Quem tiver curiosidade em pesquisar no Google sobre a célebre frase de Carlos Lacerda sobre Getúlio Vargas, o site de busca irá remetê-lo ao Twitter do Deputado José Aníbal, do PSDB. Guardada as devidas proporções, estamos vivendo aquele mesmo clima político que antecedeu o suicídio de Getúlio Vargas, pressionado pelos militares, depois do atentado da Rua Tonelero, dezenove dias depois. Em alguns aspecto, penso ser um equívoco comparar Carlos Lacerda a Aécio Neves. Mas, no tocante à pregação golpista, os dois estão se parecendo. O senador mineiro parece decidido a criar todos os embaraços possíveis ao segundo governo da presidente Dilma Rousseff. Outro dia, em entrevista, afirmou que perdeu as eleições para uma quadrilha criminosa. Na realidade, perdeu as eleições para um partido político legalmente constituído, integrante de uma coalizão que já governa o país há 12 anos, respaldo pelo voto dos eleitores. Os jornais hoje estampam suas declarações recentes, de corte marcadamente golpista. Seus pronunciamentos no Congresso traduzem o estado de descontrole emocional ao qual foi acometido. Olhando o cenário da conjuntura política com mais calma, isso talvez explique a grande obra de engenharia política que está em jogo em Brasília, com o propósito de garantir a "governabilidade". Lacerda era um golpista incorrigível. Ao que nos consta, esse comportamento do senador mineiro é recente, mas, naturalmente, igualmente pernicioso para a saúde de nossas instituições democráticas. Na juventude, Lacerda foi um militante comunista, antes de enveredar pela direita golpista da UDN. Lia bastante, fundou uma editora, tinha uma verve apuradíssima. A semelhança com o mineiro - além da conjuntura política em que ambos estiveram envolvidos - parece ser mesmo - e tão somente - na pregação golpista.
Charge de Renato Aroeira, publicado no Brasil Econômico
Nenhum comentário:
Postar um comentário