pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: Estamos no limite, diz DaMatta.
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segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Editorial: Estamos no limite, diz DaMatta.


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O programa Canal Livre, do último domingo, transmitido pela Rede Bandeirante, entrevistou o antropólogo Roberto DaMatta, um dos estudiosos que mais entendem de Brasil. Alguns críticos dizem que ele sofreu uma espécie de "massificação", tornando-se, hoje, muito próximo ao status quo do pensamento conservador vigente, o que ofuscaria suas grandes reflexões do passado. Pode ser até que seus críticos tenham alguma razão, mas o fato é que ele continua com uma percepção bastante aguçada do momento político delicado que atravessamos, constituindo-se, ainda, numa grande referência, quando se está em jogo pensar o país. Uma pena mesmo não ter acompanhado a sua entrevista desde o início. Mas, já no finalzinho do programa, ele falou duas coisas importantes. Quando questionado sobre a crescente onda de intolerância que se observa no país, observou que o "mal sempre volta" e que "estamos no limite". Torna-se necessário, portanto, que construamos algum consenso e repactuemos os padrões de convivência social, sob pena de sucumbirmos de vez.

Os reflexos dessa crise institucional já se tornaram perceptíveis em todos os momentos do nosso cotidiano. No altíssimo número de desempregados - que engrossam o mercado dos vendedores ambulantes, dos moradores de rua; no escárnio de nossa classe política - um desses políticos, mais recentemente, ao ser acusado mais uma vez pela PGR, informou que o procurador parecia ter fetiche pelo seu bigode; nas temporadas de caça aos deputados - para livrar o mandatário do prosseguimento de  mais uma denúncia de crime que pesa contra ele, cujas faturas são regiamente cobradas, com um ônus altíssimo ao erário; mais preocupantes ainda são a onda de agressões- movidas pela intolerância - que se sucedem por todo o país. Parece-nos que devemos adotar aqui a técnica do descaramento ou do cinismo, na medida em que o povo brasileiro - ao cobrar a lisura na condução do negócios públicos - são acusados de pregaram o atraso, serem partidários de uma agenda negativa e até de anti-patriotismo.

De uma certa forma, ele tem razão ao se colocar assim, uma vez que, como se sabe, essa "agenda" ultraliberal se sobrepõe a tudo. Nunca esteve entre as preocupações dos seus proponentes as "qualificações" ou "condutas ilibadas" dos seus executores. O ônus, como sempre, deve ser pago pelo cidadão comum, aquele brasileiro que ainda consegue pagar os seus impostos, vítima constante do assédio aos seus direitos. Como nunca se descuidaram dos seus interesses essenciais, já estão articulando um "novo" agente político para dar continuidade a esse projeto. Trata-se o atual prefeito de São Paulo, João Dória Jr.(PSDB), que já afirmou que não irá à convenção do partido para bater chapa com o seu padrinho, Geraldo Alckmin(PSDB), concorrendo á indicação dos tucanos como candidato presidencial nas eleições de 2018. Até a ex-presidente Dilma Rousseff sabe que, apesar dos pesares, Geraldo Alckmin(PSDB) ainda é  um mal menor do que o engomadinho, de figurino preparado sob medida pelos operadores dessa elite econômica, que o trata com todas as pompas e fanfarras por onde quer que ele passe. O que não falta para ele são partidos de aluguéis dispostos a bancarem a candidatura do "ungido". 

Vale a observação do antropólogo DaMatta, de que o "mal sempre volta'. Há alguns anos atrás, quem poderia imaginar que teríamos um retrocesso político dessa magnitude? de consequências nefastas para o tecido social? seguido dessa onda de intolerância? Já são mais de 14 milhões de desempregados; crescem assustadoramente o número de pessoas em situação de rua no país. Para atender às demandas dos ruralistas, o cara, numa canetada só, desabilita uma reserva ambiental do tamanho do Estado do Espírito Santo., no coração da Amazônia. Ainda bem que apareceu um juiz federal que entendeu que isso precisava ter um limite. Precisamos, porém, de outros limites, sob pena de o país ser conduzido a um caminho sem volta. Como observa DaMatta, chegamos ao limite. Isso precisa parar.  

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