Eduardo Campos deixou a vida pública ainda jovem, 49 anos, com um futuro promissor pela frente. Desde a época de estudante da UFPE, segundo os amigos mais próximos, já alimentava o sonho de se tornar Presidente da República. Muito ligado a Lula e ao PT, quando assumiu a condição de pré-candidato a presidente, imprimiu um novo rumo à sua plataforma política o que, em última análise, impôs um distanciamento da legenda petista. Era o momento do antipetismo. Num daqueles cozidos oferecidos por Jarbas Vasconcelos ao ex-desafeto político - Jarbas tinha uma indisposição política com o avô de Eduardo Campos, Miguel Arraes - logo em seguida o anfitrião concedeu uma entrevista à imprensa sacramentando esta tendência, antes mesmo que o próprio Eduardo se manifestasse a respeito.
Logo em seguida, vieram as alianças com atores políticos com perfil de centro-direita, o que consolidou tal tendência. Havia notórias indisposições do ex-governador com a ex-presidente Dilma Rousseff. Houve um encontro onde o ex-governador precisou corrigir, durante uma reunião de governadores, uma fala da então presidente Dilma, depois de um posicionamento considerado indevido por ele. Politicamente, não havia outra alternativa para Eduardo Campos naquela momento, que não encampar o antipetismo, a despeito das boas relações anteriores com o partido, mais particularmente com o presidente Lula, que chegou a carrear à época 25% dos recursos do PAC apenas para Pernambuco.
Num podcast recente, realizado pelo blog do Magno, transmitido de Brasília, com a presença do Presidente Nacional do PSB, Carlos Siqueira, este afirmou que, movida por ciúmes, a ex-presidente Dilma Rousseff poderia ter usado os serviços da ABIN, determinado que um dos seus agentes monitorasse os passos do "galego", que era o apelido pelo qual Dilma se referia ao ex-governador. A declaração alcançou grande repercussão, embora por motivações distintas. Voltou-se a se especular sobre a morte do ex-governador, acidente aéreo envolto em mistérios até hoje. O irmão do ex-governador, Antonio Campos, manifestou-se, a através do blog que divulgou a notícia, publicando uma nota onde afirma estar convencido sobre a possibilidade de uma atentado.
Pelo andar da carruagem política, algo sugere que talvez precisemos rever nossa escala de republicanismo no país. Em situações de estado de exceção o uso dos aparelhos de segurança e inteligência do Estado pelo governante de turno é absolutamente previsível, orgânico. Durante a vigência do Estado Novo, por exemplo, a linha sucessória do Palácio do Campo das Princesas passava, necessariamente, pela Sorbonne da Rua da Aurora, como se referia o jornalista Aníbal Fernandes ao Departamento de Ordem Política e Social, tamanho seu papel na estrutura de poder à época. Estranhíssimo que num governo de perfil democrático e republicano tais expedientes possam ter sido empregados.
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