José Luiz Gomes
Ontem, num encontro do PMDB estadual, o vice-governador, Raul Henry, foi conduzido ao comando do partido no Estado. Depois de muitas idas e vindas, principalmente entre suas principais lideranças, o clima pareceu harmonioso, embora seja necessário tomarmos muito cuidado com o uso dessa palavra, sobretudo nesses momentos de turbulências do cenário político. O encontro ocorreu aqui no Recife, mas, longo em seguida, algumas movimentações de suas principais lideranças indicam que eles estão mesmo dispostos reaglutinar as forças políticas da agremiação. A inércia do PMDB local foi longa. Até recentemente,mantinha uma postura cartorial, oligárquica, sem aquela preocupação em azeitar as bases, ampliar a sua capilaridade pelas microrregiões do Estado.
Este comportamento, aliás, não é privilégio do partido. Até agremiações que nasceram nos movimentos sociais, caso do PT, cometeram esse equívoco. Política tem muito de momento, das circunstâncias. Mudam como as nuvens., como diria a raposa mineira Magalhães Pinto. Nunca se entendeu muito bem porque, na condução de timoneiro e governador do Estado por dois mandatos, o hoje Deputado Federal, Jarbas Vasconcelos, não se empenhou o suficiente em consolidar a agremiação no interior do Estado. A situação do partido em Pernambuco chegou a um ponto tão crítico, que ele precisou recorrer ao ex-governador Eduardo Campos, até então um inimigo histórico, para "salvar" as novas gerações peemedebistas. Superada essas rusgas, comenta-se, nas coxias, que o seu nome tem sido ventilado como um possível candidato à Prefeitura da Cidade do Recife, nas eleições de 2016. Nosso último artigo abordou essa questão.
No encontro de ontem, as especulações, segundo dizem, já teria chegado à boca do palco. Jarbas tem sido um crítico duro do PT, embora integre um partido da coalizão governista. Isso não quer dizer nada, uma vez, em nome da governabilidade, a presidente Dilma precisa dormir com os inimigos. Nesses últimos imbróglios envolvendo o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha(PMDB-RJ) e o Planalto, curiosamente, Jarbas passou a defender o mandato da presidente. Isso pegou algumas pessoas de surpresa, que começaram a insinuar que a "mexida de posição" diz respeito às eleições de 2016, no Recife. É muito precipitado esse julgamento. Essa posição pode ser creditada na conta de sua conduta política ao longo dos anos, onde se indispôs com os próprios companheiros de agremiação, por defender posições divergentes. Ou, em última análise, ao seu respeito pelas "regras do jogo" democrático, onde foi forjado, principalmente nos primeiros anos de atuação política, onde combatia a Ditadura Militar instaurada no país como o Golpe Civil-Militar de 1964. Jarbas pode ter seus defeitos, mas não é golpista e, certamente, reconhece a decência da senhora Dilma Rousseff.
O contexto da aliança que dá sustentação ao governo do senhor Geraldo Júlio, naturalmente, já esboça algumas indisposições e aponta para algumas diretrizes, como a consolidação da aliança com o PSDB. O curioso aqui é que os atores políticos em jogo ou estão blefando ou possuem informações privilegiadas no tabuleiro desse xadrez político. Internamente, os tucanos, embora prestigiados na administração municipal, trabalham com a hipótese do lançamento de uma candidatura própria. Hoje, o nome mais cotado é o do Deputado Estadual, Daniel Coelho. Até recentemente, teria ocorrido um encontro entre Jarbas e o governador tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin. A despeito da "fila" tucana, Alckmin alimenta seus projetos de uma candidatura presidencial. Construir apoios em cidades como Recife, seria muito importante nessa estratégia. O danado é que, curiosamente, segundo informações posteriores obtidas pelo blog, nesse encontro, o nome de Daniel Coelho teria sido rifado, em nome de um possível apoio do partido - leia-se Alckmin - ao nome de Jarbas Vasconcelos. Imaginem o imbróglio.
No PT, o nome de maior recall eleitoral continua sendo o do ex-prefeito, João Paulo. O partido, no entanto, continua envolto num longo e tenebroso inverno, como resultado de algumas escolhas não necessariamente felizes e, igualmente, ainda vítima da "ressaca" de suas lutas intestinas. Mas não é só isso. Assim como ocorre no plano nacional, o partido deverá voltar às bases, aos movimentos sociais, que sempre deram suporte orgânico à agremiação. A aliança de classe que deu suporte à chegada do partido ao poder, dá provas de sua exaustão. Voltar às origens pode não ser uma experiência tão ruim assim, gente. Outro problema é o "efeito coxinha" já tratado por aqui. Principalmente nos perímetros urbanos, não se pode subestimar o esforço de setores da sociedade para impedir a vitória dos petistas. Neste cenário, o PT já considera de bom tamanho manter as prefeituras conquistadas nas últimas eleições municipais.
Embora, no Brasil, o eleitorado não se oriente muito pelo partido, mas pelo candidato, convém manter as barbas de molho. João Paulo poderá assumir a SUDENE, depois do banho maria do Planalto, que adiou como pôde as indicações da regional da agremiação. Durante este intervalo, também se anunciou algo bastante óbvio: o possível apoio do governador Paulo Câmara(PSB) a uma eventual candidatura do escritor Antonio Campos à Prefeitura de Olinda, nas eleições municipais de 2016. A iniciativa foi acompanhada pelo prefeito do Recife, Geraldo Júlio(PSB). Nada mais óbvio, a julgar pelo clima da última festa na Casa da Rabeca, em Olinda, por ocasião das comemorações do aniversário do irmão do ex-governador Eduardo Campos. O movimento já teria provocado algumas rearrumações no esquema de poder da prefeitura local, onde alguns socialistas poderiam entregar os seus cargos na administração municipal. Nessa reta final, os comunistas se apressam em apresentar algumas obras à população, numa última tentativa de sobrevivência, depois de 16 anos no poder. O quadro é muito difícil para o pessoal do PCdoB.
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