pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Pesquisa revela o peso da autoestima no rendimento escolar

  

A importância da autoestima para o processo de aprendizagem é muito maior do que se imagina. Isto foi o que ficou evidenciado no resultado de uma pesquisa desenvolvida pelas pesquisadoras Michela Camboim e Isabel Raposo, da Fundação Joaquim Nabuco. A pesquisa, intitulada “Determinantes do Desempenho Escolar na Rede Pública de Ensino Fundamental do Recife”, desenvolvida durante o ano de 2013, em 120 escolas públicas (estaduais e municipais) do Recife, investigou 146 turmas do 6º ano (5ª série), num campo de 4.200 alunos.
“Acompanhamos os alunos e comparamos o desempenho de cada um, através de duas provas de matemática que eles realizaram, uma no início e outra no final do ano, para ver se eles se saiam bem no teste”, disse a pesquisadora Isabel Raposo. Ela acrescentou que melhoraram na nota e tiveram aprovação os que se relacionavam mais com os  colegas, os que tinham mais amigos na sala de aula, os  mais novos em turmas de alunos mais velhos e aqueles que, mesmo subnutridos, tinham uma aceitação positiva dos seus pais. “Aqueles que conviviam bem no ambiente doméstico e na escola, que eram os mais sociáveis, tinham mais maturidade e eram aprovados pela família”, acrescentou a pesquisadora.
Essas particularidades dos alunos foram identificadas a partir de um questionário com 90 perguntas, aplicado entre a primeira e a segunda prova de matemática. Segundo a pesquisadora,  os alunos que as mães acompanham, repreendendo-os  quando eles erram, os que recebem elogios do professor quando acertam, os que se acham populares (têm muitos amigos), os que têm uma personalidade mais definida, são os mais aptos a se interessarem pelos estudos e de terem um desempenho melhor, tomando-se como referência a disciplina matemática.
Isabel comentou que a matemática, para o estudioso M. Gonçalves, é considerada de natureza difícil e emocionalmente muito intensa, podendo provocar nos alunos  emoções positivas ou negativas. Ressaltou que o sentimento de desinteresse pela disciplina pode acarretar um desinvestimento progressivo no trabalho escolar, afetando o  desempenho. E acrescentou que, na opinião dos pesquisadores Peixoto e Almeida, um dos aspectos que pode influenciar os tipos de emoções vivenciadas pelas pessoas é o autoconceito, que é visto como um constructo psicológico essencial a um bom desempenho acadêmico.
Seguindo o  raciocínio do teórico Harter, a pesquisadora explicita que o autoconceito e a autoestima estão intimamente ligados, mas não são a mesma coisa. O autoconceito abrange a opinião que a pessoa tem de si mesma, considerando seus sucessos e fracassos. A  autoestima engloba os sentimentos decorrentes deste autoconceito, trata-se  de um sentimento construído a partir do conceito que se auto-atribui, ou seja, como a pessoa se sente em relação a si mesma
O questionário elaborado pelas pesquisadoras Michela Camboim e Isabel Raposo foi baseado na escala de autopercepção de Harter e na teoria das habilidades não cognitivas de Heckman. O desenvolvimento do trabalho resultou numa base de dados única sobre auto-estima de alunos de escolas públicas, um diferencial em bases de dados sobre educação no país.

:: OBS: A pesquisa “Determinantes do Desempenho Escolar na Rede Pública de Ensino Fundamental do Recife” será apresentada, no formato de oito artigos, durante o 1º Workshop de Artigos Científicos, nesta quinta-feira, dia 4 de dezembro, das 8 às 12 horas, na sala Gilberto Osório, da Fundaj/Apipucos (rua Dois Irmãos, 98), um evento que é uma promoção da Diretoria de Pesquisas Sociais da Fundação Joaquim Nabuco. Veja, abaixo, a programação:
programaçãoprogramação
 Nota do editor: As duas fotos acima foram colocadas de propósito. A primeira mostra alunos, possivelmente oriundos de família de classe média tradicional, num festivo encontro em sala de aula. A outra, a dura batalha dos alunos de famílias empobrecidas sendo transportados para a escola em carroças, pela ausência de um transporte escolar mais digno. O fato ocorreu numa cidade do interior do Estado de Pernambuco e foi denunciado por um vereador local. Não quero entrar aqui nos determinantes econômicos da autoestima - também não sei se a pesquisa colocou essa variável no estudo - mas o bom-senso nos informa que, está difícil desenvolver a autoestima entre os alunos desse segundo grupo, da forma que estão sendo tratados pelo poder público. Tive a oportunidade de pagar uma disciplina com a professora Edla Soares, no CE/UFPE, onde ela procedia uma pesquisa sobre as condições sociais do educando, considerando que todos deveriam atingir um determinado estágio de aprendizagem, mas, consoante o grau de adversidades encontrada, chegariam em tempos distintos aos objetivos. O calendário acadêmico, naturalmente, era honradamente desrespeitado. Foi a maior lição de avaliação que já aprendi. Posteriormente, assim como ocorria com Miguel Arraes e Silke Weber - outra professora de saudosa lembrança - Edla se tornou um espécie de eterna Secretária de Educação de Jarbas Vasconcelos. Quando o caboclo enveredou pelo "caminho da perdição', ela se afastou do grupo. Em tempo. Saiu sem ver sua imagem chamuscada pelo oportunismo político. Tinha posições e convicções firmes.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Tijolinho do Jolugue: Os protestos contra a matança de nossas aves.


O capital, de fato, não gosta de ser incomodado. Que o digam as últimas eleições e as dificuldades encontradas por Dilma Rousseff para garantir um Governo que não abdique das conquistas sociais obtidas nos últimos anos. Ontem o professor da UFPE, Heitor Scalambrini, denunciou aqui as mortes de araras azuis que estão ocorrendo no Horto de Dois Irmãos, no bairro do mesmo nome, em Recife. Ninguém tem uma explicação convincente para o fenômeno, mas, a rigor, pelo estado de abandono em que se encontra aquele parque, não é difícil levantar algumas hipóteses. Amo a vida no campo e, consequentemente, esses parques nos remetem a ela, mesmo dentro dos perímetros urbanos. Em João Pessoa há o Parque Arruda Câmara - também conhecido como "Bica". Não deixo de visitá-lo, sempre que vou àquela cidade. Um passeio por aquelas matas, numa garoa fina de um dia de domingo, não tem preço. Como se as mortes das araras do Horto de Dois Irmãos não fossem suficiente, agora somos assombrados com o caso de Manaus. Num condomínio privado, os moradores se sentiam incomodados com a presença de alguns periquitos que costumavam frequentar as palmeiras das redondezas. Pois bem. Mandaram colocar algumas telas de proteção e pulverizaram veneno nas árvores, provocando a morte de centenas de aves. Que absurdo. Depois da matança e dos intensos protestos pelos redes sociais, as autoridades resolveram agir.

Tijolinho do Jolugue: Kátia Abreu: Calma, gente. A nomeação ainda não saiu... e pode não sair.

O Grupo Friboi é o maior grupo de abate de bois do mundo. No Brasil, nas últimas eleições, foi o maior doador de campanha. Com esse capital, certamente, seria um grupo com forte influência política. Todos os postulantes ao Planalto o cortejaram bastante, mas, num lance de xadrez político estratégico, Lula exerceu sua influência para permitir que um empréstimo do BNDES fosse liberado para o Grupo, tirando seus proprietários da esfera de influência do então candidato, ex-governador Eduardo Campos. Mesmo nessas circunstâncias, os tucanos não podem se queixar de nada, Também foram regiamente favorecidos com doações nas últimas eleições presidenciais. O apoio do banco oficial deixou o grupo forte demais, motivo pelo qual abriu-se um dissidência com a hoje candidata a assumir o Ministério da Agricultura, senadora Kátia Abreu, na condição de presidente da CNA. Comenta-se nas bastidores da política que os seus dirigentes já teriam procurado o ministro Aloizio Mercadante com o objetivo de fazer um lobby contra a nomeação. Com a sua verve apuradíssima, o filósofo Renato Janine, através do seu perfil do Facebook, comentava sobre o inusitado - e irônico - da situação. Não é a grita da esquerda, mas o lobby do capital que pode impedir a nomeação de Kátia Abreu. O danado, dizia ele, é que Kátia Abreu tem razão no seu entrevero com o grupo. Kátia seria uma indicação da cota pessoal do vice-presidente Michel Temer. Não se pode negar que tem um padrinho forte. Um artigo seu sobre o ministro Gilmar Mende, segundo dizem, também causou um profundo mal-estar no Planalto. Penso que isso seria perfeitamente contornável. Quanto ao lobby da Friboi, se é Friboi, convém à futura ministra colocar as barbas de molho. Como dizia o saudoso ex-governador Miguel Arraes, vamos aguardar pelo jornal que, de fato, conta: O Diário Oficial da União.
Charge de Aroeira, publicada no Brasil Econômico, hoje, dia 03/12/2014

Michel Zaidan Filho: Um filme sem mocinhos, só bandidos



                                    O ex-governador de Pernambuco, em seu  discurso de despedida do Senado, afirmou que a política brasileira parecia "um filme de terror, onde os mocinhos morrem todos no final". Partindo de quem fala, é interessante analisar essa despedida melancólica de um político que tanto perseguiu, processou, desrespeitou os adversários em  seu Estado. Há muito tempo se fala dos aleijões, das deformações e patologias do sistema político brasileiro, que aliás permitiram que uma criatura legitimamente sua vem se arvorar em  "catão" da República petista. Ainda não se fez a autópsia do cadáver dessas administrações do PMDB (e suas alianças monstruosas) aqui em Pernambuco. Em algum momento, um crítico com a necessária imunidade aos humores acrimoniosos desse ex-governador colocará o dedo das feridas dessas gestões "virtuosas" e extrairá o conteúdo verdadeiro do que foram elas para o interesse público do nosso Estado.
                                    Foi este cidadão republicano e virtuoso que inaugurou entre nós o modelo das administrações do "salesman" e da agenda gerencial do Estado. Como o gerente mais bem compenetrado do evangelho PSDbista de FHC, o ex-governador pôs em prática a fórmula da alienação do patrimônio público, publicizou as políticas sociais e desmontou os mecanismos de fiscalização da administração pública. "Vendeu" o Estado à base de uma fabulosa renúncia fiscal às empresas e perseguiu como pôde os críticos, os adversários, os que nunca concordaram com esse modelo de gestão pública-privada. E ainda se valeu da marketização agressiva dos símbolos oficiais do Estado para produzir um arremedo de "cultura cívica"; para o que deve ter sido de muita valia a propaganda do "Pernambuco da Sorte". Dá sorte a quem?
                                    As parcerias com as fundações (sem fins lucrativos?) empresariais vieram substituir a rede pública de ensino e a justa valorização da magistério. Contratos e convênio milionários com a Fundação Roberto Marinho e a Fundação Ayrton Senna, com suas tele-salas e seus monitores, estes contratados por cooperativas de trabalho ao arrepio das legislação trabalhista. E o que dizer da contribuição dessa famoso estadista para o aperfeiçoamento do sistema partidário brasileiro? - Ele simplesmente implodiu o sistema partidário de Pernambuco, depois de sua vitória contra Miguel Arraes de Alencar, numa das disputas mais litigiosas que já tivemos. E que continuou, depois da eleição.
                                    É muito ilustrativo ver agora o destemido e valente parlamentar - que fará sua reestreia na Câmara dos Deputados  - eleito  através do palanque do seu arqui-inimigo, o falecido Eduardo Campos, depois de ter tripudiado sobre o cadáver político do velho Arraes. Sinal dos tempos. O ciclo encerrou-se. Fica a assombração, a carantonha de quem foi outrora o opocisionista autêntico do antigo PMDB de Pernambuco.

Michel Zaidan Filho é historiador, filósofo, cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Tijolinho do Jolugue: Como dizia Maciel, Dilma, política é a arte do possível.


Em Pernambuco existe uma conhecida raposa política que optou por se recolher aos seus aposentos depois de sofrer uma grande refrega nas urnas. Imagino que não deve ter abandonado a política completamente, um ofício ao qual se dedicava 24 horas por dia. Dormia pouco, comia sanduíche de mortadela, mas garantia seus feudos nas principais repartições públicas federais do Estado, sobretudo nos Governos de Fernando Henrique Cardoso. Publicamente, sua assessoria informa que hoje ele se dedica às orações e à leitura dos jornais. Sim, ele é católico fervoroso e esteve entre os civis que apoiaram o golpe militar de 1964. Essas raposas sempre nos deixam algumas "lições" de política, para o bem ou para o mal. Getúlio, Agamenon, Magalhães Pinto. Este último costumava dizer que política era como as nuvens. Mudava constantemente. A raposa pernambucana à qual nos referimos,  tinha o hábito de afirmar que política é a arte do possível. Talvez a expressão que melhor se configure para definir o quadro da conjuntura política nacional, onde o Governo de Dilma Rousseff se vê contingenciado a fazer uma série de concessões aos setores "derrotados" nas urnas, inclusive aceitando a indicação de nomes vinculados aos setores conservadores e reacionários da política brasileira. No limite, há quem informe que esses setores ganharam o "terceiro turno". Já observávamos algumas coisas "estranhas" pela província, como alun@s da primeira fila dessa tal raposa estarem ocupando cargos de relevância nas repartições públicas federais no Estado. Mas, afinal, como informava os petistas mais autênticos, não havia muitas ilusões. O Governo Dilma é de centro-esquerda. O que mata é sairmos às ruas, travarmos uma batalha diária pelas redes sociais, e nos depararmos com essas "Dianas de Pastoril", certamente, rindo de nossa cara. Independentemente da cor da manta, eles vão estar lá. Alguns deles fizeram abertamente campanha para Aécio Neves. Pode um negócio desses? Por incrível que possa parecer, no plano interno do PT, Dilma parece querer fortalecer suas alianças mais à esquerda, favorecendo tendências como "Mensagem ao Partido" e "Democracia Socialista". Assim como em todo o Brasil, os petistas pernambucanos estão com a orelha em pé, sobretudo a turma da Articulação Unidade na Luta, tendência majoritária no Estado, cujos principais expoentes não conseguiram se reeleger nas últimas eleições. Pelo andar da carruagem política, não nos surpreendamos se Dilma nomear mais gente do "PRI" do que do "PAN", a exemplo do que ocorreu com Vicente Fox, um ex-executivo da Coca-Cola, quando foi eleito presidente do México, "desbancando" uma hegemonia de 70 anos do Partido Revolucionário Institucional, cujos tentáculos haviam se espalhado por todas as instituições mexicanas. É a política, meu filho. Só não nos peçam para compactuar com isso.

sábado, 29 de novembro de 2014

Eli Martins: Ecos brasilienses

Ecos brasilienses

Eli Martins*
Personagem do filme V de Vingança.
Personagem do filme V de Vingança.
Um: como é a política
Política é assim: na campanha a gente diz uma coisa e no governo faz outra. Dilma passou a campanha eleitoral declarando que Marina iria entregar o Brasil aos banqueiros, que tinha o apoio da filha do proprietário do Banco Itaú (que tem apenas 1% do Banco, e nunca lá trabalhou). Os banqueiros iriam roubar a comida dos pobres. Como se nos governos Lula e Dilma os Bancos não tivessem ganho dinheiro “como nunca antes neste País”. E criticou o Aécio que iria colocar um ministro liberal na Fazenda para fazer um arroxo em cima dos trabalhadores. Passadas as eleições, quem a Dilma convidou para ministro da Fazenda? Primeiro o segundo homem do Banco Bradesco, que não aceitou, mas indicou um de seus auxiliares, economista conhecido por suas posições liberais, aluno predileto daquele que seria o ministro do Aécio. E, segundo os jornais, teria colaborado com o programa dos tucanos. Cara de pau espelhado no Maluf.

Dois: pra que ministro da Fazenda?
Alguns petistas se escandalizaram que a presidenta tenha nomeado como ministro da Fazenda um economista liberal, igual ao que o Aécio iria nomear. Protestaram. Mas o pessoal do pano quente entrou em cena afirmando que quem nomeia os ministros é a Presidente, e que ela é quem dirige a economia. Então, pergunta-se nas ruas em Brasília: por que nomear um ministro da Fazenda?.

Três: Primeira manobra contra o escândalo da Petrobras
O escândalo da Petrobrás está deixando o governo desesperado. É preciso encontrar uma fórmula que a população não os responsabilize pelo maior escândalo de corrupção que o Brasil já conheceu. Em resumo, aqueles que se dispuseram a fazer a delação premiada têm dito o seguinte: as empresas que ganhavam licitações na Petrobras combinavam entre si quem ganharia cada uma das licitações, e pagavam propinas a dirigentes da empresa que, por sua vez, ficavam com parte dos recursos e repassavam parte a três partidos da base governamental: PP, PMDB e, sobretudo, o PT. Esta prática existiria desde o início do governo Lula. A primeira manobra: a presidenta declara que é preciso averiguar com rigor as denúncias, ao mesmo tempo em que sua base parlamentar desfaz as CPIs instaladas para investigação. Ademais, dava a entender que ela é quem estava dirigindo a ação dos investigadores. Mentira. A presidenta aqui só pode atrapalhar. O poder judiciário é independente e o Ministério Público também. E se este apresenta denúncia, a Polícia Federal tem que investigar. Policiais fies não ao Estado, mas ao governo podem exercer prática incorreta que leve o processo a se tornar ilegal, e engavetado.

Quatro: Segunda manobra contra o escândalo da Petrobras
A segunda manobra para tapar o buraco com a peneira por parte dos petistas: alguém descobre que em 1997 houve um escândalo na Petrobras, pois alguém desviou dinheiro. Desviou ontem e está desviando hoje. Só que não são os mesmos. Hoje é uma prática institucionalizada, e desenvolvida no governo Lula. Conclusão: se houve roubo antes podemos roubar hoje. Raciocínio pelo menos estranho vindo de um partido que se diz de esquerda e defensor da ética.

Cinco: Enfim, a terceira manobra…
A terceira manobra para abafar o escândalo da Petrobrás começou. O ministro do Supremo, Zavascki, pede explicações ao Sergio Moro sobre a citação de parlamentares nas investigações em curso, a pedido dos advogados de duas empresas envolvidas. O objetivo é um só: levar o processo para o Supremo, uma corte politica com maioria esmagadora de indicados pelo governo petista. Risco: ingresso no buraco negro.

Seis: Parece piada, “nunca se roubou tão pouco”
Um empresário, que um dia já foi celebridade, escreve um artigo dizendo que ” nunca se roubou tão pouco quanto hoje”. Quem encontrar qualquer dado que confirme sua afirmação ganha uma viagem para a lua. Não tem nada. O que se pergunta é a motivação que fez o tal empresário escrever o artigo que os petistas distribuem nas redes dizendo: tão vendo, roubamos menos que os outros. Daqui a pouco vão dizer: “roubamos, mas fazemos”, como Ademar de Barros. Já o ex-presidente do STJ, Feliz Fischer, melhor posicionado para entender do assunto do que o ex-célebre empresário, declarou: “Acho que nenhum outro país viveu tamanha roubalheira. Pelo valor das devoluções, algo gravíssimo aconteceu”.

Sete: Miopia política
Tarso Genro, um dos políticos mais inteligentes e preparados do PT, sucumbiu à miopia política. E afirma nos jornais que a oposição contou com “votos da elite”. É difícil imaginar que a elite seja mais de 48% do País. Quando os petistas vão se convencer que o País se dividiu, que Dilma, legitimamente eleita, recebeu apenas 39,16% dos votos do corpo eleitoral brasileiro, que parte da esquerda votou contra ela? E que parte da direita está em seu governo e não com a oposição. Exemplo: a líder do agronegócio, senadora Katia Abreu, que saiu do DEM para o PSD e em seguida, a pedido da Dilma, para o PMDB. Isso sem citar os clássicos Renan, Collor, Jader e Maluf.

Oito. A culpa é da crise internacional
Durante toda a campanha eleitoral, a Presidenta insistiu que o Brasil estava economicamente bem e no caminho certo. O mundo é que estava em crise e não tinha crescimento econômico. A China está crescendo a módicos 7,5% e os “Estados Unidos teve alta anualizada de 3,9% entre julho e setembro, maior que os 3,5% da primeira leitura, anunciada em 30 de outubro. O dado é bem melhor do que o esperado por analistas do mercado, que previam uma redução para 3,3%.“ O Brasil tem crescido a menos de 1% graças ao brilhantismo da Presidente economista, popularmente conhecida em Brasília como “madame sabe tudo”

(artigo publicado originalmente na revista eletrônica Será?)

Tijolinho do Jolugue: Afinal, para onde caminha o Governo Dilma?


O eterno arcebispo de Olinda e Recife, Dom Hélder Câmara, quando questionado sobre o seu silêncio, já no final da vida - ele que fora um combativo guerreiro da justiça social e das liberdades democráticas - costumava responder que havia tempo de emergir e de submergir. Em nenhuma hipótese poderíamos deixar de identificar-se com os governos de coalizão petista, sobretudo em razão de seu enfrentamento sistemático dos seculares problemas das desigualdades sociais no país. Costumo dizer que "briguei" - paguei todos os ônus - para estudar o PT no contexto de um "feudo institucional" profundamente identificado com a estrutura hierarquizada da sociedade brasileira. Tenho uma profunda admiração e respeito pela presidente Dilma Rousseff e não a abandonarei. Pagamos um preço alto por respeitarmos a história de vida dessa gente. Entendo o momento, as circunstâncias e as opções políticas que lhes foram facultadas no atual momento político, marcado pelo recrudescimento das forças conservadoras no país, propondo, inclusive, em ultima análise, uma ruptura institucional. Mas, devo confessar, que depois de 50 anos de idade não iria fazer qualquer tipo de acordo com os meus algozes. Tenho uma enorme dificuldade em compactuar com os "tapinhas na costa", com o "tirar por menos", com o "jeitinho brasileiro". Essa expressão sempre me causou muitos problemas. Penso que nunca tive esse tal "jogo de cintura". Isso é para as exuberantes mulatas, com aquelas bundas enormes, pelas quais confesso minhas quedas. Embora a política seja a arte do possível, como ensinava uma velha raposa da política pernambucana - mesmo assim - é doloroso para mim acompanhar os primeiros movimentos e acenos do Governo Dilma, que segue uma perspectiva de "acordos" nebulosos com os setores mais reacionários da política brasileira. Alguém já disse que Dilma está sofrendo da Síndrome de Estocolmo. Não sei. Mas, pelo andar da carruagem política, é possível que tenhamos de esquecer aquela agenda necessária para o país encontrar-se consigo mesmo - como dizia o geógrafo Nilton Santos - como os avanços na reforma agrária, na democratização da mídia, a tão sonhada reforma política. Certamente, não será com Eduardo Cunha na presidência da Câmara dos Deputados que ela irá sair. Se sair, será "a la carte", sob medida, como costuma enfatizar o professor Michel Zaidan Filho. Nesse ritmo, como alguém profetizou, não nos surpreendamos com a possibilidade concreta de um convite a Lobão para assumir o Ministério da Cultura, sob o argumento  de refrear a sanha oposicionista. Que nos perdoem os petistas mais radicais, mas pega mal para alguém que demonizou Marina Silva por sua amizade com Neca do Itaú contemporizar com um ministério sob medida para atender às pressões do mercado e do agronegócio. Para nós - que nos matamos por Dilma - seguindo o conselho de Dom Hélder - talvez seja o tempo de submergir.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Michel Zaidan Filho: Uma cidade para o capital


                      Essa expressão foi utilizada pela primeira vez, por um literato francês sobre a reforma urbana patrocinada pelo Barão de Haussiman em Paris, depois das barricadas de junho. 0 objetivo da reforma é sanear e embelezar a cidade, colocando abaixo o velho casario e alargando as ruas e avenidas, de forma que os carros de combate pudessem facilmente enfrentar os "communards" e impedir as barricadas. 0 modelo da reforma urbana francesa ganhou a imaginação urbanística do século XX, influenciando o traçado urbanístico das principais capitais brasileiras. Para o bom entendedor, o significado era claro: higienizar as cidades, expurgando o centro urbano de pobres, miseráveis, lumpens etc. E criando excelentes oportunidades de negócio para a especulação imobiliária, com o indefectível apoio do poder público.
                     Foi o sociólogo francês,  Henri Lefebvre, quem cunhou a expressão "o direito à cidade", como um dos maiores direitos que o cidadão citadino e urbano podia ter. O direito à cidade se traduz no direito à moradia, ao transporte, à saúde, ao lazer, ao trabalho e, naturalmente, na tomada de decisões que afetem o cotidiano das massas urbanas. A especulação imobiliária é exatamente a negação do direito (democrático) à cidade. Esse direito não pode ser reduzido ao cidadão-consumidor, ao especulador, aos ricos e apaniguados, amigos do Poder Público, de seus planejadores,arquitetos e seus escritórios  encarregados de "vender" o produto ao mercado. Quando o direito à cidade é roubado, produz-se a espoliação urbana e a expulsão dos cidadãos pobres para as periferias da cidade.
                    0 que vem ocorrendo com o Recife, desde as gestões do PT - sobretudo a última - é um processo de espoliação urbana do centro histórico da cidade (o bairro de São José). Uma imensa área localizada no Cais do Estelita, pertencente à União foi comprada por um rico e poderoso consórcio chamado de "Novo Recife", com o objetivo de construir naquela área um condomínio de luxo, com 15 torres, cujo gabarito chega a 40 andares. Uma imensa área que deveria ter sido tombada pelo patrimônio histórico e se transformar em parques  e praças públicas,  vai se tornar numa área de forte especulação imobiliária, sem nenhum proveito para a população do Recife. Por que não prosperaram as tratativas entre a União, o Estado e o Município no sentido de que a área fosse transformada em área pública para o usufruto dos cidadãos e cidadãs recifenses? - Como foi que, exatamente nas gestões petistas, que prometeram devolver à população a cidade do  Recife, ocorreu esse negociata que esbulha o direito à cidade da grande massa da população? Quem ganharam com isso? Em troca de quê, foi feita a espoliação urbana?
                    0 pior é que o processo se estendeu ao Pina, a Brasília Teimosa, às reservas de manguezais, modificando drasticamente a paisagem urbana. As obras viárias (caras) realizadas em beneficio de condutores de automóveis privados, para acesso a grandes centros de compra e de lazer, sem Reima/Ima, com isenção fiscal, com crédito subsidiado do BNDES, onde antes só havia manguezais e residências simples. Como foi que ocorreu tamanha mudança, depois de todo o movimento da reforma urbana e da aprovação da lei do solo urbano?
                    Mais triste é ver colegas, professores universitários, urbanistas e arquitetos - contratados a peso de ouro  - para convencer a opinião pública de que essas obras vão trazer um enorme benefício para a cidade. Deveriam ser mais honestos e ajudar a vender esses empreendimentos  privados, sem a máscara de pesquisadores ou gestores urbanos. Simples vendedores do "peixe" das grandes construtoras imobiliárias do Recife, que acham que o céu é o limite da especulação.
Michel Zaidan Filho é historiador, filósofo, cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Tijolinho do Jolugue: Repúdio ao ato de vandalismo na Faculdade de Direito do Recife


Esses atos de intolerância religiosa justamente no Dia da Consciência Negra são inadmissíveis. Também fiquei bastante indignado ao ler uma postagem do ex-candidato ao Governo do Estado pelo PSOL, Zé Gomes, relatando um fato ocorrido na tradicional Faculdade de Direito do Recife. O ato vem revestido de alguns agravantes, sobretudo se considerarmos a histórica identificação daquela instituição com os valores da democracia, dos direitos humanos, das lutas libertárias do povo pernambucano, constituindo, inclusive, numa trincheira de resistência contra a escravidão no Brasil. Como enfatiza Zé, seu patrono é o jurista negro Tobias Barreto. Por ali passaram ilustres defensores da abolição da escravatura no país, como Castro Alves - o poeta dos escravos - Joaquim Nabuco, Rui Barbosa entre outros. Infelizmente, essas coincidências são inevitáveis. Membros do Movimento Estudantil - que formam um grupo denominado Movimento Zoada - em alusão à semana da Consciência Negra, teria exposto uma imagem de Iansã - senhora dos ventos e das tempestades - num hall daquela centenária Instituição. Hoje a imagem amanheceu com a cabeça decapitada, num ato inominável de vandalismo. O grupo está convocando um protesto. Contem com nossa solidariedade.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Michel Zaidan Filho: Cada oligarquia tem o escritor que merece


 


                    Quando o ex-governador Miguel Arraes de Alencar foi eleito, pela terceira vez, para  comandar o Estado de Pernambuco, perguntaram ao  escritor Ariano Suassuna o que ele pretendia fazer na secretaria de Cultura. Respondeu o romancista paraibano que faria o mesmo em sua pasta que o governador no Estado.Nessa ocasião, a Folha de São Paulo já vinha criticando o assistencialismo do velho Arraes. Quando Ariano deu essa resposta, o jornal entendeu que a política cultural do Estado seria uma extensão do populismo aos gravadores de xilogravura, aos cordelistas e ao artesanato, deixando os artistas modernos e pós-modernos de lado.

                     Curiosamente, essa questão voltou à tona com o ciclo de homenagem que o Governo do Estado vem fazendo a Ariano Suassuna, depois de sua morte. Há outra particularidade que não foi ressaltada pela "Folha": o fato de o escritor de Taperoá ser contraparente do  ex-governador recentemente falecido (ele era tio da esposa de Eduardo Campos). Objeto de duas grandes homenagem, durante este ano,  o nome de Ariano voltou a ser lembrado no convescote literário que recebe o nome de FLIPORTO/OLINDA.
                      Como se sabe, o jornal paulistano fez uma grande reportagem, através do seu correspondente local, sobre o uso do tráfego de influência - quando Eduardo Campos ainda era vivo - de membros da família Accioly Campos  para o financiamento público do convescote patrocinado pelo irmão-literato do ex-governador. Disse o repórter que teve de administrar as consequências aqui em Pernambuco, por conta dessa reportagem. Afinal, criticar o rei e seus cortesões no reino (da oligarquia) é complicado.
                      Denunciado em escala nacional, as relações intimas à sombra do poder, eis que o irmão-literato volta à carga, com o seu convescote, homenageando o escritor e apontando o neto "João" como seu representante no evento. Se isso acontecesse numa pequena província, em Taperoá ou Messejana, não chamaria tanta atenção, quanto numa metrópole regional do Nordeste, como o Recife. É possível se beneficiar dessa proximidade com o mundo oficial da política para promover atividades (quase) familiares, como essas? - Afinal, em que se transformou a herança política indômita dos pernambucanos? - Num convescote literário para homenagem de amigos e parentes? - É a velha tradição da Casa Grande? Pensar o Estado como mero prolongamento da família?
                     E o que dizer dos escritores-funcionários, de contracheque e cargo público?  Os mesmos que emprestam suas ilustres "estampas" para engrandecer os feitos dos governantes e seus prepostos, em troca das honrarias literárias e das prebendas?
                   É lamentável que tudo isso aconteça em meios a tanta denúncia de corrupção e improbidade administrativa. E do clamor popular pela punição exemplar dos envolvidos. Será que Pernambuco está fora do Brasil?

Michel Zaidan Filho é filósofo, historiador, cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco.

Tijolinho do Jolugue: Petrobras: Há 15 anos os gatunos desviavam recursos da Viúva.





 Paixão


Algo nos intrigava no escândalo recente do pagamento de propina na Petrobras. Em declaração, o principal delator do escândalo, Paulo Roberto, anunciou que os maiores beneficiários do esquema de pagamento de propinas foram os tucanos. A pergunta é: como isso seria possível se nós estamos num governo de coalizão petista? Ainda de acordo com as declarações de Paulo Roberto, uma parte desses recursos eram destinados aos partidos políticos, com o propósito de formarem as caixinhas de campanhas, o que põe em cheque - mais uma vez - o famigerado financiamento de campanha. De acordo com Nassif, é por aqui que dois juízes de alta toga estão querendo "pegar" Dilma Rousseff. Gente, o escândalo de corrupção na estatal é cabeludo. Não à toa, muitas especulações estão sendo feitas em torno do assunto, como a criação de uma situação ideal para uma profunda reforma política. Isso se o PMDB barrar as pretensões de Eduardo Cunha. Esse cara representa o atraso. Quem acompanhou sua entrevista ao Canal Livre, da Band, percebeu nitidamente isso. No que concerne à corrupção endêmica no país, muita coisa terá que ser passada a limpo, inclusive as cláusulas de contratos entre empreiteiras e empresas estatais. Esses aditivos, por exemplo, é uma tremenda roubalheira institucionalizada. Segundo a Procuradoria da República, o escândalo é antigo. Há pelo menos 15 anos os gatunos estão promovendo orgias com o dinheiro da Viúva. Agora se entende porque os tucanos, segundo Paulo Roberto, eram os maiores beneficiários do esquema.


Tijolinho do Jolugue: O ponto mais oriental das Américas pede socorro.



Ainda repercute no Estado da Paraíba uma matéria do Jornal Nacional sobre o grave problema de desmoronamento da barreira de Cabo Branco, em João Pessoa, o ponto mais oriental das Américas. Há muito tempo se fala no assunto. De acordo com o jornalista Tião Lucena, o bonitão, o problema existe desde 1975, quando ele chegou na capital para atuar nos jornais locais. Há quem informe que, a cada ano, dois metros de barreira são encolhidos. Estivemos por lá recentemente e o quadro, de fato, é preocupante. Locais interditados, estradas rachadas, proibição de circulação de veículos. De bom mesmo, o atendimento dos comerciantes do local, onde é servido um sorvete de cachaça delicioso. A vegetação do entorno foi toda preservada com o intuito de proteger o local. Na Ponta do Seixas, junto ao farol, há um bosque agradabilíssimo. Na realidade, uma propriedade privada. Não compete aqui identificar este ou aquele gestor como sendo o responsável pelos problemas com este ponto geográfico e turístico importantíssimo. Nessas ocasiões, é comum um ficar jogando as responsabilidade no outro. Na verdade, os cuidados com o espaço é uma incumbência imediata da Prefeitura Municipal de João Pessoa, embora, nesse caso o apoio dos Governos Estadual e Federal seja imprescindível. O "Mago" esteve recentemente com o ministro das Cidades. Não sei se o problema esteve na pauta. Em razão da repercussão da matéria, a Câmara Municipal irá se reunir em caráter extraordinário com o objetivo de propor alguma solução para o problema. Essas medidas de contenção do avanço do mar, entretanto, não são de solução fácil.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Tijolinho do Jolugue: Vital do Rego no Tribunal de Contas da União.


A família Vital do Rego tem sua base política na cidade de Campina Grande. Nas últimas eleições, o senador Vitalzinho do Rego candidatou-se para o Governo do Estado. Perdeu as eleições, mas manteve-se fiel ao projeto de reeleição de Dilma Rousseff. No primeiro e no segundo turno, registre-se. Assim que foram conhecidos os resultados do primeiro turno, de imediato, a família declarou apoio à reeleição de Ricardo Coutinho(PSB), contribuindo para equilibrar a correlação de forças políticas em Campina Grande, fundamental para a eleição do "Mago". Em razão da família Cássio Cunha Lima, Campina Grande se tornou uma espécie de ilha tucana no Nordeste. No segundo turno, Cássio pretendia ampliar sua vantagem na cidade, o que poderia proporcionar sua vitória. Não deu certo. Comenta-se que Veneziano Vital do Rego - do mesmo clã -, ex-prefeito da cidade, empenhou-se pessoalmente para que o objetivo de Cássio não se materializasse. Quem conhece a política paraibana sabe que as eleições majoritárias no Estado passam, necessariamente, por  Campina Grande. De compleição física entroncada - é bem baixinho - Vital do Rego é um animal político, na mais pura acepção do termo. Come o mingau quente pelas beiradas, devagarzinho, conforme recomenda os bons manuais de sobrevivência política. Goza de um grande prestígio na máquina do PMDB. Por mais de uma vez, seu nome foi indicado para ocupar um espaço na Esplanada dos Ministérios. Até recentemente seu nome esteve na bolsa de apostas para o Ministério da Integração Nacional. Preterido, não amuou-se. Afogou suas mágoas com uma boa carne de sol com feijão verde, numa barzinho qualquer de sua cidade natal, acompanhada de uma boa lapada de Volúpia. As mágoas ficaram nas coxias. De público, não perdeu sua capilaridade na máquina partidária. Continuou fazendo o que sabe muito: articular-se. Agora veio a recompensa. Seu nome será indicado para uma vaga vitalícia no Tribunal de Conta da União. Indicado não seria bem o termo, mas trata-se de uma reunião mineira, ou seja, tudo acertado previamente. Como diria nossos avós, mais vale um pássaro na mão do que dois voando. Não sei que cálculo ele fez do cenário político paraibano, mas a derrota, possivelmente, o levou a tirar algumas conclusões. No próprio clã familiar há nomes com maior potencialidade. O pacto já teria sido fechado entre PMDB e PT. Vital vai para o TCU enquanto José Eduardo Cardoso seria indicado a substituir Joaquim Barbosa no STF, mesmo depois dos problemas indisciplinares da Polícia Federal. 

Tijolinho do Jolugue: Os problemas se avolumam no litoral sul da Paraíba.



Os problemas continuam no litoral sul da Paraíba. Segundo nossos informantes, recentemente, o mar destruiu uma escadaria que dá acesso à Praia de Carapibus. Essa escadaria é estratégica. Sem ela, o único acesso seria pelo maceiozinho, já na divisa com a Praia de Jacumã, o que obriga os frequentadores de Carapibus a fazerem um contorno bastante razoável, além do lixo que ali se acumula, conforme enfatizamos em postagem anterior. Seria uma intervenção simples do poder público. Não entendo a negativa da Prefeitura Municipal em se recusar a fazer o conserto. A solução encontrada pelos empresários, turistas e moradores locais foi se cotizarem para fazer a reforma da escadaria. Nada tem dado muito certo nessa gestão. O lixo toma conta da cidade. Agora recebemos uma reclamação de um motorista que realiza transporte de passageiros para aquelas praias, informando que o acesso de vans à Praia de Coqueirinho só é possível com o pagamento de um pedágio de R$120,00. 

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Tijolinho do Jolugue: Marta Suplicy sai atirando






A ex-ministra da Cultura, Marta Suplicy, foi conduzida àquele ministério em razão das urdiduras mantidas por Lula para articular a candidatura de Fernando Haddad à Prefeitura da Cidade de São Paulo. Sua indicação para a Cultura foi uma espécie de "compensação". Devo dizer que o procedimento foi um pouco atribulado, considerando-se o fato de sua capilaridade política, aliada ao apoio de expressivo contingente partidário. Soma-se a isso, sua performance em todos os levantamentos de intenção de votos, bem superior a do pupilo de Lula. Salvo sua excelente gestão no Ministério da Educação, Haddad só tinha mesmo o sinal verde e o patrocínio do grande líder petista. A manobra deu certo, Haddad venceu as eleições e vem realizando uma gestão inovadora. Mesmo contrariada, Marta foi indicada para a Cultura, numa trinca que incluía a participação do PT paulista no Governo Dilma, setores da agremiação e, principalmente, uma indicação pessoal de Lula. O PT paulista, por razões óbvias, é muito próximo a Lula. Ali se concentra, possivelmente, a ala mais lulista da agremiação. Não à toa, é também a ala da agremiação que mais dor de cabeça tem dado a presidente Dilma Rousseff. Agora, por ocasião da saída de Marta do Ministério da Cultura, esses atritos como que afloraram, embora os petistas afirmem que se trata de intriga da oposição. Isso, na boca do palco. Nas alcovas o circo pega fogo. Ao leitor minimamente informado, basta juntar as pecinhas do tabuleiro. Por que, numa carta de despedido - um documento oficial, portanto - Marta Suplicy, que não é nenhuma ingênua, teceu alguns comentários sobre a condução da política econômica do Governo Dilma, sugerindo, nas entrelinhas, o perfil do novo nome do Ministério da Fazenda? Um recado direto de Lula? Há quem assegure que sim. Antes, José Dirceu - outro lulista de carteirinha - já havia se pronunciado sobre a condução da política econômica da Governo. Logo em seguida à carta de despedida de Marta, Gilberto Carvalho - homem de confiança do lulismo - teceu seus comentários a respeito da relação do Governo Dilma com os movimentos sociais. Numa comparação com o Governo do seu padrinho político, informou que este mantinha uma diálogo mais efetivo com os movimentos sociais. Três pronunciamentos, quase que simultâneos, de três atores políticos bastante identificados com o lulismo. Nada que não seja gerenciável, mas que há uma disputa de poder na máquina petista, isso ninguém pode negar. Faz parte do jogo. Há quem assegure que Lula pretende exercer uma maior influência no segundo Governo Dilma, entre outras razões, porque pretende voltar em 2018. Três ministérios seria de capital importância para o seu projeto: Fazenda, Cidades e Educação. Não sei se necessariamente tomando as dores de Dilma Rousseff, o ministro da Fazenda, Guido Mantega - que se encontra no olho do furacão - rebateu a argumentação de Marta Suplicy sobre os cortes orçamentários para o Ministério da Cultura na sua gestão. Segundo a avaliação de Mantega, não faltou recursos, mas talento.

Tijolinho do Jolugue: Conde, um paraíso ameaçado pelo lixo.




Escrevi um longo artigo sobre os problemas enfrentados pelo município de Conde, na Paraíba. Infelizmente, por um descuido, acabei deletando-o. Nas últimas eleições municipais, foi eleita para dirigir os destinos daquele município a prefeita Tatiana Lundgren. Sua lua de mel com a população durou exatamente o período que transcorre os festejos momescos no distrito de Jacumã, que realiza, de fato - com ou sem o apoio do poder público - um dos melhores carnavais da cidade. Logo em seguida, os problemas se sucederam, a despeito das obras estruturadoras realizadas pelo Governo do Estado no município, como o anel viário que permite um outro acesso do distrito de Jacumã - desafogando o trânsito intenso dos turistas durante o verão - ; obras de saneamento básico e o asfalto do acesso à paradisíaca praia de Coqueirinho, um das mais bonitas do Brasil. Todas essas obras eram reclamadas pela população fazia algum tempo. Ricardo Coutinho(PSB) agiu de forma republicana e foi bastante solícito com os reclames da população daquela cidade litorânea paraibana. Daí a estranheza quando, repentinamente, a prefeita anunciou que apoiaria a candidatura tucana de Cássio Cunha Lima, nas eleições de 2014, para o Governo do Estado. Espero não ser processado por isso, mas ela foi, no mínimo, uma pessoa ingrata. A contrapartida foi o apoio do padre Severino, do PT, pároco de Jacumã, figura muito respeitada no município, que se candidatou a prefeito nas últimas eleições municipais. Perdeu por muito pouco. O padre apoiou Ricardo e manteve o equilíbrio de forças no município. Passado o período festivo, a gestão pública entrou numa espécie de pandemônio, cuja solução pode ser uma medida drástica, como, por exemplo, o afastamento da atual gestora que, segundo investigações judiciais, poderia ter cometido crime de improbidade administrativa. A empresa licitada para o recolhimento do lixo, há três meses não recebe os repasses de verbas para o pagamento dos seus funcionários. O resultado disso é que o lixo se acumula pelas vias públicas, gerando toda ordem de problemas. Quem frequenta essas zonas costeiras, durante o período de verão, sabe o que isso significa. Há uma proliferação de moscas pela cidade. Saborear um camarão ao alho e óleo num barzinho da orla pode ser uma aventura gigantesca. Até de cervejas as danadas gostam... e ainda tem preferência pela Skol. Uma pena que o município tenha chegado a esse estado. Em conversa com a assessoria do governador reeleito, Ricardo Coutinho, ficamos sabendo que estão previstas a instalação de uma fábrica de massas e um estaleiro no município. O potencial do município é enorme, sobretudo se considerarmos que ele poderá pegar "carona", nos grandes investimentos que estão sendo feitos na cidade de Goiana, no Estado de Pernambuco. Isso se os cuidados com o meio ambiente não forem desprezados porque, segundo estudos, pode ocorrer ali fenômeno parecido com o que ocorre na praia de Boa Viagem, com grande incidência de ataques de tubarões. No cinturão de praias do distrito de Jacumã, ainda estão preservados mananciais de mata atlântica, manguezais e vegetações de restingas, convivendo, harmoniosamente, com suas belas praias. Infelizmente, falta aos nossos gestores esse compromisso efetivo com a res pública, traduzida aqui no cuidado com a polis. Se os poderes públicos federal, estadual e municipal trabalhassem em conjunto pelo bem do município, certamente, poderíamos transformar aquilo ali numa nova Cancun dos trópicos. O potencial existe. Lamentavelmente, nós perdemos com essas picuinhas e gestores sem compromisso com o bem público. Não vejo a hora de saborear as mangas espadas no leite, as jacas duras, os araças, os cajus, as mangabas, os caranguejos e o peixe fresco da Peixaria do Ari. Isso se a prefeita deixar. Quero informar que já estamos em campanha para eleger o padre Severino no próximo pleito. Nossos tributos municipais estão todos atualizados. Veja o que você faz com o dinheiro de nossos impostos, prefeita. 

P.S - Como diz o ditado popular, desgraça pouca é bobagem. Isso em plena abertura do verão. Pode?