Nas eleições municipais de 2012, escrevemos uma série de 30 artigos abordando os bastidores daquelas eleições. Já nos sugeriram uma possível publicação, mas nos mantivemos reticentes quanto a essa possibilidade. O que não nos faltam é o entusiasmo de continuar acompanhando as movimentações dos atores políticos, já em razão das eleições municipais de 2016, o que já nos levou a produzir dois artigos sobre esse tema. Já no final daquela série de artigos - mas ainda muito antes dos resultados das eleições - havíamos preconizado uma inevitável vitória de Geraldo Julio (PSB). Confesso que não fomos muito duros, à época, com o futuro prefeito Geraldo Julio. Afinal, por aquele período - a despeito das escaramuças já existentes - o ex-governador Eduardo Campos ainda era um aliado da coalizão petista.
À época, o artigo foi bastante festejado pelo staff do atual prefeito do Recife.Talvez por isso, a gestão de Geraldo Julio foi tão pouco comentada em nosso blog. Somente mais recentemente, é que esse processo foi destravado, sobretudo em razão dos graves problemas com a condução da política educacional do município do Recife. Convém esclarecer que não havia, de nossa parte, nenhuma simpatia ou torcida em particular pela vitória de Geraldo Julio. Apenas as circunstâncias analisadas daquelas eleições indicavam uma inevitável vitória do candidato do ex-governador Eduardo Campos.
Há um consenso de que o ex-prefeito do Recife, João da Costa(PT), não fez uma boa gestão do município do Recife.Descer aos detalhes pensamos ser desnecessário.Como administração do município é coisa do cotidiano, o cidadão recifense deve ter ainda na memória sua relação com problemas como limpeza dos canais, mobilidade urbana, recolhimento do lixo, calçadas esburacadas, deslizamento de barreiras, obras inacabadas e coisas afins. Pesou contra João da Costa, igualmente, o rompimento político com o seu padrinho, o também ex-prefeito João Paulo. João da Costa dormiu com o inimigo durante toda a sua gestão. João, o matuto de Angelim, foi fustigado internamente por caciques graúdos da legenda, no plano local e nacional. Embora com problemas na gestão, João da Costa mostrou um hábil articulador no plano interno da legenda. Deu várias cipoadas em atores muito mais experientes.
Foi exatamente aqui que, aliado a outras escaramuças, o ex-governador Eduardo Campos viu a oportunidade única de conquistar para a sua legenda o Palácio Antonio Farias. Formou-se uma grande expectativa em torno da futura gestão de Geraldo Julio a frente da Prefeitura da Cidade do Recife. Convém esclarecer, entretanto, que ela veio no bojo de uma baita campanha de marketing institucional que apontava Pernambuco como um dos Estados mais bem geridos da Federação. A expectativa - em certa medida falsa - é que o Recife repetisse a proeza. Com a morte do ex-governador, logo, as fichas começaram a cair.
Não apenas pela liderança que ele exercia sobre os seus comandados, mas, sobretudo, em razão de manter junto ao imaginário popular um discurso de bom gestor, de tocador de obras, de captador de recursos e investimentos e de liderança inconteste. Esse discurso ancorava seu projeto presidencial, abortados com a sua morte. No dia de ontem, em razão das duas mortes ocorridas durante aquela tromba d'água que caiu no Recife, logo alguns opositores vieram a público para creditar a responsabilidade sobre o ocorrido à gestão do prefeito Geraldo Julio. A gestão de Geraldo não vai nada bem. Isso é sabido. Assim como as águas que caíram no Recife, a gestão encontra-se numa enxurrada de problemas.
Não enxergamos como um comportamento positivo esse frenesi em apontar as tragédias que ocorreram como resultado da má gestão do prefeito.A ansiedade é tão grande que chega-se a pensar que havia alguém torcendo para que essas tragédias ocorressem. Recife tem alguns problemas estruturais que nunca foram enfrentados a contento. As inundações, em dias de chuvas torrenciais, é um bom exemplo. Qual foi a gestão que conseguiu enfrentar esse problema? O ex-prefeito, Roberto Magalhães, costumava afirmar que o Recife era um prato, numa referência à edificação da cidade, em alguns trechos, bem abaixo do nível do mar.
Para que se tenha uma ideia, aquela trecho do bairro do Benfica, em frente ao Clube Internacional, chega a ser 3,5 metros abaixo do nível do mar. Uma verdadeira cratera. Os pontos finais de algumas galerias foram simplesmente obstruídos com a construção de moradias irregulares. Há, aqui, o que chamamos de um refluxo. Lixos são jogados nas encostas dos morros. O incidente que resultou nas duas mortes são o resultado de lixo encharcado, que torna-se um peso insuportável para terrenos frágeis. Infelizmente, esses problemas devem continuar, independentemente de quem esteja ocupando a cadeira de prefeito no Palácio Antonio Farias. Muita coisa precisa ser feita pelo poder público municipal, preferencialmente com a colaboração da população.
Não enxergamos como um comportamento positivo esse frenesi em apontar as tragédias que ocorreram como resultado da má gestão do prefeito.A ansiedade é tão grande que chega-se a pensar que havia alguém torcendo para que essas tragédias ocorressem. Recife tem alguns problemas estruturais que nunca foram enfrentados a contento. As inundações, em dias de chuvas torrenciais, é um bom exemplo. Qual foi a gestão que conseguiu enfrentar esse problema? O ex-prefeito, Roberto Magalhães, costumava afirmar que o Recife era um prato, numa referência à edificação da cidade, em alguns trechos, bem abaixo do nível do mar.
Para que se tenha uma ideia, aquela trecho do bairro do Benfica, em frente ao Clube Internacional, chega a ser 3,5 metros abaixo do nível do mar. Uma verdadeira cratera. Os pontos finais de algumas galerias foram simplesmente obstruídos com a construção de moradias irregulares. Há, aqui, o que chamamos de um refluxo. Lixos são jogados nas encostas dos morros. O incidente que resultou nas duas mortes são o resultado de lixo encharcado, que torna-se um peso insuportável para terrenos frágeis. Infelizmente, esses problemas devem continuar, independentemente de quem esteja ocupando a cadeira de prefeito no Palácio Antonio Farias. Muita coisa precisa ser feita pelo poder público municipal, preferencialmente com a colaboração da população.
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