As próximas eleições municipais de 2016 serão cruciais para o projeto de poder do PSB no Estado. A hegemonia de poder dos socialistas depende daquelas eleições. Uma não reeleição de Geraldo Júlio, por exemplo, pode desmontar todos os planos do partido no Estado, e, em particular, definir o futuro dos "técnicos" que se tornaram políticos pelas mãos do ex-governador Eduardo Campos. Aliás, a expressão mais feliz seria "técnicos" que desejam tornarem-se políticos, uma vez que tanto Geraldo Júlio quanto Paulo Câmara têm um longo processo de aprendizagem pela frente.
Essas últimas semanas foram marcadas por intensas movimentações na capital federal, que acabaram respingando sobre os rearranjos na correlação de forças políticas no Estado, de olho nas próximas eleições municipais. Nada menos que quatro pernambucanos foram convocados para assumirem ministérios no "novo" governo provisório do senhor Michel Temer: Mendonça Filho(DEM), Bruno Araújo(PSDB), Raul Jungmann(PPS) e Fernando Filho(PSB). Até então, o comportamento do governador Paulo Câmara(PSB) em relação ao que acontecia no Palácio Antônio Farias era o de mirar nas eleições de 2018, evitando imiscuir-se nas brigas compradas pelo prefeito Geraldo Júlio. Manteve os cargos do DEM no Governo Estadual, mesmo com o lançamento da candidatura da Deputada Estadual, Priscila Krause(DEM), à Prefeitura da Cidade do Recife, nas eleições de 2016.
O comportamento com os tucanos também sempre foi de muita plasticidade, evitando as ranhuras tanto quanto possível. Um acordo aqui, outro ali em Jaboatão, sempre na linha do apagar possíveis focos de incêndio. Até que as alianças celebradas em Brasília, que permitiram o impeachment da presidente Dilma Rousseff, precipitaram alguns fatos aqui na província. A posição do PSB sobre o impeachment, como também a participação do partido no Governo Temer, sempre gerou muitas polêmicas internas na agremiação. O partido apoiou o impeachment da presidente, mesmo contrariando seus filiados mais "autênticos" ou "históricos", ainda identificados com o passado de esquerda daquela agremiação. O dilema foi maior ainda no que concerne a uma participação ou não no futuro governo. No final, o PSB definiu que daria apoio congressual ao "novo" governo provisório, mas não endossaria a ocupação de cargos.
Correndo numa raia própria, mesmo assim socialista, o senador Fernando Bezerra Coelho negociou pessoalmente com Michel Temer a nomeação do seu filho, Fernando Filho(PSB), para o Ministério das Minas e Energia. Segundo comentários de bastidores, esse ministério está de bom tamanho para o clã dos Coelhos, pois, além de controlar a CHESF, permite que outro Coelho ocupe a vaga deixada de Deputado Federal pelo Fernando Filho. Nas coxias, essa manobra do senador Fernando Bezerra Coelho, do grupo "político" do PSB, foi vista como uma 'rasteira" ou vingança sobre o grupo "técnico" da legenda, em particular o governador Paulo Câmara. Por enquanto, a tendência é que sejam colocados "panos mornos" sobre o assunto.
Na Prefeitura da Cidade do Recife, o prefeito Geraldo Júlio se arranja como pode, soldando aquelas alianças que estão ameaçadas de ruptura. É pouco provável que a situação possa ser revertida em relação aos Democratas. A Deputada Estadual Priscila Krause assume a cada dia uma postura de que sua candidatura é para valer. Quando ao PSDB, de acordo com um cacique da legenda, a atitude do governador Paulo Câmara de pedir os cargos que os tucanos e os democratas ocupam no Governo é uma decisão que torna a candidatura do Deputado Federal Daniel Coelho(PSDB) irreversível. Até então, por razões bem conhecidas, Paulo Câmara evitava tomar decisões radicais. Desta vez, adotou uma postura mais contundente.
À medida que o tempo passa, as relações do governador com a sua base de sustentação vão se acirrando, num processo de afunilamento natural, movido por interesses políticos que não necessariamente convergem. Em certa medida, segundo consenso dos próprios socialistas, a vitória de Geraldo Júlio será crucial, como já afirmamos acima, para a sobrevivência política do governador Paulo Câmara. Uma derrota do PSB na disputa pela permanência no Palácio Antonio Farias poderia trazer danos irreparáveis para o projeto reeleição de Paulo Câmara, em 2018. Perder o apoio de dois grêmios partidários que deram sustentação ao projeto de poder dos socialistas desde longas datas e, ainda, ampliar as divergências com um ator relevante do núcleo "politico" da legenda, a princípio, não ajuda muito. É... parece mesmo que o partido ressente-se mesmo de um "soldador" de alianças, uma missão que era desempenhada pelo ex-governador Eduardo Campos.
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