pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Editorial: Luís Roberto Barroso mantém Alexandre de Moraes no inquérito sobre a tentativa de golpe de 08 de janeiro.



A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro entrou com um pedido junto ao STF no sentido de retirar o Ministro Alexandre de Moraes do inquérito que investiga a frustrada tentativa de golpe do 08 de janeiro. Mas a defesa do ex-presidente não estava sozinha nessa reivindicação, eivada de argumentos subjetivos, que já somavam 192 petições com o mesmo propósito. Essa "subjetividade de argumentos", desprovidas de amparo legal, foi um dos motivos pelos quais o Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Luís Roberto Barroso, negou o pedido. 

Para o desconforto daqules que estiveram envolvidos nos atentados contra o Estado Democrático de Direito e as nossas instituições democráticas, O Ministro Alexandre de Moraes será mantido no cargo, conforme previsão nossa por aqui. As provas arroladas pela Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de 08 de janeiro são robustas, conforme já enfatizou o ministro. Agora é apurar as responsabilidades de cada um, amparada nas investigações conduzidas pela Polícia Federal. Dando um bom exemplo, as Forças Armadas já estão afastando de suas funções os militares sob investigações. 

O que nos surpreende é este ambiente ou essa permeabilidade conspiratória contra as nossas instituições republicanas, que se manteve ativa mesmo depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o Governo. As digitais dos "resíduos golpistas", por exemplo, podem ser encontrados no funcionamento de uma agência paralela de inteligência, assim como numa minuta de Estado de Sítio encontrada na gaveta da sede do maior partido de oposição do país.

Outra questão devidamente pacificada diz respeito ao fato de o golpe não ter se materializado, argumento sempre muito invocado pelos bolsonaristas. Neste caso, conforme preconiza o Código Penal, pune-se a tentativa nas mesmas proporções, uma vez que, se os algozes da democracia tivessem logrado êxito, a primeira providência é interditar o funcionamento regular do Estado Democrático de Direito.   

Charge! Triscila Oliveira e Leandro Assis via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Editorial: A "insegurança" no Presídio Federal de Segurança Máxima de Mossoró.



Se nos permitem o trocadilho, tudo indica que o sol não nascia quadrado no Presídio Federal de Segurança Máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Vamos ser francos por aqui? Tudo está muito confuso e o assunto da fuga dos dois presos do presídio ainda deve render bons debates. Aliás, tais discussões se impõem. Existe a informação que ocorreu um erro estrutural na construção das paredes que antecedem as luminárias, por onde os presos fugiram, que foram construídas apenas com alvenaria, sem concreto. 

Há, portanto, uma falha estrutural de projeto de construção, não se sabendo se prevista na licitação ou decorrentes de irregularidades na edicação do presídio. Surpreendentemente, mais  das 192 câmaras existenres no presídio, 124 não funcionavam, o que facilitou enormemente o trabalho de fuga dos presos. Já comentamos por aqui que um jornal potiguar, alguns meses antes, havia publicado uma matéria onde o assunto era abordado, concluindo pela falta de segurança num presídio de segurança máxima. Com essas facilidades de comunicação, não seria improvável que os fujões tenham sido avisados sobre essa precariedade do sistema. 

Não se pode dizer que as providências não estejam sendo tomadas. Apenas com um detalhe crucial: depois das luminárias arrombadas. Mais 100 homens da Guarda Nacional estão sendo mobilizados na captura aos fugitivos. Com mais este reforço, já chega a 400 o contingente de policiais utilizados com tal finalidade. Talvez inspirados nessa fuga espetacular, no dia de ontem, 18 presos fugiram de carceragem no Estado do Ceará. 17 deles apenas num dos presídios, tratando-se aqui de uma fuga em massa.

A admissibilidade sobre a necessidade de construção de muralhas no entorno dessas unidades prisionais, por outro, sugere que, de fato, ocorreram algumas falhas estruturais em sua edificação. Observem que esta foi uma das primeiras observações do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. Pelo pouco tempo que ele havia assumido o cargo, sugere-se que algum assessor o tenha alertado para o problema. Por enquanto, os presos ainda estão foragidos e deixando pistas sobre a sua rota de fuga. Tais descuidos só se entende no sentido de "despistar" a tropa que está em seu incalço.   

Editorial: Polícia Federal convoca Bolsonaro para depor antes das manifestações do dia 25\02


Possivelmente, tal data teria sido agendada consoante as rotinas de trabalho do pessoal da Polícia Federal, mas, como estamos na era da teoria da conspiração, logo se sugeriu que a convocação, pela Polícia Federal, do ex-presidente Jair Bolsonato, para depor na próxima quinta-feira, 22, guarda alguma relação com as manifestações que o líder oposicionista agendou com os seu apoiaores para o dia 25, na Av. Paulista. Seus advogados se queixam de ainda não terem tido acesso ao conteúdo integral dos autos que acusam o ex-presidente de ter participado de eventuais tessituras de caráter anti-democráticas, sob investigação da Polícia Federal. 

Pelo sim, pelo não, pediram que fosse adiado o depoimento para uma outra data, mas o Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, negou o pleito dos advogados de defesa do ex-presidente. Sugere-se que o ex-presidente usará de suas prerrogativas legais de se manter em silêncio durante o interrogatório. Pelo andar da carruagem politica, tal silêncio obsequioso do ex-presidente deveria ser a regra daqui para frente, nunca uma exceção. 

Bolsonaro, assim como o presidente Lula, costumam falar de improviso, assim, se tornam suscetíveis aos deslizes verbais inerentes, sobretudo no calor das massas enfurecidas, como se sugere que possa ocorrer no próximo domingo na Paulista. Tanto de um lado, quanto do outro desse cabo de guerra imposto pela polarização política, os nervos estão à flor da pele. É aquilo que o sociólogo jamaicano Stuart Hall advertia: Em tal contexto, se continuarmos alimentando esse processo suicida, as coisas só terminam quando um dos polos esmagar o outro. 

Pelo andar da carruagem política, algo sugere que as hordas bolsonaristas radicais deverão atender à convocação do capitão. Este clima de acirramento político ajuda bastante neste sentido. O momento político vivido neste momento no país, de profunda instabilidade institucional, recomenda-se baixar a guarda, construir consensos possíveis, nunca engalfinhar as armas.  

Editorial: O "drama" da comunicação no Governo Lula.

 


Depois das declarações infelizes de Lula, capaz de produzir uma crise diplomática entre o Brasil e o Governo de Israel, o presidente brasileiro tornou-se uma persona non grata para o Governo de Israel. Como informamos no dia de ontem, as declarações de Lula ocorreram num momento em que ele falou de improviso, durante uma entrevista. O discurso preparado pelo Itamaraty, que ele leu durante a cerimônia oficial, foi considerado impecável,  dentro do status histórico ocupado pela diplomacia brasileira no contexto das relações internacionais. 

Num encontro recente, durante as comemorações dos 127 anos do Porto de Santos e o anúncio oficial sobre a construção do túnel subterrâneo Santos\Guarujá, na presença de autoridades federais e estaduais, Lula afirmou que iria ignorar o discurso escrito por se sentir desconfortável em lê-lo ao mesmo tempo em que segurava o microfone. Neste momento esteve bem, enfaizando a necessidade de se estabelecer relações republicanas entre os entes federados, assim como superar a polarização, se reestabelecendo a "normalidade".  

Logo em seguida, porém, outra polêmica que poderia ter sido evitada, durante uma cerimônia na Volkswagem, num diálogo com uma jovem afrodescendete. O presidente não disse nada passível de censura ou crítica, mas, nesses momentos bicudos de profunda má-vontade da oposição e de militância identitarista, todo cuidado ainda é pouco. Não seria a primeira vez em que o morubixaba petista comete alguns deslizes verbais em  suas falas de improviso. Tal fato, alás, tem sido perigosamente recorrente, desde a últiam campanha presidencial. 

Lula e sua assessoria de comunicação precisam ser mais cuidadosos por aqui. Escalar o Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para ser o único integrante do Governo a se pronunciar sobre os ruídos diplomáticos gerados com o Governo de Israel pode ser uma primeira providência correta. Convém que tal diretirz também se aplique às lideranças partidárias e do Governo, evitando, assim, alimentar a sanha oposicionista no sentido de desgatar o Governo. 

Neste caso, convém seguir os conselhos do comendador Arnaldo, ao observar que há coisas que se dizem por baixo, há coisas que se dizem por cima e há coisas que não se dizem. Mesmo nas mesas de bares, com o amigo, a clivagem precisa ser levada em consideração. Vai que o colega ao lado não seja suficientemente confiável? A oposição bolsonarista já encaminha uma petição de abertura de processo de impeachment contra o presidente, argumentando que Lula cometeu crime de responsabilidade.  

A petição é assinado, inclusive, por partidos com representação no Governo. Vejam os senhores que governabilidade temerária. Emendas são liberadas, os caras ocupam cargos na máquina e votam contra o Governo. E O Governo, por sua vez, de mãos atadas. Assim como o já fizemos em relação ao Ministro das Relações Institucionais - ao afirmar que o problema não se resolve com a troca de nomes - o mesmo o fazemos em relação ao Ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Paulo Pimenta.   

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Editorial: Alguns fatos surreais sobre a fuga dos presos da penitenciária de Mossoró.



Como se já não fossem suficientes as trapalhadas ocorridas por ocasião da fuga de dois presos de uma penitenciária federal de segurança máxima, ocorrida recentemente em Mossoró, onde nem o Governo chega a um consenso sobre o assunto, agora surgem as trapalhadas cometidas pelos presos em fuga, que acabam invadindo residências e trocando ideias com os propretários reféns sobre eventuais caminhos a seguir na fuga. Na última pegaram telefones e ligaram para o Rio de Janeiro, perguntaram sobre como se chega ao Ceará, se estão próximos ao litoral e coisas assim. Quer dizer, deixam o roteiro de fuga para os policiais que estão no seu incalço. 

Mossoró é uma cidade vizinha à cidade de Aracati, onde fica a famosa praia de Canoa Quebrada, reduto dos hippies no passado, hoje um point dos turistas indieirados. O interesse pelo litoral é curioso. Eles pretendiam fugir pelo mar? Proeza alcançada pelos jangadeiros de Iracema, em meados da década de 40, que seguiram num jangada dali até o Rio de Janeiro, guiados apenas pelas estrelas e a perícia no mar, para entregaram reivindicações trabalhistas ao Governo de Getúlio Vargas? 

Juntando essas peças, hoje alguém fez um pronunciamento informando que a estratégia, de fato, talvez seria atingir o complexo de favelas da Maré, no Rio de janeiro, controlada pela facção Comando Vermelho. Lá, de fato, eles estariam em melhores condições de segurança, uma vez que, para entrar nesses redutos, a polícia precisa realizar uma operação de guerra, por vezes mobilizando efetivos de mil homens, como ocorreu na última investida naquele reduto. 

Com uma oposição ao Governo literalmente armada até os dentes, o início do ano legislativo promete debates acalorados. De estilo comedido e discreto, o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski tem se pronunciado bastante sobre essa fuga inusitada de presos de uma penitenciária de segurança máxima no país. E deve se pronunciar ainda mais, uma vez que membros da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado já formularam requerimento para audiência do ministro àquela comissão.  

Editorial: A crise diplomática entre Israel e o Brasil.



Uma fala de Lula na Etiópia provocou uma crise diplomágica entre o Brasil e o Estado de Israel. A depender do lugar de fala, há coisas que não se dizem, há coisas que se dizem por baixo, há coisas que se dizem por cima. Pessoalmente, Lula poderia ter o seu posicionmento com relação ao que ocorre na Faixa de Gaza, onde já morreram 30 mil pessoas, na sua maioria civis inocentes, numa caçada do estado judeu aos integrantes do grupo Hamas. Se pronunciar como Chefe de Estado, no entanto, em encontros internacionais, mesmo que de improviso, tem suas implicações diplomáticas. 

Na realidade a fala do presidente Lula provocou uma crise diplomática entre os dois países. Em pronunciamento, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que o presidente brasileiro havia cruzada o linha vermelha. O embaixador do país em Tel Aviv foi convidado para uma conversa com o Governo de Israel, emblematicamente, marcada para o Museu do Holocausto. Há quem sugira que o líder petista anda um pouco descalibrado em suas falas. 

Durante essa última viagem, tomando as precauções que se impõe, por ocasião das cerimônias oficias, o presidente brasileiro leu o discurso preparado por sua assessoria. Neste caso específico, pode ser encontrada as digitais do seu assessor para assuntos internacionais, o Celso Amorim. O Governo Brasileiro, através do Ministério das Relações Internacionais, por enquanto, já informou que não se pronunciará sobre o assunto. Talvez aguardem a ademoestação do Governo de Israel ao embaixador do Brasil naquele país. 

No Brasil, o episódio caiu como uma luva para os críticos do Governo Lula. Horas de programação são dedicadas à sua malhação, ouvindo sempre atores que se contrapõem à sua fala. O país não passa por um momento de estabilidade institucional e fatos dessa natureza apenas alimentam as chamas da discórdia. Essa questão de comunicação está tão complicada que Lula acabou se pronunciando, durante uma entrevista, sobre a fuga dos prisioneiros do Presídio de Mossoró, sugerindo haver uma eventual facilitação. Seu ministro discorda. 

P.S.: do Contexto Político: Na realidade, segundo algumas versões que circulam na imprensa, o presidente Lula teria feito essa declaração polêmica sobre o Estado de Israel num momento em que falava de improviso, sem as anotações preparada por sua assessoria. Uma espécie de deslize ou escorregão verbal. As eventuais digitais de Celso Amorim, portanto, devem ser observadas durante sua fala cerimonial, quando leu o discurso preparado pelos assessores e não ao cometer o escorregão. Aliás, o discurso lido foi impecável.  

Editorial: A possível participação do crime organizado nas empresas de transporte regulares que operam na zona leste do Rio de Janeiro.



58,5% do território da capital do Rio de Janeiro está sob o controle das milícias ou do crime organizado. Batoré, um ex-policial militar expulso da corporação por desvios de armamentos para o crime organizado, foi morto num enfrentamento com forças regulares da Polícia Civil, atuando dentro da legalidade, com agentes de Estado. É preciso sempre fazer essa distinção, sobretudo nos dias atuais. Afinal, até recentemente, depois que o traficante Luiz Antônio da Silva Braga, mais conhecido como "Zinho", entregou-se à justiça, a própria Polícia Civil do Rio de Janeiro - a banda sadia, naturalmente - já havia detectado que vinte pseudos agentes de Estado estavam entre os que recebiam "mesada" do  traficante. Isso num primeiro levantamento. 

O percurso é o mesmo, assim como ocorreu com Ronnie Lessa, Adriano da Nóbrega. Antes de fundar o Escritório do Crime, Adriano da Nóbrega era um policial exemplar, primeiro lugar no curso de formação de sua turma no BOPE. Mas, voltemos ao caso de Batoré. Este editor ficou impressionado com o montante movimentado pelo chefe miliciano, apenas com a exploração de vans que atuavam nas zonas sob o controle de sua milícia. Para ter permissão para usar uma van de transporte coletivo na área era cobrado uma taxa mensal ilegal dos seus proprietários. As estimativas chegavam aos cinco milhões mensais somente com esse nicho de mercado, quando se sabe que eles exploram um número expressivo de outros nichos. 

Agora, através de uma série de reportagens do jornal O Estado de São Paulo, descobrimos algo ainda mais preocupante.Há índicios de que na Zona Leste, dentro de parâmetros licitatórios convencionais, concebidos pelo Poder Público Municipal, algumas empresa de transporte coletivo, suspotamente mantidas pelo crime organizado, estejam operando livremente. Somente no ano passado teriam sido repassados a quantia de R$ 800 milhões de reais para essas empresas, recursos públicos que seriam utilizados, entre outras coisas, com o propósito de lavagem de dinheiro do tráfico. 

Está tudo dominado. A suspeita existe há um longo tempo, os fatos nunca foram devidmente investigados, tão pouco devidamente esclarecidos até hoje. Não tivemos acesso às outras matérias publicadas pelo jornal, mas enaltecemos aqui o seu teor de utilidade pública, assim como uma matéria bastante aprofundada publicada pela revista Piauí, onde é investigada uma eventual participação das forças especiais na tentativa frustrado de golpe de Estado do dia 08 de janeiro. São os Kids Preto. Boa parte dos militares que estavam no entorno de Jair Bolsonaro tiveram formação nessas forças especiais. O próprio Jair Bolsonaro tentou, sem sucesso, por duas vezes, ingressar nesse agrupamento militar.    

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


domingo, 18 de fevereiro de 2024

Editorial: O curioso ( e não menos preocupante) caso da prisão do motoby Everton Henrique.



Esses temas sempre suscitam algumas controvérsias, mas, a rigor, a História indica que a origem da polícia no país está intrinsecamente relacionada aos famosos capitães do mato, aquele grupo miliciano de então, financiados pelos senhores de engenhos e fazendeiros para perseguirem e prenderem os negros fugitivos das lavouras de cana-de açúcar, em princípio, das fazendas de café posteriormente. Não seria improvável que outros historiadores possam apontar outras referências sobre a origem de tal instituição, mas, com certeza, esta versão é uma das mais próximas da realidade. 

Nos dias atuais, isso poderia explicar, por exemplo, porque um número tão significativo de negros são mortos em ações policiais ou cumprem pena nas penitenciárias brasileiras, em proporções escandalosamente bem maiores do que os de raça branca. Somete aqui em Pernambuco, num desses anos - salvo melhor juízo em 2022 - espantosamente, todos os mortos em ações policiais eram negros. Aqui em Pernambuco, igualmente, pelas razões históricas do longo processo de escravização e hegemonia política das velhas oligarquias no exercício do poder, forjou-se um aparato policial muito mais identifcado com o aparelho de Estado do que com a sociedade a quem deveriam servir.  

Pelo andar da carruagem política - e tomando como referência o ocorrido recentemente no Rio Grande do Sul, quando integrantes da Guarda Militar prenderam um motoboy negro que havia sido vítima de uma tentativa de assassinato por um homem branco - é possível que possamos generalizar essa análise no tocante ao perfil ou características do policial brasileiro. O caso alcançou enorme indignação da população, o que levou a Corregedoria da Brigada Militar a investigar as razões da prisão da vítima e não do agressor.

Segundo os últimos informes sobre o caso, o motoboy Everton Henrique já teria sido liberado. Agora compete à Corregedoria da Brigada Militar apurar as circunstâncias de uma abordagem policial, em princípio, desastrosa. Recentemente, o país passou por uma experiência política de perfil protofascista que apenas aguçaram essas idiossincrasias ou aberrações latentes à nossa formação histórica. O aparato policial, por razões óbvias, foi sensivelmente atingido pelo discurso de ódio que alimenta essas patologias políticas. O ônus a ser pago pela sociedade é muito alto.    

O xadrez político das eleições municipais de 2024 no Recife: João avisa a Gleisi que não aceitará um nome do PT como vice. Lula entrará nas articulações.



Houve um tempo em que a gestão do PT na Prefeitura da Cidade do Recife ficou como que atravessada na traquéia do ex-governador Eduardo Campos. Naqueles idos - lá se vão longos anos, por sinal - com o propósito de consolidar o "eduardismo" na política pernambucana, que funcionaria como uma espécie de plataforma ou trampolim para os seus projetos presidenciais, o controle político do Palácio Antonio Farias se inseria neste escopo. Durante aquele período, escrevemos diversos artigos aqui pelo blog tratando desta questão, alertando que a raposa política já estaria armando o bote, sendo prudente tomar as precauções necessárias. 

Possivelmente, tais observações foram negligenciadas e, depois de uma intervenção "branca" na gestão do então prefeito João da Costa, que sucedeu João Paulo, finalmente, o projeto de Eduardo Campos consolidou-se, depois das eleições municipais de 2012, quando o  então integrante do seu staff técnico, Geraldo Júlio, assumiu o comando da Prefeitura da Cidade do Recife. É curioso observar como o ex-governador Eduardo Campos não confiava plenamente no seu staff político, um núcleo duro que o acompanhava desde os bancos universitários. 

Mesmo acusando o choque, o PT, por aqueles idos, ainda reunia as condiçãos de desenvolver um projeto coletivo, de partido. Não o fez, optando pelo pragmatismo ou às aspirações de algumas lideranças de proa da legenda, com grande capilaridade política na agremiação, que optaram em ficar à sombra dos socialistas, priorizando os projetos pessoais. Quando muito, de nucleações, que ficariam conhecidos como queijos-do-reino, ou seja, vermelhos por fora e amarelos por dentro. Sempre registramos aqui a "resistência" das tendências mais orgânicas da agremiação, aquele PT ainda das bases, vinculados aos movimentos sociais, mas estes foram vencidos nas disputas internas pelo processo de oligarquização da legenda.  

Algum tempo depois, com o seu projeto presidencial já em curso, seria o próprio Eduardo Campos quem trataria de romper com a legenda, articulando-se com forças do centro e até do centro-direita do expectro político, concebendo que, naquele momento, e não totalmente equivocado,  o antipetismo seria a estratégia mais viável para se chegar ao Palácio do Planalto. Eduardo faleceu num fatídico acidente aéreo. O espólio político do pai foi assumido pelos fihos João Campos e Pedro Campos. 

Dizem até que Eduardo considerava Pedro com maiores pendores para a política do que o João. Depois de uma fase de "reticências" - o que seria natural se considerarmos a sua idade - João Campos toma gosto pela política, tornando-se o prefeito mais bem avaliado do país. João Campos assume a Prefeitua da Cidade do Recife, em 2022, com um discurso marcadamente antipetista. Chegou a insinuar que não aceitaria o partido em sua gestão. Como em política não existem nunca nem jamais, com o tempo, essa postura foi se modifcando e os arranjos do Palácio do Planato, em aliança com os socialistas, no plano nacional, moldaram um novo padrão de relacionamento entre o prefeito e o Partido dos Trabalhadores. 

Momento houve em que o socialista cedeu espaço na Prefeitura do Recife aos petistas apenas para "acomodar" os velhos companheiros socialistas pernambucanos na máquina do Governo Federal. Colocar o PT como vice na chapa onde ele concorre à reeleição, no entanto, trata-se de uma equação bem mais complexa, envolvendo alguns cálculos políticos de difícil equacionamento. A reeleição de João é uma mera transição para as eleições estaduais de 2026, quando o filho do ex-governador deve candidatar-se ao Governo do Estado de Pernambuco, cumprindo, assim, uma trajetória prevista em sua carreira política, muito semelhante ao legado deixado pelo pai. 

Isso signifca ter um controle absoluto sobre o que ocorrerá na Prefeitura da Cidade do Recife depois dos dois anos, quando precisará se desincompatibilizar do cargo. Se ele aprendeu alguma coisa com o pai - e até Lula acredita que ele aprendeu - João Campos não entregaria as chaves da prefeitura ao PT. Passando o carnaval no Recife, a Presidente Nacional do Partido, a Deputada Federal Gleisi Hoffmann, andou informando que as alianças locais que contaria com o apoio do Palácio do Planalto, necessariamente, passa pela indicação da vice pela legenda. 

Mesmo no período momesco, num desses intervalos das festividades, a presidente nacional da legenda teria mantido uma conversa reservada com o prefeito João Campos.  De acordo com fontes de um blog local, o prefeito teria feito questão de raticar que  a vaga de vice em seu projeto de reeleição não seria preenchida pelo PT. Segundo os escaninhos da política, o partido estaria sugerindo que a hoje senadora Tereza Leitão seja indicada como vice. Diante da recusa do prefeito, o morubixaba petista poderá entrar no circuito das negociações. Em política se consegue dá nó em água. Neste caso específico, no entanto, não acreditamos que Lula será bem-sucedido nas articulações. 

Ressaltamos aqui o exemplar comportamente do hoje Ministro dos Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, que, segundo dizem, também endossa a escolha de Tereza Leitão como vice na chapa de reeleição de João Campos. Independentemente de ser filiado ao Republicanos, aqui na província, o ministro vem assumindo posturas de vinculação orgânica aos interesses do Palácio do Planalto, o que é raro entre os nomes nomeados por Lula para ocupar cargos relevantes na máquina. 

Como se sabe, 2026 é agora. Hoje se tem como favas contadas, por exemplo, que o morubixaba petista será candidato à reeleição. O Palácio do Campo das Princesas, nas bastidores, manobra politicamente para criar embaraços aos projetos políticos do jovem prefeito socialista. Adversário político figadal da governadora Raquel Lira, o PDT acabou aceitando o convite para compor o governo, o que implicou, igualmente, em ajustes inusitados nas disputas políticas na Princesa do Agreste, reduto político tradicional da governadora. João Campos, por sua vez, não se descuida, celebrando acordos políticos que produzirão seus resultados em 2026, como a aliança com o grupo político da família Coelho. É curioso observar que nessas composição políticas do prefeito, onde já se vislumbra quem seriam os nomes que concorreriam ao Senado Federal, o PT também fica de fora.    

sábado, 17 de fevereiro de 2024

Editorial: Valdemar da Costa Neto proíbe que diretórios regionais utilizem recursos do fundo partidário para financiar caravanas para a manifestação de Bolsonaro.



Algumas experiências podem, realmente, produzir mudanças comportamentais inusitadas na vida de alguns cidadãos. Até recentemente, fizemos uma postagem por aqui onde falávamos sobre o silêncio obsequioso adotado pelo presidente do maior partido oposição do país, Valdemar da Costa Neto. Quando o indivíduo concede entrevistas abertas ou fala de improviso, acaba, inevitavelmente cometendo alguns equívocos, deslizes ou algumas destemperanças, movido pela temperatura do ambiente. Até recentemente, uma autoridade apontou o feriado de carnaval como uma das possíveis causas do relaxamanto da vigilância num dos presídios de segurança máxima no país, o que poderia de contribuído para facilitar a vida dos dois detentos que fugiram do local.O carnaval não tem nada a ver com isso, uma vez que à vigilância não é dado este direito de baixar a guarda durante os feriados. O presídio, inclusive, conta com quatro policiais penais para cada preso que cumpre pena ali. Uma situação privilegiado no contexto do sistema carcerário brasileiro. 

O próprio Valdemar, numa dessas entrevistas ao vivo - salvo melhor juízo concedida à Globo News, há alguns meses atrás - acabou cometendo uma dessas gafes. Em dúbio, pro silêncio. O mesmo se aplica ao presidente Jair Bolsonaro, ao convocar uma manifestação pública, num momento de grave crise e instabilidade institucional, sem ter um controle efetivo sobre para onde tal mobilização possa descampar. Conforme já comentamos por aqui, a proposta de que os que comparecerem não portem cartazes ou faixas alusivas a alguns desses temas nevrálgicos, nem Deus sabe se tal recomendação será acatada.  

Tal manifestação não vem num bom momento, com todas as autoridades públicas de olhos bem abertos, suscetíveis a qualquer ocorrência que possa ser um agravante da situaçao já complicada do capitão. Temendo futuras encrencas, o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto determinou que nenhum diretório regional da legenda financie alguma caravana para o encontro com dinheiro do fundo partidário. E, por falar em financiamento, um conhecido pastor bolsonarista tratou logo de esclarecer que irá custear do próprio bolso as caravanas organizadas por ele. 

O encontro acontece no próximo domingo, 25, na Paulista. O melhor seria que tal mobilização não ocorresse, evitando, assim, colocar mais lenha na fogueira da polarização que tomou conta do país. Este, no entanto, não é o mesmo raciocínio dos seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Neste caso, vamos torcer que a manifestação ocorra dentro de um clima pacífico, sem registro de anormalidades.    

Editorial: Enquanto a Polícia tenta recapturar os fugitivos, continuam as polêmicas em torno dos presídios de segurança máxima no país.



As discussões em torno dos presídios de segurança máxima continuam. No dia de ontem, discutimos por aqui uma informação que poderia suscitar algo que seria um grave problema do sistema carcerário brasileiro, ou seja, a proporção insuficiente de guardas ou agentes penais atuando nesses presídios, quando se toma como referência o número de apenados cumprindo pena. Causou uma certa inquietação neste editor uma das providências anunciadas pelo Ministério da Justiça no sentido de convocar novos agentes, possivelmente já aprovados em concurso, que aguardavam a nomeação. Alguns deles iriam atuar justamente em Mossoró, onde se deu a primeira fuga de presos de uma penitenciária de segurança máxima no país. 

A princípio, se poderia supor que um dos problemas do presídio seria o número insuficiente de agentes trabalhando naquela penitenciária federal. Hoje, no entanto, chega a informação de que, na realidade, haveriam 04 agentes para cada apenado que cumpre pena no presídío de Mossoró. Um número privilegiado, quando comparado ao grosso do nosso sistema carcerário. Segundo a resolução numero um de 2009, do Conselho Nacional de Políticas Criminal e Penitenciária, a proporção desejável é de um agente para cada cinco presos. 

O problema do presídio de Mossoró, portanto, não tem relação com essa proporção, por sinal muito mais do qua atendida. Existem outros fatos polêmicos. Alega-se, por exemplo, algumas falhas estruturais na construção da unidade, que não comportava um muro e as abertura para a instalação das luminárias, por onde os presos poderiam ter passado. Há de se perguntar com que objeto, dentro da cela, eles poderiam ter alcançado o teto? Como ambos teriam combinado entre si, se ambos estavam em celas separadas? Apenas a título de brincadeira para encerrarmos a postagem: Haveria alguma umidade nesta área e, aliado a isso, em algum momento, haveriam servido alguma patola de caranguejo durante as refeições? 

As buscas pelos fugitivos continuam, por enquanto no perímetro rural da cidade de Mossoró. Calcula-se que trezentos homens estejam mobilizados na recaptura dos prisioneiros. Um aparato impressionante está sendo utilizado, além dos recursos humanos. Uma verdadeira operação de guerra. Os prisioneiros já foram vistos em diversos locais, mas, por razões óbvias, não e pode confiar nessas informações. Aqui em Pernambuco, depois de uma onda de boataria, a população passou a ver até perna cabeluda.  

Editorial: Bolsonaristas raízes marcam presença na Paulista.


A princípio reticentes, os políticos mais identificados com o bolsonarismo estão confirmando presença no encontro da Paulista, no próximo dia 25. Já confirmaram presensa o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes. Por razões óbvias, todas eles tentam evitar a contaminação tóxica do bolsonarismo mais radical. Por outro lado, embora encrencado até a medula, Bolsonaro tornou-se um capitão eleitoral indispensável para alguns desses atores, todos com aspirações políticas para as próximas eleições. 

Pilotando um Estado com os melhores índices de segurança pública e com uma gestão muito bem avaliada pela população, Ronadlo Caiado não esconde de ninguém que almeja um dia sentar-se na cadeira do Palácio do Planalto. Tarcísio de Freitas já nos convenceu que realmente deseja renovar o cotrato de locação com o Palácio Bandeirante em 2026. Há aspirações presidenciais, naturalmente, mas tudo a seu tempo, ou seja, somente em 2030, quando teria que bater de frente com o nome ungido pelo morubixaba petista para sucedê-lo. 

Quem está mais próximo da linha de fogo mesmo é o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, que disputa a reeleição, inclusive com um vice polêmico indicado por Jair Bolsonaro, Mello Araújo, um militar que ja comandou a Rota, a tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo. Existem outros nomes que estão postos para concorrer como vice na chapa encabeçada pelo prefeito, mas é quase certo que Bolsonaro consiga implacar seu afilhado. Militarista, Mello já fez algumas declarações polêmicas, que, certamente, serão exploradas durante a campanha. 

O país enfrenta uma crise institucional terrível. Em momentos assim, a bem do tecido republicano e democrático, o melhor a fazer pelos atores relevantes é atuarem como bombeiros e não como incendiários. É preciso baixar as armas e construir as pontes de uma conciliação mínima, com regras de convivência civilizadas. É neste sentido que, convocações como esta proposta pelo ex-presidente Bolsonaro, longe de diminuir a temperatura, pode nos conduzir a um ponto de ebulição que não seria o desejável.   

Editorial: À medida em que se aproxima o dia 25 de fevereiro, aumentam as preocupações sobre os desdobramentos da mobilização bolsonarista.



As autoridades públicas começam a esboçar as preocupações neturais sobre os desdobramentos do que poderia ocorrer na mobilização convocada pelo presidente Jair Bolsonaro para o dia 25 de fevereiro, na Paulista. Bolsonaro aparece bastante ponderado durante o vídeo em que convida seus apoiadores, sugerindo que seus eles não portem faixas ou cartazes contra pessoas e instituições. Alguém com o mínimo de bom-seno acredita que seus partidários obedecerão à recomendação do mito? Muito possivelmente, tal encontro será um forma de protesto dos apoiadores contra o que está ocorrendo com o ex-presidente. De mobilização, como se sabe, eles são bons. 

É exatamente o carisma ou capital político do capitão que tem o poder de mobilizar os apoiadores. Convocação sobre pautas difusas do bolsonarismo, sem a presença do líder, nos últimos meses tem se constituído num rotundo fracasso. As mobilizações com a presença do líder, por outro lado, têm, sim, mobilizado multidões de seguidores. Até mesmo a audiência da importunação da baleia, que já havia sido cancelada, provocou tumultos numa cidadezinha do interior paulista: São Sebastião. Uma entrevista sua, concedida ao Oeste Sem Filtro, alcançou a marca de 350 mil pessoas acompanhando simultaneamente, batendo os recordes da plataforma Youtube no mundo naquele momento. 

Autoridades públicas identificadas com o bolsonarismo, a exemplo dos governadores Ronaldo Caiado e Tarcísio de Freitas já confirmaram presença. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, que monta uma frente ampla de apoios, a princípio, tentaria se esquivar, evitando, assim, ser jogado nas redes do bolsonarismo definitivamente. A estratégia não funcionou e ele já marcou presença na Paulista no dia 25. Com uma efetiva hegemonia nas redes sociais, todos os dias, desde que foi anunciado o encontro, os bolsoristas levantam a Hashtag #Dia25EuVou para o topo do trending topics Twitter Brasil. 

É sempre muito complicado conter uma multidão. Acompanhando o desenrolar dos fatos, o próprio Bolsonaro aparece em vídeo solicitando que as mobilizações não assumam um caráter de protestos por todo o país. O encontro está previsto apenas para a Av. Paulista. Andou circulando a informação, felizmente logo desmentida, de que as torcidas organizadas dos times paulistas estariam programando um encontro para o mesmo dia na Paulista. Uma dessas fake news "plantadas". Para evitar maiores complicações, voltamos a insistir na tese de que o melhor que Bolsonaro teria a fazer neste momento seria se recolher aos aposentos.  

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Editorial: A banalização do mal das fake news.



Há uma série de estudos apontando as razões pelas quais as fake news atingiram tanta popularidade no país ou porque "pegam" tão facilmente junto à população. Na década de oitenta do século passado, um conhecido radialista, sem pauta para entrar no ar, atendendo a chamada do estúdio da rádio, inventou ou "plantou" a "informação falsa" de que na periferia do Recife estava aparecendo uma perna cabeluda atancando as pessoas. Foi suficiente para, no dia seguinte, aparecer contingentes expressivos de pessoas que haviam visto a tal perna cabeluda inexistente ou até apanhado de tal perna. 

Logo a fake news tomou ares de calamidade pública, contingenciando a polícia a enquadrar o tal jornalista, acusando-o de promover distúrbios públicos ou coisa parecida. O pessoal do campo jurídico que nos perdoem de algum equívoco por aqui.  O que nos estarrece nessa onda de banalização da boataria que tomou conta do país não é o fato de que um cidadão, que tem como ídolo o coronel Brilhante Ustra, tenha utilizado tal expediente como arma política para atingir seus inimigos políticos. Com o auxílio de um dos seus filhos, evidentemente.  

O surpreendente é que as fake news se tornaram práticas abjetas institucionalizadas, corroendo as instituições por dentro, assim como um câncer em estágio de mestátase. Perdemos muito terreno civilizatório neste sentido. Aqui entra a questão da "conveniência". Seja para a direita ou para a dita esquerda, trata-se de um expediente com o potencial de destruir a reputação de um adversário, de um desafeto,  de um inimigo, para sermos mais precisos. Não à toa que um determinado governador de Pernambuco, do campo da esquerda, mantinha entre seu staff político um grupo que compunha o chamado "Gabinete da Sacanagem", que se prestava ao deserviço de plantar ou espalhar notícias falsas contra os adversários.  Não se enganem os senhores. A esquerda também se locupletou de tal expediente ou se omitiu diante das injustiças cometidas por essas fake news

Ontem ficamos sabendo, através de informes, que nada menos do que um general de Exército de quatro estrelas teria, segundo apurou a Polícia Federal, em depoimento no bojo de delação premiada, incentivado a trupe de espalhadores de fake news a "malhar" um outro general, em razão de o mesmo se mostrar reticente às investidas golpistas. Aliás, a Polícia Federal, que está passando tudo isso a limpo, já sugeriu que os comandantes militares que recusaram a proposta indecente de apoiar um golpe de Estado.  Talvez tenha deixado de cumprir seus deveres cívicos de denunciar as artimanhas ou tessituras antidemocráticas que ocorriam nos corredores da capital federal. Poderia ter ocorrido aqui uma "omissão". Sinceramente? No caso do general Freire Gomes, o militar chegou a ameaçar prender o ex-presidente Jair Bolsonaro caso ele insistisse na sandice de tentar um golpe contra as instituições democráricas do país. Um sujetio com esta postura não pode ser, em nenhuma hipótese, acusado de omisso. Ao contrário, Freire Gomes teve uma atitude muito digna, legalista e republicana.     

Editorial: Caçada humana.



O Brasil possui cinco presídios de segurança máxima, onde as fugas de detentos, em tese, são impossíveis. Os presos sao mantidos em celas isoladas e seguem um protocolo de segurança que, de fato, em tese mais uma vez, inviabilizariam completamente a possibilidade de fuga. Mantido numa prisão similar, nos Estados Unidos, o ex-chefão mexicano do tráfico de drogas, Joaquín Gusmán, o El Chapo, é submetido a condições de restrições tão extremas, que está apresentando sérios distúrbios psicológicos. 

A cada nova revelação sobre o que poderia ter ocorrido no presídio de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte, no entanto, desvela-se alguns fios soltos neste enredo. Numa longa reportagem, publicada alguns meses antes da fuga, o jornal Tribuna do Norte, já alertava para os problemas de "segurança máxima" no presídio de Mossoró. Não vamos aqui nem entrar nos "detalhes" do eventual apagão das câmaras de monitoramento ou no achado das ferramentas que foram utilizadas pelas presos na fuga. 

Alguns dados, no entanto, são emblemáticos e reveladores. Uma das providências a serem tomadas é a convocação de novos agentes de polícia penal, que já teriam sido aprovados em concursos, e ainda não foram nomeados. Uma parte deles serão chamados exatamente para atuarem no Presídio de Mossoró. Em princípio, sugere-se uma admissibilidade de que o efetivo ora em serviço seja insuficiente, como ocorre, aliás, em todo o sistema carcerário brasileiro. 

Ontem foi divulgado que os detentos que fugiram pertencem ao grupo de "executores" do Comando Vermelho. Centenas de policiais, viaturas,  helicópteros e outros aparatos tecnológicos estão sendo utilizados nesta verdadeira caçada humana aos fugitivos. Na zona rural de Mossoró, uma chácara foi invadida, de onde foram subtraídos itens inerentes a quem está em fuga, como novas roupas, tênis e comidas. Faz todo sentido supor que se trata dos presos foragidos. Até então, eles ainda estariam com as roupas da penitenciária.

A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados, hegemonizada por parlamentares da oposição bolsonarista e composta, majoritariamente, por militares e policiais, já antecipou que estará convocando o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski para uma audiência pública. O país já enfrenta alguns problemas nesta área nevrálgica de segurança pública, possivelmente agravados com episódios como este da fuga de presos de um presídio de segurança máxima.  

Editorial: Rui Costa na articulação política?



Segundo a coluna do jornalista Cláudio Humberto - sempre bastante inteirada sobre o que ocorre nos bastidores da política em Brasília - antes mesmo desta última viagem do presidente Lula ao continente africano, teria ficado ajustado que o atual Ministro da Casa Civil, Rui Costa, pode assumir a função de articulador politico do Palácio do Planalto junto ao Congresso. Por "ajustado" leia-se aqui a vaselina política empregada para aparar as arestas entre o Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e o atual Ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. 

Oficialmente, nada foi divulgado até este momento, sendo, portanto, prematuro fazer alguma conjuntura, por exemplo, se, mesmo na Casa Civil Rui Costa assume tais funções, assim como especular sobre o destino de Alexandre Padilha. Como se sabe, ambos são do núcleo duro do entorno do presidente Lula. Curiosamente bem assimilado pelo Presidente da Câmara,  a designação do nome de Rui Costa para assumir tal função encontraria resistência dentro das próprias hostes petistas.  

Nome que se projeta, num ciclo restrito, para assumir a condição de ungido pelo morubixaba petista para sucedê-lo a partir de 2030, seria até natural essa ciumeira interna. Na realidade, Rui Costa, pelas contingências do cargo que ocupa, de alguma forma, já vinha estabelecendo essas interlocuções com o Poder Legislativo. Voltamos a insistir que os entraves entre os Poderes Executivo e o Poder Legislativo não se resolverão apenas com a troca do nome dos interlocutores. São Problemas bem mais complexos. 

Lira trabalha incansavelmente para fazer seu sucessor na Câmara dos Deputados. Existem outros nomes na disputa e o Governo trabalha com a hipótese de apoiá-los. Muitos dos pleitos de Lira, hoje, dizem respeito exatamente em atender às demandas que possam favorecer o projeto de fazer seu sucessor, preservando seus nacos de pode na Casa. Contraditorialmente, com a faca no pescoço em nome dessa tal governabilidade, o Governo acaba cedendo nesses pleitos, fortalecendo o adversário.  

Charge! Cláudio Mor via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Editorial: São nulas as possibilidades de afastar o ministro Alexandre de Moraes dos inquéritos sobre os atos golpistas.



Diante do aperto do torniquete jurídico, com um cliente enrredado em encrencas cada vez mais cabeludas, a equipe de advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro têm se mostrado mais ativa nos últimos dias. Recentemente a imprensa noticiou que eles entraram com um pedido junto ao STF no sentido de solicitar a devolução do passaporte do ex-presidene, assim como pedir que o Ministro Alexandre de Moraes seja afastado dos inquéritos que apuram a tentativa de golpe de Estado, que envolve o ex-presidente. 

As chaces do ministro ser afastado deste caso são completamente nulas. Num editorial inusitado, uma vez a linha editorial do jornal tinha assumido, até então, um viés claramente anti-Governo Lula, O Estadão de hoje traz um editorial tratando o ex-presidente Jair Bolsonato como um cidadão sem o menor apreço pelas instituições democráticas, "um golpista de corpo e alma". Por outro lado, também circula na imprensa a informação, atribuída à Polícia Federal, de que recursos financeiros teriam sidos transferidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para os Estados Unidos,  enquanto aguardava o "desenrolar" dos acontecimentos aqui no Brasil. Assim, a possibilidade de liberação do passaporte passa a ser igualmente difícel.

Na condição de ex-presidente, argumenta os advogados, Jair Bolsonaro recebe, com regularidade, convites para participar de eventos no exterior. Salvo melhor juízo, em princípio, haveria um convite para visitar, mais uma vez, Israel e para um encontro de uma entidade que reúne o pensamento consevador, encontro que se daria nos Estados Unidos, possivelmente com a presença do também ex-presidente Donald Trump. Em tempos de normalidade democrática, isso não se constituiria num problema. A questão é que os tempos são outros. Até recentemente, o país sofreu uma tentativa de golpe de Estado.  

O jornal paulista também se junta ao coro dos parlamentares governistas nas críticas ao encontro programado com a militância bolsonarista, na Avenida Paulista, previsto para o dia 25\02. Um problema ainda maior seria a convocação - já felizmente desmentida - das torcidas organizadas de times paulista para a mesma avenida, no mesmo horário. Como já se tornou recorrente no país, não passou de uma fake news. Menos mal.     

Editorial: Dois presos fogem da Penitenciária de Segurança Máxima de Mossoró.



Não raro, comentamos por aqui acerca do grau de comprometimento de nossas instituições republicanas. No Rio de Janeiro, por exemplo, tornou-se praticamente impossível fazer política sem algum grau de envolvimento com grupos milicianos, que já controlam mais de 50% do território carioca. Não causa surpresa o fato de tantos políticos pegos com calças curtas, com algum tipo de conchavo com grupos milicianos ou até mesmo com chefes do tráfico de drogas. 

A influência de facções do crime organizado nos presídios brasileiros, por outro lado, é uma realidade inegável. Quando ocorrem as ações de depredação do patrimônio público fora dos presídios, todos sabem que as ordens foram dados pelos chefões que estão presos, cumprindo penas. Mal assumiu a pasta da Justiça e Segurança Pública no Governo Lula, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandoswski já se depara com o agravamento do problema da segurança no país, desta vez tendo que lidar com a primeira fuga de um presídio de segurança Maxíma, como esta ocorrida em Mossoró, no Rio Grande do Norte, quando dois presos que pertencem a facções do crime organizado fugiram. 

Todas as providências cabíveis ao Ministério da Justiça estão sendo tomadas. Há mais de 100 homens das Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal mobilizados no sentido de recapturar os fugitivos. Lewansdowski determinou a intervenção no presídio, destituindo o atual diretor. Há uma equipe do Ministério da Justiça deslocada para o local para apurar os fatos, que se junta a uma equipe de policiais da Polícia Técnica que periciam as circunstâncias em que se deu tal fuga. Os fugitivos tiveram que atravessar três portas antes de chegar à rua, o que sugere, inevitavelmente, alguma facilitação. 

Em momentos assim, fatos como este, diante do clima de extrema polarização em que estamos mergulhados, é tudo o que a oposição precisa para fustigar ainda mais o Governo Lula. A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados já antecipou que irá convocar o novo ministro para dar explicações sobre o ocorrido. Não deixa de ser um fato grave. Afinal, não se poderia fugir de uma prisão de segurança máxima. O Brasil tem cinco delas, que abrigam presos de altíssima periculosidade. Não sei porque isso nos faz lembrar da famosa fuga da penitenciária americana, localizada na Ilha de Alcatraz. A diferença é que ali não houve facilitação, como está sendo cogitado sobre a fuga da penitenciára de Mossoró.   

Editorial: Em meio ao sucesso das festividades de carnaval na cidade do Recife, uma notícia triste.



O "nevou" do prefeito do Recife, João Campos(PSB-PE), conforme os leitores puderam acompanhar, fez um enorme sucesso entre os internautas. Fez "escola", inclusive, levando alguns outros políticos que participaram do carnaval pernambucano a acompanhá-lo na brincadeira, a exemplo da namorada Tabata Amaral e do Deputado Federal Lindbergh Farias. Recife, certamente, realizou um dos maiores carnavais de sua História, a julgar pelos números de turistas recebidos, número estimado em 3,4 milhões,  empregos temporários formais e informais  criados, superior aos 53 mil, além dos bons resultados financeiros alcançados, dinheiro injetado na economia local pelos turistas que visitaram a capital pernambucana.  

A rede hoteleira, segundo informações do próprio prefeito, chegou a taxas de ocupação superior aos 90%. Na madrugada do dia de hoje, 14, no entanto, uma notícia triste. A morte de um turista em Boa Viagem. O rapaz tinha 35 anos, morava em São Paulo e, geralmente, passava o carnaval em terras pernambucanas. Vítima de uma facada durante uma abordagem de assalto, mesmo socorrido não resistiu aos ferimentos e veio a óbito. Logo no início das festividades, um outro turista também foi esfaqueado no centro do Recife. 

Ainda não foram divulgados o número de ocorrências policiais, envolvendo roubos, assaltos, latrocínio como o ocorrido com o turista paulista, mortes. O balanço, neste momento, traz apenas as notícias boas. Segundo alguns estimativas, o país nunca experimentou um momento tão favorável ao turismo. O país nunca recebeu tantos turistas estrangeiros como agora, a despeito dos problemas de violência em entes federado como o Rio de Janeiro, Bahia e, por que não? Pernambuco! onde, muito anos do carnaval, os índices indicavam um aumento expressivo da violência.  

Vamos aguardar esses números para fazermos uma avaliação mais focada em dados precisos, anunciados por fontes confiáveis. Compete às nossas autoridades, portanto, fazer o dever de casa para continuarmos recebendo mais turistas estrangeiros, garantindo, no mínimo, que eles possam aproveitar nossos atrativos de forma civilizada, sem serem molestados pela violência. É uma desgraça que convivamos com tal situação, mas não há necessidade de convivermos com ela. É preciso vontade política dos nossos governantes para enfrentar o problema. 

Charge! Mor via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Editorial: Bolsonaro adia visita a João Pessoa.



A rigor, não há informações mais precisas acerca das movimentações do Palácio Redenção em torno das próximas eleições municipais em João Pessoa. O goverdor socialista João Azevêdo prepara algum nome para concorrer à prefeitura da capital em 2024? Apoiaria o projeto de reeleição do atual prefeito, Lucena, que, a despeito da aprovação da gestão, é do mesmo partido do Presidente da Câmara dos deputados, Arthur Lira? Partido do Centrão, com o qual o Palácio do Planalto estabelece uma relação entre tapas e beijos em nome dessa tal governabilidade? 

Por outro lado, e também do outro lado, são inegáveis as intensas movimentações das hostes bolsonaristas em torno do nome do ex-ministro da Saúde do Governo Bolsonaro, Marcelo Queiroga. Salvo melhor juízo, não há nenhuma pesquisa de intenção de votos até este momento, mas se sabe que o bolsonarismo tem suas bases no Estado e na capital. No dia de ontem, por exemplo, foi lançada uma nota oficial dando conta de que o ex-presidente Jair Bolsonaro, em razão das mobilizações em torno da concentração prevista para a Av. Paulista em 25 de fevereiro, havia adiado uma visita à capital, certamente com o propósito de prestigiar o candidato da legenda. 

A opção PL pelo nome de Queiroga, como se sabe, envolveu uma manobra ardilosa para retirar o radialista Nilvan Ferreira do páreo. Fecharam, literalmente, as portas ao rapaz, que transferiu seu domicílio eleitoral para a cidade de Santa Rita, onde, talvez, seja candidato à prefeitura. A política tem alguns lances curiosos ou surreais. Nilvan chegou a fechar contrato de locação de um imóvel na cidade. Quando soube que se tratava de um eventual candidato à prefeitura da cidade, o cidadão, dono do imóvel, ligado a políticos locais, voltou atrás.

O polêmico radialista sempre representou o bolsonarismo no Estado. Daí a nossa surpresa, e possivelmente a surpresa dos próprios bolsonaristas, quando o nome do ex-ministro Marcelo Queiroga passou a ser especulado como eventual candidato à prefeitura da capital. Salvo melhor juízo, o recall de Nivan Ferreira é bem mais robusto quando comparado ao do ex-ministro. Em última análise, o governador João Azevêdo também vive um dilema: Caso não haja um candidato viável pelas hostes de esquerda, talvez tenha que apoiar o projeto de reeleição do prefeito Cícero Lucena para evitar um mal maior.  

 

Editorial: Algumas Escolas de Samba do Rio de Janeiro são financiadas por contraventores. Alguma novidade por aqui?



Neste clima de esgarçamento de polarização política, a turma anda encontrando cabelo em ovos apenas para impingir algum dano ao adversário. Na realidade, em tal estágio, o termo "adversário", aqui, seria apenas um eufemismo, uma vez que estamos tratando tal questão, nesses tempos bicudos, como inimigos a serem destruídos, conforme o receituário imposto à sociedade brasileira pelas trevas do bolsonarismo, com a suas vertentes protofascistas. Está difícil conviver neste clima de profunda animosidades de lado a lado. É preciso baixar as armas e tentarmos um armistício para que o país volte ao clima de "normalidade institucional". 

Não é possível continuarmos assim, por mais tempo, com as armas permanentemente engalfinhadas. Desde que nós nos entendemos por gente que se sabe que algumas das principais Escolas de Samba do Rio de Janeiro são financiadas por contraventores do jogo do bicho. Um dos mais emblemáticos talvez tenha sido o famoso Castor de Andrade, patrono da Mocidade Independnete de Padre Miguel, que se notabilizou-se e tornou-se até série de uma dessas plataformas de streaming. Vamos colocar uma verdade preocupante por aqui. No Rio de Janeiro está se tornando quase impossível se fazer política sem algum tipo de "interlocução" com as milícias. 

Os grupos milicianos já controlam mais de 50% do território do Estado. É por tal motivo que tem se tornado "rotina" o aparecimento de tantos políticos, seja de direita ou de esquerda, com algum tipo de 'acordo" com esses grupos milicianos. Se partir para combatê-los, não é improvável que se tornem alvos de sua ira, como se sugere  que possa ter ocorrido com a combativa ex-vereadora Marielle Franco, que hoje se sabe que foi assassinada por prejudicar os negócios dos milicianos em sua base política de atuação. 

A extrema-direita, deliberadamente, anda fazendo algumas associações entre o atual prefeito, Eduardo Paes e contraventores, apoiadores de Escolas de Samba. O propósito aqui é claro: Tentar macular a imagem do político, que é candidato à reeleição com o apoio do Palácio do Planalto. O mesmo tipo de associação tem sido feita ao financiamento com recursos públicos, através da Prefeitura de Maceió, ao desfile da Beija-Flor deste ano, que homenageou a cidade. Deposi de questinarem as eventuais emendas parlamentares envolvidas na negociação, agora a atenção se volta para o patrono da escola, que também seria um contraventor do jogo do bicho. Não se assustem se surgiram mais novidades por aqui. Coisa típica do momento em que estamos vivendo no país.   

Editorial: Por que se pune a tentativa de golpe?

 



Já antecipo que esta não é a nossa praia e, neste caso, sempre que nos referimos ao assunto consultamos antes os universitários. Há uma enxurrada de discussões afirmando, desde os trabalhos da CPMI do Golpe, que nada poderia ser feito contra os conspiradores que atentaram contra o Estado Democrático de Direito pelo simples fato de que o golpe não se concretizou. Acompanhando as análises de juristas isentos sobre o tema, há entre eles o consenso de que as tessituras de caráter golpistas devem ser punidas dentro dos rigores do código penal, uma vez que, materializado o golpe, entramos num estado de exceção, com medidas excepcionais, onde não haveria instituições para punis os conspiradores. 

Portanto, questionar as urnas ou tentar desacreditar o processo eleitoral, atentar contra as instituições da democracia, realizar reuniões conspiratórias, elaborar documentos com teor de excepcionalidade são, sim, passíveis de serem punidos rigorosamente na mesma proporção de um golpe não concretizado. Neste sentido, os atores envolvidos na operação recente da Polícia Federal, a Tempus Varitatis, estão solenemente encrencados, sejam os civis, sejam os militares. 

O que nos espanta em todo esse processo são as águas turvas que insistem em circundar o nosso ambiente político, mesmo depois que Lula asumiu o poder. Por que diabo existia um documento ainda tratando deste assunto numa gaveta utilizado por um ex-presidente, na séde do maior partido de oposição do país. As explicações fornecidas pelos seus advogados não são muito consistentes. O militar que estava no exterior participava de um curso de formação numa daquelas escolas doutrinadoras mantidas pelo Tio Sam, com o propósito de formarem atores que atuem como agentes multiplicadores dessas ideologias, concebidas no escopo dos interesses geopolíticos regionais. 

Com o currículo envernizado, geralmente esses atores costumam ser alçados à condição de lideranças em suas instituições de origem, exercendo forte influência sobre os subordinados. O mesmo fenômeno se deu nos idos anteriores ao golpe Civil-Militar de 1964, quando militares com o mesmo perfil exerceram forte influência na Escola Superior de Guerra. A dinâmica é a mesma desde que nós nos entendemos por gente. O curioso neste caso é que a renovação da matrícula do cidadão já se deu sob os auspícios do Governo Lula. 

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Editorial: Bolsonaro abandona a "tropa" pelo caminho.



Todos os apelos, inclusive dos familiares, para que o ex-ajudante de ordens da Presidência da República, o tenente-coronel Mauro Cid expusesse tudo que sabia veio como decorrência de um evidente "abandono" do militar no que concerne a um monte de encrencas em que o ex-presidente Jair Bolsonaro estava sendo acusado. Aqui estamos falando desde o rolo das bijuterias das arábias até às tessituras contra o Estado Democrático de Direito. Os próprios familiares do militar sugeriram que ele falasse, evitando, assim, um comprometimento maior de sua pessoa. 

Aluno brilhante da academia militar, outro dia um jornalista estava observando que o militar foi um dos poucos a terem a permissão das Forças Armadas para comparecer fardado às audiências da CPMI do Golpe da Câmara dos Deputados e à CPI do Golpe da Câmara Distrital. Nem alguns generais ouvidos nas audiências tiveram essa prerrogativa. Em comentário recente no Portal UOL, o jornalista Josias de Souza faz remissão à tropa de choque de bolsonaristas raízes que foram ficando pelo caminho, abandonados pelo capitão. 

O último deles talvez seja o general Augusto Heleno, depois de sua fala naquele vídeo polêmico, onde sugere que plantou agentes infiltrados junto aos adversários do ex-presidente. Quando faz referência ao assunto, o ex-presidente Bolsonaro só falta dizer que isso é problema dele. Que ele, Bolsanaro, se informava de outra maneira, através dos correligionários que residiam nos locais onde pretendia cumprir alguma missão oficial ou extra-oficial. Bolsonaro sempre sugere que tinha sua própria rede de informações. 

O jornalista toma o cuidado de enumerar os nomes daqueles que ficaram para trás, literalmente abandonados. A lista é grande. No final, faz a advertência de que tal atitude tem suas consequências. De fato, sim. Quando já havia entrado na "frigideira" Gustavo Bebianno, um bolsonarista raiz, durante uma entrevista ao Programa Roda Viva, da TV Cultura, foi quem primeiro mencionou a hipótese de uma ABIN paralela. A delação de Mauro Cid, produziu um verdadeiro tsunami político nas hostes do bolsonarismo.