A 78° edição do Festival de Cinema de Cannes concedeu o prêmio de melhor ator a Wagner Moura e de melhor diretor ao cineasta pernambucano Kleber Mendonça. Nesta imersão em cinema a qual nos submetemos durante a pandemia, o cinema pernambucano era recorrentemente citado durante as aulas. Pernambuco se transformou numa grande Escola de Cinema. Aguardamos com muita ansiedade a leitura do livro A Potência do Cinema Pernambucano, de Diego Medeiros, lançado recentemente, que ainda não tivemos a oportunidade de ler. Pernambuco tem realizado algumas películas fora da curva, que estão ditando tendências na esfera cinematográfica, recebendo, com louvor, o reconhecimento da crítica, a exemplo de O Agente Secreto, Kleber Mendonça.
Algumas dessas produções contam com o inestimável apoio do aparelho de Estado, através de fundos como o Funcultura, mas há exemplos de outras produções que não contam com esses recursos, como o caso que observamos recentemente da produção de um documentário envolvendo os relatos de um cobrador de ônibus, que está sendo realizado por um cabeleireiro de Camaragibe, salvo melhor juízo, o que significa dizer que essa febre de produção cinematográfica atinge também a Região Metropolitana do Recife e o interior do estado. O Funcultura cumpre um papel estratégico neste aspecto. Na época em que estive participando da comissão do projeto, observamos que os recursos foram reduzidos individualmente para os produtores com o objetivo nobre de atender o maior número possível deles, uma vez que, naqueles tempo de obscurantismo cultural a que o país esteve submetido, não haveria a contrapartida da ANCINE naquele ano.
No final, felicitar o Kleber Mendonça, que, durante anos, dirigiu a Coordenadoria de Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, responsável pela marca criada do Cinema da Fundação, que se tornou sinônimo de cinema cult. O Cinema da Fundação, sob a sua coordenação, tornou-se uma marca reconhecida nacionalmente, como um espaço de exibição de películas de excelente qualidade. Salvo melhor juízo, Kleber Mendonça fez sua formação de cinema na Inglaterra. Como Jean-Luc Godard, em uma de suas fases, flertou até com o Maoismo, às vezes pensamos que o Kleber tem lá suas simpatias por Ken Louch.
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