Não há dúvidas de que a situação da Petrobras é bastante delicada. A
cada declaração de servidores da estatal envolvendo questões relativas à
corrupção, o quadro fica mais negro. O montante de recursos desviados é
algo que espanta. Outro dia, um funcionário dos menos graduados deu uma
declaração sobre o quanto ele embolsava de propinas - algo em torno de
milhões - o que dimensiona a gravidade da situação. Este mesmo
funcionário informou que o problema de corrupção é endêmico naquela
empresa. Acrescentaríamos que naquela empresa e no Brasil. Para ficarmos
numa referência mais recente, segundo o delator Paulo Roberto Costa, há
pelo menos quinze anos o propinoduto atua com todo o vapor na estatal,
envolvendo agentes públicos, empreiteiras, partidos e políticos.
Montou-se ali uma complexa rede de desvios de recursos públicos, num dos
casos de corrupção mais emblemáticos do país. Outro aspecto nebuloso é
este tal financiamento de campanhas políticas. Há elementos para se
afirmar que a "caixinha dos partidos" era um processo quase que
institucionalizado na empresa. Num quadro como este, entende-se a
situação de vulnerabilidade da atual presidente da empresa, Graça
Foster. Assim como Dilma Rousseff, Graça não transige com malfeitos. Sua
vulnerabilidade está diretamente relacionada - e tão somente - às
repercussões políticas do problema. Nada a compromete, salvo o fato do
"desconhecimento" desse mar de lama. Mas, se como dizem, foi indicada
para aquela empresa para "por ordem na casa", possivelmente, o Planalto
sabia da encrenca em que ele estava se metendo. O que não se entende é
essa grita de vestais e arautos da oposição no sentido de pedir a cabeça
da presidente da estatal. A começar pelo fato de que eles participavam
ativamente do tal 'banquete' com uma voracidade e apetite até maiores do
que o PT, se confirmada a versão de que o Partidos dos Trabalhadores
recebeu dinheiro da tal 'caixinha". Outro fato que nos preocupa é a
desenvoltura e ingerência dessa gente no sentido de interferir nos rumos
do Governo Dilma. Se, de fato, eles querem contribuir que contribuam,
por exemplo, com propostas para minimizar esses problemas de corrupção
no Brasil, fortalecendo os instrumentos de controle do Estado, ampliando
o rigor das leis, algo para o qual o Governo Dilma tem se mostrado
francamente receptivo. É um discurso de quem deseja - imaginem - nomear o
presidente da estatal. Algo fora de propósito, se entendermos de que
quem foi eleita foi a presidente Dilma Rousseff. Embora Dilma tenha
adotado - por força das circunstâncias - uma postura conciliadora e
transitiva - não raro, a oposição exagera. Isso dá margem há muitas
especulações, como um possível diálogo entre Fernando Pimentel, eleito
governador de Minas Gerais nas últimas eleições, e o nosso aprendiz de
Carlos Lacerda, Aécio Neves. Num encontro entre ambos, segundo se
especulava ontem, no seu apartamento do Leblon, Pimentel, reproduzindo o
brasilianista Kenneth Maxwell , que fez uma devassa nos autos da
Inconfidência Mineira - encontrando fatos que mudaram significativamente
a leitura sobre aqueles acontecimentos históricos - teria pedido para o
mineiro baixar a bola, sob pena de mais uma devassa, desta vez nas
contas do seu governo.
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