pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
Powered By Blogger

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Tijolaço do Jolugue: O silêncio de Mercadante atordoa o PSB

 
     


Em sua coluna de hoje, num blog que mantém no Portal UOL, o jornalista Josias de Souza aponta o que, segundo ele teria sido a gota dágua que transbordou a relação entre o PSB e o Governo Dilma Rousseff. Que Dilma nunca foi feliz nas articualções política isso é notório. Não apenas não gosta do traçado, como escolheu mal seus assessores na área. Como conselheiro privilegiado de Dilma, o ex-presidente Lula sempre colocou essa questão na agenda de suas conversações, recomendando-a a atender telefonemas dos aliados, conversar com eles no Legislativo etc. Até recentemente, seu diálogo mantinha-se truncado com as centrais sindicais. É íntegra demais para entrar no jogo pesado da realpolitik. Agora mesmo, por exemplo, cunhamos uma expressão feliz para relatar essa suposta indignação de setores da base aliada -leia-se, sobretudo, o PMDB - cobrando de Dilma uma ruptura com os neo-socialistas liderados por Eduardo Campos: "indignação fisiológica". Nada mais correto. Ao que se sabe, há uma briga de foice na agremiação pelos cargos que se abrirão na Esplanada dos Ministérios. Trata-se, portanto, de um jogo marcado essencialmente pelo oportunismo e pelo pragmatismo. Aqui na província, o Governo de Eduardo Campos não pode ser traduzido como um primor de competência e republicanismo, mas, alguém precisa fazer urgentemente uma análise de discurso na carta que ele enviou a Dilma Rousseff, onde enfatiza seu "desapego" por cargos na esfera federal. Pernambuco, com a máquina "inchada" de DAS e terceirizados, insiste em não convocar concursados aprovados. Isso faz parte da realpolitik minha cara Dilma Rousseff. Voltando ao assunto da tal gota dágua, de acordo com Josias, o pivô do rompimento teria sido o ministro-articulador Aloízio Mercadante. Segundo comenta-se, em meio ao burburinho de que estaria sendo fritado na cozinha do Planalto, o ministro Fernando Bezerra Coelho teria ligado para Mercadante e perguntado a respeito dos comentários. Mercadante informou que procararia Dilma Rousseff e daria um retorno a FBC, algo que não ocorreu. FBC leu nesse sinal um indício seguro que Dilma não mais desejava os neo-socialistas no Planalto. Não entendo porque Mercadante foi acionado, quando Fernando Bezerra tem um trânsito direto com Dilma, gozando de sua confiança e admiração. Em todo caso, vale lembrar a música do compositor Chico Buarque: Esse silêncio todo me atordoa, atordoado permaneco atento. Na arquibancada para qualquer momento, ver emergir o monstro da lagoa. Pai, afasta de mim esse cálice...

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

PSB X Governo Dilma: Divórcio confirmado


Finalmente, depois de um longo imbróglio, o PSB entrega os cargos no Governo Dilma Rousseff, conforme previsto pelo blog. Eles já não se suportavam, tornando o divórcio inevitável, pelas razões exaustivamente expostas. Agora o governador Eduardo Campos se sente mais livre para as suas movimentações visando o seu projeto presidencial, embora assegure que dará sustentação à base do Governo Dilma Rousseff no Legislativo. Dilma, por sua vez, inicia um processo de mais governabilidade, traduzido na distribuição dos cargos  deixado pelos socialistas no Governo. Como em política não existem nunca nem jamais, sobretudo considerando-se a conjuntura das eleições de 2014, ambos optaram por não romper em definitivo. A última pesquisa de intenções de voto indicam um segundo turno, apesar da liderança de Dilma Rousseff. Não se sabe exatamente qual será o posicionamento do governador Eduardo Campos num contexto como este. O certo, a priori, é que ele,hoje, não iria para um segundo turno com Dilma. Nem ele nem o companheiro das Alterosas, Aécio Neves. Ainda não reúnem 
cacife ou densidade eleitoral para tanto. De qualquer forma, num contexto de um segundo turno, qualquer apoio pode ser fundamental para virar o jogo.

Eduardo Campos e Dilma Rousseff. Enfim, o divórcio


Nesta quarta, oficialmente, o PSB do governador Eduardo Campos deverá anunciar que está desembarcando da base aliada do Governo Dilma Rousseff, onde esteve por mais de 10 anos. Além dos problemas internos - como a situação do ministro Fernando Bezerra Coelho e a posição dos irmãos Ferreira Gomes - o ato, em si, vem carregado de simbologismo. Ambos esticaram a corda o quando puderam, não havendo mais a menor possibilidade de continuarem juntos. A cúpula do PSB, por exemplo, é categórica em afirmar que um dos motivos de a candidatura de Eduardo não deslanchar seria essa ambiguidade entre ser Governo e Oposição. Nos últimos dias, as críticas de Eduardo Campos ao Governo se tornaram mais ácidas, em pronunciamentos que desagradaram bastante o Planalto. Eduardo Campos vem celebrando alianças com antigos desafetos de Lula, numa montagem conservadora que o distanciava da nucleação de forças que dão sustentação ao Governo Dilma, como o deputado Ronaldo Caiado, a família Bornhausen, o senador Jarbas Vasconcelos. É complicado analisar esse fato do ponto de vista ideológico, uma vez que a coalizão governista também possui forças conservadoras no seu bojo, mas esses nomes, em particular, formam um núcleo de desafetos pessoais do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Recentemente, numa manobra de caráter provocativo, Eduardo Campos formalizou com Aécio Neves (PSDB) algumas alianças, em quadras regionais, dentro de uma estratégia de levar as eleições presidenciais de 2014 para um segundo turno. Uma manobra abertamente de enfrentamento ao Planalto, perpetrada por alguém que se colocava como aliado. O fato provocou a "indignação fisiológica" de setores da base aliada, que passaram a pedir a sua cabeça a presidente Dilma Rousseff. Em tom de retórica, Eduardo afirma que cargos nunca foram importantes para compor a base aliada. Estava no Governo por outras motivações. Uma declaração no mínimo inusitada, se consideramos o elevado grau de fisiologismo observado aqui na província

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Sebastião Nery: A estranha história de Roberto Freire




O único político brasileiro da oposição (que se diz da oposição) que aplaudiu José Serra, o Elias Maluco eleitoral, por ter anunciado que agora é hora de destruir Lula, foi o senador Roberto Freire, presidente do Partido Popular Socialista (PPS, a sigla que sobrou do assassinato do saudoso Partido Comunista, melhor escola política brasileira do século passado). Disse: "Serra presta um serviço à democracia".
Para Roberto Freire, "desconstruir", destruir, eliminar o principal candidato da oposição e das esquerdas (com 42% nas pesquisas) é um "serviço à democracia". Gama e Silva nunca teve coragem de dizer isso. Armando Falcão também não. Nem mesmo Newton Cruz. Só o delegado Fleury. Ninguém entendeu. Porque não conhecem a história de Roberto Freire.
Aprovado pelo SNI
Em 1970, no horror do AI-5, quando tantos de nós mal havíamos saído da cadeia ou ainda lá estavam, muitos sendo torturados e assassinados, o general Médici, o mais feroz dos ditadores de 64, nomeou procurador (sic) do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) o jovem advogado pernambucano Roberto João Pereira Freire, de 28 anos.
Não era um cargozinho qualquer, nem ele um qualquer. "Militante do Partido Comunista desde o tempo de estudante, formado em Direito em 66 pela Universidade Federal de Pernambuco, participou da organização das primeiras Ligas Camponesas na Zona da Mata" (segundo o "Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro", da Fundação Getulio Vargas-Cpdoc).
Será que os comandantes do IV Exército e os generais Golbery (governo Castelo), Médici (governo Costa e Silva) e Fontoura (governo Médici), que chefiaram o SNI de 64 a 74, eram tão debilóides a ponto de nomearem procurador do Incra, o órgão nacional encarregado de impedir a reforma agrária, exatamente um conhecido dirigente universitário comunista e aliado do heróico Francisco Julião nas revolucionárias Ligas Camponesas?
Os mesmos que, em 64, na primeira hora, cassaram Celso Furtado por haver criado a Sudene, cataram e prenderam Julião, e desfilaram pelas ruas de Recife com o valente Gregório Bezerra puxado por uma corda no pescoço, puseram, em 70, o jovem líder comunista para "fazer" a reforma agrária.
Não estou insinuando nada, afirmando nada. Só perguntando. E, como ensina o humor de meu amigo Agildo Ribeiro, perguntar não ofende.
Sempre governista
Em 72, sempre no PCB (e no Incra do SNI!) foi candidato a prefeito de Olinda, pelo MDB. Perdeu. Em 74, deputado estadual (22.483 votos). Em 78, deputado federal, reeleito em 82. Em 85, candidato a prefeito de Recife, pelo PCB, derrotado por Jarbas Vasconcellos (PSB). Em 86, constituinte (pelo PCB, aliado ao PMDB e ao governo Sarney). Em 89, candidato a presidente pelo PCB (1,06% dos votos).
Reeleito em 90, fechou o PCB em 92, abriu o PPS e foi líder, na Câmara, de Itamar, com cujo apoio se elegeu senador em 94 e logo aderiu ao governo de Fernando Henrique. Em 96, candidato a prefeito de Recife, perdeu pela segunda vez (para Roberto Magalhães).
Agora, sem condições de voltar ao Senado, aliou-se ao PMDB e PFL de Pernambuco, para tentar ser deputado. Uma política nanica, sempre governista, fingindo oposição.
Agente de FHC
Em 98, para Fernando Henrique comprar a reeleição, havia uma condição sine qua non: impedir que o PMDB lançasse Itamar candidato a presidente. Sem o PMDB, a reeleição não seria aprovada. Mas o PMDB só sairia para a candidatura própria se houvesse alianças. E surgiram negociações para uma aliança PMDB-PPS, uma chapa Itamar-Ciro.
Fernando Henrique ficou apavorado. E Roberto Freire, agente de FHC, o salvou, lançando Ciro a presidente. Isolado, o PMDB viu sua convenção explodida pelo dinheiro do DNER, Itamar sem legenda e a reeleição aprovada.
Durante quatro anos, Roberto Freire saracoteou nos palácios do Planalto e da Alvorada, sempre fingindo independência, mas líder da "bancada da madrugada" (de dia se diz oposição, de noite negocia no escurinho do governo).
Quinta-coluna
No ano passado, na hora de articular as candidaturas a presidente, o PT (sobretudo o talento e a competência política de José Dirceu) começou a pensar numa aliança PT-PPS, para a chapa Lula-Ciro. Itamar disse que apoiava. O PSB de Arraes também. Fernando Henrique, o PSDB e Serra se apavoraram. Mas Roberto Freire estava lá para isso. Novamente lançou Ciro, para impedir uma aliança das oposições com Ciro vice de Lula.
Fora dos cálculos de FHC e Roberto Freire, Ciro começou a crescer. Mas, quando o PFL, sem Roseana, quis apoiar Ciro, dando espaços nos estados e na TV, Roberto Freire, aliado em Pernambuco de Marco Maciel, o líder da direita do PFL, vetou o PFL com Ciro. Como se chama isso? Uns, "agente". Stalin chamava "quinta-coluna".

Fundação Lauoro Campos: Marx, mais vivo do que nunca, 129 anos após sua morte.

Por Atilio Boron em 17 de março de 2012
Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818 — Londres, 14 de março de 1883) foi escolhido como o maior filósofo de todos os tempos em 2005, por uma pesquisa da Radio 4, da BBC.Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818 — Londres, 14 de março de 1883) foi escolhido como o maior filósofo de todos os tempos em 2005, por uma pesquisa da Radio 4, da BBC.Em um dia como hoje, há 129 anos, morria placidamente em Londres, aos 65 anos de idade, Karl Marx. Correu a sorte de todos os grandes gênios, sempre incompreendidos pela mediocridade reinante e o pensamento dominado pelo poder e pelas classes dominantes. Como Copérnico, Galileu, Servet, Darwin, Einstein e Freud, para mencionar apenas alguns poucos, foi menosprezado, perseguido, humilhado. Foi ridicularizado por anões intelectuais e burocratas acadêmicos que não chegavam a seus pés, e por políticos complacentes com os poderosos de turno, a quem causavam repugnância suas concepções revolucionárias.
A academia cuidou muito bem de fechar suas portas, e nem ele e nem seu eminente colega, Friedrich Engels, jamais habitaram os claustros universitários. E mais, Engels, que Marx disse ser “o homem mais culto da Europa”, nem sequer estudou em uma universidade. Mesmo assim, Marx e Engels produziram uma autêntica revolução copernicana nas humanidades e nas ciências sociais: depois deles, e ainda que seja difícil separar sua obra, podemos dizer que, depois de Marx, nem as humanidades, nem as ciências sociais voltariam a ser como antes. A amplitude enciclopédica de seus conhecimentos, a profundidade de seu olhar, sua impetuosa busca das evidências que confirmassem suas teorias fizeram de Marx, suas teorias e seu legado filosófico mais atuais do que nunca.
O mundo de hoje, surpreendentemente, se parece ao que ele e seu jovem amigo Engels prognosticaram em um texto assombroso: o Manifesto Comunista. Esse sórdido mundo de oligopólios de rapina, predatórios, de guerras de conquista, degradação da natureza e saque dos bens comuns, de desintegração social, de sociedades polarizadas e nações separadas por abismos de riqueza, poder e tecnologia, de plutocracias travestidas de democracia, de uniformização cultural pautada pelo american way of life, é o mundo que antecipou em todos os seus escritos.
Por isso, são muitos os que, já nos capitalismos desenvolvidos, se perguntam se o século 21 não será o século de Marx. Respondo a essa pergunta com um sim, sem hesitação, e já estamos vendo: as revoluções em marcha nos países árabes, as mobilizações dos indignados na Europa, a potência plebéia dos islandeses ao enfrentarem e derrotarem os banqueiros, as lutas dos gregos contra os sádicos burocratas da União Européia, do FMI e do Banco Central Europeu, o rastro de pólvora dos movimentos nascidos a partir do Occupy Wall Street, que abarcou mais de cem cidades estadunidenses, as grandes lutas da América Latina que derrotaram a ALCA e a sobrevivência dos governos de esquerda na região, começando pelo heróico exemplo cubano, dentre muitas outras mostras de que o legado do grande mestre está mais vivo do que nunca.
O caráter decisivo da acumulação capitalista, estudada como ninguém mais o fez em O Capital, era negado por todo o pensamento da burguesia e pelos governos dessa classe, que afirmavam que a história era movida pela paixão dos grandes homens, pelas crenças religiosas, pelos resultados de heróicas batalhas ou imprevistas contingências da história. Marx tirou a economia das catacumbas e não só assinalou sua centralidade como demonstrou que toda a economia é política, que nenhuma decisão econômica está livre de conotações políticas. E mais, que não há saber mais político e politizado do que a economia, rasgando as teorias dos tecnocratas de ontem e hoje que sustentam que seus planos de ajuste e suas absurdas elucubrações econométricas obedecem a meros cálculos técnicos e são politicamente neutros.
Hoje, ninguém acredita seriamente nessas falácias, nem sequer os porta-vozes da direita (ainda que se abstenham de confessar). Poderia se dizer, provocando o sorriso debochado de Marx lá do além, que hoje são todos marxistas, mas à lá Monsieur Jordan, personagem de Le Bourgeois gentilhomme (O gentil homem burguês, O Burguês ridículo, dentre outras traduções já feitas da obra), de Molière, que falava em prosa sem saber. Por isso, quando estourou a nova crise geral do capitalismo, todos correram para comprar O Capital, começando pelos governantes dos capitalismos metropolitanos. É que a coisa era, e é, muito grave pra perderem tempo lendo as bobagens de Milton Friedman, Friedrich Von Hayek ou as monumentais sandices dos economistas do FMI, do Banco Mundial ou do Banco Central Europeu, tão ineptos como corruptos, e que, por causa de ambas as coisas, não foram capazes de prever a crise que, tal como tsunami, está arrasando os capitalismos metropolitanos.
Por isso, por méritos próprios e vícios alheios, Marx está mais vivo do que nunca e o faro de seu pensamento ilumina de forma cada vez mais esclarecedora as tenebrosas realidades do mundo atual.
Atilio Borón é doutor em Ciência Política pela Harvard University, professor titular de Filosofia da Política da Universidade de Buenos Aires e ex-secretário-executivo do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (CLACSO)
Tradução: Gabriel Brito, jornalista do Correio da Cidadania.
Fonte: Correio da Cidadania, Sexta, 16 de Março de 2012

Livro: A metafísica dos movimentos de rua - Michel Zaidan.

 

Apresentação
Aparece reunidos agora, por ordem cronológica de publicação, um conjunto de artigos divulgados na imprensa de Pernambuco sobre as manifestações populares de rua no Brasil, desde junho e a reação que se seguiu a essas manifestações. Tratam de vários aspectos da polêmica suscitada pelo caráter apartidário (não político) desse movimento, suas lideranças, seu pensamento, sua relação com os partidos políticos, os políticos e o Poder Executivo dos estados e da República brasileira.
Como todo mundo, o autor foi também surpreendido pelo alarido e o colorido multiforme dessas manifestações. Como teve oportunidade de manifestar o seu pensamento em entrevistas no rádio, na televisão, nos jornais, revista e blogs do Recife, bem como em debates públicos em ambientes fechados e abertos (como na Praça Treze de maio), julgou oportuno reuni-los e avaliá-los retrospectivamente, sobretudo em face dos desdobramentos políticos e policiais que vieram depois, o que só confirma a tese de velho Sérgio Buarque de Holanda, de que no Brasil a democracia sempre foi um grande mal-entendido e que a lei é a recriminalização permanente dos movimentos sociais, tratado sempre como caso de Polícia.
Parece que entramos nestes dias uma fase delicada da vida e da ocorrências de tais manifestações: houve um refluxo, as ações passaram a ser dirigidas contra alvos-símbolos da dominação capitalista em nosso país (como já foram na Europa) e a polícia e o governo resolveram suspender garantias constitucionais com o intuito de reprimir o movimento.
Temos, humildemente, procurado chamar a atenção das entidades civis que cuidam dos direitos humanos para a ameaça que representa tanto a criminalização do protesto social, como certas "inovações constitucionais", casuísticas, típicas de Estado de Exceção. Elas podem se constituir um grave precedente para outras manobras futuras de governantes contra a oposição e a crítica ao poder no estado de Pernambuco.
Índice
l. Apresentação
2. Quando a rua se torna a arena
3. Enfim, oposição
4. Um novo contrato social?
5. Fascismo, democracia e participação social
6. Estado de exceção?
7. Poder de Polícia e Anarquia
8. Estado de Sítio
9. A metafísica dos movimentos de rua
10. O ressentimento da política
12. Todos nós somos mascarados
13. Os interpretes privilegiados da Constituição
14. O mais amplo repúdio à violência policial
15. Cidadãos acima de qualquer suspeita
16. Perguntas e respostas sobre os movimentos nas ruas

Tijolaço do Jolugue: Chega ao fim o imbróglio entre PSB e o Governo Dilma Rousseff?


Nos parece ter chegado ao limite as escaramuças entre o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e a presidente da República, Dilma Rousseff. Embora política não se faça com o fígado, também no campo da racionalidade a margem de manobra já teria sido esgotada. Se a contenda estivesse apenas condicionada ao humor do casal presidencial, certamente essa ruptura já teria sido concretizada. Tanto Dilma quanto Lula teriam motivos de sobre para chutar o pau da barraca. Eduardo Campos fez questão de alinhavar alianças com todos os "urubus voando de costa" da Era Lula, o que deixou o amigo bastante magoado. Urde, com Aécio Neves, a partir das quadras locais, uma estratégia para jogar as eleições de 2014 para o segundo turno, onde poderão, dependendo do contexto, formalizarem uma aliança no sentido de enfrentar Dilma Rousseff. Eduardo Campos passou a ser uma peça importantíssima na engrenagem tucana, principalmente aqui no Nordeste, reduto eleitoral de Dilma. A manobra para montagem de palanques conjunto - PSB/PSDB- em algumas quadras regionais provou muitas sequelas em nomes muito bem quisto pelo Planalto, ampliando ainda mais a ira da presidente Dilma Rousseff. O danado é que a raposa, como na canção de Raul Seixas, para entender o jogo dos homens, transa com Deus e com o Diabo. Tornou-se uma pedra essencialmente importante no tabuleiro de 2014, embora ostente, ainda, pouco mais de 5% das intenções de voto nas pesquisas. Se, por um lado, Aécio faz questão de vê-lo disputando o pleito ainda em 2014, o Planalto sabe que, dependendo das circunstâncias, o seu apoio poderia ser fundamental. Nessas escaramuças, várias cartas foram jogadas. Logo após as manifestações de rua que ocorreram no país a partir de junho, o próprio Lula o procurou. Dizem que para pedir conselho, mas, possivelmente, 2014 esteve nas conversações. Agora, contingenciada também pela pressão exercida por setores do PT e da base governista - pressão, diga-se, com um componente fisiológico - Dilma está quase entregando os pontos e exigindo os cargos que os socialistas ocupam no Governo. Neste contexto, é imprevisível os rumos que serão tomados pelo ministro Fernando Bezerra Coelho. FBC goza do apreço pessoal do Planalto, já tendo sido cotado até mesmo para compor uma frente de oposição governista no Estado, em contraponto a Eduardo Campos. É esperar para ver.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Juiz nega censura a blog e redes sociais.






Tá vendo esse juiz aí da foto? Chama-se Paulo Torres da Silva. Ele disse não à moda Guilherme Uchôa e negou (!!!) pedido de censura antecipada a Margareth CostaZaponi, secretária de Educação do município de Ipojuca e ex-secretária executiva de Educação do Governo do estado. O texto da decisão do juiz vale divulgação. Explico o caso: Margareth pediu à Justiça que a advogada e blogueira Noelia Britoremovesse posts do Facebook e não fizesse menção ao nome dela em redes sociais. Noélia diz em postagens que a secretária responde um processo criminal na Justiça Federal de Minas Gerais por má gestão de recursos públicos. Margareth afirma que são informações "levianas", como cita o juiz ao analisar a ação.

Agora transcrevo partes da decisão do juiz Paulo Torres, que hoje está em alta na minha cotação:
"Vale registrar que uma das notícias apenas menciona a existência de uma ação penal promovida contra a Demandante, o que, ante o caráter público de que se revestem as medidas judiciais, menos ainda pode ser objeto de censura"...
(..) "Ademais, a própria Autora, nas entrelinhas de sua inicial, desmerece o blog da Demandada, ao afirmar que seu nome - da Demandante - jamais circulou em blogs genuínos e respeitáveis, deixando, assim, antever que o da Ré não seria dotado destas qualificações. Nesse caso, se é esse o seu pensamento, as postagens não deveriam fazer parte das suas preocupações" 
(...)"Os blogs, assim como o facebook, à exceção dos que possuem caráter jornalístico ou estão vinculados a algum trabalho ou estudo, são um mero passatempo, limitando-se os autores a repassar notícias ou destacar fatos com comentários pessoais, além de, não raro, fomentar o egocentrismo, quando seus autores apenas reportam sua própria rotina, informando o que fizeram ou deixaram de fazer durante o dia. A diferença é a repercussão que pode ser até internacional, dependendo da pessoa ou fato envolvido. Ainda assim, em nosso país, estas manifestações estão acobertadas pela Lei Maior, não devendo seu autor, sob nenhum pretexto, sofrer qualquer censura senão a responsabilidade, diante da contrapartida de poder ser condenado para que proceda a devida reparação caso esteja violando algum bem juridicamente protegido. 
Por isto, não sendo possível a este Juízo silenciar a Demandada, impõe-se a rejeição do pleito antecipatório."

O XADREZ POLÍTICO DAS ELEIÇÕES ESTADUAIS DE 2014: Azedou o pirão do "cozido" entre o PMDB e o PSB








José Luiz Gomes escreve:
                                   

Logo no final das últimas eleições de 2010, onde conseguiu reeleger-se derrotando um conjunto de forças que se colocaram contra sua candidatura, começamos a antever algumas possibilidades sobre o futuro político do prefeito de Petrolina, Júlio Lóssio. A centrífuga política montada pelo Palácio do Campo das Princesas, naquelas eleições, envolveu uma articulação federal, estadual e municipal. Desde muito antes daquelas eleições, o Campo das Princesas, iniciou um ousado projeto de “arrumação do cenário” ideal para derrotá-lo nas urnas, fazendo de Fernando Bezerra Coelho Filho o prefeito da cidade. Apesar de jovem, o médico petrolinense resistiu às investidas, jogando como gente grande, manobrando no limite de suas forças, ancorado numa gestão muito bem avaliada pela população. Abertas as urnas, o Campo das Princesas havia amargado mais uma derrota.
                                   Desde então, o jovem médico, tornou-se uma espinha atravessada na traqueia do Palácio do Campo das Princesas, reunindo em torno de si uma banda do clã dos Coelhos, numa região estrategicamente importante, a do Sertão do São Francisco, considerada uma das vértices do “Triângulo das Bermudas” da geopolítica do voto no Estado. Lóssio não segue a orientação do PMDB de Jarbas Vasconcelos. Não participou do “cozido” organizado por este em sua casa de praia do Janga, com a presença de “eduardistas” de carteirinha assinada, onde foram celebrados alguns acordos, como um possível apoio de Eduardo Campos à sua reeleição ao Senado Federal. Com o capital político obtido, Lóssio mostra-se altivo e, de certa forma, independente. Quando chegou a ser aventada a possibilidade de ingresso do ministro Fernando Bezerra Coelho na legenda, Lóssio foi taxativo: Ele entra por uma porta e eu saio pela outra.
                                   A legenda não esconde que tem planos para o médico petrolinense. Petrolina, distante mais de 700 km do Recife, tornou-se estratégica para a agremiação, sobretudo quando se considera a montagem de um paulatino programa de independência do PT em 2018, algo que precisa ser construído desde já. Não precisamos informar aqui porque, nesse jogo, uma cidade como Petrolina é importante.
                                   Em política as coisas não acontecem, necessariamente, como o planejado. A própria dinâmica dos acontecimentos e as motivações dos atores políticos se encarregam de desfazer o que fora acordado. Na política pernambucana, por exemplo, temos vários exemplos do que estamos afirmando. A União por Pernambuco tinha um projeto todo escalonada para a ocupação do Palácio do Campo das Princesas e do Palácio Antonio Farias. Um fato novo, a eleição de João Paulo(PT), desmanchou toda o planejamento, antecipando o esfacelamento daquela nucleação política. Apesar da reaproximação com Eduardo Campos, Jarbas Vasconcelos ainda não perdoa o “corpo mole” de Sérgio Guerra nas eleições para o Governo do Estado em 2010, quando ele não contingenciou os prefeitos sob seu comando a votarem no candidato da oposição.
                                   Naquele momento de “eduardolização da política pernambucana”, a Jarbas não restou alternativa se não aliar-se ao seu antigo inimigo, com o objetivo de viabilizar seu projeto de continuar no Senado Federal. De sobremesa, regada a doce de jaca, também ficara acertado o apoio dos socialistas ao projeto de fazer de Jarbinha vereador do Recife, o que acabou não acontecendo. Recentemente, Geraldo Júlio arrumou um cargo para ele na Prefeitura da Cidade do Recife, quem sabe como prêmio de consolação, fato que repercutiu bastante nas redes sociais.
                                   Como Eduardo sempre desejou alçar voo sem nebulosidades na província, a reaproximação previa o apoio do senador ao seu projeto presidencial, algo assumido entre uma garfada e outra, durante o próprio “cozido”, levando o senador, enfaticamente, a reafirmar sua candidatura como uma dissidência petista. Aliás, muito enfaticamente: Eduardo apenas se viabilizaria eleitoralmente se viesse a afastar-se do PT. Mais tarde se comentou que esse teria sido o motivo real da indisposição de Lula com o seu amigo pernambucano. Jarbas figura na famosa cadernetinha de Lula como um dos “urubus voando de costa”.
                                   Naquele momento específico, as nuvens eram muito favoráveis ao pernambucano. Não havia ainda o nível de desgaste com o Planalto – hoje no limite; setores importantes do establishmen já sinalizam com possível apoio ao seu nome; sua avaliação estava nas alturas. Hoje, o cenário é outro. Há um conjunto de variáveis políticas sobre as quais o pernambucano não tem nenhum controle. Soma-se a isso, a partir das mobilizações de rua, uma crescente insatisfação da juventude pernambucana no que concerne aos métodos de enfrentamento dos protestos, algo não devidamente amadurecido pelo seu staff de segurança pública. Há um outro tipo de violência no bojo desses protestos, ou seja, uma “violência” que atenta contra o status quo, o que requer uma estratégia correta de seu enfrentamento, sempre usando as prerrogativas do poder de polícia nos parâmetros do Estado Democrático de Direito.
                                   Como uma raposa à espreita, Eduardo espera o momento mais oportuno para dar o bote, mas não descarta a possibilidade de continuar onde estar, sobretudo com a possibilidade de outro “bicho” sair da toca. Não há dúvida que hoje ele possui uma capilaridade política que interessa tanto a oposição quanto ao Planalto. Eis o motivo pelo qual a presidente Dilma Rousseff, apesar do desconforto,  ainda não demitiu seus comandados no Governo, embora receba enormes pressões. Política, afinal, não se faz com o fígado, como diria o conselheiro Acácio.
                                   Considerando esses novos cenários, o acordo com Jarbas não necessariamente será rompido, mas a vaga ao senado pode ser uma das opções do governador Pernambucano. A cassação de Júlio Lóssio teria sido urdida na cozinha do Palácio do Campo das Princesas, o que elevou ainda mais a temperatura das animosidades entre este o governador Eduardo Campos. Ainda não existe, por parte do Governo, a definição de nome para a disputa do Governo do Estado em 2014. Por outro lado, ontem, um colunista da política local, andou informando que, independentemente da indefinição da cabeça de chapa, o governador já teria batido o martelo sobre o nome de Raul Henry como postulante a vice-governador, o que reforça a hipótese de não ruptura com o grupo peemedebista comandado pelo senador Jarbas Vasconcelos.
                                   Mais isso, como já afirmamos, para Júlio Lóssio, não quer dizer muito coisa. O caboclo está bastante motivado e deliberadamente, não obedeceu às ordens para colocar o pirão do “cozido’ na geladeira, evitando, assim, que o mesmo pudesse azedar. Prefere mesmo uma chã de bode, saboreada às margens do São Francisco.

contato: jluizpesquisas@yahoo.com.br

Nota do Editor: Mesmo diante de um quadro onde aqueles municípios do chamado "Sertão do São Francisco" representam apenas um pouco mais 5% do eleitorado do Estado, há de se considerar a necessidade que se impõe a quem tentar o Palácio do Campo das Princesas, vindo daquela região, de "metropolitanizar-se", ou seja, ganhar musculatura eleitoral em regiões muito mais densas eleitoralmente falando, como a região metropolitana do Recife. Não resta dúvida de que o governador Eduardo Campos reúne amplas condições de fazer seu sucessor, mas há algumas situações que remetem às costumeiras inquietações. Armando Monteiro(PTB), por exemplo, lidera as primeiras pesquisas de intenções de voto, embora não tenha sido ungido pelo governador. Armando pode, inclusive, fechar com setores da oposição ao Campo das Princesas. Em pesquisas de intenções de voto para a presidência da República, Eduardo perde para Dilma no Estado.


Estadão: A "armadilha existencial" de Maquiavel


Francisco Ferraz*
É forçoso reconhecer que o Príncipe, e o pensamento político de Maquiavel, não apenas possuem vigência e atualidade no Brasil como, em todos os países e ao longo de todo este período de 500 anos.
Há, pois algo de radicalmente válido no pensamento de Maquiavel que lhe conferiu a capacidade de navegar ao longo do oceano dos séculos, sem jamais ser considerado obsoleto, historicamente condicionado e portanto, superado.
Talvez esse algo de radicalmente válido possa ser descrito como o comportamento humano em situações de ausência de normas regulando o comportamento dos cidadãos, ou de ambivalência, fragilidade e ilegitimidade das normas existentes. Em situações como essas, os desonestos, os poderosos, os violentos, os ousados instauram uma dinâmica de poder a qualquer custo, da riqueza e do prestígio por todos os meios e do interesse pessoal acima de qualquer outro.
O argumento central da teoria política de Maquiavel, que significou um rompimento com o pensamento cristão ortodoxo da “Grande corrente do ser”, é a falta de articulação, coerência e hierarquia entre as diferentes dimensões da existência humana.
Para ele, não existe um conjunto de virtudes igualmente válidas para todas as esferas da vida (família, sociedade, política, economia etc). Em outras palavras, o que é virtude numa esfera pode não ser virtude em outra.
Não foi Maquiavel quem criou esta “armadilha existencial”, por meio da qual uma virtude pessoal pode transformar-se em malefício público e inversamente, um malefício público pode se tornar numa virtude privada. Esta, segundo ele, é a real condição da natureza humana. Esta é a realidade da vida – não a vida que desejaríamos, mas a vida como ela é, e Maquiavel dedica-se a explicar a política apenas e exclusivamente na vida real.
A economia visa a riqueza; a política visa o poder; a família visa a sobrevivência; a religião visa a salvação em outra vida; a vida social visa o prestígio e admiração. Ao buscar o objetivo próprio de uma dessas esferas o indivíduo se afasta do objetivo próprio de outra. Assim, ao procurar dar à sua vida um objetivo ético o indivíduo é absolutamente fiel à palavra empenhada. Ao transferir este objetivo para a vida política, ele vai prejudicar seu principado pois seus rivais não hesitarão em não manter a palavra que empenharam.
“Por isso, um governante prudente não deve manter sua palavra, quando fazê-lo for contra o seu interesse e, quando as razões que o fizeram comprometê-la não mais existirem. Se os homens fossem bons, este preceito seria errado e condenável, mas, como eles são maus e não honrarão as suas palavras com você, você também não está obrigado a manter a sua para com eles.” (Maquiavel – O Príncipe Cap. XVIII)
Tornava-se assim impossível para Maquiavel a existência de uma mesma ética, aplicável com igual validade, à esfera familiar e à esfera política. Cada uma delas tem uma lógica própria. O que é benefício numa pode ou não ser benefício em outra. Na política fundamentalmente, a disjuntiva ocorre entre vida privada e vida pública.
O cidadão comum continua cultivando os valores da vida privada, acreditando que devam ser os mesmos para regular a vida pública, enquanto o político e o governante são forçados a administrar aquela inevitável contradição.
É nessa diferença que reside a ambiguidade da política para o cidadão comum, e a sua tendência de encará-la de maneira negativa e pejorativa.
A atualidade de Maquiavel e a aplicabilidade de suas ideias, recomendações e advertências, depende então do grau em que um sistema político logrou subordinar a articulação dos interesses e a competição pelo poder a regras legais válidas, legítimas e executáveis que, ao estabelecer limites ao conflito, assegurem a civilidade política. Em outras palavras, um sistema em que quem governa são as leis e não os indivíduos.
Ao longo da história ocidental, o estado de direito e a democracia contêm as instituições mais avançadas para a promoção e defesa da liberdade, para a moderação dos conflitos e para a preservação da civilidade nas relações sociais.
*Francisco Ferraz é professor de Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e diretor-presidente do site Política para Políticos: www.politicaparapoliticos.com.br.
(Estadão)

domingo, 15 de setembro de 2013

Tijolaço do Jolugue: PMDB: O "cozido" azedou?




Em política as coisas não necessariamente acontecem como o planejado. Como afirmava uma raposa da política mineira, política é como as nuvens. Quem já foi criança sabe do que estamos falando. A reaproximação entre Jarbas atendia, a princípio, a dois propósito: o apoio do senador a um possível projeto presidencial do socialista, e o apoio deste à reeleição de Jarbas ao Senado Federal em 2014. Depois da sobremesa regada a doce de jaca, também teria ficado acertado o apoio do socialista à nova geração do PMDB pernambucano, inclusive Jarbinha, que não conseguiu se eleger vereador, mas está sendo aproveitado na gestão de Geraldo. Naquele momento, a irreversibilidade de uma candidatura de Eduardo Campos parecia real. As nuvens mudaram e até o momento, Eduardo não tomou uma decisão definitiva, apesar das movimentações conservadoras. Ainda barganha com o Planalto. Para completar o imbróglio, no dia de ontem, o prefeito de Petrolina, Júlio Lóssio, enviou uma carta à direção do partido anunciando sua possível candidatura, pedra cantada pelo blog desde o momento em que aquela jovem liderança política havia infringido duas derrotas seguidas ao Campo das Princesas. Sua cassação, urdida em baixo do frondoso baobá, deu mais um combustível ao petrolinense. Dependendo dos arranjos, Eduardo pode candidatar-se ao senado, tirando Jarbas da jogada, que já pressentiu a possibilidade. De acordo com informações de um colunista local, Raul Henry(PMDB) teria sido confirmado como candidato a vice-governador na chapa da situação. Nos parece que o "cozido' azedou.

sábado, 14 de setembro de 2013

Júlio Lóssio confirma candidatura para 2014




Publicamos, a partir do blog de Jamildo, a carta do prefeito de Petrolina, Júlio Lóssio, anunciado sua disposição de concorrer ao Governo do Estado em 2014. O nosso blog foi o primeiro a levantar essa possibilidade, praticamente lançando a candidatura do prefeito de Petrolina, uma liderança política que havia infringido duas derrotas acachapantes ao Palácio do Campo das Princesas, reunido uma boa musculatura política numa região geopolítica estratégica no Estado, o Sertão do São Francisco, uma vértice do "Triângulo das Bermudas". Sua cassação foi uma manobra urdida pela cozinha do Campo das Princesas, que tinha aquela liderança política emergente atravessada na traquéia. Mais uma motivação para Lóssio entrar na parada, embora, juridicamente, confesso, tenho dúvidas sobre a legalidade de um prefeito "cassado" candidatar-se ao pleito seguinte. Agradeço a quem nos puder esclarecer essa dúvida. No mais, o blog do jolugue saiu na frente.


JL001/2013 Petrolina–PE, 10 de setembro de 2013.

Exmo. Sr.

Senador VALDIR RAUPP

Presidente Nacional do Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB

Brasília – DF

Senhor Presidente,

O PMDB é, sem dúvida, dentre todos os partidos brasileiros, o grande guardião de nossa democracia.

Sua história, suas lideranças e, sobretudo, o grande apoio popular demonstrado nas urnas durante todos esses anos, trazem-nos a certeza de que a participação do Partido como ator principal dos processos eleitorais é fundamental para a manutenção de nossa força partidária.

Em Pernambuco o PMDB tem um passado glorioso de disputas e grandes vitórias, tendo, inclusive, governado a nossa Capital e o nosso Estado, e, ainda, à época, composto a Assembleia Legislativa Estadual e o Congresso Nacional de maneira quantitativa e qualitativa.

Mas a política se faz em ciclos e hoje estamos restritos ao mandato do Senador Jarbas Vasconcelos no Senado, nossa maior liderança, ao Deputado Federal Raul Henry, ao Deputado Estadual Gustavo Negromonte, os apenas dois Vereadores em Recife e poucas, muito poucas sete Prefeituras.

Como Prefeito da principal cidade governada pelo nosso partido e na condição de prefeito reeleito, mesmo tendo enfrentado a força do Governo Estadual e parte do Governo Federal, gostaria de trazer a público e ao nosso partido o nosso interesse de participar do pleito eleitoral de 2014.

Desenvolvemos políticas públicas em nossa cidade de importante inclusão social, tais como a regularização social, a habitação, a saúde e a educação com ênfase em educação infantil.

Assim, gostaria de apresentar ao nosso Estado as nossas experiências e nossas ideias, até porque, com o PMDB no governo de Jarbas Vasconcelos, Pernambuco iniciou um novo ciclo de desenvolvimento econômico, embora ainda apresente grandes desigualdades entre regiões e entre seus filhos.

O exercício da democracia é fácil quando nossas vontades são atendidas, contudo, o verdadeiro exercício da democracia está em se curvar à decisão da maioria. Penso que para nós, agentes políticos, o exercício da democracia intrapartidáriadeve ser cultivado, sob pena de ambiguidade entre o que falamos e o que praticamos.

Acredito que o PMDB, pela sua história em Pernambuco, pela sua força nacional e, sobretudo, pela necessidade de se reerguer em nosso Estado, deve participar majoritariamente do pleito que se aproxima.

Assim sendo, venho solicitar ao nosso Partido que me seja garantido o direito de disputar dentre nossos filiados a indicação partidária.

Alerto, oportunamente, que nosso calendário eleitoral determina que todos aqueles que desejem participar do pleito eleitoral em 2014 devem estar regularmente filiados até dia 04 de outubro de 2013.

Desde já, assumo o compromisso de aceitar, e fazer dela minha, a decisão do meu partido em nível estadual mesmo que minha vontade não seja a majoritária. Ao tempo em que espero dos nossos pares o mesmo comportamento em relação às definições do Diretório Nacional.

Se o nosso PMDB é guardião da democracia com suas diferenças e convergências, que nós possamos exercitar a democracia, ao invés de somente dela falarmos quando nos for conveniente.

Atenciosamente,

Julio Emílio Lóssio de Macedo

Secretário Adjunto do Diretório Estadual do PMDB em Pernambuco Pe

Membro suplente do Diretório Nacional do PMDB

Prefeito Municipal em Petrolina

Michel Zaidan Filho: Cidadão acima de qualquer suspeita




Por Michel Zaidan Filho, sociólogo

Não precisaria ter estudado tanto para apreender o significado da frase pronunciada por um delegado da Polícia Civil de Pernambuco, em debate radiofônico na UFPE, de que a Polícia é em si mesmo um fator criminógeno. Não precisava acompanhar também os desdobramentos do "desaparecimento" do ajudante de pedreiro. Amarildo, depois de uma visita forçada à UPP da Rocinha ou o atropelamento por um policial de um ancião, durante as últimas manifestações de rua, no Rio de Janeiro e a omissão covarde de socorro por parte do atropelador.

Tudo isso seria dispensável diante das medidas anunciadas por um oficial da Polícia, afirmando que a PM não tolerará mais nenhuma crítica à ação da Polícia e que espionaria a Internet, para ver as críticas assacadas, nas redes sociais, à corporação militar.  Como se isso fôsse pouco, a Polícia Militar do Rio de Janeiro determinou que a realização de qualquer pr otesto público terá de ser comunicada à Chefatura de Polícia com 48 horas de antecedência.

Embora não seja especialista em Direito Constitucional, pode-se facilmente perceber a flagrante ilegalidade dessas medidas. Ainda que os nossos bravos integrantes do aparelho de segurança pública fôssem monumentos de virtude e conduta ilibada, o direito de crítica e de manifestação não é um beneplácito de nenhuma autoridade policial. É um direito garantido pela Constituição Federal do Brasil. Todo e qualquer cidadão ou cidadã tem o direito, se assim lhe aprouver, de fazer críticas à atuação policial e se manifestar publicamente contra os desvios dessa atuação, mesmo porque os policiais são agentes públicos, pagos pelo contribuinte, e seu papel é defender as liberdades civis e políticas de seus mantenedores, como manda a Constituição.

A policia não deve obediência apenas ao governador, ao prefeito ou ao Presidente da República: deve obediência à lei, ao ordenamento jurídico do paí s, à ordem constitucional. Só num Estado de Exceção, a polícia faz pouco caso da lei, cria casuisticamente portarias e resoluções coibindo os direitos dos cidadãos. Não é o caso. Ninguém, num Estado Democrático de Direito precisa pedir à autoridade polícia a autorização para fazer crítica ou organizar uma passeata, e perguntar o que pode dizer, como dizer, como se vestir, contra quem criticar etc. Não cabe à Polícia essa decisão. Permitir um abuso constitucional como esse, é colocar à ordem jurídica na dependencia do arbítrio e da vontade daqueles que deveria, sim, estar defendendo esse direito e não condicionando a esta ou aquela condição.

É preciso promover um amplo debate sobre os limites (e a competência) da polícia e quem conferiu a ela tais poderes exorbitantes. Uma coisa é defender a lei e o direito. Outra é defender as conveniências ou os interesses do governante de turno. É bom lembrar que os oficiais nazistas foram condenados à morte, mesmo depois que alegaram que estavam cumprindo ordens de seus superiores hierárquicos, quando  mandaram os judeus para as câmaras de gás.

A "mentalidade de funcionário" não serve como argumento, quando a ordem emanada de seu superior é absurda, ilegal,  inconstitucional. Se as  manifestações de rua estão se tornando frequentes e vêm reagindo com a mesma veemência das ações da polícia, talvez fôsse o caso de refletir se a violência e a ilegalidade são os melhores meios de lidar com esses movimentos e, parar, para  ouvir suas razões. Há  profundas motivações nessas ações e possível entendê-las, desde que haja vontade política para isso. Mas é pedir muito à comunidade de segurança que, suspenda o porrete, e tente entender o que está acontecendo.

Não se contém a violência com mais violência e a  propaganda enganosa.

Que memória resgatar sobre a cidade de Paulista?



Recentemente, o ex-prefeito de Paulista, Ives Ribeiro, completou 65 anos. O atual prefeito, Júnior Matuto, que hoje já não mantém cordiais relações com Ives, passou pela festa rapidamente. Matuto, como todos sabem, nunca foi o nome da preferência de Ives para sucedê-lo, mas, como Matuto tinha uma excelente relação com o governador Eduardo Campos, seu nome acabou prevalecendo como candidato. O mais interessante nessa história é que Ives vem de duas gestões não muito bem-avaliadas pela população, entregando o município com uma série de problemas estruturais, o que está dificultando a gestão do atual prefeito. Como diria o ex-governador Paulo Guerra, em política tudo é possível e, em nome dos arranjos político, Ives Ribeiro tornou-se uma espécie de assessor especial do Palácio do Campo das Princesas. Júnior, dizem, até se esforça, mas os problemas do município permanecem. Algumas áreas nevrálgicas, como educação e saúde, continuam apresentando indicadores preocupantes, como postos sem atendimentos, escolas sucateadas, IDEB caindo pelas tabelas. Outro dia, num desabafo, numa crônica escrita pelos 78 anos de emancipação da cidade, escrevemos que Paulista parece ter dois tipos de políticos que ocupam a condição de gestores da cidade: os nativos, mas não comprometidos com os reais problemas reais da cidade e, os forasteiros, vinculados a esquemas políticos absolutamente alienígena, que transformaram o município apenas num curral eleitoral. Nossa cidade não merecia ser tão castigada por essas oligarquias políticas. Como em todo o Brasil, ali a esfera pública continua sendo um grande problema na cidade. Por décadas, Paulista foi um verdadeiro feudo da família Lundgren, dona das terras, das casas, das matas, da fábrica, da água, dos cinemas, do clube, do porto, da ferrovia, do campo de aviação. Hoje percebo como é complicado livrar-se desse estigma. Muito tem se falado na necessidade de preservação da memória histórica da cidade? Até entendo a preocupação de alguns nesse sentido, mas advogo que algumas lembranças seriam indesejáveis, como o longo período de poder exercido pela família Lundgren na cidade, marcado, como vocês sabem, por muita prepotência. Como bem lembrou o professor Durval Diniz, numa palestra recente na Fundação Joaquim Nabuco, quem "resgata" é corpo de bombeiro e, de fato, convém realizar uma "clivagem" bastante prudente sobre o que deve ser preservado da memória histórica do município. Sobre a herança dos Lundgrens, melhor seria promover um "assassinato simbólico".

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Tijolaço do Jolugue: Paulista: Uma quase cidade?


Curiosa essa relação da família Lundgren com a cidade de Paulista. Agamenon Magalhães, o "carrasco" de Getúlio Vargas no Estado, mantinha uma relação de desconfiança com a família e, na primeira oportunidade, pelos idos da década de 40, manobrou com Torres Galvão e a setores da oposição para minimizar sua influência sobre o município, exigindo, constitucionalmente, uma mini reforma fundiária para que fosse possível a emancipação da cidade, à época, uma espécie de distrito de Olinda. Durante décadas, a hegemonia fundiária e política dos Lundgrens era inquestionável. Como defendia a pesquisadora Telma de Barros Correia, Paulista apenas começou a tomar ares de "cidade" quando essa hegemonia começou a ser quebrada. Na visão da pesquisadora, até então, era uma cidade "incompleta". Quando vejo o poder público ausente dos grendes debates sobre a cidade, costumo me perguntar se sua esfera pública está consolidada. Por ocasião dos seus 78 anos de emancipação, escrevi uma crônica sobre a minha meninice na cidade, ainda com suas matas, seus rios, seus campos de várzea preservados. Quanto saudade, Paulista!