pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Crônica: Rubem Braga, um cronista na Gervásio Pires, 234
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quarta-feira, 4 de julho de 2018

Crônica: Rubem Braga, um cronista na Gervásio Pires, 234

 
 
 
Resultado de imagem para Rubem Braga no Recife
 
José Luiz Gomes
 
 
Em razão de suas criticas à Igreja, Alceu Amoroso Lima pediu a cabeça do Rubem Braga a Assis Chateaubriand, que o enviou ao Recife, para trabalhar no Diário de Pernambuco. Aqui na província, o cronista capixaba permaneceu por apenas 05 meses, mas foram cinco meses bem agitados - ou emblemáticos - porque o cronista fundou jornal, chegou a ser preso e acompanhou a repercussão, no Estado, de movimentos importantes como a Intentona Comunista,  assim como os dias de chumbo da repressão do Estado Novo, do qual foi uma das vítimas. Na realidade, para ser bem sincero, há poucos registros da passagem do escritor em terras pernambucanas, uma lacuna biográfica que tem várias explicações, uma delas engraçada, como a razão apresentada pela família do cronista, informando que, nesse período ele era solteiro, não tinha esposa.
 
Lamentavelmente, o próprio Rubem Braga silenciava sobre o assunto. Afinal, não veio ao Recife por uma decisão pessoal, tampouco foi bem tratado aqui na província, exceção, certamente, em relação aos amigos que fez por aqui, como o sociólogo Gilberto Freyre e o compositor Capiba. Há que se considerar, igualmente, aquele apagão da história, característico de períodos obscurantistas. Mesmo diante de tantas circunstâncias adversas, esse período é tratado pelos seus biógrafos com um dos mais significativos de sua atuação política, identificada com os anseios populares. Aqui ele fundou um jornal da chamada imprensa operária - ou partidária - como o Hora do Povo, do qual foi seu editor-chefe. O jornal era uma espécie de porta-voz ou órgão oficial do Partido Comunista Brasileiro. O curioso é que nem a velha militância desse partido, ouvidos por uma jornal literário aqui do Estado, lembram do autor de Um Pé de Milho como editor.
 
O jornal, então, hoje é um acervo intocável do Arquivo Público de Pernambuco. Tornou-se tão perecível que não se aconselha o manuseio. Por ocasião das comemorações do bicentenário da imprensa, chegou-se a ser cogitada a hipótese de  uma microfilmagem da Hora do Povo, através da Fundação Joaquim Nabuco, projeto nunca viabilizado. Resultado, uma História que tende a ser perdida. Dos diversos livros editados por Rubem Braga, são raras as crônicas publicadas, escritas aqui na província. Nem ele mesmo, como afirmamos, parece guardar boas lembranças da capital pernambucana. Exceto, talvez, pelos sarapatéis com cachaça que costumava degustar no Mercado do Bacurau ou mesmo as escapadas aos cabarés recifenses, ciceroneado pelo pesquisador Odorico Tavares.
 
Quem se debruçou sobre sua passagem pelo Recife foi a jornalista Ana Luísa, que também não fala do assunto com muito entusiasmo, nitidamente, creio, que em razão das dificuldades de fontes. Havia uma possibilidade, por exemplo, de cópias dos exemplares da Hora do Povo encontrarem-se na Fundação Roberto Marinho. Mas, de acordo com a jornalista, eles não retornaram as ligações ou foram evasivos ao tratar do assunto. Comenta-se que houve um encontro entre Cristiano Cordeiro e Rubem Braga. Após ambos se abraçarem, Cristiano Cordeiro teria notado que Rubem guardava um volume desproporcional por baixo da camisa e quis saber: você está armado? ao que ele teria respondido: Não. Isso é um martelo para eu prender meu terno na cela se eu vier a ser preso.

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