pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: O xadrez político das eleições estaduais de 2018, em Pernambuco: Ato de desagravo a Jarbas reúne velhos "companheiros".
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segunda-feira, 25 de setembro de 2017

O xadrez político das eleições estaduais de 2018, em Pernambuco: Ato de desagravo a Jarbas reúne velhos "companheiros".



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José Luiz Gomes da Silva

Cientista Político


As manobras políticas da família Coelho, em Pernambuco, criaram um ambiente nada favorável ao grupo. Sem ambiente entre os antigos companheiros socialistas, eles tiveram uma aterrissagem tumultuada no seu novo grêmio partidário, o PMDB, onde chegaram para ditar as regras e não se submeterem a elas. A guinada representa, claramente, a construção de uma candidatura própria do partido nas próximas eleições estaduais, o que significaria um rompimento com o projeto de reeleição do governador Paulo Câmara(PSB), hoje encampado pelo vice-governador, Raul Henry(PMDB), assim como pelo Deputado Federal Jarbas Vasconcelos(PMDB). Mas, ainda assim, os problemas não terminaram por aí. O protagonismo de uma possível candidatura majoritária do grupo também gerou algumas indisposições entre os integrantes da "Conspiração Macambirense", uma vez, a rigor, nomes definidos, em princípio, não há. 

A reação dos peemedebistas locais às manobras urdidas pela cúpula nacional da legenda foi dura e hoje já se fala até mesmo na impossibilidade de uma dissolução do diretório estadual, como chegou a ser cogitado. O impasse, no entanto, está mantido. Como conciliar situações tão antagônicas? Seguindo os conselhos de uma raposa política local, ligado ao DEM, de que "cobra que não anda não engole sapos", além de engoli-los, o vice-governador e presidente do diretório regional do PMDB, Raul Henry, resolveu digeri-los no Palácio do Planalto, em conversa reservada com o então presidente em exercício, Rodrigo Maia(DEM), profundamente descontente com as manobras dos peemedebistas, que assediam, sem o melhor constrangimento, os dissidentes de outros grêmios partidários, impedindo, segundo ele, o crescimentos dos Democratas. Essas rusgas já se transformaram em declarações veladas do presidente da Câmara dos Deputados. 

Por aqui,farpas surgem diariamente, de lado a lado. Farpas que já estão se transformando em portarias publicadas no Diário Oficial do Estado, exonerando dos cargos os afilhados políticos do hoje desafeto e renegado senador Fernando Bezerra Coelho. Há quem assegure que FBC desejava ser o indicado para concorrer ao Governo do Estado nas eleições passadas. Foi preterido pelo ex-governador Eduardo Campos, que indicou Paulo Câmara para concorrer ao cargo. Eleito senador da República, teria pleiteado a Secretaria de Desenvolvimento Econômico para o filho, o Ministro das Minas e Energias, Fernando Filho. O pleito não foi atendido, ampliando as insatisfações da família Coelho, que alegam que não tiveram a oportunidade de colaborar com o Governo Paulo Câmara(PSB). Os Coelhos chegaram a acomodar alguns afilhados na máquina, mas em cargos de menor projeção. 

Os impasses políticos aqui da província, no entanto, parecem não preocupar a família Coelho. O senador Fernando Bezerra Coelho, por exemplo, não reduziu seu ritmo de articulações, mantendo encontros com prefeitos tucanos e peemedebistas. Os movimentos indicam que ele deve ter algumas garantias da cúpula nacional da legenda quanto ao desfecho do impasse criado aqui no Estado, envolvendo a executiva estadual do partido. Aqui se aplica uma máxima atribuída ao ex-governador Paulo Guerra, que afirmava que em política não existiam "nunca" nem "jamais". Tudo é possível, até mesmo um acordo conciliador entre as partes em litígio. Confirmada as articulações aliancistas entre o PSB e o PT, por exemplo, Jarbas não teria condições para permanecer no palanque situacionista em 2018. Morubixabas do DEM estavam presentes no ato de desagravo em seu favor, promovido recentemente. Que leitura pode ser feita do fato? Apenas em nome dos velhos "cozidos" dos tempos ainda da União por Pernambuco? Ou, quem sabe, em razão dos laços afetivos entre eles? Sabe-se, no entanto, que uma das possibilidades de migração do clã Coelho seria justamento o DEM. Em tese, ele estaria mais para os Democratas do que para o PMDB.  

Conhecemos os amigos verdadeiros nas adversidades. Em razão da natureza do ato, é arriscado tirar conclusões políticas da presença dos Democratas. Em sua justificativa, o ex-ministro Gustavo Krause lembrou de episódios do passado, onde contou com a solidariedade de Jarbas Vasconcelos. Vamos admitir que sim. Outro dia, um dos nomes cotadíssimo para assumir a liderança oposicionista, na condição de candidato ao Governo do Estado nas eleições de 2018, chegou a comentar sobre a possibilidade da não existência de nomes consolidados. Um cientista político, em artigo num blog local, nas entrelinhas, cogita sobre o lançamento de um "novo" nome no cenário da disputa de 2018, o que se constituiria como algo "improvável", do tipo da expressão "Nixon vai à China". Reagindo às movimentações do campo oposicionista, o Palácio do Campo das Princesas resolveu intensificar as articulações em torno das próximas eleições. Na contingência de perder o PMDB, amplia o diálogo com o PSD e chama para conversar o PPS, cuja a maior liderança no Estado, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, esteve presente naquele famoso encontro de Caruaru, onde o grupo político oposicionista consolidou-se. Mas, como dizem eles, 2018 só em 2018. 

E, por falar em Caruaru, a prefeita Raquel Lyra, do PSDB, vem ao Recife para um encontro no Palácio do Campo das Princesas, onde deverá ser recebida pelo chefe de gabinete, João Campos(PSB). A prefeita traz, para a apreciação das autoridades do Estado, um plano de segurança pública elaborado pelo município, que hoje ostenta um dos maiores índices de violência. Para situações como esta, não existe oposição nem situação. Segurança pública é um problema de toda a sociedade. As autoridades públicas devem ser cobradas, mas chega a ser uma irresponsabilidade tirar dividendos políticos de situações como esta, onde o Estado parece ter chegado ao fundo do poço, com o malogro de várias tentativas de enfrentar o problema. Voltaremos a discutir este assunto por aqui, mas o quadro é realmente assustador. Projeções do sociólogo José Luiz Ratton, a partir das séries estatísticas de evolução do número de homicídios no Estado, indicam que logo, logo Pernambuco será responsável por 1% de todos os homicídios ocorridos no mundo.

O Estado tem alcançado alguns bons indicadores no campo educacional e o fato tem motivado campanhas institucionais no sentido de captar os dividendos políticos desses resultados. Claro que poderemos encontrar algumas surpresas quando esses dados forem analisados com mais profundidade. Alguns indicadores podem induzir a muitos equívocos. Outro dia alguém cotejou os investimentos na educação, entre os países integrantes da OCDE e conclui algo surpreendente.Numericamente,o Brasil aparece como campeão de investimentos percentuais do PIB, superando aqueles países. Duas questões precisavam ser esclarecidas, no entanto, o tamanho do nosso PIB bruto - menor do que os registrados naqueles países - e os resultados alcançados que, no Brasil, ficam bem aquém. Certos indicadores, portanto, podem induzir a erros e conclusões precipitadas. É preciso se ter muito cuidado com pesquisas. Num ranking de excelência universitária recentemente publicado pelo jornal Folha de São Paulo, a UERJ supera a USP e a UNICAMP. Destrinchando os dados, descobre-se, por exemplo, que os mesmos foram levantados quando a UERJ ainda "existia", ou seja,  antes do desmonte sofrido por aquela instituição.   

Assim como o Pacto pela Vida, existe até um Pacto Pela Educação. É sabido que educação e segurança pública são variáveis convergentes, daí se entender, que investimentos em políticas públicas de educação pode, sim, contribuir para diminuir os índices de violência. Este, aliás, foi um dos grandes equívocos das UPPs do Rio de Janeiro. Os investimentos do aparelho de Estado se limitaram a adquirir armamentos, contratar e treinar os efetivos e coisas do gênero. Socialmente,as populações das favelas cariocas onde as UPPs foram instaladas continuarem desassistidas, tornando-se, gradativamente, vítimas do braço repressor do Estado, como ocorreu com o pedreiro Amarildo, um emblema do fracasso das UPPs. Mesmo diante de ponderações, vejo nesse Pacto pela Educação o caminho mais efetivo perene para o enfrenamento do recrudescimento da violência no Estado. Convém ouvir o que tem a dizer a prefeita Raquel Lyra. Trata-se de uma gestora pública séria, imbuída de espírito público.

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