pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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sexta-feira, 16 de maio de 2014

Um raio xis dos grupos que se manifestam contra a Copa

publicado em 16 de maio de 2014 às 10:48

Ato contra uma Copa que recusa o povo
por Beatriz Macruz e Caio Castor, especial para o Viomundo
Com um nome/sigla que fazia referência às mobilizações de indignados que começaram na Espanha 15 de maio de 2011, o ato “15M – Dia Internacional de Lutas Contra a Copa”, articulado pelo Comitê Popular da Copa (articulação horizontal e apartidária de movimentos sociais, organizações, coletivos e indivíduos) teve início, em São Paulo, às 17 horas da tarde de ontem, com a saída planejada para às 18 horas, da praça do Ciclista, na Av. Paulista, em direção ao Estádio do Pacaembu. Nas outras onze cidades brasileiras eleitas para sediar jogos da Copa, os coletivos locais ligados ao Comitê também realizaram diversas mobilizações.
“A gente tem um tipo de organização que não podemos chamar de trabalho de base, preferimos dizer que é uma construção coletiva”, define Vanessa Santos, integrante do Comitê em SP, ao discorrer sobre a articulação entre os inúmeros grupos que assinam o manifesto do 15M – “Copa sem povo: tô na rua de novo”. “Não sou eu quem tem que falar sobre moradia” exemplifica, “nós fazemos uma construção junto com os movimentos de moradia, por exemplo”.
Pluralidade à esquerda
De fato, durante a concentração para o ato, era possível observar bandeiras e representantes de diversos movimentos de moradia, como o Movimento de Moradia na Região do Centro e a União de Movimentos de Moradia de SP; bem como a Escola de Samba Unidos da Lona Preta (do MST); e um punhado de organizações estudantis, tais como a ANEL, o Coletivo RUA, e muitos Centros Acadêmicos. Além disso, diversos indivíduos e coletivos autônomos, entre eles o Movimento Passe Livre e a Fanfarra do MAL.
Até mesmo os organizadores dos protestos que ficaram conhecidos como “Se não tiver direitos, não vai ter Copa” decidiram somar na mobilização do 15M. Para Rafael Padjal, que participou da construção destes atos, e também é membro do coletivo Território Livre, as mobilizações anteriores tinham, em sua maioria, pautas muito semelhantes a esta articulada pelo Comitê. “O Território Livre é o único que destoa, porque somos os únicos que pedimos o cancelamento da Copa — com a perspectiva de que seria uma demonstração de força do povo, e uma derrota para o governo”.
Rafael explica que a maioria das pautas defendidas pela frente “Não vai ter Copa” são vinculadas a direitos, como moradia, saúde, educação. “Essencialmente todos os grupos estão discutindo a mesma coisa, as diferenças são pequenas. O que separou estas duas frentes [do “Não vai ter Copa” e do Comitê] foi a vontade de ir para a rua antes, ou não; de acompanhar a juventude radicalizada que não saiu das ruas desde junho passado”, esclarece.
Para o jornalista e membro do coletivo Desentorpecendo a Razão, Pedro Nogueira, as diferenças são mais profundas: “o Comitê começa fazendo a pergunta certa: Copa para quem? Porque, na verdade, já não teve Copa, já vai ser uma Copa restrita, que não existe para a grande maioria dos brasileiros. O Comitê está junto dessas pessoas, dos removidos, junto com aqueles que estão sofrendo as maiores atrocidades por conta da Copa, e por isso conseguiu dialogar com muitos coletivos e movimentos autônomos, em uma demonstração de força do movimento popular”.
Recusa
Enquanto a noite caía e a concentração do ato atingiu seu ápice, com inúmeros grupos, palavras de ordem e baterias, parecia mesmo que a tônica e a força do 15M de fato eram a pluralidade de pautas e propostas poíticas – que se revelaram também extremamente populares; sempre à esquerda.
Neste momento, o filósofo Vladimir Safatle, que acompanhava tudo junto de grupos do PSOL (partido ao qual se filiou em setembro de 2013), comentou que a recusa da população à Copa é inacreditável: “a gente está há um mês da Copa e você não vê casa pintada, bandeira, essas coisas que você sempre via em todas as Copas, e esse ano a Copa é no Brasil, e você não vê. O povo brasileiro demonstrou uma consciência dos seus interesses absolutamente admirável.”
20 minutos
Já eram 19 horas quando o ato virou a esquina e começou a descer a Av. da Consolação e parou o tráfego desse lado da via, tocando e cantando animadamente sua recusa, contando com aproximadamente 7.000 pessoas, segundo os organizadores – ou 1.200, segundo a Polícia Militar de SP.
Menos de vinte minutos depois, três quadras abaixo pela Consolação, estouraram as primeiras bombas. A manifestação caminhava devagar, sem nem tempo de ser “violenta” ou “pacífica”, quando a Polícia tentou conter seu andamento, cercando-a pelas laterais, o que desencadeou um tumulto entre policiais e alguns manifestantes, seguido por forte repressão e correria.
Ao som das hélices de helicóptero, sob a fumaça das bombas de gases lacrimogênio e pimenta, os manifestantes tentaram retomar o ato, caminhando até a quadra seguinte, porém a repressão seguiu forte, provocando a dispersão quase completa do ato. Um grupo maior se deslocou para a Rua Augusta, e tentou subir de volta até a Paulista, onde foram recebidos por mais viaturas e balas de borracha. Um grupo menor tentou chegar até a Av. Pacaembu, seguindo o trajeto previsto originalmente, mas se dispersou no caminho. Grupos menores caminhavam a esmo na região do bairro da Bela Vista e da Praça Roosevelt, seguidos de perto por viaturas policiais. A Polícia MIlitar não informou o número de agentes participantes da ação.
Ao longe, ainda era possível ouvir o grito de ordem “não vai ter copa”. Enquanto isso, o Comitê Popular da Copa contabilizou ao menos 5 feridos por conta da repressão. Sete pessoas foram detidas para averiguação, ainda antes de o ato começar, e liberadas ao longo da noite. Em pouco tempo, já não havia mais nem sinal das viaturas e batalhões que tomaram as ruas. As pautas e a recusa, todavia, seguem as mesmas – assim como a sistemática falta de disposição ao diálogo por parte do Estado.
Ou ainda, nas palavras de Safatle, vinte minutos mais cedo: “Há um esgotamento da política, que se manifesta em várias coisas; quando a sociedade não consegue acreditar que o futuro vai ser melhor do que o presente, ela entra em um processo brutal de recusa, e a Copa apareceu como um sintoma muito forte deste processo. É preciso lembrar que desde 2011 estamos numa era de revolta, que não para mais. Essa pressão popular é fundamental, porque há uma tarefa atual: a tarefa de ultrapassarmos a democracia parlamentar, em direção à uma democracia real e direta. Como isso vai ser feito? É uma história que só começa a ser contada agora.”

(Publicado originalmente no site Viomundo)

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Tijolaço: Eduardo Campos não tem nada a ver com o caos em Pernambuco


15 de maio de 2014 | 19:39 Autor: Fernando Brito
dudujatim
Enquanto Eduardo Campos viajava de jatinho para São Paulo, a crise que ele deixou no colo de seu vice, João Lyra Neto, explodia nas ruas do Recife e de cidades da periferia e o do interior.
Afinal, faz apenas um mês que ele deixou, depois de quase oito anos, o Governo do Estado.
Então ficamos sabendo que a situação nas forças de segurança estaduais, sobretudo a PM, era explosiva a ponto de, mesmo com uma decisão judicial, abandonarem as ruas e criarem as condições para uma onda de saques e destruição?
Enquanto o Governo Federal mandava Exército e Força Nacional de Segurança para tentar conter a explosão de violência, não daria, pelo menos, para ele estar nas rádios e tevês locais, usando o seu propalado prestígio para acalmar a população e apelar à volta à normalidade?
Se não tinha legitimidade para fazer isso, também não tinha para soltar uma nota de autolouvação a sua administração, como fez, no meio da tarde, depois que a confusão explodiu.
Embora nada justifique que uma força armada entre em greve geral e abandone completamente a defesa da população, todos sabem que a crise da PM pernambucana é antiga e mal-resolvida.
Quando o capitão-deputado Tadeu Fernandes, do PSB de Eduardo Campos, liderou a greve dos PM da Bahia contra um governo petista, Campos não lhe fez uma palavra de censura.
Agora, quando a bomba explode no seu quintal, não dá para fingir que não é com ele.
E ainda fazer o escárnio de postar foto sorridente, no jatinho,covardemente apagada depois de seu facebook.
(Publicado originalmente no site Tijolaço, escrito por Fernando Brito)

Eduardo viajando de jatinho enquanto Pernambuco vive o caos na segurança pública.

Outro dia recebi um e-mail abusado de um cidadão, que não conhecia, se queixando de nossas observações sobre a equipe que cuida da campanha presidencial do ex-governador Eduardo Campos. Agora veja se não há motivos para isso. Em meio ao caos que se instalou em Pernambuco com a greve da Polícia Militar, sua equipe de mídias sociais divulga imagem do candidato viajando num jatinho particular com sua esposa. A foto foi retirada em seguida., mas o estrago já havia sido feito. 

Abreu e Lima: O que a população não suporta mesmo é a agenda pública.


 / Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem


Abreu e Lima nunca foi uma cidade muito tranquila. Cidade dormitório no passado, o município sempre esteve em situação de vulnerabilidade social, a despeito de um pungente comércio varejista. Os ingredientes isolados desencadeares de situações de violências, a rigor, sempre estiveram presentes na cidade. População residindo em condições precárias - não raro em áreas invadidas - um grande mercado de entorpecentes, prostituição infantil, além de unidades prisionais. Soma-se a isso um poder público municipal clientelístico e negligente quanto aos reais problemas sociais da cidade. Tudo teria começado depois de um protesto em relação a um atropelamento com morte nas imediações da Matinha, um dos principais distritos do município. Não sei o que a população reivindica para o local. Talvez uma passarela. O local já passou por algumas intervenções. Penso que no passado a situação já foi mais crítica. Pelo que conhecemos da população, podemos afirmar tratar-se de uma população ordeira e trabalhadora. Ações coletivas, no entanto, remete-nos às conhecidas teses sobre psicologia de massa. Numa única noite, saquearam diversas lojas de eletrodoméstico, caminhões de entrega da Ambev, correios etc. Vamos torcer que a situação volte à normalidade, que o poder público mude urgentemente a sua agenda, que os políticos assumam sua funções com o propósito de trabalhar para o bem-estar coletivo, imbuídos do espírito público. Logo cedinho, antes mesmo dos protestos, a população foi "presenteada" com uma briga entre o ex-prefeito e o atual, cada qual acusando o outro de desmandos na máquina pública municipal. Isso sim a população não suporta mais. Peno que estamos vivendo um momento bastante delicado. O melhor seria que esses protestos tivessem ocorrido antes, quando o país habilitou-se para realizar essa Copa.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Eduardo Campos "queimou" a largada

 

O ex-governador e candidato à Presidência da República, Eduardo Campos, comentam os jornais de ontem, teria passado por Pernambuco e mantido uma longa conversa com o staff de assessores que dão suporte à candidatura de Paulo Câmara ao Governo do Estado. Não poderia perder as eleições no seu Estado. Seria uma questão de honra fazer seu sucessor. O quadro, hoje, não é nada favorável e ele não poderá ajudá-lo. Essa tarefa cabe ao ex-ministro Fernando Bezerra Coelho, que vive às turras com o PSDB local. Isso não funciona. O normal seria o candidato a governador "puchar" o candidato ao Senado.Nunca o contrário. Para completar o enredo, a poucos dias do início da Copa do Mundo, as ruas dão indicativos de que voltarão a ferver. A Polícia Militar do Estado entrou em greve. Isso traz um transtorno enorme para a população, normalmente debitadas na conta do Governo. A impressão que temos é que o ex-governador queimou a largada. Será muito difícil sair dessa enrascada. Seu capital político está em franco declínio, sua candidatura patina nas pesquisas, sua gestão sob um forte bombardeio. Não apenas da oposição - é bom que se diga - mas de pessoas simples, profissionais, que passaram a manifestar suas insatisfações. Seria uma consequência inevitável. A "blindagem" obtida com uma ampla máquina de publicidade institucional ruiu como um castelo de cartas. Seu discurso "descolado" da realidade - como a afirmação recente de que não haveria filas nos hospitais públicos do Estado - completaram o serviço. Outro dia acompanhei a relação dos assessores do candidato. Uma seleção de profissionais de primeira ordem, mas que, infelizmente, ainda não foram capazes de estabelecer o timming do postulante junto ao eleitorado. A rigor, talvez nem haja essa timming. Fazer o que? Outro dia chegou a afirmar que acabaria com as práticas nefastas do presidencialismo de coalizão. O eleitor menos informado não sabe nem do que se trata. O eleitor mais informado vai procurar saber qual foi o empenho dos socialistas no sentido de esforçar-se por uma reforma política no país. O Pacto pela Vida é uma das grandes vitrines do seu Governo. Não bastassem as contradições internas que começaram a surgir, soma-se agora a greve da Polícia Militar. Lembro agora daquela greve da Polícia Militar ocorrida durante o Governo de Jarbas Vasconcelos. O então candidato a Prefeitura do Recife pela União por Pernambuco era o ex-governador Roberto Magalhães. João Paulo(PT) venceu aquelas eleições, desmanchando o projeto de 20 anos de poder da aliança. Instigado a apontar as causas de sua derrota, Roberto Magalhães foi enfático em admitir que aquela greve o teria prejudicado sensivelmente. Que bananas que nada!

O diabo visitou a cidade de Abreu e Lima esta manhã. Oremos!


Abreu e Lima foi uma Sodoma que Deus poupou do enxofre. Escapou da ira divina, mas permaneceu no pecado da carne. Cidade dormitório, num passado recente, concentrava o maior número de casas de pouca vergonha por metro quadrado do Brasil. Quando os costumes sexuais ainda eram muito reprimidos, era ali que os jovens adolescentes afogavam suas mágoas. Gosto muito da cidade, frequentando-a com regularidade. Afinal, não faz muito tempo assim, Abreu e Lima era um distrito da cidade de Paulista. Mato a saudade de minha infância na Chácara Victor Hugo. Contingenciada pela perseguição imposta pelo Estado Novo na década de 40, levas de evangélicos para ali se dirigiram, onde encontraram um refúgio seguro longe do Recife. Eis que Abreu e Lima entrou para a lei de crente e transformou os cabarés em casas de oração. Deus seja louvado. Poucos anos depois, a cidade tornou-se na maior densidade de população evangélica da América Latina. Talvez seja a única cidade do país onde há uma estátua em homenagem a um pastor evangélico, o pastor Isac, da Assembléia de Deus. Embora temente a Deus, as falcatruas na administração pública não deixaram de existir. Os desmandos são gritantes. Há prefeitos que ainda hoje devem explicações aos órgãos de fiscalização e controle do Estado e da União. O município amanheceu hoje com mais uma lavagem de roupa suja. Um ex-prefeito - que apoiou o atual mandatário do município, um pastor evangélico - faz acusações graves de ilícitos na sua gestão. A pergunta que os munícipes fazem é: ué, e ele não sabia de nada? Inocente!

TV Revolta: Abrindo a caixa-preta

Pela chacagem da pauta, parece-nos que o dia hoje promete. Greve da Polícia Militar, defenestração de Patrício Magalhães do Sindicado dos Rodoviários, desmascaramento da TV Revolta, relações promíscuas entre poder público e empreiteiras. Pior que isso só mesmo a meia dúzia de torcedores que acompanharam a vitória do Náutico na Arena Pernambuco, um empreendimento fadado ao fracasso. Uma postagem em nosso blog (http://blogdojolugue.blogspot.com/) sobre a TV Revolta vem alcançando um grande número de acessos. É a postagem mais acessada nos últimos dias em nosso modesto blog sujo, fato que até nos surpreendeu. Sempre trazendo temas polêmicos, com um forte apelo popular, a TV Revolta ganhou muitos seguidores e, naturalmente, enorme número de curtidas e compartilhamentos de suas postagens nas redes sociais. Abrindo a caixa-preta, no entanto, vai se verificar tratar-se de um grupo conservador, de direita, homofóbico, racista e anti-petista. Já chegaram até a insinuar que figurinhas carimbadas da direita brasileira estão por trás de suas postagens. Difícil precisar esse fato. Um olhar mais cuidadoso sobre o seu perfil, no entanto, dissipam todas as dúvidas sobre o seu caráter. Muito cuidado.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Quem são os bandidos do Governo Dilma, Eduardo? Poderia citá-los?


Ofensas ninguém vai encontrar nos perfis que mantemos nas redes sociais e na blogosfera. Tratar as pessoas com civilidade e decência penso ser uma obrigação de cada um de nós. Oficialmente ainda nem iniciamos a campanha eleitoral e o clima de animosidade entre alguns candidatos já se evidencia. No dia de ontem, durante entrevista concedida na Bahia, o ex-governador de Pernambuco e candidato à Presidência da República pelo PSB, Eduardo Campos, resolveu desancar a presidente Dilma Rousseff, afirmando, ao estabelecer um contraponto entre a sua gestão e a dela - que não nomeava bandidos para o governo. Diante de uma candidatura frágil, que não consegue decolar nas pesquisas de intenções de voto e abandonada pelo grande empresariado, o socialista passou a ser mais ousado em suas falas, ousadia que, não raro, descampa para a deselegância e ofensas pessoais. Ele, que conviveu com Dilma muito tempo, já deveria conhecer sua integridade. Sabe que ela não compactua com os possíveis desmandos de alguns de seus auxiliares, indicados por sua base de sustentação política, no estrito limite imposto por um presidencialismo de coalizão. Ainda na condição de ministra de Lula, são notórias as suas indisposições com alguns companheiros de ministérios envolvidos em possíveis maracutaias com o dinheiro público. Na condição de presidente, suas ações no Ministério dos Transportes e do Trabalho foram responsáveis pelo desbaratamento de verdadeiras quadrilhas montadas para roubar o erário. No Ministério do Trabalho, até o porteiro sabia o valor da propina a ser paga para "abrir um sindicato". O "cafezinho" servido no Ministério era tão gostoso que havia deputados dando plantão sistemático no órgão. Há um partido da base aliada que, até recentemente, teve enorme dificuldade em emplacar alguém para o ministério, uma vez que a presidente havia recusado, um a um, os indicados. Eram todos fichas sujas. As declarações do pernambucano sugerem, nas entrelinhas, uma certa cumplicidade da presidente com os possíveis equívocos cometidos por membros do seu Governo. Esse discurso radical de Eduardo Campos não vem encontrando ressonância junto ao eleitorado. Soa mentiroso. De um lado, fala em aposentar as velhas raposas políticas, como naquele recado dirigido ao morubixaba José Sarney, no Maranhão. Por outro lado, posa de braços dados com Jorge Bornhausen e família, o que levou alguém, aqui mesmo pelo Face, a perguntar: Vai substituir um pelo outro? Até onde se sabe, o Governo Eduardo Campos não foi esse primor de lisura na condução da coisa pública. Longe disso. Quantos escândalos de malversação de recursos públicos ocorreram envolvendo diretamente gente do Governo Estadual? Pernambuco também teria seus "bandidos" na gestão da máquina. Faço aqui um desafio. Se ele, como sugere o blogueiro Paulo Henrique Amorim, der nome aos bois dos bandidos do Governo Dilma, citarei as figurinhas carimbadas do seu Governo pegas em ilícito. Simples assim. Penso que ele não irá citá-los porque anda de namorico com um grêmio político que é expert no assunto.

O figurino da velha política em Pernambuco


O figurino da Velha Política em Pernambuco

 

Pouco depois de ir, no final da manhã, ao gabinete do senador Armando Monteiro (PTB) e de reafirmar, com muito entusiasmo, seu apoio e de seu grupo à pré-candidatura do petebista a governador, o ex-prefeito de Moreilândia João Angelim (PTB), surpreendentemente, mudou de posição, após receber uma proposta de Paulo Câmara. Angelim andava na companhia dos vereadores Alone Pedro de Araújo (PTB) e Francisco de Souza Brito (PR).

Mas foi tudo tão rápido que não deu tempo nem de trocar de roupa.

Com aquele mesmo figurino com que chegou até Paulo Câmara, João Angelim afirmou o seguinte, no gabinete de Armando: “Nos chamaram no Palácio, mas eu voto em Armando de todo jeito. Chamaram também pra gente ir lá na agenda 40, no Araripe, e eu disse logo que não ia”.

E não foi só isso. João Angelim, de tão entusiasmado que estava com a campanha de Armando, queria logo se incorporar à equipe: “Eu quero indicar Tico Preto (Francisco de Sousa Brito) para ser coordenador da campanha no Araripe, ele conhece tudo da região, mexe com internet, pode fazer relatório”. Por fim, antes de se despedir, cobrou: “E não esqueça de mandar essas fotos porque a gente quer divulgar lá, em todos os blogs da região”. Naquele momento, Angelim estava “firme” com o petebista.

 

(Texto enviado pela assessoria de imprensa do candidato Armando Monteiro)


 

Dudu, quem é o bandido que auxilia a Dilma?

Dudu, transparência, Dudu. Os nomes, Dudu !
Saiu no Globo, na pág 5 da edição nacinal:

“(Dudu) Campos: “Não se coloca bandido para ser auxiliar no governo.”

Em Vitória da Conquista, na Bahia, Dudu atacou:

“Votamos nela, mas ela frustrou o Brasil, pois nós sempre fomos abertos ao diálogo …”

(O que é, amigo navegante, uma obra-prima de non sequitur … A Dilma frustrou o Brasil porque não dialogou com o Dudu ? E a grana que o Lulilma jogou no Governo do Dudu ? Como diz o Lula: quem ajuda os pobres em Pernambuco é a ajuda do Governo federal … – PHA)

“… Sempre pensamos no desenvolvimento econômico e respeitamos o dinheiro público; e isso começa quando não se coloca bandido para ser auxiliar do Governo …”, disse o parceiro daquela que joga pôquer.

“Bandido”, Dudu ?

Quem a Dilma colocou lá para assaltar “o dinheiro público”?

Dê os nomes, Dudu !

​Ou o Dudu começou a sentir que vai perder a eleição em Pernambuco ?

É o desespero, amigo navegante.

Dudu tirou a pele de cordeiro.

E vovô Miguel está triste !

Em tempo: a Bláblá diz que o PSDB do Arrocho Neves cheira a derrota. O que o Arrocho acha do PSB ? Ou o Arrocho não acha nada de nada – fora o salário mínimo ?

Em tempo2: o amigo navegante deve se lembrar do Senador Jarbas Vasconcelos, que subiu à tribuna para dizer que no PMDB só tinha … Pois é, o senador por Pernambuco jamais deu os nomes dos … no PMDB. Deve ser um hábito pernambucano. Jogar a pedra e não mostrar o pau.


Paulo Henrique Amorim

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Fernando Magalhães: Qual a origem da TV Revolta?






Alguém poderia informar (sem sectarismos) a orientação e a origem da TV Revolta? A pergunta tem três razões: 1) O nome indica uma visão crítica da realidade; 2) Tem muita coisa que aparece que eu assinaria em baixo. Mas, e 3), vejo críticas incessantes ao PT (que eu também critico), mas não vejo (pelo menos até onde pude pesquisar, pois tinha muita coisa e terminei me cansando) nenhuma crítica ao PSDB nem aos governantes e parlamentares desse partido corrupto (que impede toda CPI - quando é formada - de prosseguir até o fim), nem a fascistas como Bolsonaro, o que significa esconder alguma (ou muita) coisa. Também não vi nenhuma crítica a Pineirinhos.

Fernando Magalhães, professor da UFPE, hoje, 12/05, pelo Facebook

PSDB/PSB: "Pau que dá em Chico, dá em Francisco".

Os acordos de não-agressão e apoio mútuo estabelecidos entre os candidatos Aécio Neves e Eduardo Campos é o tipo de estratégia montada no raciocínio de que tal acordo levaria as eleições presidenciais de 2014 para o segundo turno e - agora a porca torce o rabo - cada um deles se imagina em melhores condições de cruzar o rubicão do primeiro turno, disputando a final com a presidente Dilma Rousseff, naturalmente, contando com o apoio do outro. Como, pelo andar da carruagem política, as coisas estão fugindo ao controle da Rede/PSB, a relação começa a ser reavaliada. A candidatura do pernambucano Eduardo Campos vive um péssimo momento. Apontado como carta fora do baralho por especialistas, com enorme dificuldade de se afirmar como uma terceira via, percebeu que não haveria como tentar viabilizar-se mantendo os acordos com o senador mineiro. Os ataques começaram com a irmã Marina afirmando que os tucanos seriam "fregueses" de derrota do PT, insinuando nas, entrelinhas, que Eduardo Campos seria mais competitivo na disputa de um eventual segundo turno. "Aécio cheira à derrota", foram as suas palavras, dando margem a mais de uma interpretação. Depois vieram as preocupações com a situação do candidato Eduardo em regiões importantes como Sul e Sudeste, onde ele é um ilustre desconhecido. Aliás, Eduardo não vai bem nem mesmo na região Nordeste, seu reduto tradicional. Para melhorar sua performance nessas regiões, Eduardo levantou a hipótese do lançamento de uma candidatura própria em Minas Gerais, contrariando acordos mantidos anteriormente, onde estava previsto o apoio socialista ao nome indicado pelo senador Aécio Neves. Esse fato provocou um frisson na relação entre o PSDB e o PSB. Em Pernambuco, eles tiraram o time de campo em favor da candidatura do poste indicado pelo Palácio do Campo das Princesas. Quando vivo, o morubixaba Sérgio Guerra mantinha a agremiação sob rédeas curtas. O que fosse conveniente para o Palácio do Campo das Princesas, Sérgio Guerra dava um jeito entre os tucanos pernambucanos. Com a sua morte, há lideranças emergentes que não estão dispostas a rezarem na cartilha dos socialistas. Para azedar ainda mais a relação, o candidato ao Senado, Fernando Bezerra Coelho levantou a hipótese de um possível apoio a Dilma num eventual segundo turno. Foi a gota d'água que faltava. Os tucanos ameaçaram, de imediato, lançarem o nome do Deputado Estadual Daniel Coelho(PSDB) ao Senado ou ao Governo do Estado, quebrando o acordo. Afinal, como disse Bruno Araújo - liderança tucana local muito ligada ao senador mineiro - pau que dá em Chico, dá em Francisco. Não acredito mais na possibilidade do retorno do filho pródigo. Eduardo fez questão de construir uma plataforma política anti-petista. Mesmo numa circunstância em que que Dilma e Lula estivessem dispostos a matarem o seu vitelo mais gordo para recepcioná-lo no Palácio do Planalto. Afinal, não se rejeita apoio político numa disputa de segundo turno.

Eduardo Campos vive sua lua de fel com Aécio Neves


Eduardo Campos vê no espelho o fantasma de gente como Roberto Freire, Guilherme Afif Domingos, Anthony Garotinho, Cristovam Buarque e Heloísa Helena.





Empacado em terceiro lugar nas pesquisas de opinião; relegado pela mídia, igualmente, ao terceiro plano; Eduardo Campos resolveu dar fim à sua lua de mel com Aécio Neves.

Campos deixou de andar de mãos dadas e agora usa os cotovelos contra Aécio para disputar uma vaga no posto de candidato preferencial das oposições para o caso de uma eleição em dois turnos.

Até então, o trabalho de alfinetar os tucanos vinha sendo reservado a Marina Silva e seu grupo, a Rede.

Parecia desavença, mas não era. Campos criticava a gestão Dilma e preservava FHC, Aécio e o PSDB. Marina, por sua vez, não poupava ninguém, nem mesmo Lula, dando um tom mais antipetista à candidatura.

Não é incomum, em campanhas, o candidato a vice servir de metralhadora giratória, fazendo o papel de "policial malvado", enquanto o candidato à Presidência posa de bom moço.

Campanhas eleitorais são curtas e a tarefa de Campos se torna cada vez mais difícil. Pouco conhecido na grande maioria dos estados do país, sem palanques próprios em muitos deles, agora sem mandato, ele se vê diante de um risco, quase uma maldição que já se abateu sobre vários ex-candidatos a presidente.

Ao contrário do que se pode imaginar, uma candidatura presidencial afunda, mais do que projeta a maioria dos políticos.

Campos vê no espelho o fantasma de gente como Roberto Freire, Guilherme Afif Domingos, Anthony Garotinho, Cristovam Buarque e Heloísa Helena, que depois de terem sido candidatos a presidente, nunca mais tiveram a mesma evidência e importância.

Mais do que amargar um terceiro lugar nesta eleição, Campos pode terminar sendo apenas aquele que ajudou Aécio a ir para o segundo turno.

Foi a mesma ajuda, aliás, cumprida por Marina nas eleições de 2010, sem a qual José Serra não teria disputado contra Dilma e proporcionado um espetáculo deprimente de pregação moralista antiaborto e bolinhas de papel.

Campos e Marina passaram, de outubro de 2013 até agora, tentando se colocar como a opção preferencial de uma oposição conservadora que disputa o mesmo programa de Aécio.

O problema é que um programa baseado, fundamentalmente, em ajuste fiscal ao gosto do sistema financeiro internacional (aquele que critica gastos do governo, consumo das famílias e salário mínimo, mas se cala em relação aos juros escorchantes), que disputa adeptos no antipetismo e que usa  como estandarte o be-a-bá do moralismo conservador, a começar pela questão do aborto, é um programa estreito demais para dois candidatos.

O zigue-zague de Campos demonstra que, a essa altura, ele ainda não tem claro qual seu papel nesta campanha. 

Parece disposto a cumprir qualquer tarefa que se mostre mais conveniente ao objetivo de colocar sua foto em um eventual segundo turno, doa em quem doer.

(*) Antonio Lassance é cientista político.
(Publicado originalmente no Portal Carta Maior)

domingo, 11 de maio de 2014

Dilma estável, e a seleção de Parreira

Dilma estável, e a seleção de Parreira

publicada domingo, 11/05/2014 às 12:46 e atualizada domingo, 11/05/2014 às 12:29

Apesar dos recuos, Dilma controla o jogo, feito o Brasil de Parreira em 94
por Rodrigo Vianna
Começa a se cristalizar, entre analistas e observadores dos fatos políticos, a impressão de que “o pior já passou” para a campanha de Dilma. Não se trata de torcida. Mas de observação da realidade.
Concordo com essa avaliação. Os primeiros quatro meses do ano foram de repique da inflação (que já começa a recuar agora em maio); esse quadro, somado ao bombardeio midiático contra a Petrobras e ao episódio Andre Vargas, jogaram Dilma para as cordas. Apesar dessa conjuntura muito complicada, a presidenta não caiu abaixo dos 37% dos votos. Aécio, apesar de todo esforço dos parceiros midiáticos (aqueles mesmos que, em 2010, torciam o nariz – ops – para o perfil pessoal “complicado” do mineiro), chegou a 20%, e Eduardo patina em 11% – segundo o DataFolha. 
O bombardeio midiático seguirá. Mas o governo petista retomou a iniciativa. E isso se deu depois da entrevista de Lula aos blogueiros e, principalmente, após o pronunciamento de Dilma no Primeiro de Maio (leia aqui – E Dilma falou: tarde, mas não tarde demais). Ali, ficou claro que a dinâmica da campanha obriga Dilma a se mover alguns graus para a “esquerda”, e que ao fazê-lo é capaz de demarcar território e manter intacto o núcleo duro de sua base de apoio (não falo da base parlamentar, mas da base social).
Isso tudo não é surpresa nenhuma. No início de 2013, quando Dilma surfava com mais de 45% de intenções de voto, afirmei aqui neste blog que essa é eleição para dois turnos. Sempre foi. Aécio (com ou sem Petrobras, com ou sem inflação) tem alianças, base social e uma conjuntura a empurrá-lo para pelo menos 20% ou 25% dos votos no primeiro turno. Daí pra cima. Eduardo Campos, da mesma forma, é candidatura para 10% ou 15%.
Isso significa que os dois candidatos da oposição, juntos, terão ao menos 35% dos votos no primeiro turno. Somados aos “nanicos” (pastor Everaldo, Eduardo Jorge do PV, Randolfe do PSOL), os votos da oposição chegariam a pelo menos 40% ou 42%.
Se levarmos em conta que teremos 20% de brancos e nulos, Dilma teria que obter 40% mais um dos votos totais pra vencer. Isso parece improvável.
Se o quadro permanecer estável, ou seja, se não houver nenhuma tragédia durante a Copa (e não falo de a Argentina ganhar do Brasil na final com gol no último minuto – toc, toc, toc), o mais provável é que Dilma ainda caia mais um ou dois pontos até agosto e Aécio suba mais um pouco.
A candidata petista, então, teria o horário eleitoral para oferecer um fogo de barragem ao bombardeio midiático – mostrando que o quadro do país não é maravilhoso (sejamos honestos, está longe de ser maravilhoso), mas que melhoramos muito desde que abandonamos o programa neoliberal puro que aécios, armínios, mervais, marinhos e civitas querem agora trazer de volta. Ou seja: Dilma pode oscilar para 35%, depois voltar a 37% ou 38%… 
Aécio, por sua vez, depois de chegar a 20% no DataFolha, já começou a apanhar da dupla Eduardo-Marina (Aécio é candidatura que “cheira” a derrota, avisou Marina). O que deve impedir o tucano de subir em ritmo mais rápido. Quando começar o horário gratuito, no entanto, Eduardo ficará em péssima condição, e Aécio deve-se consolidar como oponente do lulismo. 
Esse blog admite que superestimou a capacidade de dupla Aécio-Marina. Parecem destinados a acumular forças para 2018, o que já não será pouco.
O segundo turno deve ser ainda mais duro do que em 2010. Mas Dilma segue favorita, porque a comparação com os anos do tucanato servirá para manter a coesão da base social do lulismo.
A presidenta, no entanto, parece ter percebido que não adianta seguir a receita marqueteira para ganhar “sem marola”. Numa eleição tão dura, em que a diferença entre ela e o oponente no final pode ser de apenas 3 ou 4 pontos, será preciso endurecer no discurso.
A direita já endureceu, até o paroxismo. Nas ruas, nos bares e ambientes sociais, o ódio e o antipetismo atingem um ponto sem volta. Muita gente, impressionada com o que diz a classe média, apavora-se e acha que Dilma já perdeu.
Não é verdade. O jogo será duro até o fim. E Aécio até agora nadou de braçada, sem ser questionado. Aloysio “vá a PQP” Nunes mostrou que tucanos tem queixo de vidro. Qualquer sopapo e já se desmancham pelo chão.
Tucanato, Globo, velha mídia judiciário gilmariano e parte do peemedebismo velhaco terão que ser tratados como inimigos – pura e simplesmente. Dilma precisa fazer uma campanha na ofensiva. O segundo mandato, se vier, será de uma oposição ainda mais pesada. Na defensiva, na base do tecnicismo e da marquetagem, Dilma terá dificuldades para ganhar. E, mais que isso, terá dificuldade para governar.
À direita, restará jogar na instabilidade durante a Copa. Mas mesmo essa operação será arriscada. Entre os petistas, consolida-se a certeza de que – se Dilma cair para menos de 35% – Lula volta, terá que voltar.
Engana-se quem pensa que isso é apenas discurso da oposição para “confundir”. Lula sabe que a direita judiciária e midiática (dos mervais e gilmares) quer vê-lo preso. Com o PT fora do poder, o alvo seria Lula.
O ex-presidente vai insistir até o limite com Dilma. Mesmo que seja para ganhar na disputa de pênaltis – com Aécio chutando a ultima cobrança pra fora, feito um Bagio tucano.
Ganhar, com Lula, seria ganhar com Pelé em campo. Mas uma vitória – como a da seleção de Parreira em 94 – também vale a taça.
(Publicado originalmente no site O Escrevinhador)

Novo livro de Michel Zaidan será lançado no próximo dia 16/05



O novo livro do professor Michel Zaidan Filho será lançado no próximo dia 16, às 16:00 horas, no auditório Manoel Correia da Andrade, no CFCH-UFPE, no âmbito do Curso sobre a Escola de Frankfurt, que inicia nesta segunda, 12, onde o professor é um dos palestrantes. O livro reúne uma série de artigos publicados pelo professor , enfocando vários aspectos da gestão eduardiana em Pernambuco, como infraestrutura, choque de gestão, educação, política fiscal, saúde, meio-ambiente, alianças políticas e, principalmente, a urdidura que tornou possível a candidatura do ex-governador à Presidência da República. 

sexta-feira, 9 de maio de 2014

O Rubicão da reeleição de Dilma

9 de maio de 2014 | 18:47 Autor: Fernando Brito

seta
Embora a oposição se apresse em dizer o contrário e possa, a alguns, parecer paradoxal, o dia de hoje marca trecho final, em condições bastante razoáveis para Dilma Rousseff, do período eleitoral pré-Copa, o mais difícil para a candidatura da atual presidente à reeleição.
Os principais elementos negativos para ela já foram para a mesa: a inércia política de seu Governo, as dificuldades com a base parlamentar, a  ”ofensiva moralista” encarnada na exploração da Petrobras e, muito  mais importante, o quadrimestre bastante complicado em matéria de inflação, mais aguda por conta da seca e do represamento das tarifas de transporte no ano passado, que começou a retroceder, com a divulgação do IPCA (0,67%, contra uma “aposta” do mercado de 0,8%) e a primeira prévia do IGP-M marcando 0,06% (o índice cheio para o mês é previsto pelos bancos em 0,4%).
Por mais que o terrorismo inflacionário vá seguir, não há como esconder que para a parcela mais pobre da população, onde o INPC reflete melhor a pressão dos preços,  o acumulado em 12 meses é, com seus 5,82%, muito menos aterrorizante que o de abril de 2013, quando somava 7,16%.
Não é o melhor dos mundos, mas também não é um cenário desesperador, como apostava – e não perdeu ainda as esperanças – a turma do “quanto pior, melhor”.
O último fator – a Copa – embora ninguém deva ter a ilusão de que aí não virão manifestações – não dá também sinais de que vá adquirir as proporções de um ano atrás, com a adesão de parcelas significativas da classe média.
Ao contrário, a tendência é a de que o clima da competição e a conclusão de muitas obras a ela ligadas aponte para uma dissolução das reservas que artificialmente se criaram sobre os “danos” que ela traria ao país.
Empolgação à parte,  o conservadorismo brasileiro tem, é certo, algo como 35% dos votos assegurados e, com Aécio consolidado como seu candidato, inclusive com um movimento de pesquisas que definem sua supremacia sobre um Eduardo Campos que começa a ser empurrado para o nada, como já fica claro nas pesquisas.
Contra ele, à medida em que a campanha avance, há o peso de um Lula que se conserva, intocado, com a maioria absoluta de intenções de voto.
Quanto ao jogo das pesquisas, apenas reproduzo o texto da revista Veja sobre uma pesquisa Ibope, menos de um ano antes da eleição que reelegeu Lula em 2006:
ecta“O Ibope divulgou pesquisa que, pela primeira vez, aponta para uma derrota do presidente Lula nas eleições de 2006. Segundo o levantamento, Lula perderia para o tucano José Serra, prefeito de São Paulo, já no primeiro turno das eleições de 2006, com um placar de 37% a 31%. As pesquisas mostram ainda a ascensão rápida do também tucano Geraldo Alckmin, governador de São Paulo. Quando o nome dele aparece como o escolhido pelo PSDB para enfrentar o presidente, Alckmin, que nunca fez campanha nacionalmente nem ocupou cargos federais, perde por apenas quatro pontos – quase dentro da margem de erro estatístico. Os números da pesquisa mostram Lula em uma rampa descendente íngreme na preferência popular – enquanto na rampa oposta, ascendente, estão vindo seus potenciais contendores na campanha do ano que vem. 
Com base nos dados da pesquisa do Ibope e com a ajuda de técnicos do instituto, VEJA transformou as porcentagens em números absolutos e comparou-os aos resultados obtidos nas últimas eleições presidenciais pelos então candidatos Serra e Lula. O resultado é impressionante. Consagrado nas urnas em 2002 com 52 milhões de votos, Lula, três anos depois do pleito, perdeu 20 milhões de eleitores. Isso significa que quase 40% das pessoas que o queriam na Presidência hoje não querem mais. Só na Região Sudeste (que reúne 45% do eleitorado brasileiro), o presidente viu desertarem 10,6 milhões de eleitores desde que assumiu o cargo. O cálculo foi realizado com base nos porcentuais de intenção de voto atribuídos a Lula e Serra em um hipotético segundo turno – ponderados os índices de abstenção registrados nas eleições de 2002 em cada região do país e descontados os votos brancos e nulos. Por essas mesmas contas, Serra ganhou 11 milhões de eleitores em relação à última eleição presidencial. No dia seguinte à divulgação da pesquisa do Ibope, o Datafolha anunciou a sua, com números praticamente idênticos. “
Não é preciso mais do que as pesquisas para que você julgue as pesquisas, não é?
(Publicado originalmente no site Tijolaço)

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Caro senador Aloysio: não perca a cabeça; e os riscos do "vá pra puta que te pariu".

Caro senador Aloysio: não perca a cabeça; e os riscos do “vá pra puta que te pariu”

publicada quarta-feira, 07/05/2014 às 18:02 e atualizada quarta-feira, 07/05/2014 às 18:52

Petista tem que apanhar? A lógica do linchamento...
Lembre-se, caro senador, que esse clima de “pega pra capar” costuma começar com Robespierre cortando cabeças. E depois a cabeça de Robespierre também vai pra guilhotina. Com todo o respeito, não perca a cabeça.
por Rodrigo Vianna
Caro senador, essa “carta” é escrita sem rancor nem ironia. O senhor provavelmente nem me conhece. Escrevo depois de vê-lo agredir verbalmente um blogueiro que tentou entrevistá-lo na última terça-feira, no Congresso. O senhor xingou o rapaz, avançou contra ele, e depois tentou se justificar nas redes sociais, dizendo que ele era um “ex-assessor do PT”. Aqui um tweet do @Aloysio_Nunes: “acha que um senador de oposição pode ser ofendido por um ex-assessor do PT ? Acha que não há câmeras no Senado?”
A mídia ligada ao tucanato rapidamente espalhou a notícia (falsa) de que um senador reagira a “insultos” de um blogueiro ligado ao PT. O nome do blogueiro é Rodrigo Pilha. As imagens, senador, não mostram insultos por parte do blogueiro. Mas um tratamento até respeitoso – apesar de provocativo. Veja mais detalhes aqui.
Parece-me que o PSDB está mal acostumado: protegido pela mídia paulista e mineira, tem queixo de vidro. Não sabe apanhar, perdeu a capacidade de levar uns golpes. Já quer partir pra briga, pedir cabeças, mandar prender. Lamentável.
Senador, preciso dizer que eu costumava ter certo respeito pelo senhor, pela sua história. Respeito, justamente, pela firmeza que o senhor demonstrou nos momentos em que seu partido esteve na defensiva no segundo governo Lula. Enquanto Serra e Alckmin “esconderam” FHC, e renegaram o privatismo, o senhor fez campanha ao Senado com FHC no horário eleitoral em 2010. Defendeu FHC, e foi apoiado por ele. Gosto de gente que atua assim, de peito aberto. Mesmo carregando um fardo pesado.
Além disso, quando era Chefe da Casa Civil de Serra no governo paulista, o senhor alocou recursos para publicar livro importante, sobre desaparecidos políticos – editado por famílias de gente que morreu lutando contra a ditadura.
Muita gente não sabe que o senador Aloysio foi um dia o “camarada Mateus” – guerrilheiro da ALN. Atuou ao lado de Marighella, deu tiros, assaltou. Jamais renegou esse passado. E nem teria porque fazê-lo: lutava contra uma ditadura. O senhor foi mais prestativo do que certos petistas no momento em que famílias de desaparecidos e mortos pela ditadura precisaram de ajuda. De novo, postura corajosa, na medida em que contraria posições de eleitores e da base social tucana em São Paulo – que se deslocou para a direita.
Pois bem. Ao avançar contra o blogueiro no Congresso, o senhor não mostrou coragem. Ao contrário, confundiu bravura com desrespeito e autoritarismo. Foi covarde, até.
Mais que isso: o senhor justificou o ataque ao blogueiro pelo fato de ele ser do PT. Não esperava que o senhor aderisse à lógica justiceira que já incendeia as ruas e a internet. Há um movimento, um desejo latente em certos setores, de “exterminar o PT”. E ele gera um clima violento de parte a parte. “Tucanalha” de um lado. “Petralha” do outro. Onde isso vai nos levar, senador?
De fato, a abordagem do blogueiro Pilha pode ter irritado o senhor. Mas já imaginou se Genoíno ou Dirceu reagissem da mesma forma, quando foram abordados de forma muito mais agressiva por equipe de TV? Imagine se um parlamentar do PT avançasse sobre um jornalista ou humorista, gritando e xingando como o senhor fez? Estaria sujeito a pedido de cassação, por quebra de decoro. Viraria manchete. Sabemos que a mídia tucana não fará isso com o senhor. Mesmo assim, sua imagem (perseguindo aos berros o blogueiro) percorre a internet; e  não é das mais edificantes.
Imagine se o ex-presidente Lula fizesse o mesmo com certos blogueiros da “Veja” que o atacam de forma muito mais virulenta todos os dias? O Lula teria que dar uns sopapos na turma da “Veja”? Mandar a “PQP”? Esfolar? Prender?
Caro senador Aloysio, o senhor errou.
Perder a cabeça é algo normal. Quem sou eu pra dar lição de moral nesse sentido… Quem me conhece sabe que eu também brigo, não aceito desaforo. Então, senador, o mais grave não foi perder a cabeça. Mas tentar justificar o ataque porque afinal, do outro lado, estava um petista.
Senador, isso parece aquela turma que lamenta o linchamento da moça no Guarujá, porque afinal “ela não fez nada”, “não era a pessoa certa”. Ah, se tivesse feito, então podia linchar?
Esse clima de “linchamento”, de “criminalização” política, afeta hoje mais gravemente o PT. Até porque o bombardeio midiático é desproporcionalmente mais intenso quando há um petista envolvido em denúncias. Mas essa história de “vai pra puta que te pariu, seu petista”, pode virar fácil “morte aos tucanos que acabaram com a água de São Paulo”.
Senador, o senhor deveria pedir desculpas ao rapaz. Isso não o diminuiria em nada. Não significaria ceder em um milímetro nos duros embates com o PT. Legítimos, apesar de quase sempre eu estar do outro lado – e não ao seu lado nesses embates.
A sua história, apesar do PSDB ter ido para a direita, não merecia esse momento Toninho Malvadeza. O senhor é melhor que isso. Apesar de todas nossas discordâncias, sei que é.
E acho que o senhor faria bem se respondesse às perguntas que o blogueiro tentou fazer ao ser interrompido pelo “vai pra puta que te pariu”:
- por que o PSDB quer CPI em Brasília, mas não admite CPI em São Paulo para apurar as denúncias graves de “corrupa” no Metrô e nos trens?
- se o senhor acha que não precisa de CPI em São Paulo porque afinal já há outras instâncias (MP, policia etc) a investigar, por que diabos esse raciocínio não vale para a Petrobrás?
- e o que o senhor acha do envolvimento de seu nome nas denúncias em São Paulo? O senhor não deve? Então explique, sem gritar – por favor.
Lembre-se, caro senador, que esse clima de “pega pra capar” costuma começar com Robespierre cortando cabeças. E depois a cabeça de Robespierre também vai pra guilhotina.
Com todo o respeito, não perca a cabeça.
(Publicado originalmente no site O Escrevinhador)