pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: As lições das declarações do ministro da Justiça, Torquato Jardim.
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sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Editorial: As lições das declarações do ministro da Justiça, Torquato Jardim.

 
 
 Benett
 
 
  
Há um intelectual pelos qual tenho um profundo respeito quando o assunto é segurança pública. Trata-se do antropólogo Luiz Eduardo Soares, que já exerceu alguns cargos públicos nesta área, inclusive na gestão petista, no plano federal. Em tempos idos, depois de denunciar as relações promíscuas entre agentes públicos da segurança pública, o crime organizado no Rio de Janeiro e o meio político, foi sumariamente afastado do cargo que exercia na Secretaria de Segurança Pública do Estado, pelo então governador à época, Anthony Garotinho. Há algumas lições que precisamos aprender, decorrentes das recentes declarações do ministro da Justiça, Torquato Jardim, que reforçou a tese levantada pelo antropólogo Luiz Eduardo Soares, ao informar que o núcleo duro do aparato de segurança pública do Rio de Janeiro, notadamente a Polícia Militar, está completamente comprometido pelo envolvimento de comandantes militares e políticos com o crime organizado. Ou seja, é o crime organizado quem dá as cartas naquele Estado da federação, quem controla o núcleo duro do aparelho de Estado, no quesito segurança pública. 
 
A rigor, portanto, o ministro Torquato Jardim não disse nada que já não se sabia. Até recentemente, naquele Estado, 96 policiais militares foram denunciados por suposto envolvimento com traficantes. Em áudios gravados, há achaques de militares aos bandidos, recomendando-os a descerem o asfalto e cometerem assaltos para garantir as suas mesadas. A única ponderação que fazemos em relação às declarações de Torquato Jardim diz respeito a uma possível antecipação dos fatos, o que poderá comprometer os trabalhos investigativos dos órgãos de segurança. Depois dessas declarações, talvez fique mais claro as divergências entre o ministro da Defesa, Raul Jungmann, e a Secretaria de Segurança Pública daquele Estado, quando da presença das Forças Armadas ali.  Aliás, foi Raul Jungmann quem propôs à Procuradoria-Geral da República uma força tarefa para atuar no Rio de Janeiro. 
 
O editor do blog, que já andava preocupado com a capilaridade da bancada ruralista neste governo, passa a se preocupar, igualmente, com o componente político do crime organizado. Não faz muito tempo, no calor da crise de segurança pública aqui no Estado de Pernambuco, um delegado de polícia escreveu um artigo num blog local, alertando para a presença efetiva do braço forte do crime organizado atuando por essas bandas, notadamente através dos assaltos cinematográficos, possivelmente com o projeto de arregimentar musculatura política. À época, até brincamos, ao afirmar que, se os evangélicos desejam o poder, porque não o crime organizado? Mas a questão é muito séria. Essa é a primeira lição que as autoridades de segurança pública de todos os Estados federados precisam extrair das declarações do ministro Torquato Jardim: Até que ponto o crime organizado já penetrou no aparato de segurança pública de cada Estado. Vale a pena até criar um índice para verificar isso, José Luiz Ratton. 
 
A outra lição, infelizmente, está relacionada às enormes dificuldades das autoridades públicas brasileiras em conviverem com as críticas. Parecem que eles estão no olimpo do salvo-conduto para atuarem como desejam, sem que os súditos, que pagam seus impostos altíssimos, possam criticar suas ações. Quando o fazem, passam a ser vitimas de práticas persecutórias, difamatórias, intimadoras, processos, sempre com o propósito de calar as suas vozes. É bastante para isso observar a enxurrada de vozes que se levantaram contra o ministro Torquato Jardim, que já não foi afastado do cargo por ser amigo pessoal do presidente. Mesmo assim, foi aconselhado a silenciar sobre os fatos do Rio de Janeiro. O insuspeito governador Pezão já adiantou que pretende interpelá-lo judicialmente.  

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