pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: O xadrez político das eleições estaduais de 2018, em Pernambuco: Coelho entra. Jarbas sai?
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quarta-feira, 6 de setembro de 2017

O xadrez político das eleições estaduais de 2018, em Pernambuco: Coelho entra. Jarbas sai?




José Luiz Gomes da Silva

Cientista Político



Há alguns anos atrás, ao admitir a possibilidade de uma reaproximação com o então governador Eduardo Campos, o Deputado Federal Jarbas Vasconcelos(PMDB) afirmou que o seu gesto significava preservar a sobrevivência da nova geração de peemedebista do Estado. Entre eles, possivelmente, o seu afilhado político Raul Henry(PMDB), hoje vice-governador, da chamada ala jovem do partido. Numa entrevista recente, mesmo diante de um certo rebuliço na política local, ele reafirmou sua convicção de que deveria marchar com o projeto de reeleição do governador Paulo Câmara(PSB). Suas chances de afastar-se da aliança governista, conforme ele afirmou a um repórter, eram próximas de zero. Há quem pudesse ver nisso um certo blefe, em razão das crescentes negociações que indicavam uma iminente filiação ao PMDB de integrantes da família Coelho, entre eles, o senador Fernando Bezerra Coelho. Jarbas Vasconcelos, em Brasília, supostamente, teria conversado com o presidente nacional da legenda, o senador Romero Jucá(PMDB-RR), assim como já teria na agenda um encontro com o senador FBC. Antes, porém, aguardava a volta do seu afilhado político, que se encontra na China, em viagem oficial, para decifrar as nuvens políticas.

 
Os fatos políticos, no entanto, atropelaram a diplomacia. O PMDB local foi tomado de surpresa pela filiação do senador Fernando Bezerra Coelho(ex-PSB), com indícios de que ele deverá ficar com o comando da legenda local, habilitando-se a uma disputa ao Governo do Estado nas próximas eleições estaduais, previstas para 2018. Aqui, em certa medida - e sem exagero - pode-se falar numa espécie de intervenção nacional no diretório regional da legenda, se considerarmos o mal-entendido gerado entre o senador Romero Jucá e o ex-governador Jarbas Vasconcelos. Jucá tenta minimizar os atritos, afirmando que os ajustes haviam sido feitos antes, preservando-se, inclusive, a candidatura de Jarbas Vasconcelos ao Senado Federal. Jarbas, por sua vez, nega qualquer acordo. Peemedebistas locais mais ligados ao ex-governador demonstraram a mesma surpresa e indignação com a medida, tomada notadamente para atender aos interesses da cúpula nacional da legenda, que prepara o terreno para as eleições presidenciais de 2022, de acordo com o próprio Caju (Ops!) 

 
A cúpula da legenda não aceitou a decisão de Jarbas Vasconcelos em votar a favor do prosseguimento da denúncia contra o presidente Michel Temer, contrariando a orientação do partido. Veio a punição e, agora, como disse, uma espécie de intervenção no diretório regional da legenda. Ainda não se sabe muito bem como esse grupo ou frente de oposição ao governador Paulo Câmara(PSB) irá se arranjar entre os seus principais atores. Armando Monteiro(PTB), em tese o candidato a governador da frente, teria festejado o ingresso do senador Fernando Bezerra Coelho na legenda peemedebista. Cede sua vaga  na cabeça de chapa para o novo companheiro? Tentaria renovar o seu mandato de senador pela "nova" aliança? São interrogações que ainda persistem, mas cabe aqui a observação de que a construção de consenso entre eles é facilitada pelos objetivos comuns, além, claro, da perspectiva de poder no curto e médio prazo.

 
Na semana passada, um jornalista local arriscou um palpite. Segundo ele, já havia sido costurado o acordo de uma aliança entre o governador Paulo Câmara e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT). Por esse acordo, o PT ainda tentaria preservar o mandado do senador Humberto Costa(PT), amigo pessoal de longas datas do ex-presidente. Marília Arraes(PT) concorria a uma vaga na Câmara Federal. A eventualidade desse acordo suscitou muitas críticas de petistas pelas redes sociais. As feridas abertas com o apoio dos socialistas ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff ainda sangram. Soma-se a isso, a nítida rejeição dos movimentos sociais e sindicais locais ao Governo Paulo Câmara. Boa parte desses movimentos tem forte influência do PT. Esta, aliás, seria uma das motivações de uma possível aliança, ou seja, minimizar, junto a esses setores, a rejeição ao governador Paulo Câmara. 

 
Mantida essa contingência de Jarbas Vasconcelos em manter-se fiel ao projeto de reeleição de Paulo Câmara, duro será convencê-lo a aceitar essa reedição da aliança com o PT. Como disse antes, num dos nossos artigos de monitoramento das eleições do Estado, as manobras dessa frente - denominada por nós de Conspiração Macambirense - está jogando o campo situacionista na retranca, na contingência de tomar decisões e iniciativas motivadas sobretudo pelas ações dos adversários. A jogada de hoje, urdida pela família Coelho e a cúpula do PMDB, é mais uma dessas situações. Pelas razões expostas em artigos anteriores, o capital político da família Coelho no contexto de uma eleição estadual não é nada desprezível. A saída do grupo, a princípio, representa um desfalque no projeto de reeleição do governador Paulo Câmara, sobretudo se considerarmos o fato de que a frente de oposição, seja quem a lidere, parece convergir para um único projeto, ou seja, conquistar o Campo das Princesas nas próximas eleições estaduais.  

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