Há dois relatos
bíblicos conhecidos que narram os últimos momentos da vida de Jesus, que
envolve diretamente dois dos seus discípulos. O primeiro deles é Judas Iscariotes.
Sua atitude em trair o mestre, lhe rendeu a alcunha de filho da perdição. Por
outro lado, existe a figura de Pedro, cujo temperamento era de alguém
estabanado. Diante de qualquer fato, estava sempre a frente dos demais, onde
não rara às vezes era repreendido pelo Mestre por não medir as palavras. Chegou
a afirmar que ainda que os outros abandonassem Jesus, ele jamais abandonaria.
Mas bastou o Mestre ser preso pelo Império Romano, para que aquele que se dizia
tão leal, o abandonasse. Infelizmente, o dia a dia da vida é assim e na
política não é diferente. Existem aqueles que se comportam como Judas Iscariotes
se aproximam do mestre, beijam o mestre, mas na primeira oportunidade, vendem o
que não tem, para permanecer no poder. Da mesma forma, existem aqueles que se
assemelham a Pedro, abandonam o líder, justamente quando o mesmo cai em
desgraça na vida pública. Procura de imediato outra árvore em busca de sombra.
Percebendo que o velho mestre ainda pode lhe ser útil, não mede esforços para
voltar aos seus braços, até quando lhe for necessário. Certamente, o Cardeal Richelieu tem razão
quando disse que traição em política é uma questão de tempo.
Os asseclas de
Judas, assim como os de Pedro, não possuem compromisso com o povo, mas
exclusivamente com o poder. Encaram o eleitor apenas como instrumento para
realização do seu objetivo. Assim, beijam o eleitorado e ao mesmo tempo o
abandonam, retornando apenas em ano eleitoral.
Hely Ferreira é cientista político.
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