A cidade de Paulista, localizada na Região Metropolitana do Recife, parece-nos mesmo uma cidade sem a menor vocação republicana. No passado, dominada por uma oligarquia industrial, essa nódoa patrimonial parece ditar o ritmo político da cidade até os dias de hoje. Foi muito feliz uma jovem que, ao estudar a história daquele torrão natal, num lampejo de lucidez, afirmou tratar-se uma "quase cidade". Até o chefe político Agamenon Magalhães, em pleno Estado Novo, quando questionado sobre a emancipação política da cidade - que já foi distrito de Olinda - afirmou ser necessário, antes, que se fizesse uma reforma agrária, distribuindo melhor as terras do feudo familiar dos Lundgrens.
Politicamente, as coisas não mudaram muito desde então. A administração pública municipal passa de oligarquia para oligarquia, sem que os problemas estruturais da cidade sejam, de fato, enfrentados. Quase três mandatos de gestão socialista e o município continua na rabeira dos indicadores sociais, principalmente em educação, onde ainda é muito fraco desempenho do IDEB, entre as cidades como mais de 200 mil habitantes.Até recentemente, se fazia "rodízio de alunos", o que levou uma bem-humorada internauta a se perguntar: "eu já vi rodízio de carne, rodízio de pizzas, mas de aluno..." Pois é.
Não se pode negar que, pelo menos nesse aspecto, o município é inovador. Reclamei disso enormemente pelas redes sociais e pela blogosfera. Enormemente e inutilmente. Ontem um blog local informou que a possibilidade de uma reeleição do atual prefeito, Júnior Matuto(PSB), são favas contadas. Nenhum mérito em razão da gestão que ele vem realizando na cidade - envolta em problemas de toda ordem - mas por pura "falta de opção" do eleitorado. O socialista Ives Ribeiro - que governou a cidade por dois mandatos -teria transferido seu título eleitoral para a cidade de Igarassu. O eterno candidato do PT, Sérgio Leite, perdeu as três eleições que disputou e estaria desestimulado a disputar uma quarta eleição. Nena Cabral nunca reuniu o capital político para participar do jogo com chances efetivas de vitória. Falta na cidade, portanto, candidatos sérios, movidos pelo espírito público, capazes de promover uma gestão voltada para o interesse da população.
Sobram, por sua vez, denúncias de malversação de recursos públicos; conluio do poder público com setores do capital; descaso com a preservação do meio ambiente; destruição dos remanescentes de mata atlântica etc. A destruição da Mata do Frio, onde batíamos nossas peladas de final de tarde com a turma da Torres Galvão, então, já foi denunciada inúmeras vezes, sem que providências fossem tomadas. Não sabemos precisar, mas, criança que conviveu com aquelas matas, podemos assegurar que a cobertura vegetal da cidade foi muito sacrificada nas últimas décadas.
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