pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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sexta-feira, 8 de março de 2024

O xadrez político das eleições municipais de 2024 no Recife: Paraná Pesquisas aponta liderança de João Campos em todos os cenários.

Crédito da foto: Rodolfo Locpert


Já faz algum tempo que não tratamos deste assunto por aqui, mas convém fazê-lo, para não perdermos o bonde das próximas eleições municipais no Recife ou algum lance importante. É preciso ficar de olho no lance, conforme observa o Sílvio Luiz. Durante este período, alguns fatos ocorreram, merecedores de nossa apreciação, como os movimentos do Palácio do Campo das Princesas no sentido de cooptar partidos da base de apoio do prefeito João Campos; o "cisma no PDT local, depois que o Ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, resolveu apoiar o nome do Deputado Federal Túlio Gadelha, da Rede Sustentabilidade, como pré-candidato à Prefeiuta da Cidade do Recife, quando as lideranças locais do partido já haviam fechado com o projeto de reeleição do prefeito João Campos; Assim como uma pesquisa recente do Instituto Paraná Pesquisas - de grandes acertos nas últimas eleições presidenciais - apontanto um cenário de céu de brigadeiro no que concerne ao projeto de reeleição do atual gestor, com uma aprovação que já supera 80% do eleitorado. 

Em termos de Brasil, João só perde para um prefeito de uma cidadezinha do Pará, Macapá, filiado recentemente ao MDB, Dr. Furlan. O caboclo tem mais de 90% de aprovação popular e o grupo político do governador Jáder Barbalho Filho já o atraiu para as suas fileiras, de olho nas eleições presidenciais de 2026, na expectativa de compor a chapa presidencial encabeçada pelo morubixaba petista.  Há quem diga que a governadora Raquel Lyra não deixa de lançar seus olhares e ouvidos sobre o que se passa na cozinha do Palácio Capibaribe. Pode até ser verdade, mas a gestora enfrenta neste momento, uma espécie de tempestade perfeita, ou seja, um turbilhão de problemas na gestão que seriam capaz de tirar o sono de qualquer gestor, como os gravíssimos índices do aumento da violência no Estado. A revista Veja desta semana traz uma longa matéria abordando este assunto, onde faz menção desde à trajetória política da gestora, até este momento delicado que ela enfrenta na condução do Governo do Estado.  

Conforme a matéria, há outros problemas, inclusive os políticos, mas esta questão da segurança pública é o maior deles, sem qualquer sombra de dúvidas, principalmente se considerarmos as fragilidades nos expedientes que estão sendo adotados no seu enfrentamento. Trata-se de um assunto nevrálgico. Já escrevemos alguns artigos tratando do assunto, mas optamos por não publicá-los por aqui para não melindrarmos. Não somos apenas nós. O país está com os nervos à flor da pele e continua "descendo mais alguns degraus", se considerarmos o nível de alguns parlamentares que deverão liderar comissões importantíssimas no Legislativo.  

Ao ter dois partidos retirados de sua base de apoio político pela governadora, a expectativa ea a de que o prefeito João Campos(PSB-PE) apressasse uma definição de sua relação com o PT consoante às próximas eleições municipais. Pelo andar da carruagem política, tudo continua no mesmo diapasão de antes, mas asseguramos que não adiantarão as pressões para o prefeito aceitar o vice indicado pelo partido em sua chapa. Nem a entrada do morubixaba petista nessas negociações sugere que o quadro possa vir a ser revertido.

Apenas um tsunami político poderia alterar a condição de liderança absoluta na disputa hoje ostentada pelo herdeiro do espólio eleitoral do ex-governador Eduardo Campos. Nesta pesquisa, João Campos aparece com 64,6% dos votos, seguido de João Paulo, do PT, com 7,5%, e o atual Secretário de Turismo do Estado, Daniel Coelho, com 5,5% das intenções de voto. Da alquimia do Palácio do Campo das Princesas, Daniel Coelho é aquele que se apresenta em melhores condições de ter o apoio da gestora Raquel Lyra.

Militantes históricos do PDT no Estado e rivais da governadora em seu reduto eleitoral de Caruaru, os Queiroz estão alinhados com o projeto de reeleção do prefeito João Campos, que retribui apoiando a candidatura de José Queiroz a prefeito da Princesa do Agreste. Salvo melhor juízo, ambos comeram uma chã de bode no dia de hoje, no aprazível Alto do Moura. João parece ter assimilado bem as lições deixadas pelo pai. 

Editorial: Os "fios desencapados" da tantativa do golpe de 08 de janeiro II ou a "banalização" do golpe.


Não faz muito tempo, publicamos por aqui uma postagem tratando dos erros primários cometidos pelos conspiradores que estiveram envolvidos com a trama golpista do 08 de janeiro. Em matéria de capa de sua edição deste semana, a revita Veja traz uma reportagem tratanndo dos fatos "surreais" que estiveram relacionados àqueles episódios. Não se dão mais golpes de Estado como antigamente, com tanques e pessoas armadas nas ruas. Os procedimentos hoje são mais sutis, não raro operando a partir da própria institucionalidade, com o propósito de solapá-la. Curioso que as condições inerentes a um golpe de Estado tradicional são sempre invocadas pelos bolsonaristas radicais, inclusive, para negar que houve uma tentativa de golpe no país. 

O que ocorreu nos dias ou meses que antecederam ao 08 de janeiro é, como classifica a revista, algo, de fato, surreal. Os conspiradores, para cometerem tantas impropriedades, sugere que estavam convencidos sobre a irreversibilidade do processo autoritário e certos de que não haveria mais instituições democráticas para alcançá-los. A revista sugere que eram recorrentes as propostas de caráter golpistas encaminhadas ao capitão. Ou seja, ocorreu uma espécie de "banalização" do golpe de Estado entre os principais atores que gozavam do convívio mais estreito ou do "entorno" do ex-presidente.  

O assunto chegou a ser tratado numa reunião ministerial, gravada e aberta, onde supõe-se, neste caso, que não se tratava apenas de um descuido de segurança ou vazamento imprevisto, mas a incômada naturalidade com que o assunto era tratado nos estertores da ancien régime. A revistas teve acesso a trechos do depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, que deverá voltar a depor na Polícia Federal na próxima segunda-feira, dia 11. Vale a leitura. 

Para quem, como nós, acompanha o cenário politico pernambucano, também recomendamos uma matéria, nesta mesma edição, sobre a "tempestade perfeita" enfrentada pela governadora Raquel Lira(PSDB-PE). Momento político delicado enfrentado pela herdeira dos Lyra, principalmente no tocante à crise de segurança pública, onde se verifica um aumento exponencial dos casos de mortes violentas intencionais em 2024, quando se compara com os mesmos índices observados em 2022. Neste ritmo, logo superaremos a Bahia no ranking de Estado mais violento do país. Infelizmente.   

Charge! Jaguar via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 7 de março de 2024

Editorial: Pastor Sérgio Queiroz, o fato "novo' nas eleições municipais de João Pessoa.



Pelo andar da carruagem política, mantida as atuais condições, a prefeitura de nossa querida João Pessoa deve ser mantida em mãos de governantes de perfil conservador ou de direita. E talvez caia nas mãos da extrema-direita, se considerarmos as intensas movimentações dos bolsonaristas em torno daquelas eleições. A Paraíba tem uma característica das mais interessantes, algo que já enfatizamos por aqui em algumas ocasiões: Os programas de debates políticos são regulares, ocorrem todo o ano, seja ou não ano de eleições. 

Mesmo assim, está sendo difícil para este editor acompanhar as movimentações do Palácio da Redenção em torno deste assunto. Quem o alquimista João Azêvedo, na cozinha do Palácio, está preparando para concorrer ao pleito. A quem o socialista deverá emprestar o seu apoio político para disputar a Prefeitura da Cidade de João Pessoa em 2024?. Ou estamos mal informados, ou pouca coisa se sabe sobre o assunto. O pastor Sérgio Queiroz, filiado ao partido "Novo", coincidentemente, é o fato novo nas eleições municipais deste ano. 

Animado com uma pesquisa de intenção de voto recentemente divulgada sobre a disputa - onde ele aparece bem na fita - em inúmeras entrevistas concedidas, o pastor tem demonstrado o desejo de uma eventual candidatura à prefeitura da cidade. Conservador e evangélico, o pastor poderia provocar um tsunami na disputa, uma vez que bateria de frente com uma candidatura apoiada pelo bolsonarismo, a do ex-ministro da Saúde do Governo Bolsonaro, o médico Marcelo Queiroga, e poderia tirar votos conservadores do atual prefeito Cícero Lucena, do PP, que é candidato à reeleição. 

Vislumbra-se a possibilidade de ele compor com Marcelo Queiroga, mas, por enquanto, tal possibilidade não passa de especulação, embora conte com o sinal verde do próprio Bolsonaro. O certo é que a entrada do pastor Sérgio Queiroz no pleito produz uma espécie de freio de arrumação na disputa. Empareda Queiroz, que se propõe representante do bolsonarismo, dispersa o eleitorado conservador de Cícero Lucena, e pode herdar os votos do autêntico bolsonarista do passado, apeado da disputa por uma armação dos próprios bolsonaristas, o jornalista Nilvan Ferreira.     

Charge! Nando Motta via 247

 


Editorial:"Essa tal de comissão se vier é bom porque a fome aqui é grande".


Em reuniões recentes, o Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, juntamente com as lideranças partidárias, bateu o martelo sobre a composição e a presidência das comissões legislativas. Maior partido de oposição, o PL foi muito bem aquinhoado, ficando atrás apenas do PP, partido do Presidente Arthur Lira, se tormarmos como parâmetro apenas o orçamento a ser administrado. Em termos estritamente politico, o PL fica com comissões importantíssimas, como a Comissão de Constituição e Justiça e a de Educação, entreques, respectivamente, a Deputada Federal Caroline de Tony, do PL de Santa Catarina, e o Deputado Federal por Minas Gerais, bolsonarista raiz, Nikolas Ferreira. 

Vamos aqui emitir nossa opinião, enquanto ainda é possível. Independentemente de Governo ou Oposição, não acreditamos que essas duas comissões estejam em boas mãos. Ambos deputados são muito orientados ideologicamente, incapazes de ver e conviver com outros interesses em jogo, que não aqueles guiados por sua ideologia. Como diria o general G. Dias, vamos ter problemas por aqui. Já era previsto que Caroline de Toni assumiria tal comissão, num acordo firmado entre os partidos, onde caberia ao PL assumir a presidência da comissão depois do PT.  A comissão estava até recentemente sob a direção de Rui Falcão, do PT paulista. 

Outro fantasma que assusta o Governo é a possibilidade de o União Brasil assumir o controle das duas Casas Legislativa, o que seria mais provável. Nos bastidores, o próprio Governo vem dando uma força ao nome de Davi Alcolumbre para substituir Rodrigo Pacheco. Raposas política não jogam numa única posição tampouco antecipam seus passos, mas, o que se diz nos escaninhos da política na capital federal é que ninguém pode apostar um centavo numa rusga entre Rodrigo Pacheco e o Governo até uma eventual indicação do novo ministro da Suprema Corte. 

Sobre os bilhões em emendas que rolam nessas comissões, vale contar aqui uma anedota relatada por uma grande personalidade política pernambucana, hoje com cadeira cativa no parlamento nacional. Contava tal liderança que, nos idos da década de 80, viajando pelo interior para conseguir o número de assinaturas necessárias para fundar o seu partido político  - melhor pista impossível, leitores - quase perdia a voz, num discurso inflamado, na cidade de Petrolina, Sertão do São Francisco, repetindo sempre a necessidade de conseguir novas filiações para formar as  comissões. Uma senhora o ouvia atentamente. Quando ele terminou o discurso e desceu do palanque, ela o abordou com a seguinte expressão: Filiação não precisa porque menino aqui já tem demais, mas essa tal de comissão se vier é bom porque a fome aqui é grande. Ela havia confundido filiação com filhos e comissão com comida. Como o país vem descendo a ladeira civilizatória há algum tempo, não estranha a queda de nível dos ocupantes dessas comissões. 

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 6 de março de 2024

Editorial: Numa fase decisiva das investigações sobre o golpe, Polícia Federal ouve novamente o tenente-coronel Mauro Cid.


Está agendada para a próxima segunda-feira, 11\03 uma nova oitiva do tenente-coronel Mauro Cid à Polícia Federal. Muito mais do que as próprias hostes militares esperavam, os fardados estão dando uma enorme contribuição para os esclarecimentos definitivos sobre a tentativa de golpe do 08 de janeiro. Depois do depoimento primoroso do general Freire Gomes, que respondeu a todas as perguntas formuladas pelos investigadores, os fios que ainda estavam soltos do novelho golpistas foram, enfim, amarrados. 

Ocorreram reuniões com os comandantes militares onde o assunto foi objetivamente tratado. Havia, inclusive, duas minutas redigidas, possivelmente ainda precisando dos "ajustes" que, neste caso, dizia respeito, tão somente, ao tratamento que deveria ser dispensado às autoridades da Repúblicas, notadamente aos ministros da Suprema Corte. Em essência, ambas previam a decretação de um Estado de Sítio, abolindo o Estado Democrático de Direito. Até um discurso pós-golpe estava pronto. 

Percebam os leitores que a tese negacionista de antes, bastante enfatizada pelos bolsonaristas, de que não houve propriamente golpe deixou de ser usada. Pune-se as artimanhas e tessituras de caráter golpista que atentam contra as instituições democráticas e o Estado Democrático de Direito. Pelo andar da carruagem política, o inquérito está na fase de afinação de violino, ou seja, a oitiva do tenente-coronel Mauro Cid será apenas para confirmar ou não alguns pontos apresentados pelos depoimentos anteriores.

Embora "massacrado" pelas hostes bolsonaristas radicais, o general Freire Gomes cumpriu, conforme enfatizamos em outros momentos, um papel crucial sobre aqueles episódios obscurantista, quando as nossas instituições democráticas estiveram sob risco iminente. O mesmo se pode afirmar sobre o comandante da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior. Ambos se recusaram a embarcar na aventura golpista proposta pelo aloprado.   

Editorial: Tarcísio de Freitas com os dois pés no PL.


A janela partidária está se aproximando e, com ela, num movimento natural, espera-se que ocorram algumas mudanças de sigla entre os parlamentares. Algumas delas passarão até despercebidas, mas, em razão do capital político de algumas lideranças, haverá uma especulação maior da imprensa em torno do assunto. Um desses atores políticos que a imprensa acompanha detidamente os movimentos é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, atualmente filiado ao Republicanos, mas, segundo se especula, com os dois pés no PL do ex-presidente Jair Bolsonaro. 

Dizem até que tal transição já poderia ter sido anunciada no encontro bolsonarista na Paulista, mas os caciques resolveram aguardar mais um pouco. Os dois, Tarcísio e Bolsonaro, vivem trocando afagos e amabilidades durante suas aparições públicas. Tarcísio se rasga em elogios ao ex-presidente, apresentando-o como um fenômeno político que deve ser estudado. Constantemente malhado, inelegível, na iminência de ser indiciado pelo 08 de janeiro, conseguir reunir multidões em suas aparições públicas não é para qualquer um.  

Para nós, fica mais semples explicar porque o PL seria o destino natural para o governador, que cumpre fielmente uma agenda bolsonarista raiz no Estado de São Paulo, a explicar por que ele estaria deixando o Republicanos. Como se sabe, Tarcísio se opõe ao flerte de sua legenda com o Planalto, mas não deve ser apenas por isso. Quando ao seu interesse pelo PL, apesar das inúmeras estrelas em ascendência no escopo do bolsonarismo, dentro ou fora da legenda, a exemplo do governador Ronaldo Caiado, seja para 2026, seja para 2030, como mais provável, não há duvidas de que, neste momento, Tarcísio de Freitas se coloca como o herdeiro mais legítimo do espólio político bolsonarista. 

Ao passo em que Tarcísio está com os dois pés dentro, especula-se que o ex-Ministro do Meio Ambiente do Governo Bolsonaro, Ricardo Salles, estaria com um pé fora da legenda. Diante desas especulações, o próprio parlamentar fez questão de enfatizar que sua admiração pelo líder Bolsonaro continua inalterada. Não procede, portanto, sua inteção de deixar a legenda, apesar das mágoas de não ter recebido o apoio do partido para disputar a eleição municipal deste ano.  

Editorial: Receita de bolo com Neston.



Pela imprensa, tomamos conhecimento que o depoimento de dez horas do general Freire Gomes está produzindo o efeito de deixar muita gente incomodada com as suas eventuais consequências e desdobramentos. Haveria, até mesmo, uma mobilização de atores insatisfeitos, no sentido de desacreditar o general, tratando-o como "traidor". A insatisfação parte de militares e civis enredados, naturalmente, com as tessituras de caráter golpista do 08 de janeiro. O Brasil é um país que virou de ponta cabeça. 

Tentativa de golpe de Estado mais do que confirmada pelas testemunhas oculares; instabilidade institcuinal sem possibilidade de um equacionamento a curto prazo; avanço do crime organizado e dos grupos milicianos sobre a estrutura do Aparelho de Estado; recrudescimento de epidemias como dengue e avanço da Covid-19.  O velho Ciro Gomes,cansado das disputas eleitorais, mas ainda não totalmente cansado de guerra, já anda apontando eventuais irregularidades no Governo Lula, algo que cai como uma luva para a oposição explorar pelos meios possíveis, seja através dos seus canais das redes sociais, seja através do parlamento, ora com propostas de impeachment, ora com propostas de CPI's. Estão no seu papel. 

Em meio a este turbilhão, no dia de ontem tomamos conhecimento de uma notícia engraçada, mas nem por isso menos preocupante. Entre os computadores apreeendidos pela Polícia Federal, em suas operações de buscas e apreensões,no curso das investigações sobre a tentativa de golpe de 08 de janeiro, um arquivo em particular tem chamado muito a atenção dos investigadores. Trata-se de um arquivo doc., com o título "Receita de bolo com Neston", aparentemente inofensivo, mas o que surpreendeu o pessoal da Polícia Federal é que o arquivo é protegido por "senha".       

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 5 de março de 2024

Editorial: Pablo Escobar morreu no dia ontem, na Bahia.


Quando o Pacto pela Vida foi implementado em Pernambuco, reduzindo sensivelmente os índices de violência no Estado até então, tornaram-se recorrentes as visitas de comissões de outros Estados da Federação a Pernambuco, com o propósito de conhecer o plano de segurança pública em vigor no Estado durante o Governo de Eduardo Campos. Com ligeiras mudanças ou adaptações específicas, muitos outros Estados da Federação acabaram por replicar o plano em sua nevrálgica área de segurança pública. Por aqueles idos, de fato, havia um plano de enfrentamento do grave problema da segurança pública no Estado. Hoje, não sei se podemos afirmar o mesmo. 

O Pacto pela Vida recebeu reconhecimento internacional pelos resultados obtidos. Havia uma "filosofia", planejamento,  estrutura, estratégias, equipes definidas, metas estabelecidas e coordenação das ações. Um dos principais artífices do plano, inclusive, havia passado por uma experiência de estudos na cidade de Medelín, na Colômbia, que havia desenvolvido um projeto bem-sucedido para o enfrentamento do problema da violência na cidade. Para atender uma promessa de campanha feitas aos seus eleitores, o próprio governador participava das reuniões de avaliação do plano, cobrando, por vezes de forma enérgica, o alcance das metas definidas. Ora premiando os agentes públicos que conseguiam atingi-las, ora afastando aqueles que não obtinham bons resultados.

E olha que, por essa época, ainda eram incipientes a participação de grupos milicianos e do crime organizado atuando no Estado, seja diretamente, seja através de suas afiliadas - que hoje se enfrentam na disputa por locais de comércio de entorpecentes - resultando na morte de desafetos rivais, como ocorreu recentemente em Itamaracá. Hoje, o mais sensato seria os gestores da área de segurança pública do Estado conhecerem as políticas públicas que estão sendo desenvolvidas em Estados como Goiás, que vem obtendo os melhores resultados na luta contra a violênia urbana. 

Mas vamos fazer aqui outra proposta igualmente interessante: Que tal se tais gestores verificassem o que ocorre com o Estado da Bahia, que hoje enfrenta gravíssimos problemas de violência urbana, tornando-se o Estado mais violento do país? Como os índices de violência cresceram tanto naquele Estado e, principalmente, como chegamos a isso. A presença de facções do crime organizado como o Comando Vermelho atuando no Estado pode oferecer alguns elementos importantes, mas o fenômeno de aumento exponencial de tais índices talvez não possam ser explicado apenas por tal variável, como se conclui precipitadamente. O Pacto pela Vida contou com este suporte de estudos e pesquisas, principalmente com integrantes do campo acadêmico. Não custa quase nada verificar as reflexões recentes dos estudantes daquele Estado sobre o assunto, em teses e dissertações que possam estar mofando nas prateleiras das bibliotecas setoriais.  

Somente no dia de ontem, dez policiais foram afastados de sus funções por envolvimento com grupos milicianos, depois de uma investigação conduzida pelo Corregedoria, o Gaeco e o Ministério Público. A estimativa preliminar é que o grupo tinha um faturamento da ordem de R$ 700 mil a um milhão por mês. Um comerciante chegou a ser morto por se recusar a pagar uma extorção de R$ 7 mil mensais. Ele tinha um depósito de gás. Um outro, que se recusou a instalar câmara de segurança em sua residência - por onde seriam monitoradas a presença de forças policiais e grupos rivais - também teve o mesmo destino.    

No dia de ontem 04\03, a Operação Responcio, desencadeada pelo Polícia Civil, num bairro da periferia da capital Salvador, Valéria, bairro vulnerável socialmente, onde o crime organizado viceja, numa troca de tiros entre policiais e traficantes, acabou morto Ricardo de Assis Gomes Oliveira, mais conhecido como Pablo Escobar, daí a nossa brincadeira na chamada do editorial. A Facção que domina o tráfico na região é uma com o nome de Katiara, comandada até então pelo Pablo Escobar. Já perdemos a conta das facções que atuam naquele Estado, não necessariamente sob o guarda-chuva das facções do crime organizado que atuam nacionalmente. O Bonde do Maluco, por exemplo, é uma facção criminosa genuinamente baiana, fundada no Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador. Chegamos a fazer uma associação desta fação com o Comando Vermelho, mas, na realidade, elas são rivais. O Bonde do Maluco é ligado ao PCC, conforme corrigiu um "agente de Estado", em mensagem ao blog.     

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 4 de março de 2024

Editorial: Boulos lidera em São Paulo com 34% das intenções de voto, em pesquisa do RealTime Big Data.



O Instituto tem um nome esquisito, mas isso é o que menos importa. O fato é que todas as pesquisas de intenção de voto em São Paulo, projetadas sobre as próximas eleições municipais de 2024, apontam um renitente e profundo equilíbrio de forças entre o candidato do PSOl, Guilherme Boulos, apoiado pelo PT nacional, e o candidato Ricarco Nunes, do MDB, apoiado por um amplo arco de forças, mas bastante identificado com o bolsonarismo. Nesta última pesquisa, Guilherme Boulos lidera com 34% das intenções de voto, enqaunto Ricardo Nunes crava 29%. 

Numa projeção de segundo turno, realizada pelo próprio Instituto, porém, Nunes vira o jogo e aparece com 51% das intenções de voto, enquanto o psolista marca 49% das intenções de voto. Na realidade, embora os índices do Instituto estejam acima de sua margem de erro, se consideramos a gangorra vericada entre os candidatos na disputa, algo verificado pelos demais institutos que já realizarem pesquisas do gênero, na mesma praça, podemos concluir por um empate técnico entre os dois postulantes. Por enquanto, a disputa é  voto a voto, embora este editor preveja um cenário diferente até outubro.  

O segundo pelotão ainda não se aproximou dos principais concorrentes, como é o caso de Tabata Amaral, do PSB, que pontua com 10% das intenções de voto, assim como Kim Kataguiri, do União Brasil, que aparece com 6% das intenções de voto. Novidade mesmo somente o carro blindado que passou a ser utilizado pelo candidato Guilherme Boulos, depois que o deputado começou  a receber ameaças de morte. Tempos sombrios esses que estamos vivendo. Como os adversários do deputado não o perdoam, estão sugerindo que o tal "celtinha" era apenas marketing político. Coincidência ou não, no momento em que sai tal pesquisa, surgem matérias com um teor complicado para o atual gestor da cidade, Ricardo Nunes, onde teria sido verificada a existência de possíveis irregularidades em contrato de licitações assinados com a prefeitura.    

Editorial: Fernandinho Beira-Mar é transferido do presídio de Mossoró.



Até recentemente, a Polícia Federal encontrou indícios fortes sobre uma eventual facilitação da fuga de dois detentos da Penitenciária de Segurança Máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte. As medidas duras tomadas pelo Ministério da Justiça, afastando dos seus postos a direção do presídio, o corpo de agentes responsáveis pela segurança e inteligência sugerem, igualmente, que algo de muito grave ocorreu por ali. Na realidade, os prisioneiros que fugiram contam com uma rede de proteação bastante azeitada, apesar das trapalhadas cometidas até este momento, como tomarem celulares das vítimas - que podem ser rastreados facilmente pelos policiais que estão no seu incalço - assim como erraram o caminho que os levariam à fronteira do Estado do Ceará, voltando às imediações do presídio, onde a polícia já montou um cerco para recapturá-los. 

Até o momento, a polícia já prendeu seis pessoas de "fora" que teriam ajudado os fujões. Mas não se surpreendam se gente de "dentro' também possa estar envolvidas. Diante das circunstâncias inusitadas de uma unidade prisional de segurança máxima que não oferece segurança máxima, a ideia de levar o taficante Zinho para o presídio foi descartada. Hoje, ficamos sabendo que o Fernandinho Beira-Mar, que também pertence ao Comando Vermelho, também foi transferido do presídio de Mossoró para uma penitenciária em Curitiba.

É cada vez mais complicado enfrentar o crime organizado no país. A chegada de facções do crime organizado na Bahia, por exemplo, ampliou sensivelmente os índices de violência urbana naquele Estado da Federação, tornando-o mais violento atualmente. Há concorrentes à altura, como Pernambuco, onde tais índices de violência também estão aumentando sensivelmente nos últimos dias, muito em razão da presença desses grupos no Estado. O quadro aqui é gravíssimo, sem que se veja uma solução a curto ou a médio prazo, sobretudo em razão da fragilidade das ações para tal enfrentamento.   

Editorial: Mantido sob sigilo, depoimento do general Freire Gomes à Polícia Federal irrita setores militares e bolsonaristas.


Aqui e ali, sugere-se alguns eventuais vazamentos do depoimento prestado pelo ex-comandante no Exército, o general Freire Gomes, à Policia Federal. O general teria falado por 07 horas, não se recusando a responder a nenhuma pergunta formulada pelos interrogadores da Polícia Federal. Supõe-se tratar-se de um depoimento "bombástico", mas convém aguardar as conclusções dos trabalhos conduzidos pela Polícia Federal. haveria 80 questionamentos iniciais que se transformaram em 400 perguntas. A própria Polícia Federal considera um dos depoimentos mais esclarecedores até agora prestado. A questão aqui é simples, se você não esteve entre aqueles atores que tramaram contra as nossas instituições democráticas e a abolição do Estado Democrático de Direito, não porque se preocupar.  

Como já enfatizamos por aqui, o general Freire Gomes está entre aqueles militares lagalistas, obediente aos preceitos constitucionais, que se recusaram a embarcar na aventura golpista encetada pelo governo anterior. Hoje blogs como o da jornalista Andréa Sadi nos informam que há setores militares civis bastante insatisfeitos com o depoimento do general. Não conseguimos ler a matéria, mas, no dia de ontem, também tomamos conhecimento de algo parecido, ou seja, tais setores também estariam preocupados com os rumos das investigações conduzidas pela Polícia Federal. 

No Brasil, como se sabe, essas coisas são bastante complicadas neste sentido. As relações entre poder civil e poder militar estão longe de um padrão de harmonização. Essa incipiente campanha por anistia daqueles que estiveram no epicentro das tessituras golpistas no país tende a tomar fôlego daqui para frente. No Brasil sugere-se que as autoridades civis precisam pedir autorização dos militares para continuarem seus trabalhos de investigações, mesmo  quando eles estão envolvidos até medula em atos ou ações delituosas. São coisas de democracias não consolidadas. 

Ainda adolescente este editor assitiu a um filme onde um militar americano sofria duras reprimendas do seu superior. A razão da dura reprimenda: A falta grave de ter desobedecido uma autoridade civil. Segundo a jornalista, o general Freire Gomes passou a ser visto como um "traidor" depois do seu depoimento, tornando-se o alvo de eventuais campanhas de bolsonaristas com o propósito de "desacreditá-lo".    

Editorial: Lira tenta aparar as arestas baianas do seu candidato à Presidência da Câmara dos Deputados.


Depois da estupenda votação de Lula na Bahia, seus apoiadores no Estado chegaram à Brasília com um grande capital político. Rui Costa, duas vezes governador do Estado, hoje na Casa Civil do atual Governo, por exemplo, figura entre aqueles que podem ser ungidos pelo morubixaba petista nas eleições presidenciais de 2030. O senador Jaques Wagner, líder do Governo no Senado, é outro nome que integra o chamado núcleo duro que baliza as diretrizes políticas do Governo Lula 3. A despeito da última rusga criada com o STF, continua prestigiado. 

A engenharia institucional forjada pelo atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, com o propósito de fazer seu sucessor, prevê, necessariamente, alguns afagos do Governo, por mais contraditório que isso, aparentemente, possa parecer. Trata-se de um jogo bastante intrincado, uma vez que o sujeito ainda está com a caneta na mão e plenos poderes. Um erro de cálculo político do Planalto por aqui pode representar danos irreversíveis. O apoio do Planalto a um candidato de oposição ao cacique alagoano precisa ser milimetricamente bem calculado. 

É neste terreno pantanoso que ganha musculatura a candidatura do apadrinhado de Lira, o Deputado Federal baiano Elmar Nascimento(UB-BA). Oposição até existe, mas Elmar está literalmente "blindado" pelas circunstâncias. Por indisposições paroquiais, a ala baiana do Governo não apoia o seu nome, o que tem levado Arthur Lira a tecer algumas costuras políticas nos sentido de aparar as arestas. Lira, inclusive, passou a ter, recentemente, um forte trânsito com Rui Costa, com quem articula politicamente neste momento, em prejuízo de Alexandre Padilha, Ministro das Relações Institucionais, com quem anda de relações azedadas.

Segundo a coluna do jornalista Cláudio Humberto, Elmar Nascimento, apoiado pelo seu padrinho político, chegou a ser recebido até no Palácio de Ondina, pelo governador Jerônimo Rodrigues, mas apenas por estar ladeado por Arthur Lyra. Pesa contra Elmar Nascimento o fato de já flertado com o bolsonarismo. Caso ele seja eleito o novo presidente da Câmara dos Deputados, assim como Davi Alcomumbre no Senado Federal, o União Brasil faz barba, cabelo e bigode no Legislativo.    

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


domingo, 3 de março de 2024

Editorial: Os "fios desencapados" deixados pelos conspiradores da tentativa de golpe do 08 de janeiro.



No jargão policial, "fios desencapados" são elementos deixados pelos criminosos, que ajudam a polícia a chegar aos seus autores. No maior assalto a instituições bancárias já ocorridos no país, o do Banco Central de Fortaleza, um dos meliantes deixou, por engano, um papelzinho anotado com um telefone celular, que se constituiu num dos elementos que mais favoreceu as insvestigações conduzidas pela Polícia Federal no caso específico. 

No caso da tentativa frustrada do golpe do 08 de janeiro, a cada dia surgem mais fios desencapados, o que sugere ou amadorismo - hipótese de imediato descartada, uma vez que alguns deles são golpistas desde pequenininhos, pois também estiveram no epicentro do Golpe Civil-Militar de 1964 - ou a convicção absoluta de que a empreitada seria irreversível, hipótese mais provável. Hoje, dia 03, uma jornalista da Globo News chegou a ler um suposto "discurso", já preparado por um ex-presidente, com o propósito de ser lido após a materialização do golpe. 

Agora aparece uma agenda com anotações detalhadas das  "providências" a serem tomadas para viabilizar a intentona obscurantista, de propriedade de um dos principais artífices do projeto autoritário, aquele que concordou desde sempre com a investida contra as nossas instituições democráticas. Conforme afirmamos pela manhã, o cerco está se fechando a cada novo depoimento prestado à Polícia Federal. No dia 01\03, foi a vez do general Freire Gomes, ex-comandante do Exército. 

O depoimento do general durou 07 horas e está sendo mantido sob sigilo, embora aqui e ali, a imprensa acabe chegando a alguns fatos que acabam vazando de alguma forma, em alguns casos por pessoas ligadas aos próprios depoentes. Vamos aguardar as conclusões do inquérito conduzido pela Polícia Federal. 

Editorial: O União Brasil, depois da refrega interna, tentará controlar o Poder Legislativo.

 


O União Brasil passou por um momento bastante delicado recentemente, depois das lutas internas em torno do processo sucessório de sua direção nacional. As roupas sujas, como recomendava nossos avós, não foram lavadas internamente. Ganharam as manchetes de jornais e, por muito pouco, não viraram caso de polícia. O partido, aliás, apesar da vitória absoluta do Deputado Federal Antônio Rueda, que assume sua direção nacional, ao lado de ACM Neto como vice-presidente, não se encontra completamente pacificado. 

Além do suposto dossiê que ainda não foi aberto, existem questionamentos legais acerca da convocação das eleições que referendou o nome de Antônio Rueda. É como se o partido tivesse sofrido uma intervenção, segundo analisa a direção anterior. Mas vamos em frente. Deixemos essas questões para a Justiça Eleitoral decidir. A coluna do jornalista Cláudio Humberto, no dia de hoje, 03\03, traz uma matéria informando que o partido pretende ocupar a direção das duas Casas Legislativa, o Senado Federal e a Câmara dos Deputados, como ocorreu, coincidentemente, com o DEM no passado. 

As bases desse projeto, a rigor, já estão consolidadas, se considerarmos, por exemplo, que o senador Davi Alcolumbre(UB-AP) conta com o apoio de Rodrigo Pacheco para sucedê-lo, assim como o nome de Elmar Nascimento, do União Brasil da Bahia, conta com o apoio do atual Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira(PP-AL). O PT considera temerário entregar tanto poder a um só partido, principalmente porque se trata de um partido que, não raro, deixa o Governo não mão em votações importantes. 

O Governo acompanha com muita atenção este processo sucessório, mas não há muita coisa que possa ser feito. O mais contraditório disso tudo é que, abrindo espaços na máquina e liberando as emendas parlamentares solicitadas, em última análise, o Governo aduba as possibilidades de eleição de nomes que não seriam do seu agrado.   

Editorial: Depoimento do general Freire Gomes fecha o círculo da trama golpista do 08 de janeiro.



Não somos investigadores da Polícia Federal, mas algo sugere que o depoimento do general Freire Gomes ao órgão, no dia de ontem, deve ter contribupido para emendar os fios soltos do novelho da trama golpista que desejava abolir o Estado Democrático de Direiro no país. O general, ex-comandante do Exército, falou durante 07 horas, respondendo a todos os questionamentos formulados. Os interrogadores da PF teriam 80 quenstões formuladas, mas fizeram mais de 300 questionamentos, em razão do comportamento colaborador do militar, que não se recusou a responder nenhuma questão.  

Como estamos enfatizando por aqui, os militares estão dando uma contribuição fundamental para o esclarecimento definitivo da engenharia institucional obscurantista que chegou a ser planejada contra as nossas instituições democráticas. Os novos apelos por anistia talvez possa ser entendido em tal contexto, ou seja, os conspiradores sabem que não há mais volta nas investigações conduzidas pela Policia Federal e eles terão que arcar com as consequências decorrentes dos seus atos. 

A Polícia Federal, por razões óbvias, guarda sigilo absoluto sobre o depoimento do general, mas, como sempre, alguma coisa acaba vazando. Segundo o que está sendo divulgado pela imprensa, o general teria informado que os acampamentos golpistas armados na frente dos quartéis não foram desmontados por ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro; confirma a existência de reuniões conspiratórias, onde a minuta do golpe teria sido apresentada; uma nota divulgada pelos comandantes militares em defesa dos acampados, por iniciativa do então Ministro da Defesa. 

A Polícia Federal voltaria a ouvir o ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, que integra um programa de colaboração premiada. O militar hoje funciona como uma espécie de bússula nessas investigações. O general Freire Gomes cumpriu um papel determinante para que a trama golpista não fosse exitosa, pois tinha a prerrogativa de ordenar a mobilização das tropas. Tal atitude legalista e constitucionalista deixou alguns golpistas renhidos enfurecidos, mas salvou o país das trevas inerentes a tais momentos de ruptura institucional. A frágil democracia brasileira tem uma dívida de gratidão com o general.  

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


sábado, 2 de março de 2024

Editorial: A rede de proteção dos fugitivos de Mossoró foi desativada?



No dia de ontem, publicamos por aqui uma postagem sobre as primeiras conclusões da polícia acerca da possibilidade de facilitação da fuga dos prisioneiros da Penitenciária de Segurança Máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte. A primeira ocorrida no país num presídio federal com este perfil. Neste caso, os fugitivos contariam com ajuda interno e externa em seu intento de voltarem à ativa, desde vez sem as amarras e os limites impostos pela prisão. Segundo informações divulgadas, eles seriam "executores" da facção. 

O inquérito aberto pela Polícia Federal ainda não foi devidamente concluído, mas há fortes indícios de que, de fato, os fugitivos contaram com a ajuda de pessoas de dentro da penitenciária, eventualmente cooptadas pela facção à qual pertencem os fugitivos. Os elementos até agora encontrados na investigação reforçam essa tese. Hoje completam-se dezoitos dias de fuga. A essa altura, os roteiristas já devem estarem se debruçando sobre o episódio com o objetivo de preparem um filme ou alguma série abordando o tema. 

O roteiro da fuga é interessante, cheio de fatos curiosos. No dia de ontem, líamos uma informação dando conta de que a facção à qual pertence os prisioneiros em fuga teriam todo o interesse em tê-los de volta. No dia de hoje,02\03, já temos a informação de que a sua rede de proteção os teriam abandonado. Segundo relatos de moradores, os fugitivos teriam sido avistados na cidade de Baraúna. Quando perceberam que foram vistos, se embrenharam numa plantação de bananeiras local. 

Existem alguns fatos curiosos envolvendo essa fuga: A polícia acredita que os fugitivos, entranhamente, estejam fazendo o caminho de volta às imediações do presídio, depois de frustrada a tentativa de cruzar a fronteira para o Estado do Ceará. Se, de fato, eles foram abandonado pela rede, estão num mato sem cacohorro, exceto os cachorros treinados para encontrá-los. São 600 policiais em seu incalço.   

Editorial: Geraldo Alckmin se descola do PT em São Paulo. Seria o esboço de um caminho de volta?


Tancredo Neves, a velha raposa da política mineira, deixou alguns lições importantes sobre o fazer política. Ensinava o ex-presidente que não seria prudente construir uma união que não pudesse ser dissolvida, tampouco estabelecer uma inimizade que não pudesse ser, no futuro, um aliado. Essa medida de equilíbro se aplica a inúmeras situações da vida. Na política, não poderia ser diferente. Registro aqui que os termos usados pela raposa mineira não são exatamnte esses, mas, no final, é exatamente isso o que ele quis dizer. 

Não falo pelos socialistas, mas acreditamos que eles não estão suficientemente satisfeitos no Governo Lula. Perderam espaços imporantes na máquina e estabelecem uma linha de atuação praticamente independente em relação às próximas eleições municipais, como em São Paulo, por exemplo, onde estão bancando a candidatura da Deputada Federal Tabata Amaral, quando o Planalto investe todas as suas fichas no nome de Guilherme Boulos, do PSOL. O Planalto, inclusive, fez questão de enfatizar que não ficou satisfeito com a inicitiva do partido. E os socialistas, a rigor, não estão nem aí. 

Até recentemente, por exemplo, a deputada fez duras críticas à fala do morubixaba petista sobre o conflito entre o Estado de Israel e o Hamas. A candidatura conta com o apoio irrestrito do vice-presidente, Geraldo Alckmin, que afirmou que a pupila é o que há de novo no cenário paulista. Alguns analistas começam a perceber em tais movimentos do vice-presidente, quem sabe, o esboço de um caminho de volta em 2026, quando ele poderia  voltar a ser candidato a governar o Estado de São Paulo mais uma vez.    

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 1 de março de 2024

Editorial: Polícia Federal vê fortes indícios de facilitação na fuga dos presos de Mossoró.



Ainda descobriremos como alguns órgãos de imprensa possuem tanta facilidade em ter acesso a dados de investigações em curso. Por enquanto, vamos lá. Sabe-se que a Polícia Federal está investigando a primeira fuga de presos de uma penitenciária de segurança máxima, localizada na cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte. A possibilidade de os detentos contaram com algum tipo de facilitação, através de pessoal de dentro do presídio, sempre esteve entre as hipóteses possíveis. 

A Folha de São Paulo teve acesso ao andamento das investigações conduzidas pela PF, onde fica evidente que a hipótese começa a assumir contornos reais. Há, segundo o jornal, a partir das investigações conduzidas até este momento, fortes indícios de tal possibilidade. Pelo menos quatro indícios, para sermos mais precisos, como as luzes apagadas e o acesso dos presos às ferramentas. Muitos servidores já foram afastados de suas funções naquele presídio, como a sua diretoria, o pessoal responsável pela segurança e a inteligência. Na realidade, ocorreu uma grande intervenção na unidade prisional depois do ocorrido. 

É curioso como esses fugitivos estão recebendo apoio logístico em sua fuga, segundo dizem, de gente do próprio Comando Vermelho. 700 homens estão em seu incalço, sem sucesso até este momento. Por vezes, as informações são contraditórias, como o fato de os presos terem ficado durante uma semana numa cabana dentro do mato, recebendo apoio de um agricultor local. A versão contada pelo senhor é que, quando os presos chegaram ao local, pediram calma, informaram que nada iria ocorrer caso ele se comportasse. Já sabiam de tudo, incluive sobre um irmão do agricultor, que teria uma oficina mecânica. 

A princípio, nada sugeria que o cidadão estivesse mancumunado com os fugitivos. Logo em seguida foi informado que ele teria recebido R$ 5.000 mil, não foi informado as circunstâncias, e o cidadão teria sido preso. Confesso que fiquei sem entender se, de fato, ele colaboou voluntariamente com os fugitivos em troca de algum benefício. Neste caso, a prisão teria uma justificativa, embora possa-se sugerir, igualmente, que o valor tenha sido entregue pelos presos a título de cobertura das despesas do período.  

P.S.: Contexto Político: Na realidade, a polícia já teria identificado e prendido seis pessoas que teriam, de alguma forma, colaborado com os presioneiros em fuga. No caso específico do agricultor, a princípio, ele teria sido obrigado a colaborar com os fugitivos. Ao menos é o que se pensava. Se a polícia identificou indícios que não confirmam tal hipótese, está justificada a sua prisão.  

Editorial: General Freire Gomes, na condição de testemunha, será ouvido hoje pela Polícia Federal.



O general Freire Gomes, que comandava o Exército durante aqueles dias tumultuados, quando as instituições democráticas e o Estado Democrático de Direito no país esteve sob risco de erosão, deverá ser ouvido hoje pela Polícia Federal. Na nossa modesta opinião, o general teve papel decisivo na abortagem do processo golpista então em curso, ao não concordar com as tessituras antidemocráticas que estavam sendo urdidas nos corredores da capital federal. Em função do cargo que ocupava, não haveria surpresa alguma no fato de o general ter acompanhado, direta ou indiretamente, as armações da trama golpista. 

O que faria a grande diferença é ele ter sugerido ao presidente que seria obrigado a prendê-lo, caso ele insistisse em tal sandice. Nos bastidores, especula-se que ele poderia ter denunciado tal armação golpista, assim como existiria algo a ser explicado no que concerne ao fato de o general não ter autorizado o desmonte do acampamento golpista, montado no Forte Apache. Iniciativa própria ou atendendo ordens superiores? 

Neste caso, na condição de testemunha, o general irá contribuir muito mais para amarrar alguns fios ainda soltos no novelho da tentativa de golpe do 08 de janeiro. O general é legalista e constitucionalista, assim como o então comandante da Aeronáutica, que também recusou-se a trilhar tal caminho tortuoso. Muito mais do que os civis envolvidos, salvo por algum engano, são os militares que mais têm contribuído para o esclarecimento definitivo daqueles fatos. 

O depoimento do general Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, por exemplo, teria ajudado em muito nas investigações. O general comanda a tropa de elite dos "Kids Pretos", que seria, segundo supõe-se, acionada para as operações estritamente militares no escopo da manobra golpista. O general informou que, para acionar a tropa, precisaria receber ordens superiores. Apenas se recebesse tal ordem, poderia coordenar suas ações. O general teria falado durante cinco horas.  

Editorial: A polêmica PEC da blindagem.



Nos últimos anos, se tornaram até comuns a presença de Polícia Federal nos corredores do Poder Legislativo, em Brasília, cumprindo mandados de busca e apreensão em gabinetes de parlamentares. Salvo melhor juízo, ainda continuamos com as melhores notas nos rankings das nações mais corruptas do mundo. Infelizmente. No dia de ontem, por ocasião da 25ª fase da operação lesa-pátria, a Polícia Federal apreendeu com um dos implicados no fomento e financiamento à tentativa golpista do 08 de janeiro, um verdadeiro arsenal de guerra. 

Neste aspecto, a PF tem dado até sorte. Entra com um mandado para cumprir ações específicas e acaba encontrando coisas até mais cabeludas. O ex-presidente de uma agremiação partidária destituído do cargo, apresenta um dossiê sobre eventuais irregularidades cometidas pelo seu sucessor. Parece ter aprendido a lição com uma velha raposa da política baiana, que costumava usar tal expediente para chantagear seus desafetos. 

E assim caminha o Brasil descendo a ledeira, lavando a roupa suja em praça pública. A construtura que deixou ao léu ferramentas que permitiram aos detentos escaparem do presídio de segurança máxima de Mossoró está em nome de um laranja que mora na periferia de Brasília e recebeu o auxílio Covid-19. Na época da Ditadura Militar, alguns jornais publicavam receitas de bolo, quando tinham suas matérias censuradas. Mesmo assim, o competente jornalista  Sérgio Porto, mais conhecido como Stanislaw Ponte Preta, encontrava uma meneira de se inspirar em alguns fatos pitorescos para as suas crônicas.Segundo uma biografia do cronista, nem na praia,com os familiares, ele se permitia baixar a guarda. Uma das coisas que nos intrigam até hoje é que os militares nunca incomodaram o Sérgio Porto. 

Se Sérgio Porto vivesse em nossos dias, o que não faltaria seria motivos para despertar sua inspiração e pena afiada. A Oposição, acossada pelas ações de busca e apreensão em seus gabinetes, resolveu apresentar uma PEC, que já está sendo denominada de "PEC da Blindagem", com o propósito esdrúxulo de impedir ações de buscas e apreensões no Legislativo, sugerindo uma interdição específica, salvaguardando alguns atores, algo que não se aplica a nenhum cidadão ou cidadã comum. Ah! E, por falar em Sérgio Porto, a empresa que está em nome de um laranja possui capital de 195 milhões e ostenta o curioso nome de R7- Facilities.   

Editorial: Aumento exponencial dos casos de dengue no país.

 


Neste mesmo período, no ano passado, os casos registrados de dengue não passavam dos 207 mil. Hoje, os casos já superam o número de um milhão de pessoas infectadas. Em tais circunstâncias, o número de mortes pela doença também aumentaram sensivelmente no mesmo período. Sete Estados da Federação já declararam estado de emergência, em razão da proliferação da doença. O Ministério da Saúde já teria autorizado o início do processo de vacinação para a próxima semana, mas com as limitações conhecidas, ou seja, com restrições de áreas de cobertura bem definidas, além da escolha de uma população alvo, ou seja, adolescentes, onde a vacina japonesa Qdenga teria demonstrado maior eficácia. São 521 municípios. 

Várias campanhas institucionais estão sendo veiculadas, seja no âmbito federal, seja no âmbito dos estados. Há uma grande mobilização no país no sentido de combater os focos do mosquito transmissor da doença. Não é improvável, como sugere a Ministra da Saúde, Nísia Trindade, que as fortes precipitações pluviométriras tenham dado uma força na proliferação dos mosquitos transmissores da doença. Excesso de chuva água acumulada, possivelmente contribuíram bastante. 

A Oposição explora como pode esta situação difícil de saúde pública vivida pelo país neste momento, mas um infectologista ouvido pelo editor do blog assinalou que, curiosamente, o fenômeno do recrudescimento da dengue também pode ser observado em países europeus, onde a doença estaria erradicada, como a França, a Inglaterra. Claro que em proporções bem menores, mas não deixa de ser algo inusitado. Mais uma vez, assim como ocorreu com a Covid-19 - que, infelizmente, também vem registrando aumento de casos, sobretudo depois das últimas aglomerações do carnaval - são os abnegados profissionais da FIOCRUZ que acena com uma vacina para enfrentar o problema. 

O laboratório está desenvolvendo uma vacina em tempo recorde, com o acompanhamento simultânio da ANVISA, com o propósito de destravar a burocracia de sua liberação. A estimativa é que em meados de 2025 já tenhamos a vacina disponível para ser aplicada na população. Até lá, vamos virando os baldes, observando com cuidado os reservatórios de planta, tampinhas de cabeça para baixo, evitando que o mosquito se reproduza.   

Charge! Cláudio Mor via Folha de São Paulo