordos espúrios, tornam o chefe do executivo reféns de chantagens etc. No caso brasileiro, nada mais emblemático do que o PMDB - que teve seu site invadido - para constituir-se como síntese desses desmandos. Os assessores da Presidência da República e do Estado de São Paulo - que demonstraram tanta preocupação sobre a força das redes sociais - deveriam, na realidade, fazer uma leitura correta sobre o que se passa com elas. Nos útlimos dias que antecederam às mobilizações, nunca vi tanta gente estabelecer comparações sobre os investimentos que estavam sendo feito para a realização da Copa em contrapartida aos gravíssimos problemas sociais do país na área de educação, saúde, infraestrura de transporte, degradação dos centros urbanos etc. Antes, essas "comparações" eram solenimente ignoradas, não mereciam curtições ou compartilhamentos. Nos últimos dias, "fermetou" e jogou a rapaziada nas ruas. Pay Attention, governantes!!! Gradativamente, vamos procurando outra aproximações teóricas para entender o fenômenos das ruas.