pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Um ardil ou uma contradição, artigo de Carlos Chagas
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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Um ardil ou uma contradição, artigo de Carlos Chagas

UM ARDIL OU UMA CONTRADIÇÃO?

Por Carlos Chagas


                                                        Até transformada em livro, vale lembrar  uma das  grandes contradições  da Segunda Guerra Mundial, quando se afirmava  que só  loucos se apresentariam para ser pilotos de aviões de caça. Na hora em que  um deles comparecia ao  serviço de saúde  pedindo dispensa e dizendo-se louco, os  médicos o  mandavam de novo para as batalhas aéreas com um só diagnóstico que também era um ardil:  “por isso mesmo...”
                                                        Guardadas as proporções, é o que acaba de acontecer em São Paulo, com o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, à frente.  Ele proibiu  a Polícia Militar de prestar socorro a vítimas   nos casos de lesões corporais  graves, homicídios, tentativas, latrocínios e seqüestros seguidos de morte. Quer evitar que policiais não qualificados transportem um  ferido em suas viaturas, ou tentem prestar-lhe os primeiros socorros. Alega que  poderão estar  contribuindo para  piorar o  estado do infeliz.  Melhor aguardar os para-médicos do SAMU ou do Corpo de Bombeiros.  De tabela, o Secretário também pretende que não se desfaça o local do crime, para não prejudicar as investigações.
                                                        Quer dizer, o cidadão está prostrado na calçada, com uma ou muitas balas no peito e o PM não pode  tentar conter a hemorragia e, muito menos,  levá-lo ao hospital. Deve esperar pela ambulância que ainda não foi chamada,  que poderá ficar presa no trânsito e que    nem está por  perto.  Poucos minutos são cruciais para salvar vidas.  A vítima corre o risco de virar defunto e a polícia  está proibida de agir, mesmo sabendo que sua missão fundamental é proteger o cidadão. Mais ridícula fica a situação quanto se alega que para poder identificar e punir o assassino fujão, o local do crime não deve  ser alterado,  nem a faca enterrada na barriga de  alguém  poderá   ser retirada. Só assim as investigações revelarão se a facada foi dada de cima para baixo ou de baixo para cima...
                                                        O pior nessa história é que tem gente aplaudindo tamanha contradição, na verdade um ardil para privilegiar a burocracia em detrimento da preservação de vidas.

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