A crise do INSS é estrutural e não adianta colocar um dedo sobre o buraco com o objetivo de tentar estancar o vazamento porque a represa já rompeu. Desde que foi anunciada a operação que mobilizou dezenas de policiais federais e servidores da Controladoria-Geral da União, outras tantas operações já se seguiram e algo sugere que estamos apenas na ponta do iceberg no que concerne ao volume de dinheiro público desviado e apropriado indevidamente através de expedientes dos mais escabrosos. Como se não fosse suficiente a "fábrica" de velhinhos, um servidor do órgão estaria "ressuscitando" pessoas que haviam morrido no cadastro. Não sabemos como a PF está se arranjando para atender a tantas demandas operacionais. No dia ontem, 16, foi Alagoas e Paraíba. Hoje, 17, Caruaru, em Pernambuco.
Desde o início desta crise que o homem forte da comunicação do Governo Lula 3, o marqueteiro Sidônio Palmeira, está no olho do furacão, tentando minimizar os danos da crise para a imagem do Governo. Salvo melhor juízo, participou, inclusive, de reuniões nevrálgicas após os fatos, que culminaram, inclusive, com a tomada de decisões radicais, como o afastamento de servidores do órgãos. Um vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira tratando deste assunto, praticamente interditou as narrativas adotadas para se contrapor à avalanche de indignações que se apossou da sociedade brasileira diante deste fato. André Janones publicou um vídeo nos mesmos moldes, mas bem aquém do alcance obtido pelo vídeo protagonizado por Nikolas Ferreira.
Análise apontam que o Governo teria perdido essa guerra de narrativas, com consequência que se refletiram sobre a popularidade que já não ia muito bem. Agora, diante da inevitabilidade de instauração de uma CPMI, próceres integrantes do Governo repetem uma narrativa igualmente estranha. Jaques Wagner, que já havia dito que a crise estava encerrada, antes mesmo de ressarcir os aposentados e pensionistas lesados, agora afirma que só faz sentido uma CPMI se for para investigar o Governo Bolsonaro. É preciso investigar todos os governos, senhor Jaques Wagner, inclusive o do PT. Se essas fraudes começaram em 2016, ainda no Governo Temer, elas só aumentaram exponencialmente desde então, principalmente a partir de 2023. Por outro lado, a Ministra Gleisi Hoffmann, afirmou que uma CPMI neste momento atrapalharia as investigações. Atrapalharia as investigações? Não entendi.