Há pouco, discorríamos aqui sobre as narrativas cruéis e verdadeiras da literatura, o que poderia suscitar um certo remorso ou mal-estar naquele público bem situado, que não gostaria de sentir enjoos ao se banquetearam, lendo textos tão miseráveis, tratando de retirantes, seca e fome. O Quinze, de Raquel de Queiroz, é um desses textos. Até aqui tudo bem, porque essa realidade cruel precisa ser posta de alguma forma e uma dessas formas é através dos textos literários. O que nos causaria surpresa, no entanto, é uma reação um tanto quanto misógina do escritor alagoano, Graciliano Ramos, ao tomar conhecimento sobre a obra. Ele sugere que Raquel só pode ser um homem, quando muito, um pseudônimo de um homem, que, de fato, deve ter escrito aquele livro. Surpreende-nos no escritor essa atitude, mas logo ele se refaz.
A rigor, a bem da verdade, nunca houve alguma indisposição entre ambos. A impressão que se passa é que esse ato de misoginia - se não há algum exagero aqui - do autor de Vidas Secas estaria relacionado a um periodo em que ele ainda não conhecia a escritora cearense. Outra hipótese seria uma possível ciumeira do “campo”, uma vez que O Quinze entre na mesma seara de Vidas Secas. Aliás, um concorrente de peso quando se está em discussão não apenas as avarezas e sofrimentos do homem nordestino, castigados pelas intempereis da vida agreste, mas à qualidade do texto da cearense. Em ambas as indisposições, essas impressões são logo superadas. Ambos participaram de círculos literários em Maceió e, logo em seguida, por ocasião do lançamento de um outro livro da escritora, Caminhos de Pedra, eles já seriam bem próximos.
É bem verdade, confessa Graciliano, que somente conheceu a escritora cearense depois da publicação de João Miguel. Durante um bom tempo, confessa, em razão de um preconceito arraigado, em sua mente vinha a ideia de que Raquel era homem. Romance de mulher e ainda por cima, mulher nova? Quando foi lançado, ali pela década de trinta, o livro da escritora cearense causou mais assombro do que o romance de José Américo, A Bagaceira, tido como um marco da literatura regional. O livro de Raquel, como se sabe, foi muitíssimo bem recebido pelo crítica literária, alçando a autora à condição de uma das maiores escritoras brasileiras, com assento na Academia Brasileira de Letras.
A rigor, a bem da verdade, nunca houve alguma indisposição entre ambos. A impressão que se passa é que esse ato de misoginia - se não há algum exagero aqui - do autor de Vidas Secas estaria relacionado a um periodo em que ele ainda não conhecia a escritora cearense. Outra hipótese seria uma possível ciumeira do “campo”, uma vez que O Quinze entre na mesma seara de Vidas Secas. Aliás, um concorrente de peso quando se está em discussão não apenas as avarezas e sofrimentos do homem nordestino, castigados pelas intempereis da vida agreste, mas à qualidade do texto da cearense. Em ambas as indisposições, essas impressões são logo superadas. Ambos participaram de círculos literários em Maceió e, logo em seguida, por ocasião do lançamento de um outro livro da escritora, Caminhos de Pedra, eles já seriam bem próximos.
É bem verdade, confessa Graciliano, que somente conheceu a escritora cearense depois da publicação de João Miguel. Durante um bom tempo, confessa, em razão de um preconceito arraigado, em sua mente vinha a ideia de que Raquel era homem. Romance de mulher e ainda por cima, mulher nova? Quando foi lançado, ali pela década de trinta, o livro da escritora cearense causou mais assombro do que o romance de José Américo, A Bagaceira, tido como um marco da literatura regional. O livro de Raquel, como se sabe, foi muitíssimo bem recebido pelo crítica literária, alçando a autora à condição de uma das maiores escritoras brasileiras, com assento na Academia Brasileira de Letras.
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